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Técnicos ganham protagonismo em plataformas digitais de ensino

Ao transformar conhecimento prático em plataformas digitais, profissionais de climatização e refrigeração conectam experiência de campo com inovação no ensino.

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O setor de climatização e refrigeração, historicamente pautado pelo aprendizado prático e presencial, está passando por uma revolução silenciosa e digital. Nos últimos anos, a popularização do ensino online, impulsionada pelas redes sociais e plataformas de conteúdo, deu origem a uma nova geração de profissionais e educadores: influenciadores técnicos que, além de atuarem diretamente na área, fundaram suas próprias escolas virtuais para capacitar milhares de instaladores, técnicos e iniciantes em todo o Brasil.

Hoje, esses profissionais se destacam não apenas por sua atuação técnica, mas pela maneira como transformaram sua autoridade em projetos educacionais robustos. Juntos, eles reescrevem o modelo tradicional de formação no HVAC-R e provam que o ensino remoto não apenas veio para ficar, como também molda o futuro da mão de obra no setor.

Influência que ensina

Ricardo Viana, fundador e diretor da escola Viana Refrigeração Treinamentos e Marketing, é um dos pioneiros nesse movimento. Com uma forte presença nas redes sociais, ele conseguiu converter seguidores em alunos ao perceber uma demanda reprimida por ensino técnico acessível e didático. “Os cursos online permitem levar conhecimento especializado a pessoas e regiões não atendidas por conhecimentos específicos, nivelando as oportunidades em diversas áreas de atuação. Os criadores destes cursos têm o papel de incentivar os alunos na busca de qualificação continuada através das diversas formas de ensino”, afirma Viana, que já capacitou milhares de alunos em cursos como Instalação de Split, PMOC, Refrigeração e Manutenção.

“Os cursos online permitem levar conhecimento especializado a pessoas e regiões não atendidas” – Ricardo Viana

Viana acrescenta que o ensino a distância proporcionado flexibilidade de horário, permitindo que técnicos mantenham sua rotina de atendimentos enquanto estudam e mostram uma didática mais próxima a realidade do aluno e conhecimentos muitas vezes não mostradas na grade de conteúdo dos cursos das instituições tradicionais. “Meus cursos, por exemplo, estão mais focados no resultado dos alunos que no conteúdo programático. E por isso, sempre está sendo atualizado e melhorado”.

Outro nome é Gabriel Pardo, conhecido como “Pardo Mestre”, diretor da Magister Digital. Com uma linguagem direta e uma abordagem prática, Gabriel lançou sua própria plataforma com cursos voltados a iniciantes e profissionais em busca de aperfeiçoamento. “As escolas de profissionais do segmento estão ajudando muitos instaladores, técnicos e engenheiros a terem acesso a conhecimentos, mas devemos tomar cuidado com a base didática e os conhecimentos compartilhados. É preciso considerar a qualificação dos professores e instrutores para que o conteúdo seja seguro, técnico e siga as normas e legislações vigentes na parte técnica e na parte de segurança das atividades”, revela. “A qualificação on-line é uma ferramenta altamente rentável, uma vez que apresenta um custo reduzido em relação às estruturas físicas de imóveis e à mão de obra, mas os gestores devem levar em conta a experiência dos alunos, normas técnicas e normas de segurança”, explica.

Já na opinião de Carmosinda Santos, atualmente dedicada aos cursos programados do CRT-SP (Conselho Regional dos Técnicos Industriais), “o curso online permite que o aluno aprenda no seu tempo, com apoio constante. Isso empodera o técnico, especialmente em regiões onde o ensino técnico presencial é escasso ou caro”. Carmosinda também criou cursos online com enfoque didático e sensível às dificuldades que muitas mulheres enfrentam nesse ambiente majoritariamente masculino.

Outro nome conhecido do setor é Rafael Ferreira, que une teoria e prática em módulos que vão do básico à automação avançada. Seu diferencial está na metodologia que simula situações reais de campo em vídeo, algo que os alunos valorizam. “A internet é a nova sala de aula. O que muda é a forma, mas o compromisso com a qualidade permanece”, resume Rafael.

Na Academia Gaivota, o foco é na refrigeração com forte ênfase em práticas sustentáveis. “Queremos técnicos com consciência técnica e ambiental. Isso é essencial para o futuro do setor”, reforça Luiz Fernando Gaivota.

O que impressiona nessas iniciativas é a estrutura envolvida. Ao contrário da ideia de “aulas gravadas em casa”, essas escolas virtuais contam com estúdios profissionais de gravação, plataformas exclusivas, certificação válida em todo o país e suporte técnico contínuo. Muitas oferecem ainda comunidades fechadas, fóruns, mentorias ao vivo e conteúdos extras atualizados conforme as normas e exigências do mercado.

Mercado em transformação

O avanço dessas plataformas reflete uma tendência global. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), a modalidade EAD cresceu mais de 400% no segmento técnico nos últimos cinco anos. No HVAC-R, o movimento é ainda mais visível pela falta de mão de obra qualificada — um gargalo que o ensino remoto ajuda a aliviar.

Outro ponto é o dinamismo do setor: com constantes atualizações tecnológicas, novas regulamentações e a transição para gases refrigerantes ecológicos, o técnico precisa se manter atualizado.

Para muitos alunos, esses cursos são o primeiro passo para uma carreira sólida. E, mais do que isso, esses influenciadores se tornam referências, mentores e fontes permanentes de aprendizado. “Em meus cursos são ministradas aulas teóricas e práticas demonstrativas em equipamentos reais no laboratório e no campo (atendimentos) com uma estrutura separadas por módulos. Os alunos têm como avaliar as aulas (avaliação utilizada para atualização) e o curso como um todo, tem acesso a grupos de alunos. Administro através de aplicativo e estrutura fornecida pela plataforma Hotmart onde tenho acesso ao desempenho do aluno, assiduidade nas aulas, exercícios, forneço materiais complementares e recebo as dúvidas. O certificado de curso livre somente é fornecido aos que concluem 100% no período contratado. Caso não tenham concluído, podem fazer a renovação pelo mesmo período com desconto para alunos”, diz Viana.

O modelo híbrido, que combina vídeos gravados, fóruns e encontros online ao vivo, mostra que o ensino digital pode ser completo, eficaz e acessível. E quando bem conduzido, molda não apenas profissionais, mas um setor inteiro em constante evolução.

“Atualmente temos uma grade imensa de cursos dentro e fora do segmento da refrigeração, tanto on-line como ‘incompany’. Mas uma coisa é fato, o online veio para facilitar muito a vida corrida dos técnicos, mas não veio substituir o presencial, pois cada um tem uma forma de aprender e sempre haverá demanda para o presencial”, enfatiza Gabriel.

“A qualificação on-line é uma ferramenta altamente rentável, uma vez que apresenta um custo reduzido” – Gabriel Pardo

Acompanhando essa transformação, também o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) tem expandido significativamente sua oferta de cursos na modalidade de Educação a Distância (EAD), incluindo programas voltados para o setor de Refrigeração e Climatização (HVAC-R). O curso técnico de Refrigeração e Climatização EAD tem por objetivo habilitar profissionais na elaboração de projetos de instalação de sistemas de refrigeração e climatização sob supervisão e na coordenação da execução da manutenção e da instalação de sistemas de refrigeração e climatização, seguindo legislação e normas técnicas, ambientais, de saúde e segurança no trabalho e utilizando as boas práticas. Essa iniciativa visa democratizar o acesso à formação técnica de qualidade, permitindo que profissionais de diversas regiões do Brasil se capacitem de forma flexível e acessível.

A plataforma Futuro.Digital, vinculada ao SENAI, oferece cursos técnicos e profissionalizantes em diversas áreas industriais, incluindo Refrigeração e Climatização. Os cursos são 100% online, com aulas disponíveis 24 horas por dia, permitindo que os alunos estudem no seu próprio ritmo. Além disso, os cursos contam com certificação nacional emitida pelo SENAI, o que agrega valor ao currículo dos profissionais formados.

Benefícios diretos para os técnicos

Os cursos online oferecidos por esses profissionais geram uma série de benefícios práticos e estratégicos para os técnicos, como:

Acesso à formação técnica de qualidade em qualquer lugar do Brasil, com apenas um celular e conexão à internet;

Flexibilidade de horário, permitindo que o aluno estude enquanto trabalha;

Atualizações constantes, alinhadas às inovações do mercado, como novas normas, gases refrigerantes e eficiência energética;

Certificação, que ajuda na valorização profissional e na conquista de novas oportunidades;

– Comunidade de apoio, com fóruns, mentorias e contato direto com os instrutores;

– Redução de custos com deslocamentos, hospedagem e material didático.

Além disso, os cursos muitas vezes incluem conteúdos extras, suporte pós-curso, oportunidades de networking e parcerias com empresas do setor, o que amplia ainda mais o alcance e as possibilidades de crescimento dos profissionais.

O que une os influenciadores técnicos e seus cursos online é mais do que a atuação no digital. É o propósito de transformar vidas por meio do conhecimento. Com estruturas sólidas, linguagem acessível e compromisso com a excelência, esses profissionais estão não apenas ensinando, estão ajudando a construir um novo futuro para o HVAC-R no Brasil.

Para muitos alunos, cursos online são o primeiro passo para uma carreira sólida

Exigências regulatórias e certificações

Normas e certificações obrigam os fabricantes e técnicos a seguirem parâmetros que promovem a eficiência dos sistemas, reduzindo o consumo de energia e, consequentemente, os custos operacionais e as emissões de carbono

 Não restam dúvidas que as normas, exigências regulatórias e certificações técnicas garantem mais segurança, eficiência energética e responsabilidade ambiental em sistemas de climatização e refrigeração. Neste universo, onde tecnologia e sustentabilidade caminham lado a lado, as certificações e normas regulatórias têm papel fundamental na construção de um setor mais seguro, eficiente e ambientalmente responsável. Além de atenderem exigências legais, essas diretrizes são cada vez mais valorizadas por clientes, fabricantes e profissionais que buscam se destacar em um mercado altamente competitivo.

As normas funcionam como verdadeiros mapas de boas práticas, orientando desde a escolha do fluido refrigerante até o descarte adequado de resíduos, passando pela instalação correta e manutenção preventiva de sistemas. Já as certificações, por sua vez, atestam que o profissional ou equipamento está apto a operar dentro desses parâmetros, com qualidade e segurança reconhecidas por instituições nacionais e internacionais.

No cenário complexo da engenharia de sistemas HVAC-R, a garantia de qualidade das instalações é fundamental para o funcionamento eficiente e seguro dos equipamentos.

“Neste contexto, normas internacionais desempenham um papel fundamental, influenciando diretamente o desenvolvimento de padrões locais e práticas de certificação. Por exemplo, o comissionamento de sistemas HVAC não possui normas específicas no Brasil, porém, a ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers) é referência global nesse processo. A ASHRAE publicou diversas normas e guias, incluindo um guia específico com Requisitos Técnicos para o Comissionamento de Sistemas de HVAC. Este processo visa assegurar que a entrega dos sistemas atenda aos requisitos do proprietário, garantindo eficiência operacional e conforto ambiental”, destaca Thiago Portes, Diretor Executivo da Comis Engenharia.

Thiago Portes, Comis Engenharia

Segundo Portes, as normas da ASHRAE são amplamente adotadas no Brasil, influenciando tanto diretamente quanto servindo como referência principal no desenvolvimento de normas locais. “Esse impacto é evidenciado pelo acordo formal entre a ASHRAE e a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que facilita a incorporação de práticas internacionais no contexto nacional”, analisa.

Além das normas, a ASHRAE oferece um programa abrangente de certificações profissionais. Este programa inclui o Comissionamento Predial e Projetos de HVAC, entre outras áreas de conhecimento. As certificações da ASHRAE são reconhecidas internacionalmente e demonstram o compromisso dos profissionais com os mais altos padrões de competência técnica e prática.

Outro benefício direto do cumprimento das normas e da obtenção de certificações está na eficiência energética. A Portaria Inmetro nº 234/2020, por exemplo, estabelece critérios técnicos que classificam os condicionadores de ar de acordo com o desempenho energético. Essa avaliação é fundamental tanto para consumidores, que buscam economia na conta de luz, quanto para fabricantes, que precisam inovar para obter melhor desempenho nos seus produtos.

Certificações como o Selo Procel também se tornaram um diferencial competitivo importante, pois evidenciam o compromisso das empresas com o consumo consciente e sustentável de energia.

O Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC), exigido por lei (Lei nº 13.589/2018), também reforça esse aspecto ao garantir que a qualidade do ar interior em ambientes climatizados seja monitorada e mantida de forma contínua, prevenindo riscos à saúde dos ocupantes.

Além de contribuir para um setor mais seguro e sustentável, as certificações agregam valor ao currículo dos profissionais. A Certificação de Competência Profissional do SENAI é uma das mais reconhecidas no Brasil, avaliando conhecimentos práticos e teóricos com base nas exigências atuais do mercado e nas normas da ABNT (NBR 16401), que orientam desde o projeto até a operação de sistemas de ar-condicionado central. Empresas e profissionais certificados conquistam maior credibilidade junto a clientes e parceiros, destacando-se em licitações públicas e projetos de grande porte.

“Em um mercado globalizado e cada vez mais exigente, o conhecimento e a aplicação das normas são essenciais para engenheiros e profissionais envolvidos no projeto, instalação e manutenção de sistemas HVAC. A colaboração entre instituições como ASHRAE e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) fortalece a padronização e a qualidade no setor, promovendo edificações mais eficientes e sustentáveis”, revela Portes.

Sustentabilidade em foco

Em sistemas de refrigeração e climatização, onde o manuseio de substâncias inflamáveis e equipamentos de alta pressão é uma constante, as normas evitam acidentes, falhas técnicas e até riscos à vida. Um exemplo é a crescente presença de fluidos naturais como o R-290 (propano), altamente eficiente, mas inflamável, o que exige capacitação específica para uso seguro. Fabricantes de equipamentos garantem a conformidade de seus produtos com normas como a F-Gas – Regulamento (UE) n.º 517/2014, legislação da União Europeia voltada para o controle e redução do uso de gases fluorados, também conhecidos como gases F (de fluorados), e com um conjunto de diretrizes e regulamentos da União Europeia, reunidos sob a Diretiva de Ecodesign (Diretiva 2009/125/CE). Essa diretiva estabelece requisitos obrigatórios de eficiência energética e desempenho ambiental para produtos que consomem energia, como os sistemas de refrigeração, ar-condicionado, ventilação e aquecimento.

Já na mitigação das mudanças climáticas, o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado em parceria com a Cooperação Alemã (GIZ), incentiva a substituição de fluidos refrigerantes nocivos à camada de ozônio por alternativas de baixo impacto ambiental.

O PBH também promove a formação de técnicos qualificados por meio de cursos como os oferecidos pelo SENAI Oscar Rodrigues Alves, em São Paulo, com foco em boas práticas no uso de fluidos inflamáveis e eficiência energética.

 Normas Brasileiras x Normas Internacionais

No Brasil, a ABNT NBR 16401 é uma das normas mais importantes do setor, abrangendo projetos, parâmetros de conforto térmico e qualidade do ar interior e são amplamente utilizadas em obras públicas, edifícios corporativos e empreendimentos de grande porte. Já em âmbito internacional, entidades como a ASHRAE (dos Estados Unidos) e a ISO (Organização Internacional de Normalização) servem de referência para desenvolvimento de tecnologias e práticas que moldam o setor globalmente.

Mas como essas normas se comparam às diretrizes internacionais? A Tabela lista alguns parâmetros e recomendações de utilização.

Enquanto a ASHRAE define parâmetros de ventilação, eficiência e conforto com altíssimo grau de especificidade, a ISO na Europa atua com foco em harmonização internacional, sustentabilidade e energia quase zero (NZEB). O Brasil, embora com avanços importantes, ainda precisa consolidar sua regulamentação e adesão em larga escala para atingir o mesmo nível de padronização técnica.

Qualidade do ar em debate técnico

Eventos em Belo Horizonte discutiu normas e gestão da QAI

Nos dias 14 e 15 de maio, Belo Horizonte sediou o 14º Seminário Internacional da Qualidade do Ar de Interiores e a 9ª ExpoQualindoor, reunindo cerca de 200 profissionais na sede do CREA-MG. Os eventos foram promovidos pela ABRAVA, por meio da Regional Minas Gerais, em parceria com o Chapter Brasil da ASHRAE.

O seminário teve como tema “Novos Parâmetros para a Qualidade do Ar Interior”, com foco nas normas ABNT NBR 7256, NBR 17037 e na Lei Federal 13.589/2018, que trata do PMOC. A programação incluiu palestras técnicas sobre ventilação, filtragem e métricas de controle da qualidade do ar. Entre os destaques, a apresentação de Fábio Clavijo (ASHRAE Colômbia) sobre a norma ASHRAE 62.1-2022 e a divulgação do selo ABRAVA/Brasindoor.

Foram realizadas duas mesas-redondas sobre normas de renovação do ar e soluções para gestão da QAI. Ao fim do dia, houve a posse da nova diretoria do Qualindoor para o biênio 2025/2026, com Rafael Munhoz e Frederico Paranhos assumindo os cargos de presidente e vice.

A ExpoQualindoor abordou os desafios da QAI em ambientes críticos, como hospitais. A programação incluiu sete palestras técnicas e duas mesas de debate sobre planejamento e operação desses espaços. O evento contou com apoio de entidades locais e nacionais do setor.

CRT-SP e ASBRAV reforçam valorização dos técnicos

Acordo entre entidades visa ampliar oportunidades para profissionais do setor.

O Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo (CRT-SP) e a Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (ASBRAV) avançaram em uma iniciativa para fortalecer a atuação dos profissionais técnicos do setor de AVAC-R. Em reunião realizada em 5 de fevereiro na sede do CRT-SP, foi discutida a formalização de um termo de adesão para fomentar atividades e ampliar o reconhecimento da categoria.

O encontro contou com a participação do presidente do CRT-SP, Gilberto Takao Sakamoto, e da vice-presidente da ASBRAV, Maria Inez da Luz Gomes, acompanhados da técnica em refrigeração e climatização Carmosinda Santos. Também esteve presente Rubens dos Santos, diretor de fiscalização e normas do conselho.

Entre os temas envolvidos, destacou-se a importância do setor para os técnicos, responsáveis ​​por funções essenciais como a elaboração e execução do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de sistemas de climatização. A Resolução CFT nº 068/2019 regulamenta essas atividades, estabelecendo diretrizes para a manutenção da qualidade do ar e a segurança dos ambientes climatizados. O aprimoramento promovido pela Resolução CFT nº 268/2024 atualizou os requisitos técnicos e reforçou a responsabilidade dos profissionais na implementação do PMOC, garantindo maior rigor nas inspeções e na certificação das condições de operação dos sistemas de climatização.

A formalização do termo, cuja assinatura será agendada, contará com as assinaturas de Gilberto Takao Sakamoto, pelo CRT-SP, e de Mário Henrique Canale, presidente da ASBRAV.

Limpeza em sistemas de HVAC-R exige cuidado e conhecimento técnico

Especialistas destacam a importância da escolha correta de produtos e profissionais qualificados para garantir eficiência, segurança e durabilidade dos equipamentos.

Os produtos de limpeza para sistemas de refrigeração e ar-condicionado são essenciais para a manutenção do desempenho e da eficiência desses equipamentos. A limpeza regular dos componentes do sistema ajuda a prevenir problemas como a redução da capacidade de refrigeração, o aumento do consumo de energia, e a proliferação de mofo e bactérias, que podem afetar a qualidade do ar e a saúde dos ocupantes.

O mercado oferece diversos tipos de produtos para este fim, desde limpadores alcalinos, ácidos e neutros até desinfetantes bactericidas e removedores antifúngicos, formulados para eliminar microrganismos, sujeira pesada, óleo e gordura, especialmente dos evaporadores e condensadores. Além de desinfetar superfícies, esses produtos removem depósitos minerais, ferrugem, incrustações e biofilmes em sistemas de ventilação e drenagem.

“Recomendamos sempre a utilização de produtos com pH neutro, pois produtos com pH ácido podem ser prejudiciais tanto para os sistemas quanto para as pessoas que frequentam os locais. No caso da indústria alimentícia, o uso de produtos com pH ácido é particularmente nocivo. Ambientes controlados, como os de fabricação de alimentos, estão sujeitos a rigorosas exigências por parte dos órgãos competentes, que incluem a proibição do uso de produtos ácidos para limpeza e descontaminação. Desenvolvemos soluções junto aos fabricantes com produtos específicos próprios para a área de refrigeração e climatização, sempre pensando na saúde e bem-estar dos ocupantes e cuidados com as máquinas (como pedem os fabricantes em seus manuais), preservando o meio ambiente com opções eco-friendly”, informa Cleber Santos, diretor comercial da Clean & Cold, representante da marca Ar da Terra.

Para Eduardo Cedric Ramos Junior, diretor executivo da Pescan, reforçar a importância da limpeza regular dos sistemas de HVAC para garantir eficiência operacional é de extrema importância para criar um ambiente climatizado saudável para todos os usuários. “Além disso, previne falhas inesperadas e ajuda a manter os custos operacionais baixos. Em setores específicos como o hospitalar, também é essencial para cumprir normas de segurança e saúde conforme as legislações em vigor. Disponibilizamos diversas soluções, tanto para limpeza interna quanto externa de sistemas de climatização e refrigeração, nas linhas automotiva, comercial e residencial, limpeza interna de tubulações, evaporadoras e condensadoras, deixando os circuitos limpos e secos oferecendo uma instalação de qualidade”.

Retorno do investimento

E falando em qualidade, embora o mercado ofereça uma variedade de produtos, a grande maioria dos usuários de sistemas ainda prioriza menor custo de investimento, tornando-se um desafio tanto para mantenedores quanto para empresas segmentadas da área.

Natane Soares, gestora comercial da Gatti Química

Na opinião de Natane Soares, gestora comercial da Gatti Química, os benefícios na utilização de produtos que atestem qualidade contribuem para a eficiência operacional e a segurança dos sistemas, e oferecerem um excelente retorno sobre o investimento.

 

“A diversidade de produtos de limpeza disponíveis no mercado oferece uma ampla variedade de opções em termos de preço, composição, marcas e usos. Nesse cenário, escolher o agente químico mais adequado torna-se um desafio. Afinal, cada item é desenvolvido para atender uma necessidade específica. Nossos produtos são desenvolvidos com tensoativos biodegradáveis, todos registrados na Anvisa, para garantir a eficiência e a durabilidade dos equipamentos. O desinfetante, por exemplo, é formulado para eliminar germes e bactérias de superfícies. Já os limpadores multiuso são projetados para a remoção de sujidades no geral.”, descreve Natane.

Manutenção dos sistemas

No uso residencial, a manutenção preventiva dos sistemas de ar-condicionado oferece benefícios como a descontaminação do aparelho e do ambiente.

“A ausência de limpeza transforma o aparelho em um potencial foco de proliferação de vírus, fungos, bactérias e outros particulados nocivos ao sistema respiratório, além de elevar o consumo de energia elétrica, pois trocadores de calor obstruídos fazem com que o compressor opere em capacidade máxima, elevando o custo da conta de luz. O equipamento, em vez de proporcionar conforto térmico, pode se tornar um vilão. Além dos danos à saúde e ao consumo energético, a falta de manutenção pode resultar em penalidades financeiras significativas, especialmente em estabelecimentos sujeitos à fiscalização e obrigados a seguir o PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle), conforme a Lei 13.589”, revela Santos.

Cleber Santos, diretor comercial da Clean & Cold, representante da marca Ar da Terra

Ele acrescenta que a eficiência de um sistema de refrigeração ou climatização está diretamente ligada à troca de calor. Se os trocadores de calor estiverem obstruídos, o compressor terá que compensar essa ineficiência, trabalhando mais e por mais tempo para atingir o set point (temperatura selecionada). Mesmo em equipamentos inverter, adquiridos pelo cliente devido à promessa de economia de energia, a falta de manutenção compromete a eficiência energética, fazendo com que o equipamento não entregue o desempenho esperado.

Ele também enfatiza a importância de mão de obra especializada para evitar danos aos equipamentos causados pelo uso incorreto de produtos ácidos ou alcalinos. “Esse profissional sabe exatamente quais produtos utilizar e como aplicá-los de forma eficiente. Infelizmente, o mercado ainda conta com profissionais que nunca buscaram qualificação adequada. Esses profissionais podem, inadvertidamente, utilizar produtos ácidos ou alcalinos que danificam o equipamento do cliente. Vale a pena refletir: ‘Após entender os danos que produtos inadequados podem causar, um profissional consciente continuará a utilizá-los?’ “, indaga o diretor comercial da Clean & Cold.

Mão de obra especializada

Segundo o diretor executivo da Pescan, os produtos desenvolvidos em parceria com frigoríficos visam não apenas facilitar a limpeza, mas também valorizar a segurança e o trabalho profissional desses.

Eduardo Cedric Ramos Junior, diretor executivo da Pescan

“Sistemas são complexos e exigem conhecimento técnico para garantir que a manutenção seja feita corretamente e de forma segura. Profissionais qualificados sabem identificar problemas antes que eles se tornem maiores, o que evita falhas inesperadas e custos elevados de reparo. Além disso, eles utilizam os produtos e ferramentas adequados, assegurando que o sistema opere com máxima eficiência e segurança. Isso não só prolonga a vida útil do equipamento, mas também garante que o ambiente tenha ar de qualidade, o que é crucial para a saúde e bem-estar de nossos clientes.  É nossa maneira de contribuir para o crescimento do mercado e valorizar o trabalho dos refrigeristas, investindo continuamente em pesquisa e inovação tecnológica para oferecer soluções que realmente façam a diferença na vida de cada profissional”.

 

Natane acrescenta que a contratação de profissionais especializados para a limpeza e manutenção de sistemas de refrigeração e ar condicionado é geralmente uma escolha muito acertada. “Profissionais qualificados têm o conhecimento e as habilidades necessárias para garantir que os sistemas sejam limpos e mantidos de acordo com as melhores práticas, o que pode ajudar a prolongar a vida útil dos equipamentos e a melhorar sua eficiência. Além disso, a manutenção regular feita por especialistas pode prevenir problemas maiores no futuro e assegurar que o sistema funcione de maneira segura e eficaz. Para garantir uma limpeza adequada, por exemplo, eles podem usar técnicas e produtos específicos que talvez não estejam facilmente disponíveis ou sejam conhecidos para quem não é da área”, conclui.

Evento em SP incentiva equidade de gênero no setor de HVAC-R

Encontro em São Paulo reunirá especialistas para debater diversidade e inclusão, com foco na liderança feminina e sustentabilidade no setor de refrigeração e climatização.

O Comitê Nacional de Mulheres da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento) realizará no dia 20 de setembro, em São Paulo, o encontro “Equidade de Gênero em Foco: Imersão para a Mudança”. O evento, considerado relevante pelo setor de refrigeração e climatização, discutirá temas relacionados à diversidade e inclusão no ambiente corporativo.

A programação acontecerá das 8h30 às 17h, no Espaço Sinimbu, e reunirá profissionais e empresas da área. O foco será a promoção de boas práticas no setor, abordando temas como liderança feminina, networking, marketing de influência, PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle) e descarbonização.

Segundo Juliana Reinhardt, presidente do Comitê, o evento foi estruturado em três pilares: equidade de gênero, palestras técnicas e desenvolvimento de carreira.

Um dos destaques do encontro será o painel “Diversidade & Inclusão”, mediado pela própria Juliana, que contará com a participação de profissionais de diferentes áreas. As inscrições estão abertas, com vagas limitadas, e o evento conta com o apoio de entidades parceiras e empresas patrocinadoras, como Bitzer, Heating Cooling, Projelmec e Trane.

Governador do Paraná sanciona lei que institui Semana da Qualidade do Ar Interior

O governador do Paraná sancionou a lei que cria a Semana Estadual da Qualidade do Ar Interior (QAI). A iniciativa, resultado do projeto de lei 428/2023, estabelece que as atividades ocorram anualmente na semana do dia 14 de agosto, coincidindo com o Dia Interamericano da Qualidade do Ar.

O principal objetivo da lei é conscientizar a população sobre a importância da qualidade do ar em ambientes internos, tanto coletivos quanto individuais. A legislação inclui a realização de palestras, seminários e campanhas educativas. O deputado Cobra Repórter, autor do projeto, afirmou que a lei busca garantir ambientes mais saudáveis para a população.

A Semana da Qualidade do Ar Interior passa a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Estado. A lei visa prevenir a propagação de doenças respiratórias em ambientes fechados, destacando a necessidade de manutenção regular dos sistemas de climatização, conforme o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC), estabelecido pela Lei Federal nº 13.589/2018.

Além de conscientizar a população, a lei prevê a modernização de sistemas de ventilação em locais de uso coletivo, como hospitais e escolas, para garantir padrões mínimos de qualidade do ar.

Ambiente universitário em HVAC-R

A pesquisa universitária desempenha um papel significativos no avanço e inovação de tecnologias para HVAC-R, mas ainda falta investimentos por meio de parcerias entre universidades, indústrias e órgãos governamentais.

As universidades desempenham um papel importante na inovação e desenvolvimento de tecnologias de HVAC-R. Através de cursos especializados, laboratórios bem equipados e projetos de pesquisa colaborativa, os estudantes são capacitados a contribuir para avanços significativos nesse campo, fundamental para o desenvolvimento de novas tecnologias, aprimoramento de sistemas existentes e melhoria da eficiência energética. Ela abrange diversas áreas, incluindo engenharia mecânica, engenharia civil, arquitetura, e ciência dos materiais.

“Quando os alunos participam de trabalhos de pesquisas, eles deixam de ver somente o processo operacional dos equipamentos e passam a perceber as questões que podem trazer gargalos aos sistemas completos. Também passam a perceber as diversas possibilidades de melhoria nos equipamentos e conseguem entender o porquê da técnica e dos componentes de uma máquina, podendo sugerir mudanças tanto na inclusão de novas peças, quanto na melhoria delas, além de pensarem no processo de gerenciamento do equipamento. A pesquisa abre os olhos e a criatividade para desenvolvimento de inovação e melhorias em diversas áreas” afirma Anna Cristina Dias, Prof. Dra. e diretora da FATEC Itaquera.

Ela aponta algumas áreas que merecem atenção no que tange as pesquisas acadêmicas, “A refrigeração e ar condicionado são áreas importantes devido as mudanças climáticas e o aquecimento global. Uma outra questão importante é o desenvolvimento de sistemas que tornem os equipamentos mais econômicos, além do trabalho de economia circular com os materiais descartados e os gases. A automação desses sistemas também é objeto de vários estudos; a área de ventilação também contribui para o conforto térmico e para a economia de energia, por isso é necessário pesquisas na área de dimensionamento de dutos, isolamento, limpeza e automação e controle dessas áreas; já na área comercial é importante a relação alimentos x conservação x eficiência energética.

Anna Cristina Dias, Prof. Dra. da FATEC Itaquera

A área comercial também precisa de um trabalho específico de PMOC. Os equipamentos são usados em grande quantidade e necessitam de entendimento de como usar melhor o equipamento e reduzir os custos de energia, bem como a pesquisa para reduzir o desperdício de alimentos, equipamentos mais seguros e automatizados. Os grandes data centers possuem equipamentos de grande porte que precisam consumir menos água e energia, por isso a importância de pesquisas no desenvolvimento de sensores, válvulas e sistemas mais eficientes. Também existe a necessidade de desenvolvimentos de metodologias de treinamentos e gestão mais eficiente desses equipamentos; e por fim e não menos importante, são as pesquisas na área de projeto, pois traz toda a estrutura de pesquisa, inovação e desenvolvimento. Nos projetos é possível identificar melhorias que o operacional não consegue ver. Provoca inovação na forma de criar produtos e na interdisciplinaridade existente”.

Atualmente, as pesquisas em HVAC-R nas universidades são diversificadas e focam em resolver problemas práticos e avançar o conhecimento técnico. As principais áreas de pesquisa incluem o desenvolvimento de tecnologias e métodos para reduzir o consumo de energia em sistemas HVAC-R, pesquisa de novos fluidos refrigerantes que sejam eficientes e tenham baixo potencial de aquecimento global, inovação em sistemas de controle para otimizar o desempenho e a eficiência dos sistemas e a integração de tecnologias sustentáveis e renováveis em HVAC-R.

Alberto Hernandez Neto, Prof. Dr. da POLI-USP

“Considero como promissoras pesquisas acadêmicas que envolvem controles inteligentes que otimizem o uso de sistemas HVAC-R com base em dados de ocupação, clima e outras variáveis, sistemas de refrigeração que utilizem fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental e que sejam mais eficientes em termos de consumo energético como o uso de geotermia e superfícies termicamente ativas, e pesquisa de novas tecnologias de filtragem e purificação do ar para melhorar a qualidade do ar interior em ambientes residenciais, comerciais e industriais. Baseado nesses dados, os futuros profissionais do mercado, a partir de pesquisas, os alunos desenvolvem habilidades práticas e teóricas, o aprimoramento de competências transversais (resolução de problemas, trabalho em equipe, gestão de projetos), além de contribuir para a inovação, criatividade, criar conexão com o mercado de trabalho e na formação de líderes e especialistas, o que se traduz em estímulo ao aprendizado contínuo”, enfatiza o Prof. Dr. Alberto Hernandez Neto, da POLI-USP.

Estrutura para estudos e pesquisas em HVAC-R

A estrutura acadêmica e as pesquisas no campo de HVAC-R para o desenvolvimento de soluções tecnológicas avançadas e sustentáveis necessitam de uma sólida formação teórica, experiência prática em laboratórios e projetos de pesquisa inovadores para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades no setor. As colaborações entre universidades e a indústria são fundamentais para a transferência de tecnologia e a implementação de inovações no mercado. Porém, ainda faltam investimentos através de parcerias no tripé universidade, indústria e órgãos governamentais.

“A universidade prove o espaço físico e respectiva infraestrutura para o desenvolvimento das pesquisas. O financiamento das pesquisas vem geralmente de órgãos de fomento como a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), entre outros, que fornece fundos para compra de equipamentos, retrofit de instalações e bolsas de estudo. Aqui na POLI-USP, por exemplo, os alunos de graduação podem participar dos projetos por meio de bolsas de iniciação científica ou desenvolvendo os trabalhos de conclusão de cursos. Na pós-graduação, os alunos podem desenvolver as suas teses e dissertações com o apoio da infraestrutura adequada. Mas ainda estamos longe de um panorama ideal”, informa Hernandez.

Atualmente, está sendo desenvolvida pesquisa sobre diferentes configurações de sistema de resfriamento geotérmico pela Escola Politécnica da USP, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de Leeds (Inglaterra) e Universidade de Dundee (Escócia). Nesse projeto, estão sendo testadas diferentes configurações de sistemas de resfriamento geotérmico para avaliar a eficiência destas configurações para aplicações de sistema de climatização em edifícios comerciais e residenciais no Brasil e no Reino Unido. A equipe do projeto é formada por cinco professores, dois mestrandos, dois doutorandos e dois bolsistas de iniciação científica.

Na opinião de Anna Cristina, o suporte da FATEC para estudos e pesquisas em HVAC-R ainda é insuficiente: “Trabalha-se nas áreas térmicas, mas as especificidades não são vistas. Tanto é que, só engenharia mecânica se preocupa com as pesquisas em HVAC-R. Mas essa é uma área multidisciplinar que precisaria de eletricidade, automação, eletrônica, fabricação, soldagem, projeto, alimentos, arquitetos, ambientalistas, sanitaristas, produção e outras áreas que fazem como que a área seja mais completa e ofereça soluções mais eficientes para as pessoas e para o meio ambiente. A UNICAMP, por exemplo, tem algumas pesquisas na área térmica e de alimentos; a USP tem algumas pesquisas na área térmica, eficiência energética, uso da água, conforto térmico; porém faltam professores nessa área que conheçam além da mecânica. É necessário envolver outras áreas para trabalhar novas pesquisas. Acho que as empresas poderiam usar a Lei do Bem (concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica) para trabalhar junto as Universidades, SENAI e FATEC. Assim, seria possível ter mestrado e doutorado para pesquisarem problemas específicos e desenvolvimento de inovações. As pós-graduações são importantes para desenvolver pessoas que possuam outra graduação e não conheçam a área da forma necessária. A interrelação entre os laboratórios que já existem é importante, pois é possível gastar menos e desenvolver treinamentos de uma forma mais integrada. Acho que temos alguns lugares que possuem bons laboratórios, mas eles são subutilizados. Poderia haver programas com uma integração maior desses laboratórios. A Lei do Bem é uma lei pouco usada pelas empresas que atuam no mercado nacional e poderiam ser melhores”, destaca Anna.

Ela cita a pesquisa desenvolvida sobre o controle do ar condicionado através de voz. O objetivo era otimizar o uso do aparelho de uma forma automatizada: “Existem muitos profissionais que apresentam propostas interessantes em congressos como no CONBRAVA (Congresso Brasileiro de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) e que estão em várias regiões do país. Interessante é identificar esses locais e não os perder de vista. Importante a integração entre as empresas e a universidades em diversas atividades. Os Estados Unidos, Alemanha e outros países fazem isso e conseguem ter bons resultados. Outro exemplo muito interessante é a China. Eles têm investido pesado em educação e pesquisas aplicadas. Acho que dessa forma é possível ter uma melhoria do uso dos recursos e de pessoas que precisariam ser treinadas pelas empresas”, conclui.

Exemplo de caso

Em 2019, a POLI-USP anunciou a construção do CICS Living Lab, o edifício-laboratório do Centro de Inovação em Construção Sustentável, sediado no Campus da Cidade Universitária, com investimento total de cerca de R$ 3 milhões para os próximos cinco anos. Um dos estudos desenvolvidos é sobre o aproveitamento da energia térmica presente no subsolo para climatizar ambientes com potencial de reduzir significativamente os gastos com o uso de sistemas de ar-condicionado em edifícios comerciais, apartamentos e residências. O CICS Living Lab tem como objetivo acelerar a inovação e a sustentabilidade da construção, reunindo academia, empresas, entidades governamentais e sociedade civil, em uma iniciativa inovadora. Na área científica, o centro reúne pesquisadores da Poli, Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Instituto de Energia e Ambiente (IEE), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) e Laboratório de Eficiência Energética em Edifícios da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e será o único no país projetado, construído e operado para demonstrar e testar, em condições reais de uso, as soluções inovadoras necessárias para superar os desafios ambientais. O edifício deverá incorporar uma série de soluções para uso sustentável da água, geração descentralizada de energias renováveis, internet das coisas (IoT), novos materiais, componentes e soluções construtivas industrializadas e ecoeficientes. Os resultados serão medidos e avaliados tanto em termos de bem-estar dos usuários quanto por meio de modernos conceitos de ecologia da indústria e economia circular. Para tanto, usuários e os sistemas serão monitorados de forma constante, gerando um fluxo de dados para fomentar pesquisa. O desempenho dessa tecnologia geotérmica nas condições de clima e solo foi avaliado na tese de doutorado da pesquisadora Thaise Morais, da Escola de Engenharia de São Carlos-USP por meio de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado pela professora Cristina de Hollanda Cavalcanti Tsuha. Com previsão para ser inaugurado em 2023, as obras ainda não têm data para conclusão, pois foram interrompidas na pandemia.

Em obras, o CICS Living Lab da POLI-USP estudará sobre o aproveitamento da energia térmica presente no subsolo para climatizar ambientes

Técnicas de engenharia melhoram QAI

Estudos indicam que pessoas passam cerca de 90% da vida em ambientes fechados. A falta de renovação adequada do ar nesses espaços aumenta o risco de propagação de doenças respiratórias, como rinite, bronquite e covid-19.

Para combater esse problema, engenheiros do Sistema Confea/Crea estão desenvolvendo uma cartilha e um vídeo com orientações sobre a qualidade do ar em locais fechados. “Queremos capacitar os profissionais de engenharia para que façam projetos que garantam conforto e saúde”, afirma Osny do Amaral Filho, da Comissão Temática de Qualidade do Ar Interior (CTQAI) do Confea.

A atuação dos engenheiros mecânicos é crucial para a instalação de sistemas de climatização e ar condicionado. Eles definem a troca de filtros e a limpeza dos aparelhos, conforme normas da Anvisa, como a Resolução 9, que estabelece prazos para inspeções. Essas práticas são registradas no Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC). “Vamos incentivar os engenheiros a focarem na qualidade do ar ao elaborar o PMOC”, diz Aysson Rosas Filho, coordenador da comissão.

A aplicação correta do PMOC impacta diretamente a saúde pública, reduzindo a sobrecarga no sistema de saúde. Estudos mostram que a qualidade do ar interior influencia a produtividade e capacidade cognitiva. “Nas escolas, isso melhora a aprendizagem; nas empresas, aumenta a produtividade”, acrescenta Alexandre Kotoyanis, integrante da comissão.

Além de benefícios à saúde, o PMOC contribui para a conservação dos equipamentos, economizando custos com energia elétrica. “Um aparelho de ar condicionado limpo é mais eficiente e consome menos energia”, explica Osny.

A CTQAI também trabalha para padronizar ações de fiscalização em ambientes com sistemas de climatização. “No Crea Maranhão, a operação Ar Puro, em parceria com a Vigilância Sanitária, vai fiscalizar grandes empreendimentos, como hospitais e shoppings, e depois os menores”, adianta Wesley Assis, presidente do Crea-MA.

A participação da comunidade é essencial. “A sociedade deve fiscalizar a qualidade do ar em estabelecimentos públicos e privados. É importante informar as pessoas sobre o tema”, conclui Lucas Carneiro, coordenador adjunto da comissão.

Lei obriga ar-condicionado em todo transporte público do DF

Aprovada pela Câmara Legislativa nesta terça-feira (5), a Lei nº 7.429/2024 estipula a instalação de ar-condicionado nos veículos do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF (STPC/DF), após veto do Poder Executivo ser derrubado.

O intuito é garantir conforto aos passageiros, proporcionando temperatura mais amena durante os períodos quentes. Além disso, a norma exige que as empresas do STPC/DF instalem medidores de temperatura e apresentem selos de revisão com dados sobre manutenção e periodicidade.

As companhias de ônibus têm 3 anos para adaptar suas frotas, sob pena de sanções administrativas, como recolhimento e impedimento de circulação de veículos não adaptados, além de possíveis perdas de licitação para prestação de serviços de transporte público coletivo.