VRF: Você ainda não viu nada

Sistemas de climatização com fluxo de refrigerante variável demonstram estar longe de esgotar o rol de recursos e características que tem feito deles um sucesso.

Quem chegou a pensar que o VRF já havia mostrado tudo a que veio em nosso país – onde desembarcou em meados da década de 1990 – errou feio. Mas isso certamente tem deixado satisfeitos até mesmo os autores desses prognósticos equivocados, pois desde então o mercado vem assistindo a um festival de instalações marcantes desse tipo, várias delas ano a ano premiadas pelas entidades do HVAC-R.

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E pelo o que tudo indica, muitas outras estão a caminho, possivelmente revigoradas por novidades que tem migrado cada vez mais rápido dos laboratórios dos fabricantes para o cotidiano dos edifícios, onde esses tempos de aquecimento global fazem da climatização de qualidade e energeticamente eficiente algo tão necessário quanto urgente.

Até aqui, somam pontos preciosos para o êxito da modalidade aspectos totalmente amigáveis com esses dois pré-requisitos, com destaque para controle avançado e individualizado; design compacto e flexível; capacidade simultânea de resfriar e aquecer, conforme descreve o professor Américo Martins Júnior, da Thermo Cursos. Tudo isso, segundo ele, soma-se a aspectos como a utilização de compressores Inverter na maioria esmagadora das instalações de VRF, e a capacidade de se modular a quantidade de refrigerante destinada a cada unidade evaporadora, sem falar nas diferentes temperaturas nos espaços climatizados.

“Com isso, cada evaporadora pode operar em seu nível ideal, evitando o desperdício de energia acarretado pelo funcionamento a plena carga o tempo todo”, exemplifica o professor.

Recuperar o calor residual dos ambientes internos e remanejá-los para outros demandantes de aquecimento, igualmente dentro do prédio, é outro trunfo do VRF para ser uma escolha recorrente dos projetistas, a exemplo da precisão dos seus controles de ajuste fino, o que permite detectar, em tempo real, os parâmetros necessários para uma operação sempre eficiente.

E o futuro?

Prever como deve se comportar o fenômeno VRF nos próximos meses e anos é tarefa cujo o próprio presente da área tem facilitado. Por exemplo, as unidades desse tipo vêm aumentando sensivelmente suas capacidades, relata o professor, que vê nisso uma tendência, assim como a utilização de novos fluidos e o incremento na comunicação entre as unidades externas e internas.

Ao focar especificamente a questão dos refrigerantes, Martins Júnior destaca a busca do mercado por uma combinação entre impacto ambiental e operação mais econômica, pois ao substituir opções atuais como o R-410 obtém-se uma expressiva redução do GWP, ou seja, o potencial de contribuir para o aquecimento global. Soma-se a isso, segundo o estudioso, a necessidade de cargas menores, em se tratando do R-32, por exemplo. Há também a perspectiva de que as próximas gerações de VRF sejam mais leves, e tenham compressores e serpentinas menores, porém, resultando em maior poder frigorígeno.

O uso crescente de Bluetooth na área, por sua vez, deve simplificar outra questão nevrálgica dos sistemas do gênero: o gerenciamento e a manutenção dos equipamentos, agora sem a necessidade de softwares avançados e complexos. “No celular, o técnico cada vez mais poderá analisar o funcionamento e, até mesmo, efetuar alguma manutenção corretiva”, antevê o professor.

O que não muda

Mas nem tudo é novidade no mundo do VRF, pois permanece inalterada uma série de requisitos, iniciada a partir da decisão de se aderir ou não a essa modalidade de sistema.

Segundo o professor Américo, nem todos os ambientes podem aderir à modalidade, sobretudo aqueles nos quais a carga térmica necessária seja excessivamente alta ou baixa em alguns períodos.

“Os equipamentos VRF precisam trabalhar com pelo menos 30% de toda a sua capacidade, sob pena de ficarem sujeitos a constantes códigos de falhas e desligamentos, causados pelas próprias proteções do sistema”, ensina.

Uma vez resolvida a instalação de VRF, várias outras questões básicas aparecem. Dentre elas, o melhor produto para a carga térmica do ambiente a ser climatizado; a instaladora a ser contratada; o responsável técnico da obra; que fornecedores aparentam possuir um bom pós-venda e até mesmo se mão de obra qualificada e ferramentas adequadas serão empregados na instalação.

Por fim, quando tudo estiver funcionando, uma outra etapa crucial tem início: o cuidado especialíssimo com a manutenção preventiva, considerando-se que o VRF é muito exigido durante sua operação.

“A falta dessa conduta sempre acaba custando muito mais ao cliente, pois além do prejuízo financeiro, muitas vezes a complexidade de ações corretivas impede a desejada rapidez no restabelecimento dos sistemas”, observa Américo, acrescentando que, sem manutenção preventiva, acaba se perdendo boa parte da economia de energia inerente ao VRF.

Por trás de todas essas intervenções técnicas, ele frisa igualmente a presença imprescindível dos refrigeristas, aos quais recomenda que se preparem, diante de uma demanda que define como absurda a surgir nesse campo. “Cada vez mais os equipamentos serão eficientes, porém, mais sensíveis e, por isso, precisamos acelerar a formação desses profissionais”, arremata.