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Copeland publica seu primeiro Relatório de Impacto Global

Documento destaca metas ambientais, desempenho operacional e políticas de inclusão

A Copeland, empresa global especializada em soluções de aquecimento, resfriamento e refrigeração, publicou seu primeiro Relatório de Impacto Global desde sua transição para companhia autônoma, em maio de 2023. O documento reúne dados sobre as metas ambientais, práticas operacionais e políticas de engajamento social da empresa.

Segundo Ross B. Shuster, CEO da Copeland, a iniciativa reflete a nova fase da companhia após sua independência administrativa e operacional. A Copeland, com mais de 100 anos de atuação no setor, emprega atualmente mais de 18 mil pessoas em todo o mundo.

O relatório apresenta as principais diretrizes da empresa com base em três pilares: Propósito, Desempenho e Pessoas. Entre os pontos destacados, estão as metas de redução absoluta de 55% nas emissões de Escopo 1 e 2, e de 32,5% nas emissões de Escopo 3 até 2033. Essas metas se referem, respectivamente, a emissões diretas, indiretas provenientes de energia comprada, e emissões indiretas ao longo da cadeia de valor.

A empresa também detalha suas ações para promover a adoção de refrigerantes naturais e de baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP, na sigla em inglês), além de soluções para garantir a integridade de produtos alimentícios e farmacêuticos por meio de uma cadeia de frio mais eficiente.

No campo social, o relatório inclui informações sobre políticas internas voltadas à inclusão, segurança no ambiente de trabalho e cultura corporativa. A Copeland afirma que implementa programas com foco em impacto comunitário e reconhecimento do desempenho dos colaboradores.

Ao divulgar o relatório, Shuster afirmou que a sustentabilidade está integrada à visão e aos valores da empresa. Segundo ele, os esforços são voltados à descarbonização, eficiência energética e combate ao desperdício de recursos.

HVAC-R responde por 2,3% da indústria brasileira

Setor marca o Dia da Indústria com foco em eficiência e sustentabilidade

Neste 25 de maio, Dia da Indústria, o setor de Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração (HVAC-R) destaca sua contribuição à economia e às atividades essenciais do país. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), o setor projeta faturar R$ 54 bilhões em 2025.

O montante representa cerca de 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro — que somou R$ 11,7 trilhões em 2024 — e 2,3% do PIB industrial, equivalente a aproximadamente 20% da economia nacional. A expansão é impulsionada por fatores como o aumento das temperaturas, crescimento da construção civil, maior consumo das famílias e avanços tecnológicos.

Com presença nos setores de saúde, alimentação, infraestrutura urbana e tecnologia, o HVAC-R tem investido em práticas de redução de impacto ambiental. Entre as medidas adotadas, destacam-se a substituição de fluidos refrigerantes por substâncias de baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP), a adoção de equipamentos mais eficientes em termos energéticos e a integração de tecnologias digitais, como a Internet das Coisas (IoT) e sistemas de controle preditivo.

O setor também cumpre papel estratégico no cotidiano: climatiza ambientes urbanos e industriais, mantém a integridade de alimentos na cadeia do frio e assegura condições adequadas para o armazenamento de medicamentos e vacinas.

Em um cenário de transição energética e maior exigência por conforto ambiental e segurança sanitária, o setor busca ampliar o acesso a soluções compatíveis com os novos padrões regulatórios. Ao marcar o Dia da Indústria, o setor reafirma sua função essencial na economia brasileira e nos serviços fundamentais à população.

Boas Práticas, eficiência operacional e segurança dos profissionais

Boas Práticas no setor de refrigeração não se limitam apenas a aspectos técnicos, mas abrangem uma visão que incorpora formação profissional, inovação tecnológica, conformidade regulatória e responsabilidade ambiental

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O setor de HVAC-R, em especial o de Refrigeração e Ar-Condicionado (RAC), tem um papel-chave na proteção da Camada de Ozônio e na mitigação das mudanças climáticas. Um estudo recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, aponta que medidas-chave pode reduzir as emissões do setor em pelo menos 60% até 2050. No âmbito do Protocolo de Montreal, o Brasil elaborou o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs – PBH, que contempla a estratégia de controle, redução e eliminação dos HCFCs por meio de ações apoiadas com recursos do Fundo Multilateral para implementação do Protocolo de Montreal.  Dentre essas ações estão os cursos de Boas Práticas de Refrigeração, que fazem parte do PBH – Projeto para o Setor de Serviços.

O PBH é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com implementação, em todo o Brasil, dos projetos para o Setor de Serviços, pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

Por meio do PBH, ao longo das Etapas I e II, com a implementação da GIZ, ocorreram diversas ações desde então, como cursos de Boas Práticas em Refrigeração em todo o país, conquistando resultados positivos, como mais de 16 mil técnicos capacitados em cursos de boas práticas, totalmente gratuitos, sobre instalação, manutenção e reparo de sistemas de refrigeração comercial e ar-condicionado de pequeno porte.

“Os módulos dos cursos de Boas Práticas em Refrigeração, que trazem as mais modernas técnicas da área (equipamentos e metodologia internacional), contemplam aulas teóricas (30%) e práticas (70%). A grande novidade neste ano é o início da capacitação de 1 mil profissionais para o uso seguro e eficiente dos fluidos naturais alternativos, tais como CO2 e HC-290, que não prejudicam a Camada de Ozônio e apresentam zero ou insignificante potencial de aquecimento global. No mês de abril, por exemplo, o PBH, ainda na Etapa II, lançou um novo curso no país, totalmente gratuito, para Treinamento e Capacitação no Uso Seguro de Fluidos Inflamáveis em Sistemas de Ar-Condicionado do tipo Split, que, inicialmente, irá capacitar 700 alunos em todo o país”, informa Stefanie von Heinemann, Consultora e Gerente de projetos da GIZ.

O novo curso sobre fluidos inflamáveis está disponível para inscrições em cinco escolas técnicas, de cinco estados, que contemplam as regiões geográficas do país: Centro Oeste (GO); Nordeste (RN); Norte (RO); Sudeste (SP); e Sul (PR):

– Escola Sesi Senai Toledo, em Toledo (PR);

– Escola Senai Oscar Rodrigues Alves, em São Paulo (SP);

– Escola Sesi Senai Jardim Colorado, em Goiânia (GO);

– Senai Centro de Excelência em Educação e Tecnologia Sebastião Camargo, em Porto Velho (RO).

– Centro de Tecnologias do Gás & Energias Renováveis (CTGAS-ER), em Natal (RN).

“Importante destacar que ainda na Etapa II do PBH está previsto o lançamento do novo curso de Capacitação e Treinamento do Uso Seguro de CO2 e de HC em Sistemas de Refrigeração Comercial. O lançamento desse curso, que demandou a construção de dois laboratórios no modelo mini supermercados (ETP em Curitiba-PR e SENAI RJ), acontecerá a partir de junho deste ano. Também destaco que na Etapa III do PBH, que se inicia em 2026, está prevista a continuidade dos cursos de Capacitação e Treinamento para a Contenção de Vazamentos e o Manejo Seguro de Fluidos Refrigerantes, incluindo o uso seguro de fluidos alternativos de baixo GWP. Serão capacitados na Etapa III mais 4 mil técnicos em sistemas de refrigeração comercial e mais 9 mil técnicos em sistemas de ar-condicionado split (projeto também a ser implementado pela GIZ)”, destaca Stefanie.

Capacitação contínua

Um dos pilares das Boas Práticas é a capacitação contínua. Profissionais certificados não apenas aumentam a eficiência das operações, mas também reduzem o impacto ambiental ao lidar de forma adequada com substâncias controladas. Com o avanço tecnológico, novos sistemas e fluidos refrigerantes mais eficientes e ecológicos estão sendo desenvolvidos. A introdução de compressores de última geração e a adoção de refrigerantes naturais como o R-290 são exemplos de como o setor está respondendo aos desafios ambientais. Empresas líderes, incentivadas por programas como o PBH, estão na vanguarda dessas inovações, contribuindo para um futuro mais sustentável. O SENAI, por exemplo, desempenha um papel importante oferecendo cursos especializados que cobrem desde o manejo seguro de fluidos refrigerantes até técnicas avançadas de manutenção preventiva.

“Para realizá-lo nas cinco escolas parceiras do PBH, aconteceram dois treinamentos. O primeiro ‘Treinamento dos Treinadores’ ocorreu em São Paulo, com a capacitação de 15 professores, e, na sequência, em Natal, foram treinados mais 12. Esses 27 instrutores têm toda a condição para ministrar esse curso, que é totalmente gratuito. As aulas desse novo curso são realizadas com toda segurança, utilizando equipamentos de ar-condicionado importados pela GIZ, e analisados e aprovados pela empresa líder mundial em certificação, a SGS, especialmente para esses treinamentos nas escolas parceiras do PBH”, diz Stefanie.

‘Treinamento dos Treinadores’ capacitou 15 professores da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves

“Essa capacitação, com carga horária de 40 horas, visa desenvolver competências relacionadas à instalação e manutenção de condicionadores de ar tipo split que utilizam fluidos inflamáveis, seguindo as normas ambientais e de segurança do trabalho. Essa iniciativa faz parte do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ)”, informa Mauro Airoldi, coordenador de atividades técnicas da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, é um dos responsáveis pelos cursos de boas práticas de refrigeração. Ele destaca que os cursos são bem estruturados, com materiais de qualidade, e oferecem orientações que surpreendem até profissionais experientes.

No campo teórico, estão programados desde a introdução aos fluidos refrigerantes inflamáveis (R-290, R-32 e outros), até informações sobre riscos e precauções no manuseio, regulamentos, normas de segurança, procedimentos de instalação e recolhimento, ferramentas e equipamentos fundamentais, entre outros. Na parte de oficina, todo o aprendizado teórico é colocado em prática com novas instruções detalhadas, para fixar o conhecimento.

Maior desafio é o tempo

De acordo com Stefanie, na implantação dos cursos do PBH e no monitoramento das escolas parcerias, o maior desafio dos alunos é dispor de tempo para realizar o curso, devido aos compromissos de trabalho e família. Contudo, todos que vencem esse desafio, gostam muito, porque aprendem conceitos e técnicas que fazem a diferença no dia a dia e proporcionam crescimento pessoal e profissional.

Curso de Boas Práticas em Refrigeração capacitou mais de 16 mil técnicos

“As escolas parcerias recebem todo o apoio técnico e financeiro para formar seus alunos no novo curso. Esse apoio inclui, por exemplo, equipamentos e ferramentas importados (apoio na remodelação da oficina, para que esteja própria para uso de fluidos inflamáveis), manual com mais de 500 páginas com instruções e outros materiais didáticos. Todos os cursos do PBH, geralmente ministrados à noite ou aos sábados nas escolas, oferecem lanche para os alunos, também patrocinado pelo programa”.

Ela adianta que na Etapa III do PBH, “nós da GIZ, sob a coordenação do MMA, implementaremos para o PBH um Projeto Piloto de Qualificação, Certificação e Registro (QCR) de técnicos/as em RAC no Brasil. A capacitação é o caminho para evoluir pessoalmente e profissionalmente e, com certeza, trará benefícios para seus negócios, suas empresas e seus clientes”, conclui.

Propriedades e vantagens do R-290 em sistemas de refrigeração e climatização

O propano (R-290) se destaca como uma alternativa sustentável para o setor de HVAC-R, oferecendo alta eficiência energética e baixo impacto ambiental. No entanto, seu manuseio exige cuidados específicos devido à sua inflamabilidade

O R-290, também conhecido como propano, é um refrigerante classificado como hidrocarboneto (HC) Grupo A3 pela ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers). Ele se destaca por seu baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP) e zero Potencial de Destruição da Camada de Ozônio (ODP), tornando-se uma alternativa ambientalmente responsável aos refrigerantes sintéticos tradicionais. Nos últimos anos, ganhou destaque nos sistemas de refrigeração devido à sua alta eficiência energética e seu baixo impacto ambiental. Com um Potencial de Aquecimento Global (GWP) praticamente nulo e sem risco de destruição da camada de ozônio (ODP), ele se apresenta como uma alternativa sustentável aos refrigerantes sintéticos. Além disso, suas excelentes propriedades termodinâmicas permitem uma troca térmica eficiente, resultando em economia de energia. No entanto, sua inflamabilidade exige protocolos rigorosos de segurança, o que impulsionou o desenvolvimento de tecnologias e regulamentações específicas para seu uso seguro.

O propano é amplamente utilizado em sistemas de refrigeração comercial e industrial, incluindo supermercados, armazéns refrigerados, freezers, restaurantes, lojas de conveniência, indústrias farmacêuticas e equipamentos industriais. Também está presente em refrigeradores domésticos e em sistemas de ar-condicionado, como splits e unidades de janela.

“O R-290 possui propriedades termodinâmicas similares ao R-22, o que facilita a compreensão dos técnicos de refrigeração no processo de capacitação, muito acostumados a este tipo de fluido, permitindo que toda a atenção seja dada ao fato do R-290 ser inflamável. Sua aplicação é ideal em sistemas de refrigeração de alta, média ou baixa temperatura, tanto em sistemas de expansão direta como indireta. Existe ainda limitação no uso do R-290, principalmente sobre a quantidade aplicada em cada circuito de refrigeração quando o equipamento for instalado em local de livre acesso público, como os expositores refrigerados aplicados no varejo em geral, limitados à carga de 150 gramas”, informa Rogério Marson Rodrigues, engenheiro de aplicação e Gestor Industrial da Eletrofrio.

Joana Canozzi, Diretora de Serviços de Engenharia da Copeland para América do Sul, acrescenta que “Em supermercados e instalações de refrigeração de alimentos, o R-290 pode ser integrado a sistemas de fluido secundário em arquiteturas centralizadas ou distribuídas, garantindo eficiência e segurança operacional com baixos níveis de ruído. Por exemplo, a integração do R-290 para temperaturas médias otimiza a eficiência em diversos climas, incluindo regiões de alta temperatura ambiente. Esses sistemas podem incluir chillers de glicol (resfriados por trocadores de calor a seco), sistemas de médio porte resfriados a glicol e unidades de backup com tanque de líquido utilizando R-290”.

Um exemplo é a loja do Atacadão, em São José dos Pinhais (PR), que passou por uma ampliação e priorizou em seu projeto a instalação de um sistema de refrigeração para baixa e média temperatura que operasse com fluido refrigerante natural, no caso o propano (R-290), e que obtivesse uma eficiência superior ao sistema convencional antigo trazendo benefícios ambientais e operacionais substanciais. A loja implementou um sistema de refrigeração com propano para baixa e média temperatura, garantindo eficiência superior e segurança, seguindo as normas regulatórias.

“Desenvolvemos um projeto que atende as demandas do Atacadão, que busca substituir em todas as suas unidades o R-22 por aplicações com fluidos refrigerantes naturais, não só no projeto e instalação, mas também na capacitação de técnicos qualificados para a manutenção dos sistemas, uma vez que o propano possui características muitos especiais quanto a inflamabilidade. Conseguimos instalar um sistema com baixíssimo impacto ambiental, sem a utilização de fluidos sintéticos. Esse é o primeiro projeto com soluções de compressores para máxima eficiência”, explica Marson.

O sistema de refrigeração do Atacadão integra um rack composto por dois compressores para máxima eficiência com tecnologia inverter operando a partir do R-290 no circuito primário (instalado na parte externa da loja), e propileno glicol, utilizado como fluido de transferência de calor num circuito secundário, atendendo as médias temperaturas (entre 6°C a 10°C), resfriando expositores da loja.

Para Javier Korenko Chmielewski, Gerente de Desenvolvimento de Negócios na Danfoss do Brasil, o R-290 é uma escolha inteligente para refrigeração, principalmente por seu impacto ambiental reduzido.

“Combinando  sustentabilidade e desempenho, o R-290 continua ganhando espaço no mercado de refrigeração, sendo uma alternativa cada vez mais utilizada para quem busca eficiência sem abrir mão do cuidado com o meio ambiente. Com um GWP de apenas 3, ele é muito mais sustentável do que refrigerantes sintéticos como o R-410A, cujo GWP chega a 2088. Além disso, o R-290 se destaca pela alta eficiência energética, garantindo um ótimo desempenho térmico e ajudando a reduzir o consumo de energia. Seu baixo ponto de ebulição (-42,1°C) também o torna ideal para diversas aplicações de refrigeração, mantendo os sistemas funcionando de forma eficiente e confiável”.

R-290 como substituto do R-22?

É fato que o R-22, um dos fluidos refrigerantes mais utilizados no setor de refrigeração e ar-condicionado por décadas, está com os dias contados. Sua eliminação progressiva faz parte de um esforço global para reduzir danos ambientais, atendendo a acordos internacionais e regulamentações que buscam alternativas mais sustentáveis. A eliminação do R-22 faz parte de um compromisso internacional estabelecido pelo Protocolo de Montreal, um tratado global assinado em 1987 para reduzir substâncias que destroem a camada de ozônio. No Brasil, a legislação segue as diretrizes desse acordo, e o Plano Nacional de Eliminação de HCFCs (hidroclorofluorcarbonos) com prazos para a redução e eliminação de seu consumo.

Embora o R-290 tenha algumas semelhanças em termos de desempenho térmico com o R-22, ele não pode ser considerado um substituto direto e implica em uma série de diferenças e características que devem ser consideradas, tanto em termos de desempenho quanto de segurança, regulamentos e impactos ambientais.

“O R-290 possui características de inflamabilidade e maior sensibilidade à pressão e temperaturas mais baixas de evaporação e condensação, o que exige modificações e ajustes no design dos sistemas, não ser aplicável a todas as instalações onde o R-22 é utilizado. No entanto, a substituição do R-22 pelo propano reduz consideravelmente o impacto ambiental, pois o R-22 tem um GWP elevado e contribui para a destruição da camada de ozônio”, diz Joana.

Marson acrescenta que a aplicação do R-290 exige características específicas de projeto em função de ser um fluido A3. Fluidos A3 não podem, em hipótese alguma, substituir fluidos A1 em projetos que foram concebidos para fluidos A1, tal qual o R-22: “Isso envolve adequação de equipamentos, pois muitos sistemas projetados para R-22 não são compatíveis com novos fluidos e precisam ser substituídos ou adaptados, além de capacitação profissional para o manuseio de refrigerantes como o R-290, exigindo treinamentos específicos”.

Tanto Marson quanto Joana, concordam que o fim do R-22 é uma realidade e uma necessidade para a preservação ambiental. A transição para fluidos refrigerantes mais sustentáveis representa um desafio, mas também uma oportunidade para modernizar o setor de HVAC-R, reduzir o consumo de energia e minimizar impactos ambientais. Profissionais e empresas que se adaptarem rapidamente a essa mudança estarão à frente no mercado e contribuirão para um futuro mais sustentável.

Segurança no manuseio do R-290

A inflamabilidade é o principal risco associado ao R-290.

“O principal risco associado ao manuseio do R-290 é a sua inflamabilidade. Caso ocorra uma fuga ou vazamento, o propano pode formar misturas inflamáveis com o ar, representando um risco de incêndio ou explosão se não forem seguidas as normas de segurança. Por isso, a importância de utilizar ferramentas adequadas para evitar danos aos componentes do sistema, além de realizar testes de vazamento com métodos seguros e específicos para refrigerantes inflamáveis e garantir boa ventilação nas áreas onde o R-290 é utilizado para evitar acúmulo de gás no ambiente. Todos os profissionais do setor de HVAC-R que lidam com o R-290 devem receber treinamento adequado sobre o manuseio seguro de refrigerantes inflamáveis; utilizar equipamentos de proteção e seguir todos os protocolos de segurança durante a instalação e manutenção, além de verificar periodicamente os sistemas quanto a possíveis vazamentos, e estar sempre atentos à correta ventilação dos ambientes”, alerta Joana.

Sob o ponto de vista de Korenko, além da limitação do R-290 por sua inflamabilidade, os limites de carga e conformidade com normas regulatórias são de extrema importância para o uso seguro: “No entanto, graças ao seu baixo impacto ambiental e alta eficiência energética, seu uso tem se tornado cada vez mais comum. Em resumo, o R-290 é uma alternativa sustentável e eficiente, mas seu manuseio requer cuidados especiais para garantir um uso seguro e confiável. Com as medidas certas, ele pode ser uma excelente opção para refrigeração”.

Um ponto também destacado por Marson, é sobre o profissional habilitado para a execução deste trabalho, treinado e capacitado, seguindo todas as boas práticas de segurança, e garantindo que a zona de risco, local onde o equipamento com R-290 esteja instalado, receba uma ventilação adequada quando da execução de qualquer atividade, além de eliminar qualquer fonte de calor que possa provocar a ignição do R-290 enquanto existir a possibilidade do fluido estar dentro do sistema de refrigeração, inclusive no óleo do cárter do compressor.

Segundo os especialistas, a aplicação do R-290 é rigorosa e segue as seguintes diretrizes para seu manuseio seguro:

– Trabalhar em locais bem ventilados para evitar a acumulação de gás.

– Utilizar ferramentas e equipamentos específicos para refrigerantes inflamáveis.

– Garantir que os sistemas estejam desenergizados antes da manutenção.

– Inspecionar regularmente tubulações e conexões para evitar fugas.

– Utilizar detectores de vazamento específicos para hidrocarbonetos.

– Testar a estanqueidade com nitrogênio seco em baixa pressão.

– Nunca carregar R-290 em um sistema pressurizado.

– Utilizar cilindros aprovados e identificados corretamente.

– Evitar sobrecarga – seguir as especificações do fabricante.

– Manter longe de faíscas, chamas abertas e superfícies quentes.

– Evitar o uso de ferramentas elétricas que possam gerar centelhas.

– Proibir fumar próximo ao local de trabalho.

– Utilizar EPIs como luvas de proteção térmica para evitar queimaduras, óculos de segurança para proteger os olhos contra respingos e roupas antichama quando necessário.

– Em caso de vazamento, evacuar a área imediatamente, ventilar o ambiente para dispersar o gás, eliminar fontes de ignição antes de qualquer intervenção e nunca usar água para dissipar o gás – pode aumentar o risco de ignição.

 Regulamentações e normas aplicáveis

O uso do R-290 é regido por regulamentações específicas de segurança e ambientais. A inflamabilidade do R-290 também impõe limitações, como quantidades máximas permitidas nos sistemas e a necessidade de componentes certificados contraexplosão.

Entre as normas relevantes estão as estabelecidas pela ANSI/ASHRAE Standard 15- Segurança de refrigerantes inflamáveis; Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) como a ABNT NBR IEC 60079-10-1 – Atmosferas explosivas e ABNT NBR 16069 – Segurança em sistemas frigoríficos; Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e órgãos ambientais para armazenamento e transporte; ISO 5149-3:2014; Europa (F-Gas) – Incentiva refrigerantes naturais e regula áreas com risco de explosão;  Regulamento de Substâncias Controladas e regulamentações locais que governam o uso de refrigerantes inflamáveis, como as orientações da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) e Instrução Técnica n° 28/2018 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo; e por fim, as recomendações e diretrizes dos fabricantes de equipamentos que utilizam o R-290 ou qualquer tipo de HC (hidrocarboneto).

Perspectiva otimista para o setor de HVAC-R em 2025

Especialistas do setor preveem um crescimento acelerado em função de novas oportunidades de negócios, com destaque para soluções inovadoras e demandas específicas impulsionadas pelo mercado.

Com avanços tecnológicos, regulações ambientais mais rigorosas e a busca por eficiência energética, o setor de HVAC-R promete atravessar 2025 com crescimento significativo e abertura de novas oportunidades de negócios. O ano de 2025 já desponta como promissor para o mercado de aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigeração, impulsionado por uma combinação de fatores econômicos, avanços tecnológicos e a crescente preocupação com a sustentabilidade.  Entidades como a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) e a Federação Internacional de Refrigeração (IIR) apontam que um dos grandes motores de crescimento para o setor será a adoção de soluções sustentáveis e a eficiência energética. De acordo com a ABRAVA, as vendas de equipamentos que utilizam fluidos refrigerantes naturais ou de baixo GWP (Potencial de Aquecimento Global) devem aumentar em até 25% em 2025. Há também uma expectativa de que novas legislações ambientais estimulem investimentos em equipamentos mais modernos e em projetos de retrofit, especialmente em sistemas industriais e comerciais, que ainda dependem de tecnologias antigas e menos eficientes.

A digitalização continua a transformar o setor de HVAC-R. Sistemas inteligentes de gerenciamento de energia, como a Internet das Coisas (IoT) e soluções em nuvem, estarão no centro dos novos negócios. Essas tecnologias permitem que empresas otimizem o desempenho de seus sistemas, reduzam custos operacionais e atendam aos requisitos de eficiência estipulados pelas normativas nacionais e internacionais. Estima-se que o segmento de controle inteligente de HVAC-R registre um crescimento anual composto (CAGR) de 8% até 2025, segundo um estudo recente da Allied Market Research.

Demanda por climatização

No mercado brasileiro, a venda de equipamentos para climatização residenciais também está em alta. Dados do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) indicam que a penetração do ar-condicionado em residências deve crescer 12% no próximo ano, reflexo de uma combinação entre aumento da renda disponível e programas de financiamento que facilitam a aquisição.

Walter Miyagi Corrêa, Fujitsu

Para 2025, a Fujitsu General do Brasil espera expandir sua atuação no mercado e investir em inovações tecnológicas, destacando-se pela eficiência energética e sustentabilidade de seus produtos. “A empresa planeja expandir o portfólio de produtos, com novas linhas e designs, sempre focados em tecnologia, qualidade e conforto. Em termos de negócios, a expectativa é incrementar ainda mais o market share e fortalecer nossa parceria juntos aos clientes e instaladores”, revela Walter Miyagi Corrêa, Gerente Nacional de Vendas da Fujitsu.

Por outro lado, o setor comercial prevê aumento na adoção de soluções completas, como sistemas de HVAC que combinam controle de qualidade do ar interno, eficiência energética e personalização para diferentes aplicações, incluindo hospitais, escolas e shopping centers.

Carlos Murano, Gree

A Gree projeta um crescimento de até 15% em 2025, ligado à evolução do portfólio da companhia, que foi atualizado em 2024 para incluir 100% de equipamentos com tecnologia inverter e gás R-32, uma escolha que visa alta eficiência energética e baixo impacto ambiental. “O R-32 é um fluido refrigerante que apresenta um potencial de aquecimento global 68% inferior ao R-410A, gás comumente utilizado no Brasil. Além disso, não causa danos à camada de ozônio, alinhando-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as crescentes demandas por soluções ecológicas no mercado”, destaca Carlos Murano, gerente executivo da Gree.

Sistemas sustentáveis

Especialista preveem que em 2025, espera-se que o setor de HVAC-R atinja cifras recordes, com previsão de que o mercado global ultrapasse a marca de US$ 300 bilhões. O Brasil, em particular, se destaca pela adoção de sistemas sustentáveis, como os que utilizam propano e CO2 como fluidos refrigerantes.

O setor de refrigeração apresentou um desempenho sólido em 2024, impulsionado pela crescente demanda por tecnologias sustentáveis e eficientes. Para 2025, as expectativas são ainda mais positivas, com o mercado se consolidando em torno de soluções inovadoras que combinam sustentabilidade e tecnologia.

Joana Canozzi, Copeland

“No Brasil projetamos um aumento na demanda por soluções eficientes e compactas que proporcionam baixo impacto ambiental, tais como as que oferecemos para aplicação de propano e CO2 ‚ principalmente para refrigeração comercial. A narrativa da transição energética continuará guiando nossas ações em 2025, com investimentos em tecnologias que promovam eficiência energética e sustentabilidade”, informa Joana Canozzi, Diretora de Serviços de Engenharia para América do Sul da Copeland.

Segundo a diretora da Copeland, 2025 será um ano promissor para o setor de HVAC-R, impulsionado pela inovação, sustentabilidade e transição energética. “A eficiência energética, redução de emissões e conectividade serão os pilares para atender às demandas globais por soluções mais responsáveis e tecnológicas e estamos trabalhando para esse crescimento”, acrescenta.

Já a Elgin está mais cautelosa. “O desempenho de refrigeração foi muito bom para a Elgin em 2024, especialmente no primeiro semestre, garantindo um crescimento por volta de 25% em relação ao ano anterior. O cenário atual do mercado sugere cautela nas decisões. No momento, o real está fortemente desvalorizado e isso pode acarretar algum arrefecimento do mercado. Mesmo assim, temos planos de crescimento relevante para 2025, assim como nos anos anteriores”, diz Omar Martins Aguilar, Diretor Comercial de Refrigeração da Elgin.

Omar Martins Aguilar, Elgin

Atualmente, o cenário econômico global se mostra muito desafiador, especialmente diante de tantos conflitos acontecendo ao redor do mundo, algo que sempre impacta a economia global. “Como o mercado de refrigeração usa muitos insumos adquiridos no mercado internacional, essas instabilidades econômicas afetam diretamente os custos de matéria prima. Estamos em fase adiantada de desenvolvimento de soluções para os produtos que ainda precisam de atualização, e já comercializamos em nosso portfólio diversos produtos que atendem essa demanda, como por exemplo a linha fracionária e as unidades inverter, que está em fase de lançamento. Mantemos uma postura otimista e seguiremos comprometidos com nosso trabalho firme e compromissado, com expectativas de mais um ano de sucesso e crescimento”, aponta o diretor da Elgin.

Capacitação e novos negócios

O setor também trabalha para capacitar mão de obra especializada. O Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), lançado recentemente, é um exemplo claro de como investimentos em qualificação podem fortalecer as empresas e expandir seus horizontes no mercado internacional, promovendo crescimento e geração de trabalho especializado.

Eventos e feiras poderão promover o desenvolvimento de parcerias e apresentação de inovações como a FEBRAVA 2025, que acontece em setembro, e consequentemente, um crescimento significativo. A expectativa é que esses encontros movimentem bilhões em novos contratos e coloquem o Brasil como referência internacional na implementação de tecnologias limpas e seguras no setor de HVAC-R.

Os desafios permanecem, como a falta de componentes no mercado e a necessidade de avançar em regulamentações locais. Ainda assim, o momento é de otimismo.

“Químicos eternos” sob pressão ameaçam o futuro dos fluidos refrigerantes

Revisão da regulação europeia sobre PFAS pode impor proibições amplas a refrigerantes HFC e HFO.

EUROPA – As substâncias perfluoroalquilas e polifluoroalquilas (PFAS) estão no centro de uma revisão regulatória na União Europeia (UE) que pode transformar o mercado de fluidos refrigerantes e impactar significativamente o setor de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (HVAC-R). Conhecidos como “químicos eternos” por sua persistência no meio ambiente, os PFAS têm sido usados desde a década de 1940 em uma ampla variedade de produtos, como revestimentos antiaderentes, roupas hidrorrepelentes e espumas de combate a incêndios.

A preocupação com a contaminação de águas subterrâneas, solos e águas superficiais, aliada às evidências de que os PFAS podem causar câncer e danos hepáticos, levou cinco países europeus — Dinamarca, Alemanha, Holanda, Noruega e Suécia — a propor à Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) uma restrição abrangente às substâncias. A proposta visa proibir a fabricação, colocação no mercado e uso dos PFAS no bloco europeu, utilizando o regulamento REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos) como base legal.

Uma das mudanças mais significativas está na definição de PFAS adotada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2021. Com essa nova definição, mais de nove mil produtos químicos passaram a ser classificados como PFAS, incluindo a maioria das moléculas fluoradas usadas como fluidos refrigerantes com exceção do R-32, R-152a e R-23. Os HFCs (hidrofluorcarbonos) e HFOs (hidrofluorolefinas) — componentes críticos para a transição para refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP) — ficaram sob risco de serem enquadrados na nova regulação.

Entre os fluidos potencialmente afetados estão os HFCs R-125, R-134a e R-143a e os HFOs R-1234yf, R-1234ze(E) e R-1233zd(E). Caso a restrição seja aprovada, praticamente todas as novas e atuais misturas de refrigerantes de baixo GWP poderão ser proibidas no mercado europeu, causando incertezas para o setor HVAC-R. Além disso, o impacto não se limita aos fluidos. Polímeros fluorados usados em componentes críticos de sistemas de refrigeração também podem ser afetados pela medida.

O impacto potencial da proposta preocupa o setor. Se aprovada, pode levar à falta de alternativas viáveis de refrigerantes no curto prazo, à interrupção da cadeia de suprimentos e ao aumento dos custos de produção e manutenção de sistemas HVAC-R. Também há a possibilidade de que as empresas precisem investir fortemente em pesquisa e desenvolvimento para criar novos fluidos que não se enquadrem na definição de PFAS.

Atualmente, a ECHA está conduzindo uma análise em seus Comitês de Avaliação de Riscos (RAC) e de Análise Socioeconômica (SEAC), utilizando uma abordagem baseada em evidências científicas e na análise de impacto socioeconômico. As conclusões preliminares desses comitês só serão formalizadas após a avaliação de todos os setores de uso afetados. O resultado será comunicado ao público antes que a Comissão Europeia tome a decisão final sobre a restrição, o que ocorrerá em conjunto com os Estados-membros da UE.

Embora o Reino Unido tenha optado por uma abordagem diferenciada — categorizando os PFAS em grupos de risco e propondo exceções para sistemas selados e contidos, como os de refrigeração —, não há indicação de que a UE seguirá esse caminho. A própria ECHA tem mantido uma posição mais rigorosa, buscando uma regulação ampla que pode afetar diretamente o uso de HFCs e HFOs.

Nos próximos meses, o desfecho dessa questão regulatória será determinante para o futuro do setor HVAC-R europeu. As empresas e associações industriais seguem engajadas no processo de consulta, buscando mitigar os impactos negativos e garantir a continuidade do fornecimento de fluidos refrigerantes essenciais para o cumprimento das metas climáticas globais estabelecidas pelo Acordo de Paris e pela Emenda de Kigali.

Splits tem alta demanda e se consolida como a principal escolha do mercado

Soluções eficientes e tecnológicas ganham destaque diante do aumento das temperaturas e da exigência de sustentabilidade.

O aumento das temperaturas médias no Brasil tem impulsionado a demanda por aparelhos de ar condicionado, especialmente os modelos do tipo split. Com sua combinação de eficiência energética, design moderno e funcionalidades avançadas, o equipamento tem se tornado uma escolha popular entre consumidores que buscam maior conforto térmico em casa ou no trabalho.

Dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) mostram que as vendas cresceram 12% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2023. Esse aumento está diretamente relacionado ao aumento das temperaturas médias no país, com ondas de calor registrando picos de até 40°C em algumas regiões, especialmente no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.

Já a Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que o número de unidades de ar condicionado no Brasil pode saltar de 36 milhões para 160 milhões até 2050, um aumento de 350%.

O impacto dessas temperaturas elevadas tem intensificado a busca por soluções de climatização mais eficientes e acessíveis. Equipamentos do tipo split ganharam destaque e tornaram-se os preferidos dos consumidores.

É conhecido pelo baixo nível de ruído, um diferencial importante para ambientes residenciais e corporativos. Além disso, a tecnologia inverter, presente na maioria dos modelos, permite maior eficiência energética ao ajustar o consumo conforme a necessidade, reduzindo custos e impactos ambientais.

Muitos modelos oferecem tanto resfriamento quanto aquecimento, o que amplia sua utilidade, inclusive nas regiões mais frias do Brasil. A conectividade com dispositivos móveis e a integração com sistemas de Internet das Coisas (IoT) também confere ao equipamento um apelo moderno e tecnológico.

Os fabricantes têm apostado na inovação para atender à demanda crescente, enquanto incentivos governamentais e o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) reforçam a oferta de produtos sustentáveis.

O cenário é positivo, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o calor é constante somado a isso o acesso ao crédito e um consumidor mais exigente sinaliza que 2024 finalizará como um bom ano para a climatização residencial e comercial no Brasil, com o split consolidando-se como a principal escolha do mercado. Parte inferior do formulário

Walter Miyagi Corrêa, Fujitsu General do Brasil

“Neste ano, a economia mais estável e a retomada gradativa do mercado imobiliário, incentivou ainda mais o crescimento e o investimento no segmento de condicionadores de ar, tanto residencial quanto comercial. Os modelos com tecnologia inverter se destacaram por seu desempenho superior em economia de energia, característica essa regulamentada e incentivada por métricas como o IDRS (Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal). Esse índice do Inmetro contempla uma visão mais completa de eficiência energética, o que torna os aparelhos classificados como “A” muito atraentes para consumidores que buscam minimizar custos com energia elétrica. Outro fator relevante foi o aumento na oferta de modelos com fluidos refrigerantes de menor impacto ambiental, como o R-32, em combinação com sistemas Inverter que reduzem o consumo energético e contribuem para a sustentabilidade. Isso também impulsionou a aceitação desses aparelhos entre consumidores mais conscientes do impacto ambiental”, informa Walter Miyagi Corrêa, Gerente Nacional de Vendas da Fujitsu General do Brasil.

A substituição gradual de fluidos refrigerantes mais poluentes pelo R32 representa outro avanço significativo. Este fluido, amplamente utilizado em aparelhos split, tem menor impacto ambiental em comparação com o R410A, contribuindo para a redução do potencial de aquecimento global. Além disso, o R32 exige menor quantidade de fluido por quilowatt, melhorando o desempenho energético dos sistemas.

Anderson Bruno, Elgin

Anderson Bruno, Diretor Comercial de Eletroportáteis e Climatização da Elgin, também aponta a época propicia para alta demanda: “Tratando-se do grande crescimento nas vendas em 2024, inclusive no inverno, sendo este considerado o ano mais quente da história por muitos especialistas. O Brasil tem um grande potencial de crescimento em ar-condicionado residencial, já que a presença de aparelhos nas residências ainda é muito baixa, especialmente se tratando de um país tropical. A Elgin foi uma das empresas pioneiras a atender as exigências do protocolo de Kyoto no mercado de ar-condicionado brasileiro, utilizando o gás refrigerante R-32, com baixo GWP. Além disso, também direcionamos 100% de nossa produção para unidades com tecnologia Inverter com selo classificação A no Inmetro, sistema de filtragem com ionizador e filtro de íons de prata para combater microrganismos, assim como a conectividade Wi-Fi, que já é uma exigência dos nossos consumidores”, destaca Bruno.

Eficiência e acessibilidade

Considerando o quarto trimestre mais quente da história, ficando atrás apenas do ano anterior, o avanço da tecnologia e a inovação em aparelhos inverter e silenciosos impulsionaram o crescimento do mercado, levando os consumidores a buscarem cada vez mais esse tipo de produto, que oferece um conforto superior. O crescente interesse por imóveis sustentáveis, confortáveis e tecnologicamente avançados, também tem sido um fator adicional que fortalece essa tendência.

Emerson Wojcik, Philco

“Tais características levam os consumidores a trocarem e instalar novos aparelhos em suas residências, proporcionando mais conforto, refrescância, mais tecnologia e economia. Os ares-condicionados possuem uma classificação energética AAA+, opção de instalação do Kit Home Smart Wi-Fi, o qual permite o controle remoto do aparelho, entre outras vantagens. Esses modelos mantêm um funcionamento estável e contínuo, evitando picos de energia e garantindo economia significativa. Além disso, possuem classificação energética A e utilizam o gás refrigerante R-32, que tem menor impacto ambiental. Dentre os avanços, estão os revestimentos anticorrosivos e serpentina em cobre, o que torna os aparelhos ideais para qualquer região, incluindo áreas litorâneas com alta incidência de maresia”, comenta Emerson Wojcik, Diretor Comercial da Linha Branca da Philco.

Leonardo Fogaça, LG do Brasil

De acordo com Leonardo Fogaça, gerente de produtos de Ar-Condicionado Residencial da LG do Brasil, a combinação de fatores elevou a produção nacional de equipamentos do tipo split, registrando um crescimento de 75,8% no primeiro semestre, conforme dados da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus), refletindo um aumento nas vendas. A resposta do mercado a essas condições desafiadoras destaca a resiliência do setor em se adaptar e prosperar: “Com a crescente conscientização sobre a sustentabilidade e a necessidade de redução de custos, a LG tem adotado uma abordagem proativa para lidar com essas questões, investindo em inovação e tecnologia para oferecer soluções eficientes e adaptáveis às necessidades do consumidor. Além disso, estamos focados em desenvolver produtos com maior eficiência energética e que ofereçam conforto térmico de forma sustentável, alinhando-nos às expectativas dos consumidores com soluções que respeitem o meio ambiente. Esse é um fator importante que auxilia o consumidor na hora da tomada de decisão de compra e reflete na economia doméstica, além de colaborar com o meio ambiente”, diz Fogaça.

Carlos Murano, Gree

A Gree, por exemplo, em 2024, atualizou 100% do portfólio de produtos para a tecnologia inverter, com o objetivo de oferecer maior eficiência energética, alcançar rapidamente uma temperatura de conforto de forma homogênea, reduzir o nível de ruído e introduzir conectividade aos ambientes residenciais. “O mercado vem passando por uma transição de produto, migrando dos modelos convencionais de ar-condicionado split on-off para o split inverter. O modelo inverter oferece maior eficiência energética e gera economia significativa de energia em comparação ao split convencional.  Muitos consumidores aproveitaram esse momento para reavaliar os aparelhos que já tinham em casa e optaram por trocar por modelos com tecnologia superior. A Gree registrou um crescimento de 16% de 2023 para 2024, alcançando a posição de Top 3 no mercado brasileiro, promovendo constantemente a qualificação profissional no setor”, revela Carlos Murano, gerente executivo da Gree.

A Fujitsu General do Brasil também teve um desempenho sólido em 2024, destacando-se por investimentos estratégicos e iniciativas que visaram fortalecer a sua presença no mercado brasileiro com equipamentos mais eficientes e acessíveis aos consumidores através de vendas online.

“Neste ano tivemos o lançamento do primeiro e-commerce da Fujitsu no Brasil. A plataforma visa fortalecer e consolidar ainda mais a marca no Brasil, mas também oferecer uma nova experiência para os consumidores, onde esses podem adquirir produtos da marca com o suporte de distribuidores certificados e assistência especializada para instalação, garantindo assim uma experiência mais completa e transparente ao consumidor. O ano de 2024 foi de avanços tecnológicos significativos importantes para a marca, consolidando sua estratégia de inovação e sustentabilidade, ao mesmo tempo em que expandiu sua presença digital para atender melhor o mercado”, conclui Corrêa.

Design e inovação

O split não é apenas funcional; sua estética moderna tem atraído a atenção de arquitetos e designers de interiores. Os modelos premiados já marcaram presença em eventos como a CASACOR, a maior mostra de design de interiores das Américas, destacando-se como elementos de decoração que aliam tecnologia e sofisticação.

Inovações como o “ar parado”, que distribui o fluxo de maneira uniforme sem incidir diretamente sobre as pessoas, e o uso de inteligência artificial para personalizar o funcionamento do equipamento são exemplos de como os fabricantes investem em diferenciação. Algumas unidades contam ainda com sistemas autolimpantes que eliminam resíduos contaminantes, mesmo quando desligadas.

Impactos e desafios

O aumento no consumo de aparelhos de ar condicionado, embora atendendo à necessidade de conforto térmico, levanta preocupações ambientais. Os especialistas apontam a importância de políticas que incentivem o uso de tecnologias mais limpas e a eficiência energética para minimizar os impactos do setor.

No entanto, para os consumidores, os splits representam uma solução eficaz e acessível para enfrentar os extremos climáticos, consolidando-se como uma escolha que une funcionalidade, economia e preocupação ambiental.

Práticas de eficiência e operação tornam frigoríficos mais sustentáveis

Nos últimos anos, práticas sustentáveis e soluções inovadoras no setor de HVAC-R têm transformado a forma como os frigoríficos brasileiros operam, promovendo uma abordagem mais ecológica para os processos de refrigeração e isolamento térmico. A adoção de novas tecnologias, sistemas de refrigeração mais eficientes e o uso de equipamentos e insumos sustentáveis têm sido fundamentais para minimizar as emissões de gases de efeito estufa, reduzir o consumo de energia e melhorar a eficiência geral das operações.

No Brasil, empresas de câmaras frigoríficas estão adotando soluções inovadoras para minimizar o impacto ambiental, desde a utilização de fluidos refrigerantes naturais, sistemas que ajustam a capacidade de refrigeração conforme a demanda, recuperação de calor, até aplicação de isolamento térmico sustentável, visando a economia de energia.

Na busca por frigoríficos mais sustentáveis, a adoção de fluidos refrigerantes naturais, como o dióxido de carbono (CO2) e a amônia (NH3) já é uma realidade. O CO2, por exemplo, é um refrigerante natural com GWP quase zero, o que reduz significativamente o impacto ambiental das operações de refrigeração. Além disso, sistemas de refrigeração com CO2 oferecem uma performance altamente eficiente em baixas temperaturas, sendo ideais para ambientes de armazenamento frigorífico, onde o controle rigoroso da temperatura é essencial. A Mebrafe, por exemplo, desenvolveu sistemas de cascata que combinam CO2 e amônia, aproveitando as melhores características de ambos os refrigerantes. Esses sistemas são ideias para aplicações de congelamento e reduzem a necessidade de grandes quantidades de energia, maximizando a eficiência. O uso combinado de fluidos naturais contribui para a redução do impacto ambiental e atende às regulamentações globais de redução de gases de efeito estufa.

Outra tecnologia sustentável que vem ganhando espaço nos frigoríficos é o uso de compressores inverter de alta eficiência, que ajustam a capacidade de operação de acordo com a demanda de refrigeração, economizando energia e reduzindo o desgaste dos equipamentos. Esse tipo de compressor pode ser integrado a sistemas de controle inteligentes, que monitoram as condições ambientais e ajustam automaticamente a potência necessária para manter a temperatura ideal, maximizando a eficiência energética.

JBS implementa sistemas de refrigeração com fluidos refrigerantes naturais como amônia (NH3) e CO2, e adota práticas de isolamento térmico eficiente

A São Rafael, por exemplo, indica câmaras frigoríficas modulares com sistema de compressores inverter de alta eficiência, operando de maneira mais econômica e sustentável. A eficiência energética também contribui para a diminuição das emissões de carbono, alinhando-se às metas ambientais globais.

Na mesma linha, a empresa afirma que a tecnologia de monitoramento remoto permite que os operadores acompanhem o desempenho dos equipamentos em tempo real, evitando falhas e melhorando a eficiência operacional. Essas câmaras frigoríficas ainda têm processo de montagem modular que minimiza o desperdício de materiais e reduz o impacto ambiental durante a construção.

Já a Thermoprol, por sua vez, aposta em sistemas de recuperação de calor que permitem aproveitar o calor residual gerado pelos sistemas de refrigeração e usá-lo em outros processos do frigorífico. O calor recuperado pode ser reutilizado para aquecer água ou ser aplicado em processos industriais, reduzindo a necessidade de energia externa. Essa solução diminui o desperdício de energia, tornando a operação do frigorífico mais sustentável e econômica.

O isolamento térmico também é fundamental para a sustentabilidade de sistemas frigoríficos. De acordo com Dânica, painéis isotérmicos feitos com materiais isolantes, como poliuretano (PUR) ou poliisocianurato (PIR), ajudam a reduzir a perda de energia. Além disso, os materiais usados nesses painéis são recicláveis e produzidos por meio de processos de baixo impacto ambiental.

Outra solução, segunda a empresa, são as telhas térmicas aplicadas nas coberturas dos frigoríficos, que evitam o aumento da temperatura interna devido à exposição solar. Essas telhas melhoram a eficiência térmica, mantendo o ambiente mais fresco e o esforço dos sistemas de refrigeração, o que resulta em menor consumo de energia.

Marfrig investe em câmaras frias operando com compressores inverter de alta eficiência e sistemas de congelamento

Exemplos de caso

O avanço em tecnologias sustentáveis, como o uso de fluidos refrigerantes naturais, sistemas de refrigeração eficientes e isolamento térmico, tem permitido que frigoríficos no Brasil operem de forma mais ecológica e eficiente. Empresas como JBS, Marfrig e Aurora Alimentos, lideram essas iniciativas, adotando práticas que ajudam a reduzir o impacto ambiental, melhorar a eficiência operacional e atender às demandas por sustentabilidade no setor alimentício.

A JBS tem investido em iniciativas de sustentabilidade e implementa sistemas de refrigeração com fluidos refrigerantes naturais, como o CO2, em diversas de suas plantas frigoríficas. Também possui projetos voltados para a recuperação de calor nos sistemas de refrigeração, utilizando o calor gerado no processo de resfriamento para outras operações, como aquecimento de água e ambientes. A empresa se comprometeu a neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa até 2040, o que envolve também a melhoria contínua de suas operações de refrigeração.

A Marfrig vem substituindo os refrigerantes sintéticos por fluidos refrigerantes naturais, como amônia (NH3) e CO2, e adota práticas de isolamento térmico eficiente, utilizando materiais avançados para minimizar as perdas de energia e maximizar a eficiência de suas câmaras frias e sistemas de congelamento em conformidade com as regulamentações ambientais. A empresa se comprometeu a reduzir emissões absolutas de gases do efeito estufa em 68% até o ano de 2035 e diminuir a intensidade das emissões de CO2 em 33% até 2035 e aumentar o uso de energia renovável de 27% para 100% até 2030.

Já a Aurora Alimentos tem feito esforços para modernizar suas plantas frigoríficas investido na implementação de refrigerantes naturais e em sistemas de refrigeração de alta eficiência. A empresa também se destaca por adotar práticas de economia circular, aproveitando o calor residual de seus sistemas de refrigeração para aquecimento de água e outros processos, reduzindo assim a dependência de fontes externas de energia e diminuindo suas emissões de carbono e a utilização de cavaco como fonte de biomassa, proveniente de florestas próprias de eucalipto. A empresa está comprometida em reduzir suas emissões de carbono em 20% até 2025.

Aurora Alimentos aproveita o calor residual de seus sistemas de refrigeração para aquecimento de água e outros processos

Supermercados investem em sustentabilidade

A aplicação de fluidos refrigerantes combinada às novas tecnologias e práticas sustentáveis já são realidade em instalações de refrigeração comercial no Brasil.

A implementação de tecnologias que aumentam a eficiência energética é uma das principais estratégias de sustentabilidade adotadas por supermercados. A instalação de sistemas de refrigeração com fluidos refrigerantes naturais, compressores de alta eficiência, iluminação LED em toda a loja e o uso de sensores para controlar o consumo de energia são exemplos de como essas redes estão reduzindo o uso de eletricidade.

Em função de novas regulamentações e da maior conscientização ambiental, a utilização de fluidos refrigerantes naturais como propano (R-290) e CO2 (R-744), aliado as novas tecnologias em compressores, controles de capacidades e velocidade variável vem se tornando cada vez mais frequente, tanto em supermercados de grande e médio porte como em redes de atacarejo. O propano, por exemplo, indicado especialmente para sistemas de refrigeração em soluções de racks, resfriando o fluido secundário, no caso o propileno glicol, utilizado em equipamentos incorporados pode se tornar uma opção eficiente energeticamente e operacional.

“O desenvolvimento de novas tecnologias visa atender às demandas da Emenda de Kigali, além da busca pela eficiência energética. Fluidos refrigerantes de baixo GWP e controle de capacidade nos compressores são ações efetivas que trouxeram novas perspectivas e já é realidade em diversos supermercados. Temos projetos em operação que já usufruem deste tipo de aplicação”, informa Rogério Marson Rodrigues, gerente de engenharia da Eletrofrio.

Segundo Marson, a empresa oferece equipamentos HighPack, que são racks de refrigeração que operam tanto com propano como com CO2, resfriando um fluido secundário, proporcionado ao usuário final um ótimo retorno em termos de eficiência energética, quanto na redução de custos operacionais.

Rede Atacadão implementa sistemas de refrigeração com R-290 e compressores com tecnologia inverter

 

“São máquinas simples, de baixo custo, boa eficiência energética e reduzida carga de fluido refrigerante, ou seja, um conjunto de características consideradas estratégicas na análise de viabilidade de um projeto que busca atender às demandas atuais e futuras de um sistema de refrigeração para supermercados”, diz Marson.

Vários supermercados brasileiros estão adotando medidas eficientes em seus sistemas de refrigeração, combinado o R-290, especialmente devido às suas propriedades ecológicas e de eficiência energética. O Grupo Carrefour, em várias unidades de sua rede, tem investido em tecnologias sustentáveis, incluindo o uso de R-290 em seus sistemas de refrigeração para reduzir o impacto ambiental e melhorar a eficiência energética.

A Rede Atacadão é outro exemplo, em uma de suas lojas localizada na região metropolitana de Curitiba (PR), está implementando sistemas de refrigeração com R-290, buscando soluções mais sustentáveis e econômicas para suas unidades. O sistema de refrigeração integra um rack High Pack PRO composto por dois compressores com tecnologia Inverter operando a partir do R-290 no circuito primário (instalado na parte externa da loja) e resfriando o propileno glicol no circuito secundário, atendendo as médias temperaturas (entre 6°C a 10°C), resfriando balcões e expositores da loja.

“Conseguimos instalar um sistema com baixíssimo impacto ambiental, sem a utilização de fluidos sintéticos. Esse é o primeiro projeto com soluções de compressores com máxima eficiência que serão disponibilizados ao mercado a partir de outubro deste ano”, diz Marson.

Supermercado Verdemar, primeiro a adotar o CO2 em sua unidade em Nova Lima

Ele acrescenta que a combinação da tecnologia inverter com o propano oferece vantagens significativas, permite o ajuste contínuo da capacidade de refrigeração de acordo com a demanda, resultando em uma operação mais eficiente e econômica. O uso de propano, além de ser ambientalmente amigável, proporciona uma transferência de calor eficaz, o que se traduz em maior eficiência energética e menor consumo elétrico.

Já o CO2, utilizado há algum tempo em grandes instalações, principalmente em sistemas subcríticos em casas de máquinas remotas, conquistou supermercadistas como a Rede de Supermercados Verdemar de Belo Horizonte (MG). Primeira instalação na América a utilizar o CO2, há oito anos, os proprietários Alexandre Poni e Hallison Moreira, desde então vêm adotando medidas verdes.

“O caminho da sustentabilidade é algo que a gente quer levar na empresa como um todo. Quando se fala nisso, não é só a questão ecológica que tem que ser levada em conta, mas a econômica, reduzindo custos com a energia elétrica”, informam Poni e Moreira.

Primeiro projeto da Plotter & Racks em parceria com a Bitzer, a unidade localizada em Nova Lima, instalou o sistema Skyrack Breeze, que utiliza o dióxido de carbono (R-744) como fluido refrigerante. “Trata-se de um sistema de refrigeração em cascata que utiliza o CO2 como fluido refrigerante no estágio de baixa pressão com expansão direta para atender os equipamentos de congelados (câmaras e ilhas de congelados). Já nos equipamentos de resfriados, o propileno glicol é utilizado como fluido de transferência de calor num circuito bombeado que circula nos expositores e câmaras de resfriados”, explica Marcelo Merolli, diretor da Plotter & Racks.

Grupo Pão de Açúcar investe em certificação verde, como o LEED ofertado pelo GBC Brasil

Com esse sistema, o Supermercado Verdemar se destacou como um exemplo de pioneirismo na utilização de tecnologias verdes no setor de varejo, aliando responsabilidade ambiental com eficiência energética e operacional.

O Grupo GPA (Pão de Açúcar), por exemplo, é um dos que têm investido em lojas que operam com menor impacto energético, buscando certificações como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pelo Green Building Council Brasil.

A adoção de fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, também é uma estratégia importante entre os supermercados que buscam a sustentabilidade. A Rede Assaí já utiliza energia solar em algumas de suas unidades, diminuindo os custos operacionais e o impacto ambiental, instalando painéis solares em suas lojas, contribuindo para a redução das emissões de carbono.

Rede Assaí já utiliza energia solar em algumas de suas unidades, instalando painéis fotovoltaicos

Retorno do investimento

Impulsionadas por uma combinação de benefícios econômicos, ambientais e de conformidade com regulamentações, a adoção de soluções sustentáveis por supermercadistas traz uma série de vantagens que vão além da sustentabilidade, impactando diretamente a operação e a imagem das empresas.

Segundo a Associação Paulista de Supermercados (APAS), o investimento em tecnologias sustentáveis por parte de supermercados tem se mostrado uma estratégia altamente vantajosa, tanto em termos econômicos quanto no fortalecimento da marca reputação os consumidores. Embora possa exigir um aporte inicial considerável, o retorno desse investimento (ROI) vem de diversas frentes, incluindo a redução dos custos operacionais, aumento da eficiência energética e valorização da marca.

“Tecnologias sustentáveis, como sistemas de refrigeração que utilizam fluidos naturais, iluminação LED, painéis solares e automação no controle de consumo de energia, resultam em economia significativa nas despesas operacionais. A eficiência energética gerada por esses sistemas reduz o consumo de eletricidade, que é uma das maiores despesas em supermercados. Por exemplo, a substituição de lâmpadas convencionais por LEDs pode reduzir o consumo de energia em até 75%, e os sistemas de refrigeração com fluidos naturais, como o R-290 e o CO2, tendem a operar com maior eficiência, gerando economia de até 30% nos custos energéticos”, informa Marcelo Souza, Coordenador de Operações de Loja da Associação Paulista de Supermercados.

Dentre os benefícios, podemos destacar a alta eficiência energética em aplicações com CO2 e propano, onde os sistemas de refrigeração conseguem operar com maior desempenho utilizando menos energia. A longo prazo, essa eficiência resulta em economia significativa nas contas de eletricidade, impactando positivamente os custos operacionais dos supermercados. Além da economia de energia, costumam ter maior durabilidade e exigem menos manutenção, estabilidade térmica e confiabilidade, otimizando o orçamento de operações de refrigeração.

“Supermercadistas que optam por esses sistemas se posicionam como pioneiros em inovação tecnológica, mostrando liderança no setor e promovendo um ambiente de negócios dinâmico e adaptado às demandas do futuro. As práticas sustentáveis, como o uso de refrigerantes naturais, a eficiência energética, a redução de resíduos e o apoio a produtores locais, não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também trazem benefícios econômicos para as empresas, onde investir em sustentabilidade tornou-se uma estratégia essencial para o sucesso a longo prazo no setor supermercadista”, conclui Souza.

Embraco revela inovações na Chillventa

A Embraco, fornecedora global de soluções de refrigeração e parte da Nidec Global Appliance, participou da Chillventa 2024 e destacou o portfólio Sync it All , composto pelo ventilador Embraco AIR, o driver SYNC e o software YouControl. Integrados aos compressores de velocidade variável, esses produtos melhoram o desempenho dos sistemas de refrigeração comercial.

Outra inovação foi a nova linha de monoblocos, unidades seladas projetadas para grandes aplicações, como câmaras frias. Essas unidades podem integrar até quatro compressores de alta eficiência energética e utilizam refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP).

No segmento residencial, o destaque foi o compressor Embraco Atom , o mais compacto da marca, com 2,5 kg. Ele visa democratizar a tecnologia de velocidade variável para todos os tipos de refrigeradores domésticos.

O compacto Atom