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Mercofrio 2024 traz como um dos temas a importância da ventilação em ambientes hospitalares

Para garantir a saúde dos pacientes, planejamento dos espaços requer a colaboração entre diferentes profissionais

O 14º Congresso Internacional de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação apresenta em sua programação atividades que abordam o desenvolvimento de ambientes hospitalares projetados para assegurar a circulação eficiente do ar. Na terça-feira (10/09), será realizado o minicurso “Simulação CFD de uma Sala de Operação Hospitalar: Metodologia, Passo a Passo e Comparação com Dados Experimentais”, com o engenheiro mecânico Lisandro Maders, e na quarta-feira (11/09), será apresentado o painel “Ambientes Hospitalares: Expectativa, Necessidades e Realidade”, com os engenheiros mecânicos Mário Alexandre Ferreira, Wili Hoffmann e Bruno Perazzo, além do engenheiro civil Carlos Marczyk.

O minicurso mostrará o passo a passo da montagem do protótipo virtual de uma sala de operação hospitalar por meio da simulação da Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD). Segundo Lisandro, essa metodologia oferece mais detalhes do que um modelo analítico, produzido de forma mais simplificada.

“Conseguimos ter um nível de detalhe muito mais alto, como o valor da velocidade, temperatura, pressão do ar e de algum contaminante ou poluente, ao contrário dos modelos analíticos mais simples, que entregam somente um valor médio de velocidade. Como consequência, conseguimos reduzir o custo e o tempo de entrega de um produto ou de uma solução para o mercado, porque podemos criar um protótipo virtual ao invés de um real, que seria bastante custoso e demandaria muito trabalho”, destaca.

O painel discutirá as expectativas relacionadas às instalações de climatização em ambientes hospitalares, focando na mitigação do risco de contaminação e na melhoria da qualidade do ar interior.

“Ambientes hospitalares concentram um número significativamente maior de pessoas doentes em comparação com outros espaços públicos. Por isso, a principal expectativa é proporcionar condições seguras para evitar a contaminação entre as pessoas, além de assegurar os parâmetros essenciais da qualidade do ar. Os sistemas de climatização são eficazes em reduzir o risco de contaminação pelo ar, embora não sejam capazes de evitar outras formas de transmissão”, afirma o engenheiro mecânico Wili Hoffmann.

O especialista também pontua que os pacientes presentes nos hospitais têm diferentes necessidades. Alguns requerem proteção contra qualquer contaminação externa, necessitando de condições específicas, conhecidas como PE (Ambiente Protegido). Por outro lado, pacientes que emitem contaminantes infecciosos pelo ar, como os infectados pela COVID-19, precisam de ambientes AII (Ambiente Isolado) para minimizar o risco de contaminação.

“Para atender a essas necessidades, as instalações devem ser planejadas e projetadas com a colaboração entre diferentes disciplinas. A arquitetura e os fluxos de pessoas (pacientes, profissionais de saúde, visitantes, acompanhantes), além de rejeitos, materiais esterilizados e contaminados, devem ser definidos de forma coerente e com a participação de todos. É fundamental que as escolhas de acabamentos, limpeza e desinfecção sejam claramente estabelecidas”, relata.

Além disso, o engenheiro afirma que, após a pandemia de COVID-19, houve maior conscientização sobre sistemas de climatização. Porém, ele destaca que esses sistemas não impedem completamente a contaminação.

“Para mim, a pandemia trouxe uma expectativa exagerada sobre a capacidade dos sistemas de climatização, atribuindo-lhes uma responsabilidade maior do que realmente podem suportar. Sistemas mal projetados, instalados ou mantidos sempre agravaram o problema, seja durante uma pandemia ou não. Esses problemas deveriam ter sido evitados muito antes. O que ocorreu, na minha visão, é que os sistemas passaram a ser vistos tanto como vilões quanto como heróis, capazes de evitar qualquer tipo de contaminação. Eles podem ser considerados vilões quando há descuido nos processos de manutenção, mas esperar que esses sistemas sejam completamente eficazes para evitar a contaminação, mesmo quando operando corretamente, é um equívoco”, finaliza.

O Mercofrio 2024, organizado pela ASBRAV – Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação, ocorrerá de 10 a 12 de setembro no BarraShoppingSul, em Porto Alegre.

Em apenas meia década, PMOC acelera mudanças no setor de climatização

Em apenas cinco anos, a legislação do Plano de Manutenção, Operação e Controle foi responsável por promover uma importante diferença positiva no setor, principalmente porque tornou a adoção do PMOC obrigatória para estabelecimentos que possuem sistemas de climatização central.

Especialistas no tema concordam que o PMOC teve importante papel durante pandemia de covid-19 no País. Quando os primeiros casos da doença foram detectados por aqui, no final de fevereiro de 2020, a Lei 13.589/2018 já estava em vigor há dois anos.

Porém, sua história começou muito antes, a partir da criação da Norma ABNT NBR 13.971/1997. No início dos anos 2000, a trajetória ganhou mais robustez, quando a Anvisa começou a identificar os riscos à saúde associados aos sistemas de climatização central sem a devida manutenção. Em 2003, a agência publicou a Resolução 9/2003, estabelecendo requisitos mínimos para o controle da qualidade do ar interior (QAI) em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, a exemplo de prédios públicos, shoppings centers, consultórios médicos e odontológicos, laboratórios, clínicas, drogarias e hospitais, entre outros estabelecimentos.

Desde então, o mercado passou a se adaptar às novas exigências, realizando a instalação de equipamentos e sistemas de filtragem de ar, bem como a elaboração e implementação de planos de manutenção, operação e controle dos sistemas de climatização.

Este fator, aliado à Lei 13.589/2018, aos conhecimentos sobre a importância da qualidade do ar de interiores e às medidas de proteção, foi decisivo para minimizar o impacto das contaminações nos estabelecimentos que até aquele momento tinham cumprido as regras.

“Nestes cinco anos, as principais mudanças ocorreram para as empresas de menor porte, pois as maiores ou multinacionais já estavam se regularizando, uma vez que o PMOC já era exigido. A observação das diretrizes ESG também determina o cumprimento de todas as normas, regras e leis para garantia das melhores condições ambientais, o que necessariamente remete ao PMOC”, pondera o engenheiro Arnaldo Lopes Parra, diretor da Associação Brasileira de Refrigeração Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

De acordo com o Regulamento Técnico do PMOC (Portaria 3.523/1998), para estabelecimentos com equipamentos de climatização instalados acima de 60.000 BTU/h, há a exigência de se manter um responsável técnico legalmente habilitado, cujas atribuições são determinadas em seu sexto artigo.

Segundo esta mesma Portaria, cabe ao responsável técnico elaborar o PMOC com base nas normas ABNT, tais como a NBR 13971, NBR 16401, NBR 16655, NBR 14518, entre outras, bem como considerar as especificações dos fabricantes.

“Com essas informações e com sua imprescindível experiência na área, o RT montará o quadro de atividades, de forma a atender às necessidades locais e às exigências legais, visando garantir a segurança, o bem-estar e a saúde dos ocupantes dos ambientes climatizados, proporcionando as melhores condições da qualidade do ar de interiores”, salienta Parra.

Por ser uma exigência legal, a falta ou o descumprimento do PMOC, total ou parcialmente, pode ensejar multas por infração sanitária em diversas instâncias, tais como as estabelecidas pelo código sanitário de cada município, assim como por meio do art. 9º da Portaria 3.523/1998. Este trecho aponta o descumprimento do PMOC com penalidades previstas na Lei nº 6.437/1977, a qual estabelece multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, considerando gravidade da infração e porte do estabelecimento.

“Existem vários casos de interdição de estabelecimentos que reiteradamente descumprem as determinações legais, visto que em episódios mais graves haverá riscos aos ocupantes dos ambientes em condições de forte contaminação”, alerta o dirigente da Abrava.

Parra entende que, após meia década, se faz necessária a revisão dos parâmetros da qualidade do ar de interiores, que atualmente são regidos pela Resolução 9/2003, da Anvisa.

“As condições climáticas atuais, principalmente a concentração de CO2 na atmosfera, mudaram desde 1998, assim como a realização de ajustes para outros poluentes, inclusão para análise (tal como a concentração de radônio), podem melhorar a avaliação dos espaços internos. Existe ampla discussão, no momento, para estabelecermos novos limites, para modernização e revisão de valores e métodos”, ressalta o engenheiro.

Mudanças no mercado desde o início da implementação de projetos baseados na legislação de 2018 também foram notadas pela diretora da Indústrias Tosi, Patrice Tosi.

“Se antes era algo mais voltado para as centrais de água gelada, hoje em dia já serve para qualquer ar-condicionado ou obra acima de 5 TRs. Cada vez mais, as pessoas buscam o PMOC, então as empresas que querem atender corretamente têm de se adaptar e obedecer às normas. Afinal, as fiscalizações estão mais rigorosas desde sua implementação”, argumenta.

Assim como qualquer outra legislação, o PMOC ainda precisa lidar com alguns desafios, como a falta de conscientização e informação das empresas, carência de uma fiscalização mais rigorosa e efetiva e deficiência na capacitação técnica – muitas empresas não contam com esses profissionais –, que acabam tendo um custo mais elevado quando o PMOC é implementado. “Estes são alguns pontos que sabemos que precisam ser melhorados, para serem efetivos em todos os tipos de obras”, complementa Patrice.

Partindo da mesma visão, o diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, afirma que os principais resultados da Lei do PMOC foram, em grande parte, a estruturação e o acompanhamento dos serviços de manutenção dos ativos incluídos nos sistemas de climatização prediais, ou seja, equipamentos, infraestrutura, desempenho energético, conforto e saúde das pessoas.

“Para aqueles que adotaram o PMOC para valer, não apenas para constar, o ganho passou a ser mensurável, na medida em que se permitiram a documentação das ações de prevenção e a correção nos sistemas implementados. Em empresas com gestão de mais de um sistema, tanto para as de serviço quanto para os operadores de utilidades, o ganho ficou evidente, o que permitiu o aumento da adesão à implementação e prática do PMOC”, explica.

O empresário entende que, para fortalecer ainda mais a adoção do PMOC no mercado nacional, a fiscalização por parte dos órgãos de controle sanitário deveria ser ampliada, com a obrigatoriedade da submissão dos relatórios de avaliação para a adequada análise pelas entidades responsáveis.

“Com a obrigatoriedade da realização do PMOC, sistemas e edificações têm melhorado em qualidade, limpeza e funcionamento, melhorando os ambientes que as pessoas ocupam”, afirma o engenheiro Walter Lenzi, presidente da Ashrae Brasil.

O dirigente argumenta que entre os principais desafios para o PMOC está o fato de que todos os proprietários de edificações que possuam um sistema de ventilação e ar condicionado devem fiscalizar e manter os sistemas operando da maneira como foram projetados. “Tudo deve funcionar da forma que foram entregues, testados e comissionados no início da sua existência”, completa.

 

PMOC digital

Realidade no HVAC-R, o uso da tecnologia no trabalho com o PMOC tem sido uma importante ferramenta de trabalho para mecânicos, empresários e gerentes de serviços, a partir de aplicativos que reúnem a parte da formalização do PMOC, tal como check-list das atividades, coleta de assinaturas do cliente, executor, fotos do “antes e depois”, tudo criado na nuvem e transformado automaticamente no relatório mensal.

“Além desta parte, aplicativos sofisticados permitem controle de estoque da empresa e do carro-oficina, controle de frota, tempo dispendido em trânsito e nas atividades, incluindo geolocalização. É um grande avanço para a administração dos negócios, e permite corrigir desvios de maneira fácil e transparente”, pontua o engenheiro Arnaldo Lopes Parra.

Para o diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, a execução de um PMOC não requer tecnologia de ponta, nem estudo técnico suplementar, mas apenas conhecimento básico sobre os aspectos construtivos e operacionais do sistema-alvo e informações acessadas ou geradas na própria elaboração do plano. “Por esse motivo, é uma excelente oportunidade para envolver no processo as equipes de manutenção e operação do sistema”, detalha.

Nesta mesma linha, o CTO da Cadclima Engenharia, Francisco José de Abreu, entende que executar o planejado, avaliar continuamente as dificuldades encontradas e os resultados obtidos devem ter foco na busca pela melhoria de todo o processo que compõe o PMOC.

“Para isso, são fundamentais as avaliações semestrais da qualidade do ar prevista na mesma lei. Considerando as facilidades oferecidas por estas ferramentas não há desculpas para não adotá-las, uma vez que elas facilitam o trabalho dos clientes, prestadores de serviços, usuários e fiscais do processo”, completa o executivo.

Após cinco anos da implementação do PMOC, certamente ainda há muitos desafios a serem enfrentados, concordam especialistas ouvidos pela Revista do Frio. E no centro dessa nova realidade está a conscientização dos proprietários e gestores de facilities sobre a importância da manutenção adequada dos sistemas de climatização.

Full Gauge Controls lança plataforma gratuita de treinamentos a distância 

A Full Gauge Controls acaba de lançar mais um projeto: a FG Academy. Trata-se de uma plataforma de treinamentos a distância que disponibiliza cursos gratuitos para profissionais da área de climatização. Além de agregar conhecimento, o programa de capacitação também oferece fóruns para a troca de experiências e certificado gratuito gerado pela equipe de Engenharia de Aplicação da indústria.

O projeto, que foi desenvolvido ao longo dos últimos anos, é mais uma alternativa que a empresa percebeu de se aproximar do seu público. “É uma forma de agregar valor à marca compartilhando o conhecimento da nossa equipe com quem vivencia o dia a dia do mercado”, disse o Diretor da Full Gauge Controls Antonio Gobbi.

Buscando referências nos principais cases do mercado, a Full Gauge Controls notou a importância da disseminação de conteúdos de qualidade de maneira online durante o período mais forte da pandemia de COVID-19. “Neste período a Full Gauge Controls teve seu calendário de treinamentos presenciais pausado e os profissionais nos procuravam em busca de informações. Foi neste momento que demos o start no projeto da FG Academy”, afirma Gobbi.

A plataforma tem inicialmente cinco cursos disponibilizados e o objetivo é lançar outros ainda em 2023. Todos os cursos da FG Academy são gratuitos e, ao final de cada um deles é disponibilizado um certificado de participação. Outra particularidade do projeto são os fóruns, que além de serem um ambiente online para a troca de experiências entre os alunos, também funciona como um canal direto entre os participantes e a equipe de Engenharia de Aplicação da Full Gauge Controls. “É uma excelente oportunidade para os profissionais do mercado de refrigeração e climatização tirarem as suas dúvidas com os nossos profissionais e conhecerem em primeira mão as nossas novidades”, ressalta o Diretor.

Mercado de cursos para HVAC-R busca equilíbrio entre presencial e a distância

O mercado de cursos na área de refrigeração e climatização vai voltar com força total em 2023, projetam diversos gestores da área educacional ouvidos pela Revista do Frio. Basicamente, esta nova fase do setor se dará principalmente por três aspectos.

Em primeiro lugar, a volta gradual dos treinamentos presenciais, iniciada em 2022, foi acelerada durante todo o ano passado, pelo fato de o Brasil ter ultrapassado a marca de 80% da população com o esquema vacinal completo contra a covid-19. Esta realidade trouxe um clima de mais segurança para docentes e estudantes.

O segundo ponto a se considerar, segundo pessoas ligadas ao segmento educacional, é o crescimento da oferta de cursos técnicos, profissionalizantes e de nível superior, com uma variedade de temas, horários, datas e valores. Neste caso, destacam-se treinamentos sobre sistemas inverter e VRF (fluxo de refrigerante variável) e refrigeração comercial.

Por fim, a maioria das instituições de ensino especializadas em refrigeração e climatização passou a investir em grades de treinamentos com um mix mais equilibrado entre presenciais, online e semipresenciais. A ideia foi dar mais opções aos alunos, uma vez que boa parte trabalha em horário comercial, tendo tempo limitado para estudar.

A estratégia de investir em aulas online, por exemplo, já se mostrou positiva, uma vez que este mercado ganhou força no país durante a pandemia, conforme evidenciou o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Em 2021, auge da crise sanitária, os cursos EaD na graduação representavam 52% das matrículas quando comparados com os presenciais. Traduzindo: a aderência ao ensino a distância passou a ser tão fundamental para aprendizado quanto o presencial.

Mesmo assim, os treinamentos presenciais continuam a ser o carro-chefe dos estabelecimentos de ensino, uma vez que a parte prática é fundamental para o aprendizado. “No segundo semestre deste ano, a Fatec São Paulo vai dar início ao seu novo curso de refrigeração e sistemas de ar condicionado e climatização, nos mesmos moldes da unidade de Itaquera”, adianta o professor Cléber Vieira, membro do Departamento de Mecânica da Fatec.

O curso de tecnologia em projetos e processos destaca-se porque tem, em sua grade horária, um semestre da disciplina de sistemas mecânicos 3, onde entra a matéria de refrigeração e ar-condicionado. Enquanto Cleber cuida da parte prática nos laboratórios, o professor José Ernesto Furlan fica com o ensino da teoria.

A parte teórica, por exemplo, desafia os alunos a calcular a carga térmica de uma biblioteca ou um anfiteatro. A prática, no laboratório, é realizada a partir de experimentos nas bancadas de refrigeração e ar condicionado, onde são estudadas as peças dos componentes do evaporador, condensador, motor e compressor, inclusive em cortes, além de fluidos refrigerante e da Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos. Os cursos na Fatec são gratuitos e têm duração de três anos.

Igualmente gratuitos, os concorridos cursos da Escola Senai Oscar Rodrigues Alves estão em consonância com as demandas do mercado do frio, que cada vez mais dá prioridade à mão de obra especializada. Reconhecido como um dos mais fortes estabelecimentos de ensino na área de HVAC-R, o Senai atualmente dispõe de diversos cursos, como “Mecânico de manutenção de aparelhos da linha branca”, “Mecânico de climatização residencial”, “Instalação de condicionador de ar tipo split”, “Mecânico de manutenção em sistemas VRF”, “Mecânico de manutenção em centrais de climatização”, “Técnicas de brasagem em tubulação de cobre” e “Instalação de isolamento térmico em tubulações frigoríficas”.

A Intac Cursos também compartilha de uma visão mais equilibrada da adoção das modalidades (presencial, semipresencial e online) disponíveis no setor de treinamentos em HVAC-R. Afinal, se o mercado de ensino superior, com características superexigentes, já aprova a aplicação do ensino a distância, nos cursos profissionalizantes em HVAC-R não poderia ser diferente.

“Nós buscamos sempre desenvolver cursos que atendam às demandas atuais do mercado do frio. Neste ano, teremos treinamentos práticos por meio do uso da tecnologia de simulação em 3D e realidade virtual. Esse método de ensino é inédito para o HVAC-R no Brasil”, afirma o professor e tecnólogo em refrigeração e climatização Anderson Oliveira.

A grade 2003 da Intac é formada por cursos sobre refrigeração comercial, câmaras frigoríficas, ar-condicionado residencial e centrais de climatização (chiller e torres de resfriamento). “Todos os cursos serão ministrados online, com encontros presenciais aos sábados para utilização dos óculos 3D para imersão no Metaverso”, complementa o docente.

Mercado em alta

Outros importantes players do mercado de cursos estão crescendo no setor do frio, e por isso vêm investindo pesado para atrair cada vez mais alunos, inclusive abrindo novas turmas em períodos antes não explorados.

Duas das mais importantes instituições de ensino do setor, a Escola Técnica Profissional (ETP) e a Fapro, ambas sediadas em Curitiba (PR), também estão recebendo grandes investimentos. Atualmente, é possível escolher entre cursos de “Refrige-ração comercial”, “PMOC – legislação e prática”, “Técnico em refrigeração e ar condicionado”, “Mecânico de refrigeração e ar-condicionado”, “Pós-graduação em engenharia da climatização” e “Tecnologia em refrigeração e climatização” (curso superior).

“Este é o ano em que o nosso Laboratório, em parceria com a GIZ Brasil e o Ministério do Meio Ambiente, começara a funcionar, e assim poderemos ofertar o treinamento em fluídos refrigerantes naturais. Além disso, os múltiplos racks e expositores já estão em nossas dependências, e a obra se encontra bem adiantada”, salienta o professor Alexandre Fernandes Santos, CEO do Grupo de Educação ETP, lembran-do que o curso “Tecnólogo em refrigeração e ar-condicionado”, de nível superior, obteve nota 4 no MEC.

Em Belo Horizonte (MG), a Treinatec também tem se destacado no segmento, colocando à disposição, em 2023, os cursos “Refrigeração doméstica + split + ACJ”, “Refrigeração doméstica”, “Split” e “Refrigeração comercial”.

Sediada em Santo André (SP), a Samacursos é outro player que tem investido em treinamentos para o setor, a exemplo dos cursos de “Refrigeração residencial”, “Refrigeração residencial avançado”, “Refrigeração comercial câmara fria”, “Ar-condicionado mini split”, “Lavadoras de roupa – top load”, “Lava e seca – front load” e “Micro-ondas”.

“Pela previsibilidade de mercado, haverá neste ano um crescimento significativo em vendas e manutenção de equipamentos de refrigeração residencial e comercial, passando pela linha de comercial leve, câmara fria e linha branca, além de ar-condicionado”, explica a proprietária da escola, Renata Arcipretti, destacando que a constante expansão do setor tem levado a uma situação curiosa.

Somente na cidade de São Paulo, há mais de 4 mil vagas para refrigeristas, mas não são encontrados profissionais para suprir essa demanda. São pequenos comércios voltados à refrigeração comercial, conhecidos como comercial leve, como balcões frigoríficos, expositores, entre outros, que estão presentes em padarias, açougues e supermercados, sem falar do segmento de refrigeração residencial”, completa o diretor e coordenador da Samacursos, Adriano de Oliveira Gomes.

Localizada na cidade de São José do Rio Preto (SP), onde as temperaturas facilmente ultrapassam os 35ºC no verão, a Thermo Cursos se posicionou como uma reconhecida formadora de mão de obra qualificada, conforme deixa claro o diretor técnico Américo Martins Junior.

A grade de cursos para este ano inclui “Split até 30.000 BTUs – manutenção e insta-lação”, “”Refrigeração comercial (balcão refrigerado, cervejeiras, minicâmaras e câmara fria)”, “Inverter – manutenção e instalação”, “Chiller – manutenção – scroll e parafuso” e “Rack (supermercado)”.

“O fato de os nossos treinamentos terem 50% de pura prática, faz com que os alunos aprendam a trabalhar de forma correta, e este aspecto traz a garantia de uma excelente prestação de serviços, sem retrabalhos, e com satisfação plena do cliente”, enfatiza Américo.

Novos processos de esterilização aceleram QAI nos transportes coletivos

Filtros HEPA, lâmpadas UV-C, ionização bipolar e fotocatalisadores são aplicados para elevar a qualidade do ar interior em ônibus, aviões, barcos de passageiros, trens e metrôs pelo Brasil.

Se a qualidade do ar que respiramos já fazia parte das preocupações diárias das pessoas – especialmente de quem tem doenças pulmonares ou alergias –, este comportamento da sociedade se tornou ainda mais evidente a partir da pandemia de covid-19, que no Brasil teve início em fevereiro de 2020.

No auge da crise sanitária, as restrições tomadas nos transportes públicos, como o distanciamento social – quando possível – e o uso obrigatório de máscaras, foram essenciais para barrar uma maior disseminação do coronavírus entre os passageiros.

Da mesma forma, a aplicação de processos tecnológicos para a esterilização do ar interior e desinfecção de superfícies continua no mesmo ritmo. Ônibus, aviões, barcos de passageiros, trens e metrôs pelo Brasil têm passado por uma variedade de procedimentos, como filtros HEPA, lâmpadas UV-C, ionização bipolar e fotocatalisadores.

Estes processos ganharam ainda mais importância para manter a saúde de quem usa o transporte coletivo, uma vez que muitas cidades já suspenderam a obrigatoriedade da máscara. No estado de São Paulo, por exemplo, essa regra caiu em 9 de setembro, após sinalização positiva do Conselho Gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo (SCPDS).

Vale, portanto, para os ônibus da capital paulista (SPTrans), transportes metropolitanos (EMTU, CPTM, Metrô, ViaQuatro, ViaMobilidade), transportes suburbanos (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e ônibus municipais das 645 cidades do estado.

“A conscientização sobre a importância de cuidar do ar em ambientes fechados aumentou. Um exemplo disso é que antes esse tema era majoritariamente conduzido pela equipe de manutenção, em nível gerencial. Hoje, vemos outros players atentos a isso dentro das empresas, como diretores e outros setores como saúde ocupacional, RH e até marketing”, argumenta o CEO da Conforlab, Leonardo Cozac, presidente do Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI).

“A pandemia trouxe à luz um problema que já era conhecido dos especialistas, e a qualidade interna do ar passou a ser um dos fatores mais solicitados pelos colaboradores, como ficou evidente por uma pesquisa da Harvard Business Review. As pessoas passaram a entender o risco de saúde que existe em trabalhar em locais que não têm boa qualidade do ar interno”, emenda o CEO da Ecoquest, Henrique Cury, past-presidente do Departamento de Qualidade Interno (Qualindoor) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Ambos os especialistas concordam que as ações de prevenção, em relação à adaptação dos sistemas de ar-condicionado, executadas pelo poder público ao longo da pandemia, ficaram aquém do ideal para o tipo de emergência que se abateu no país.

“Observei o surgimento de algumas leis municipais, como o caso de Santos, exigindo um melhor controle e qualidade do ar nesses locais. Mas ainda é muito pouco dentro da real necessidade”, pontua Cozac.

Seu colega concorda que pouca coisa foi feita para proteger os usuários dos transportes públicos, a exemplo da exigência do uso de máscaras em terminais e dentro dos veículos. “É necessária a implementação de normativas visando a melhora da qualidade interna do ar nesses locais de grande concentração de pessoas e, consequentemente, de grande risco”, complementa.

De acordo com eles, cada uma das soluções hoje utilizadas, principalmente lâmpadas UV-C, ionização e fotocatálise, tem sua aplicação e benefícios, devendo ser sempre utilizadas com apoio técnico de especialistas. Estas tecnologias atuam na redução de alguns gases, material particulado e micro-organismos, como fungos, bactérias e vírus.

Luz UV-C

Usada para descontaminação do ambiente interno dos meios de transportes, a luz UV-C atua na desinfecção de tudo o que alcança, como assentos, barras, chão, portas, janelas e paredes desses veículos.

“Se forem usadas adequadamente, essa e outras tecnologias têm eficácia para as superfícies e o ar. Devem ser instaladas por especialistas para serem eficazes e seguras, atentando-se às pessoas e aos materiais de acabamento dos veículos”, pondera Cozac.

Para Cury, a luz UV-C germicida, neste momento, não é economicamente viável para inativação de patógenos no ar e não é tão eficiente na limpeza de superfícies, como ocorre com o uso de produtos de limpeza. “Além de poder danificar materiais, a luz UV-C germicida tem problemas no tratamento de superfícies curvas, pois as sombras que teremos não permitirão o devido tratamento”, alerta.

Tanto o CEO do Conforlab quanto o CEO da Ecoquest acreditam que a tecnologia mais inovadora contra patógenos, em ambientes de uso coletivo, é a fotocatálise. “Este sistema de purificação do ar ativo, que trata o ar e as superfícies, pode ser utilizado em ambientes ocupados por pessoas”, afirma Cozac.

O diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, entretanto, salienta que as lâmpadas UV-C para desinfecção de veículos podem ser efetivas em superfícies lisas e totalmente irradiadas, assim como nas serpentinas e dutos do sistema de climatização, onde são usadas de forma contínua.

“A simples desinfecção da cabine do veículo não é representativa, uma vez que o primeiro usuário infectado ao entrar no veículo, quando este inicia seu turno de trabalho, vai lançar contaminantes no ar, e aí é que está o maior problema”, enfatiza Abreu, concordando que a limpeza e desinfecção de superfícies entre turnos de uso é importante, “mas a técnica mais eficaz e recomendada pela Anvisa é a aplicação de desinfetantes químicos, sendo o mais eficiente o ácido peracético”.

O CTO da Dannenge International entende que a ionização bipolar e os fotocatalisadores foram as duas tecnologias aplicadas com sucesso nos sistemas de climatização dos veículos, pois manteve-se a configuração original desses equipamentos.

“A ionização bipolar tem alcance restrito, e basicamente os micro-organismos são eliminados somente na passagem pelos ionizadores. A tecnologia funciona como um filtro, porém de alta eficiência, sem necessidade de alteração dos ventiladores do sistema de climatização. Por outro lado, os fotocatalisadores são equipamentos que geram peróxido de hidrogênio, que arrastado pelas correntes de ar e por meio de difusão gasosa preenche todo o espaço ocupado do veículo”, explica Abreu.

Segundo o especialista, o peróxido de hidrogênio (comercialmente conhecido como água oxigenada) é um poderoso agente biocida para organismos unicelulares, além de excelente oxidante para o controle de gases orgânicos no ambiente. “Ou seja, combate o contaminante no caminho entre o emissor infectado e seus vizinhos”, conclui.

O mesmo movimento em torno da QAI tem ocorrido no exterior. Em Nova York, nos Estados Unidos, uma tecnologia inovadora começou a ser usada em mais de 100 ônibus escolares da empresa Meir Transport, nas regiões do Brooklyn e do Queens.

Aplicada em 87 países, incluindo escolas, hospitais e escritórios, este novo sistema de ventilação de bordo tem diversos níveis de filtragem e desinfecção. Ele também se conecta ao sistema wi-fi e cria um painel da web com informações, em tempo real, sobre as condições do ar interior.

Os sensores fornecem dados sobre temperatura, níveis de dióxido de carbono e monóxido de carbono e patógenos que podem transmitir doenças. Com essas informações disponíveis é possível aos gestores planejar estratégias para prevenção e combate ao novo coronavírus.

Legislações

A partir da disseminação do novo coronavírus, muitos estados e municípios passaram a buscar soluções para o problema gerados pela contaminação do ar e das superfícies.

Em julho de 2020, alguns meses após o início da pandemia, o estado da Paraíba foi um dos pioneiros a aprovar legislação para a prevenção contra a covid-19. O texto, proveniente do Projeto de Lei nº 1.552/2020, do deputado estadual Ricardo Barbosa, determinou às concessionárias de transportes públicos que diariamente realizem a desinfecção e limpeza de seus veículos.

Bem mais tarde, em 12 de janeiro deste ano, o estado do Amazonas publicou a Lei n° 5.789, obrigando as concessionárias que operam no serviço de transporte rodoviário e hidroviário intermunicipal a, semanalmente, realizar a desinfecção e a limpeza dos veículos para a contenção da covid-19.

De acordo com a legislação, as empresas que não cumprirem o disposto poderão ter suas concessões suspensas ou mesmo cassadas. A fiscalização é competência da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado (Arsepam).

Já a cidade de Santos aprovou a Lei Complementar nº 1.165, de 20 de abril de 2022, que entrará em vigor em 17 de outubro, 180 dias após ser publicada no Diário Oficial. Ela institui o “Selo de Qualidade do Ar no Transporte Coletivo Urbano”, que será afixado em cada veículo e conterá a data da última limpeza e manutenção do equipamento de refrigeração.

Além disso, as concessionárias de transporte coletivo urbano deverão apresentar, semestralmente, ao órgão competente da Prefeitura, laudo elaborado por responsável técnico informando as condições de limpeza, manutenção, operação e controle dos equipamentos do sistema de climatização dos veículos, bem como da aferição e atendimento dos parâmetros de qualidade do ar. O descumprimento da lei poderá gerar desde advertência até multa no valor de R$ 1 mil, aplicada em dobro em caso de reincidência.

De acordo com o diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, o problema está no fato de que todas as legislações levaram em consideração a transmissão indireta, por gotículas com vírus depositadas sobre superfícies. “Sabemos hoje que o problema principal é a transmissão direta, por via aérea”, salienta.

O executivo comenta ainda que atualmente existem testes que podem ser realizados para avaliar a concentração de determinado contaminante sobre uma superfície e, submetido um ambiente a diferentes condições, por exemplo, sem filtro ou com purificador, é possível inferir a eficácia do equipamento.

“Mas como realizar estes testes de uma forma padrão, de modo que possam ser repetidos e certificados por diferentes entidades? É uma resposta a um problema que a engenharia nacional e os cientistas da área necessitam encontrar e fornecer”, complementa Abreu.

Fujitsu lança primeiro centro de treinamento em parceria com a Poloar STR

A Fujitsu General do Brasil lançou no último dia 20 de outubro, o primeiro centro de treinamento em parceria com a PoloAr STR. O principal objetivo do espaço é oferecer capacitação e instruções na prática aos instaladores e técnicos da empresa.

O centro de treinamento localizado em São Paulo conta com 70 m² projetado pela arquiteta Caroline Costalonga e além de apresentar um espaço moderno também expõe os equipamentos da linha Cassete, Teto R-32 entre outros. “A Poloar STR é uma parceira de longa data e estamos muito felizes com esta oportunidade de estarmos aqui apresentando a nossa marca, que nos enche de orgulho e admiração. Continuaremos trabalhando incansavelmente para que a parceria seja prospera e duradoura. Juntos somos mais fortes”, comemora Sr. Akihide Sayama, presente da Fujitsu General do Brasil.

Desde outubro de 2019, a Fujitsu General do Brasil já capacitou mais de 18 mil instaladores. Vale ressaltar que muito antes da pandemia da Covid-19 os treinamentos digitais já eram realizados dentro da empresa, por conta da extensão do território brasileiro, oferecendo a possibilidade aos profissionais de todas as regiões realizarem os cursos.

Para o fundador da Poloar STR, Sidney Tunda, é muito gratificante poder inaugurar um centro de treinamento para que os instaladores possam se certificar e conhecer ainda mais os produtos da empresa. “Essa é mais uma etapa vencida com a parceria de longa data com a Fujitsu e nos dá abertura para que essa trajetória seja ainda de mais sucesso, tornado a estrada mais curta e o sucesso seja mais promissor. Isso faz com que os clientes tenham ainda mais segurança e confiança ao adquirir qualquer ar-condicional da marca”, ressalta.

Joverci Silva: O presente é perfeito e o futuro, brilhante!

Tudo começou em outubro de 2004, quando Joverci Silva Marques trabalhava na área de hematologia de um grande hospital na capital paulistana, onde teve a oportunidade de conhecer um paciente que era diretor de uma grande rede de hotéis e estava hospitalizado para um tratamento. Ao fazer os cuidados de enfermagem, ela comentou que seu marido, na época, cursava o técnico de refrigeração no Senai e trabalhava com instalação e manutenção de ar condicionado. Foi assim que Jo, como é conhecida no setor, tomou gosto e amor pelo mercado de HVAC-R.

“Na época, todo meu conhecimento era do ponto de vista do usuário no ramo médico, onde o ar condicionado do setor hospitalar precisava ser rigorosamente higienizado, e no caso dos centros cirúrgicos, não poderia haver nenhuma contaminação e seu nível de pureza deveria estar sempre nos 100%. Com a indicação desse paciente, abrimos uma empresa e conseguimos o nosso primeiro contrato de manutenção em ar condicionado naquele mesmo ano. A demanda foi aumentando e eu passei a atuar na empresa. Após meu divórcio, assumi toda a empresa e vislumbrei na refrigeração a oportunidade de crescimento profissional, além de possibilitar aos meus filhos mais qualidade de vida”, conta Joverci.

Sócia majoritária da Bless Climatização Serviços de Manutenção e Vendas e diretora executiva da Aero Solutions Climatização & Refrigeração, ela é formada em Enfermagem, Psicanálise Clínica e Refrigerista, com dezenas de cursos e certificações junto aos principais fabricantes e distribuidores.

“Um dos grandes desafios em assumir a empresa foi na primeira reunião, todos homens e um dos colaboradores disse que ‘não iria se submeter a aceitar ordem de uma mulher, já que ele tinha muito mais conhecimento do setor’. Para minha surpresa, o restante da equipe ficou indignada com a atitude do colega e tive todo apoio. O segundo desafio foi chegar diante de cada cliente e apresentar-me. Alguns demonstraram seu apoio sem ressalva, já outros, tinham uma visão desfavorável com minha liderança e colocavam prazos difíceis de cumprir. Mas, graças a essas exigências, que recebi a valiosa ajuda do grande mestre do Senai Oscar Rodrigues Alves, conhecido como professor ‘Esquerdo’. Ele não só me ajudou como passou a indicar minha empresa para assinar os estágios de formandos técnicos em refrigeração e climatização. Isso contribuiu muito para suprimir os ataques ‘machistas’, e o que era para ser uma situação desfavorável a minha liderança feminina, passou a ser um dos pontos fortes da empresa”, comemora.

Hoje, Jo comanda uma equipe formada por colaboradores com mais de 11 anos de empresa, e os que saem, passam a ser parceiros de profissão.

“Nos especializamos em atendimento para o setor de hotelaria e passamos a ser homologados em uma rede hoteleira francesa muito forte no Brasil. Aprimoramos nosso conhecimento na elaboração e execução de PMOC e nosso primeiro contrato de manutenção durou 18 anos, finalizado devido a pandemia, pois o edifício deixou de atender como um hotel”, diz.

Mulheres despertas

Jo reforça que as mulheres vêm se destacando cada dia mais no segmento, se qualificando como excelentes profissionais no ramo e motivando outras mulheres.

“Em 2018, tive o prazer incrível de conhecer o grupo de mulheres do setor de HVAC-R, que foi um bálsamo para minha vida. Poder dividir minha história e ao mesmo tempo conhecer a história da vida de tantas mulheres que trabalham nesse segmento, foi precioso. Nosso grupo de mulheres ficou ainda mais forte depois da Febrava 2019, onde surgiram novas oportunidades junto aos fabricantes, cursos e eventos com vários distribuidores e com o precioso apoio da Revista do Frio cobrindo a maioria desses eventos. Mesmo vivendo em meio ao domínio do patriarcado, as mulheres hoje sabem que ‘lugar de mulher é onde ela quiser’, principalmente no momento de pandemia, quando o setor de HVAC-R foi reconhecido como parte fundamental no combate a Covid 19. Hoje, podemos dizer que somos ‘mulheres despertas’. É maravilhoso falar de simetria, justiça e conformidade da equidade feminina no nosso setor”.

Com participação atuante em vários grupos de mulheres do setor de HVAC-R, Jo diz que “todos os movimentos em prol da equidade feminina são importantes, porém, o de mais destaque é o Elas no HVAC-R. Neste grupo, podemos compartilhar nosso dia a dia, pedir ajuda, ajudar quem precisa, divulgar eventos dos fabricantes, escolas e cursos profissionalizantes, vagas de emprego e tirar dúvidas sobre leis e normas que regem o setor. Eu diria que é um grupo de ajuda mútua, sem julgamentos e com muito respeito pela individualidade de membro”.

Ela é enfática em dizer que a família é seu bem maior. “Faço de tudo para manter a união com meus filhos, mesmo minha filha morando fora do Brasil, seguindo seus sonhos. Temos uma grande cumplicidade e nosso amor familiar só aumenta. Já meu filho seguiu a carreira musical, ele é produtor musical e DJ, tenho muito orgulho do trabalho que ele vem desenvolvendo. Meus amigos não são muitos, mas os que tenho são tão chegados e chamados de irmãos. Foi graças aos verdadeiros amigos, que tive forças e condições para criar os meus filhos como mãe sozinha, dois deles, o Naldo e Gustavo! Faço questão de estar com eles sempre que posso, eu costumo dizer que estou com eles até debaixo d’água! Meus hobbies são ler, estudar e ajudar outras pessoas como psicanalista e como refrigerista! Amo ajudar outras pessoas a ressignificar suas histórias de vida. Minhas conquistas são inumeráveis diante da grandeza da vida. Posso destacar que ter criado sozinha meus filhos e a formação deles em nível internacional, faz meu coração transbordar de gratidão à Deus. Claro que agradeço também ao ramo da refrigeração, fonte de meu sustento todos estes anos.

Até mesmo minha formação em psicanálise é uma grande conquista feita através da refrigeração. E aos profissionais do setor, eu aplaudo de pé pela excelente escolha de profissão! Promissora, com grandes oportunidades para homens e mulheres conquistarem sua história. Se tiverem medo ou receio, sigam adiante, sejam despertos (as), pois o presente é perfeito e o futuro é brilhante!”, finaliza Jo.

O avanço das salas limpas

Das indústrias farmacêuticas e de componentes para embalagens primárias, eletroeletrônica, de alimentos, suplementos, cosméticos e ração animal, até os setores aeroespacial, nuclear e de mecânica de precisão, além de centros cirúrgicos e recintos de isolamento em hospitais, as salas limpas e os ambientes controlados se tornaram, especialmente em anos recentes, personagens fortemente presentes e fundamentais em diversas áreas da economia.

Como esses ambientes precisam estar livres de sujidades, vírus, fungos e bactérias, o controle de contaminações torna obrigatória a utilização de sistemas de ar condicionado dentro das especificações técnicas exigidas, incluindo processos essenciais e meticulosamente programados, como filtragem, troca e vazão de ar.

Especialistas no assunto entendem que existe um movimento em curso, tanto do ponto de vista tecnológico quanto regulatório, com foco em eficiência total, a começar com os últimos avanços da tecnologia de automação, microambiente, microbiologia e biotecnologia, os quais apresentam cada vez mais soluções, muitas delas paradoxalmente simples, voltadas à solução de antigos problemas de controle de contágio.

Atualmente, os projetos estabelecem a existência de alguns itens que antes eram apenas desejáveis, como sistemas responsivos com baixos consumo de energia e impacto ambiental, além de espaços controlados cada vez menores e máquinas de produção mais flexíveis e com operações automatizadas. Tais exigências estendem-se inclusive para a diminuição gradual do número de pessoas presentes nas áreas operacionais e o uso frequente de sistemas robóticos.

“As tecnologias de salas limpas no Brasil são mais aplicadas nas áreas das ciências da vida, que têm grande alinhamento com as demais partes do mundo, devido à sua vocação para exportação, mas também pela harmonização da legislação realizada pelos órgãos regulatórios mundiais, como têm ocorrido com a Anvisa e o Ministério da Agricultura aqui no país”, explica Célio Soares Martins, sócio da Análise Consultoria e diretor técnico da Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC), entidade que se dedica ao desenvolvimento de salas limpas e ambientes controlados.

A partir disso, salienta o dirigente, que também é representante do Departamento Nacional de Empresas Projetistas e Consultores (DNPC) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), o mercado já investe pesadamente para a melhoria dos processos de eficiência energética dos sistemas e de sua eficácia no controle de possíveis contaminações. Tamanha mudança de viés deverá ocorrer por meio da renovação de equipamentos e das atividades para o desenvolvimento de salas limpas e ambientes controlados, produção de utilidades, novos conceitos de projeto e melhor controle e certificação das instalações.

“Os projetos de salas limpas acompanham a tendência de modelagem 3D para atender às demandas de processos BIM (Building Information Modeling). Estas tecnologias potencializam a criação de soluções para equipes multidisciplinares, pois estimulam a mútua cooperação. Em reformas e ampliações de salas limpas e ambientes controlados associados, o levantamento tridimensional a laser, com base em nuvem de pontos, tem sido uma ferramenta importante de suporte a projetos no HVAC-R”, confirma o engenheiro Miguel Ferreirós, presidente no biênio 2019-2021 do DNPC (Abrava) e sócio da Garneira Engenharia.

De acordo com ele, a aplicação do BIM permite que projetos sejam executados com menor risco de interferências durante a execução da obra. “Mesmo empresas projetistas que operam em locais distantes podem viabilizar a sua contratação ao disporem da nuvem de pontos, desde que atendam às normas técnicas locais”, complementa.

O engenheiro lembra que o setor do frio tem se apoiado na Norma ISO-14644-16:2019 (Cleanrooms and Associated Controlled Environments – Part 16: Energy Efficiency in Cleanrooms and Separative Devices), documento que já tem permitido uma renovação de conceitos e práticas de engenharia de salas limpas pelo mundo.

Atualmente, a norma está sendo traduzida pela Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC) – CB-46, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Este documento detalha conceitos de difusão de ar, métricas e bases referenciais para indicadores de desempenho, entre outros conceitos que estimularão os engenheiros projetistas, agentes de comissionamento, pessoal da garantia da qualidade e da manutenção a buscar melhorias em suas instalações para reduzir o uso de energia e água, sem perder a segurança do processo”, analisa Ferreirós.

Carros-chefes

A pandemia de covid-19 ampliou ainda mais a visão e o entendimento dos players que compõem o segmento de salas limpas, em relação ao papel dessas estruturas na proteção dos profissionais de saúde e da população em geral. O surgimento de grande número de linhas de produção de vacinas pelo mundo só foi possível graças aos avanços tecnológicos obtidos para esses ambientes estéreis e seus usos intensivos – das fases de pesquisa à produção final dos imunizantes.

“No segmento de ar condicionado, por exemplo, destaca-se a demanda por unidades de tratamento de ar com maior vazão, disponibilidade de pressão e sistemas de filtragem mais eficientes. Também há muita procura por equipamentos de fluxo unidirecional, bancadas e cabines de segurança biológica”, lista Célio Soares Martins, da SBCC.

Igualmente demandados, os sistemas de barreiras físicas e/ou microambientes, como isoladores e RABS (Restricted Access Barrier Systems), assim como outros processos, estão sendo usados de forma cada vez mais intensiva, sendo exigidos pelas autoridades dos países que almejam conquistar espaço no mercado mundial.

“Hoje já temos máquinas em linhas de produção cada vez mais automáticas, dotadas de sistemas robóticos, que eventualmente poderão eliminar completamente a intervenção manual. Já os sistemas de HVAC-R, instalados em grandes ou pequenos ambientes, são mais eficientes quanto ao ar produzido, bem como ao consumo de energia e ao monitoramento”, descreve o vice-presidente da SBCC, Eduardo Almeida Lopes.

O dirigente destaca também o uso de salas limpas para sistemas de produção, especialmente em biotecnologia, onde historicamente são necessários grandes avanços em controle de contaminação, esterilização e processos pela automação e qualidade presente desde as primeiras fases do projeto.

Avanços

A partir da nova realidade imposta pela covid-19, os especialistas apostam em avanços que se justificarão nos próximos anos. O engenheiro Miguel Ferreirós entende que a utilização de processos produtivos mais seguros, com utilização de robôs, parece ser uma tendência.

Para ele, as paradas para manutenção de sistemas de ar-condicionado e de filtragem do ar interno são gaps que precisam ser resolvidos, uma vez que a ociosidade em linhas de produção prejudica o andamento das operações empresariais. Para tanto, os projetos de ar-condicionado para salas limpas devem contemplar tecnologias que reduzam a necessidade de paradas.

“A utilização de sistemas de monitoramento de vibração em motores e ventiladores e de filtragem, com eficiência e dimensionamento adequados para a proteção de serpentinas de resfriamento e desumidificação, é exemplo de ações que permitem aumentar os intervalos entre paradas para manutenção”, sugere Ferreirós.

“Haverá uma preocupação generalizada em diversificar as fontes de insumos, nacionalizar uma parte, na qual o país seria fornecedor internacional. Neste caso, temos que ter qualidade e preços competitivos e, mais intensamente, desenvolver fontes alternativas para muitos insumos desde circuitos eletrônicos, máquinas e peças de aço inox, sistemas filtrantes e tecidos para vestimentas descartáveis”, emenda o VP da SBCC, Eduardo Almeida Lopes, ao projetar um futuro promissor para o segmento.

APAS Next 2022 expõe desafios e oportunidades sobre futuro do varejo

Melhorar a experiência do shopper (comprador) com um olhar para o futuro do varejo tem sido a prioridade de empresários supermercadistas. Os executivos compartilharam inovações tecnológicas durante o principal evento do setor, o APAS NEXT 2022.

O evento trouxe o conceito “Agorismo: O Futuro é Agora!”, promoveu palestras sobre o comportamento do consumidor e apresentou as principais tendências do setor no cenário internacional para um público com mais de mil pessoas. Ao todo, 30 estandes de diferentes áreas do varejo mostraram serviços de alta performance como carrinho digital para compras, cartazeamento 4.0, precificação inteligente e ferramentas de automação atrelada à inteligência artificial para uma nova realidade de compras on-line ou presencial.

A cadeia de supermercados no Brasil conta com 91.351 lojas e tem sido o segmento que mais emprega no país. O setor obteve faturamento de R$ 554 bilhões somente em 2020 quando o mundo vivia o auge da pandemia da Covid-19. Os dados são da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que ressalta que o valor representa 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Entretanto, ainda são muitos os desafios a serem superados nesse mercado. A principal deficiência é a forma como o varejista se comunica: preços e promoções ultrapassadas. O cliente da pós-pandemia está mais exigente e carece de autonomia para tomar a decisão de compra. Como estratégia para resolver esse problema, os representantes da área querem tornar o ambiente da loja mais agradável para estimular o potencial de compra do consumidor.

Wesley Andrade Ubeda: o bom filho, a casa retorna

No comando da Andrade  Refrigeração, Wesley Andrade Ubeda, aos 49 anos, adquiriu experiência atuando na área de refrigeração e climatização desde a década de 1980. Com formação em eletromecânica, hoje ele está a frente de sua empresa, localizada em Cacoal – Rondônia, seu estado natal.

“Iniciei minha carreira profissional na década de 1980, quando meu pai abriu uma empresa de refrigeração, na qual trabalhávamos com linha branca e fazíamos a assistência técnica para empresas como Brastemp e Consul. Em 2001, abri uma loja de refrigeração na cidade de Vilhena-RO e em 2003 me especializei na área. Em 2005, infelizmente perdi meu pai, e junto a isso tivemos que vender a empresa, e desde então, comecei a trabalhar como autônomo. Durante esses anos, trabalhei em diversos estados do Brasil, como Goiás, Espírito Santo, Tocantins, e atualmente, estou de volta à Rondônia”, informa Wesley.

Sempre atento as possibilidades de atualização profissional, ele conta que o maior aprendizado foi através de seu pai.

“Eu aprendi tudo com o meu pai, a perda dele foi um momento muito difícil da minha vida! Quando comecei a trabalhar como autônomo, queria sempre aplicar tudo o que ele me ensinou, mas o mercado evolui constantemente, precisava buscar aprendizado e comecei a fazer vários cursos e saber cada vez mais sobre essa área. A partir de 2018, com toda a bagagem e experiência, mudei a forma de encarar esse mercado. Nesse ano, iniciei um curso na Thermo Cursos e fui melhorando e aprendendo cada vez mais! Hoje, meu serviço é reconhecido nacionalmente. Sou muito grato pelas oportunidades que tive e ainda tenho!”, comemora.

Especialista em manutenção preventiva, corretiva e instalação de split residencial, comercial leve e industrial, nos dois últimos anos, por conta da pandemia pela Covid-19, Wesley diz que passou por vários desafios, dificuldades e muito aprendizado.

“Foram dois anos de muito aprendizado e dificuldades, tivemos que buscar novas maneiras de se conectar com nossos clientes, principalmente pelas redes sociais. No geral, tudo mudou e na pandemia houve uma pequena baixa em relação a demanda de serviços, e foi ainda mais desafiador quando fui testado positivo para a Covid-19 no final de 2020. Superado isso, o mercado está aquecido e a nossa esperança é que tudo volte à normalidade o quanto antes”.

Ele comenta sobre as plataformas digitais, aliadas no momento da pandemia e um divisor de águas para manter o mercado de refrigeração e climatização informado, além de incentivar e prospectar novos clientes.

“Atualmente, uso muito o Instagram. Com a pandemia, as redes sociais se tornaram peças-chave para se manter conectado às pessoas e o Instagram tem sido minha principal fonte para divulgar meu serviço e transmitir algumas informações. Além do Instagram, também tenho uma página no Facebook e um canal no Youtube, onde posto vídeos com alguns serviços executados e um site da minha empresa Andrade Refrigeração”.

A família é prioridade

Casado com Renilda, sua companheira de vida, Wesley é pai de Igor, com 17 anos, e de Amanda, com 22 anos.

“Minha família é prioridade! Através dela tenho todo o suporte, tanto no lado profissional quanto no pessoal. E carrego meus amigos dentro do coração, a maioria da área da climatização. Gosto muito de um bom churrasco reunindo todos que me fazem bem, além de viajar e conhecer novos lugares. Minha maior conquista nesses anos de aprendizado é ter um trabalho de qualidade reconhecido pelos clientes e amigos de profissão”.

Além do reconhecimento, ele carrega um sonho, ter sua própria van “Furgão”, planejada com todas as suas ferramentas organizadas dentro.

“O mercado de trabalho está cada vez mais aberto e necessitando de bons profissionais. Aqueles que pretendem entrar nessa área precisam buscar capacitação para desenvolver o melhor serviço ao cliente. Nessa área não falta serviço, especialize-se e você verá o resultado”, finaliza.

Ao lado de Renilda, sua companheira de vida, Wesley é pai de Igor, com 17 anos, e de Amanda, com 22 anos