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CRT-SP e ASBRAV reforçam valorização dos técnicos

Acordo entre entidades visa ampliar oportunidades para profissionais do setor.

O Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo (CRT-SP) e a Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (ASBRAV) avançaram em uma iniciativa para fortalecer a atuação dos profissionais técnicos do setor de AVAC-R. Em reunião realizada em 5 de fevereiro na sede do CRT-SP, foi discutida a formalização de um termo de adesão para fomentar atividades e ampliar o reconhecimento da categoria.

O encontro contou com a participação do presidente do CRT-SP, Gilberto Takao Sakamoto, e da vice-presidente da ASBRAV, Maria Inez da Luz Gomes, acompanhados da técnica em refrigeração e climatização Carmosinda Santos. Também esteve presente Rubens dos Santos, diretor de fiscalização e normas do conselho.

Entre os temas envolvidos, destacou-se a importância do setor para os técnicos, responsáveis ​​por funções essenciais como a elaboração e execução do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de sistemas de climatização. A Resolução CFT nº 068/2019 regulamenta essas atividades, estabelecendo diretrizes para a manutenção da qualidade do ar e a segurança dos ambientes climatizados. O aprimoramento promovido pela Resolução CFT nº 268/2024 atualizou os requisitos técnicos e reforçou a responsabilidade dos profissionais na implementação do PMOC, garantindo maior rigor nas inspeções e na certificação das condições de operação dos sistemas de climatização.

A formalização do termo, cuja assinatura será agendada, contará com as assinaturas de Gilberto Takao Sakamoto, pelo CRT-SP, e de Mário Henrique Canale, presidente da ASBRAV.

Limpeza em sistemas de HVAC-R exige cuidado e conhecimento técnico

Especialistas destacam a importância da escolha correta de produtos e profissionais qualificados para garantir eficiência, segurança e durabilidade dos equipamentos.

Os produtos de limpeza para sistemas de refrigeração e ar-condicionado são essenciais para a manutenção do desempenho e da eficiência desses equipamentos. A limpeza regular dos componentes do sistema ajuda a prevenir problemas como a redução da capacidade de refrigeração, o aumento do consumo de energia, e a proliferação de mofo e bactérias, que podem afetar a qualidade do ar e a saúde dos ocupantes.

O mercado oferece diversos tipos de produtos para este fim, desde limpadores alcalinos, ácidos e neutros até desinfetantes bactericidas e removedores antifúngicos, formulados para eliminar microrganismos, sujeira pesada, óleo e gordura, especialmente dos evaporadores e condensadores. Além de desinfetar superfícies, esses produtos removem depósitos minerais, ferrugem, incrustações e biofilmes em sistemas de ventilação e drenagem.

“Recomendamos sempre a utilização de produtos com pH neutro, pois produtos com pH ácido podem ser prejudiciais tanto para os sistemas quanto para as pessoas que frequentam os locais. No caso da indústria alimentícia, o uso de produtos com pH ácido é particularmente nocivo. Ambientes controlados, como os de fabricação de alimentos, estão sujeitos a rigorosas exigências por parte dos órgãos competentes, que incluem a proibição do uso de produtos ácidos para limpeza e descontaminação. Desenvolvemos soluções junto aos fabricantes com produtos específicos próprios para a área de refrigeração e climatização, sempre pensando na saúde e bem-estar dos ocupantes e cuidados com as máquinas (como pedem os fabricantes em seus manuais), preservando o meio ambiente com opções eco-friendly”, informa Cleber Santos, diretor comercial da Clean & Cold, representante da marca Ar da Terra.

Para Eduardo Cedric Ramos Junior, diretor executivo da Pescan, reforçar a importância da limpeza regular dos sistemas de HVAC para garantir eficiência operacional é de extrema importância para criar um ambiente climatizado saudável para todos os usuários. “Além disso, previne falhas inesperadas e ajuda a manter os custos operacionais baixos. Em setores específicos como o hospitalar, também é essencial para cumprir normas de segurança e saúde conforme as legislações em vigor. Disponibilizamos diversas soluções, tanto para limpeza interna quanto externa de sistemas de climatização e refrigeração, nas linhas automotiva, comercial e residencial, limpeza interna de tubulações, evaporadoras e condensadoras, deixando os circuitos limpos e secos oferecendo uma instalação de qualidade”.

Retorno do investimento

E falando em qualidade, embora o mercado ofereça uma variedade de produtos, a grande maioria dos usuários de sistemas ainda prioriza menor custo de investimento, tornando-se um desafio tanto para mantenedores quanto para empresas segmentadas da área.

Natane Soares, gestora comercial da Gatti Química

Na opinião de Natane Soares, gestora comercial da Gatti Química, os benefícios na utilização de produtos que atestem qualidade contribuem para a eficiência operacional e a segurança dos sistemas, e oferecerem um excelente retorno sobre o investimento.

 

“A diversidade de produtos de limpeza disponíveis no mercado oferece uma ampla variedade de opções em termos de preço, composição, marcas e usos. Nesse cenário, escolher o agente químico mais adequado torna-se um desafio. Afinal, cada item é desenvolvido para atender uma necessidade específica. Nossos produtos são desenvolvidos com tensoativos biodegradáveis, todos registrados na Anvisa, para garantir a eficiência e a durabilidade dos equipamentos. O desinfetante, por exemplo, é formulado para eliminar germes e bactérias de superfícies. Já os limpadores multiuso são projetados para a remoção de sujidades no geral.”, descreve Natane.

Manutenção dos sistemas

No uso residencial, a manutenção preventiva dos sistemas de ar-condicionado oferece benefícios como a descontaminação do aparelho e do ambiente.

“A ausência de limpeza transforma o aparelho em um potencial foco de proliferação de vírus, fungos, bactérias e outros particulados nocivos ao sistema respiratório, além de elevar o consumo de energia elétrica, pois trocadores de calor obstruídos fazem com que o compressor opere em capacidade máxima, elevando o custo da conta de luz. O equipamento, em vez de proporcionar conforto térmico, pode se tornar um vilão. Além dos danos à saúde e ao consumo energético, a falta de manutenção pode resultar em penalidades financeiras significativas, especialmente em estabelecimentos sujeitos à fiscalização e obrigados a seguir o PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle), conforme a Lei 13.589”, revela Santos.

Cleber Santos, diretor comercial da Clean & Cold, representante da marca Ar da Terra

Ele acrescenta que a eficiência de um sistema de refrigeração ou climatização está diretamente ligada à troca de calor. Se os trocadores de calor estiverem obstruídos, o compressor terá que compensar essa ineficiência, trabalhando mais e por mais tempo para atingir o set point (temperatura selecionada). Mesmo em equipamentos inverter, adquiridos pelo cliente devido à promessa de economia de energia, a falta de manutenção compromete a eficiência energética, fazendo com que o equipamento não entregue o desempenho esperado.

Ele também enfatiza a importância de mão de obra especializada para evitar danos aos equipamentos causados pelo uso incorreto de produtos ácidos ou alcalinos. “Esse profissional sabe exatamente quais produtos utilizar e como aplicá-los de forma eficiente. Infelizmente, o mercado ainda conta com profissionais que nunca buscaram qualificação adequada. Esses profissionais podem, inadvertidamente, utilizar produtos ácidos ou alcalinos que danificam o equipamento do cliente. Vale a pena refletir: ‘Após entender os danos que produtos inadequados podem causar, um profissional consciente continuará a utilizá-los?’ “, indaga o diretor comercial da Clean & Cold.

Mão de obra especializada

Segundo o diretor executivo da Pescan, os produtos desenvolvidos em parceria com frigoríficos visam não apenas facilitar a limpeza, mas também valorizar a segurança e o trabalho profissional desses.

Eduardo Cedric Ramos Junior, diretor executivo da Pescan

“Sistemas são complexos e exigem conhecimento técnico para garantir que a manutenção seja feita corretamente e de forma segura. Profissionais qualificados sabem identificar problemas antes que eles se tornem maiores, o que evita falhas inesperadas e custos elevados de reparo. Além disso, eles utilizam os produtos e ferramentas adequados, assegurando que o sistema opere com máxima eficiência e segurança. Isso não só prolonga a vida útil do equipamento, mas também garante que o ambiente tenha ar de qualidade, o que é crucial para a saúde e bem-estar de nossos clientes.  É nossa maneira de contribuir para o crescimento do mercado e valorizar o trabalho dos refrigeristas, investindo continuamente em pesquisa e inovação tecnológica para oferecer soluções que realmente façam a diferença na vida de cada profissional”.

 

Natane acrescenta que a contratação de profissionais especializados para a limpeza e manutenção de sistemas de refrigeração e ar condicionado é geralmente uma escolha muito acertada. “Profissionais qualificados têm o conhecimento e as habilidades necessárias para garantir que os sistemas sejam limpos e mantidos de acordo com as melhores práticas, o que pode ajudar a prolongar a vida útil dos equipamentos e a melhorar sua eficiência. Além disso, a manutenção regular feita por especialistas pode prevenir problemas maiores no futuro e assegurar que o sistema funcione de maneira segura e eficaz. Para garantir uma limpeza adequada, por exemplo, eles podem usar técnicas e produtos específicos que talvez não estejam facilmente disponíveis ou sejam conhecidos para quem não é da área”, conclui.

Evento em SP incentiva equidade de gênero no setor de HVAC-R

Encontro em São Paulo reunirá especialistas para debater diversidade e inclusão, com foco na liderança feminina e sustentabilidade no setor de refrigeração e climatização.

O Comitê Nacional de Mulheres da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento) realizará no dia 20 de setembro, em São Paulo, o encontro “Equidade de Gênero em Foco: Imersão para a Mudança”. O evento, considerado relevante pelo setor de refrigeração e climatização, discutirá temas relacionados à diversidade e inclusão no ambiente corporativo.

A programação acontecerá das 8h30 às 17h, no Espaço Sinimbu, e reunirá profissionais e empresas da área. O foco será a promoção de boas práticas no setor, abordando temas como liderança feminina, networking, marketing de influência, PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle) e descarbonização.

Segundo Juliana Reinhardt, presidente do Comitê, o evento foi estruturado em três pilares: equidade de gênero, palestras técnicas e desenvolvimento de carreira.

Um dos destaques do encontro será o painel “Diversidade & Inclusão”, mediado pela própria Juliana, que contará com a participação de profissionais de diferentes áreas. As inscrições estão abertas, com vagas limitadas, e o evento conta com o apoio de entidades parceiras e empresas patrocinadoras, como Bitzer, Heating Cooling, Projelmec e Trane.

Governador do Paraná sanciona lei que institui Semana da Qualidade do Ar Interior

O governador do Paraná sancionou a lei que cria a Semana Estadual da Qualidade do Ar Interior (QAI). A iniciativa, resultado do projeto de lei 428/2023, estabelece que as atividades ocorram anualmente na semana do dia 14 de agosto, coincidindo com o Dia Interamericano da Qualidade do Ar.

O principal objetivo da lei é conscientizar a população sobre a importância da qualidade do ar em ambientes internos, tanto coletivos quanto individuais. A legislação inclui a realização de palestras, seminários e campanhas educativas. O deputado Cobra Repórter, autor do projeto, afirmou que a lei busca garantir ambientes mais saudáveis para a população.

A Semana da Qualidade do Ar Interior passa a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Estado. A lei visa prevenir a propagação de doenças respiratórias em ambientes fechados, destacando a necessidade de manutenção regular dos sistemas de climatização, conforme o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC), estabelecido pela Lei Federal nº 13.589/2018.

Além de conscientizar a população, a lei prevê a modernização de sistemas de ventilação em locais de uso coletivo, como hospitais e escolas, para garantir padrões mínimos de qualidade do ar.

Ambiente universitário em HVAC-R

A pesquisa universitária desempenha um papel significativos no avanço e inovação de tecnologias para HVAC-R, mas ainda falta investimentos por meio de parcerias entre universidades, indústrias e órgãos governamentais.

As universidades desempenham um papel importante na inovação e desenvolvimento de tecnologias de HVAC-R. Através de cursos especializados, laboratórios bem equipados e projetos de pesquisa colaborativa, os estudantes são capacitados a contribuir para avanços significativos nesse campo, fundamental para o desenvolvimento de novas tecnologias, aprimoramento de sistemas existentes e melhoria da eficiência energética. Ela abrange diversas áreas, incluindo engenharia mecânica, engenharia civil, arquitetura, e ciência dos materiais.

“Quando os alunos participam de trabalhos de pesquisas, eles deixam de ver somente o processo operacional dos equipamentos e passam a perceber as questões que podem trazer gargalos aos sistemas completos. Também passam a perceber as diversas possibilidades de melhoria nos equipamentos e conseguem entender o porquê da técnica e dos componentes de uma máquina, podendo sugerir mudanças tanto na inclusão de novas peças, quanto na melhoria delas, além de pensarem no processo de gerenciamento do equipamento. A pesquisa abre os olhos e a criatividade para desenvolvimento de inovação e melhorias em diversas áreas” afirma Anna Cristina Dias, Prof. Dra. e diretora da FATEC Itaquera.

Ela aponta algumas áreas que merecem atenção no que tange as pesquisas acadêmicas, “A refrigeração e ar condicionado são áreas importantes devido as mudanças climáticas e o aquecimento global. Uma outra questão importante é o desenvolvimento de sistemas que tornem os equipamentos mais econômicos, além do trabalho de economia circular com os materiais descartados e os gases. A automação desses sistemas também é objeto de vários estudos; a área de ventilação também contribui para o conforto térmico e para a economia de energia, por isso é necessário pesquisas na área de dimensionamento de dutos, isolamento, limpeza e automação e controle dessas áreas; já na área comercial é importante a relação alimentos x conservação x eficiência energética.

Anna Cristina Dias, Prof. Dra. da FATEC Itaquera

A área comercial também precisa de um trabalho específico de PMOC. Os equipamentos são usados em grande quantidade e necessitam de entendimento de como usar melhor o equipamento e reduzir os custos de energia, bem como a pesquisa para reduzir o desperdício de alimentos, equipamentos mais seguros e automatizados. Os grandes data centers possuem equipamentos de grande porte que precisam consumir menos água e energia, por isso a importância de pesquisas no desenvolvimento de sensores, válvulas e sistemas mais eficientes. Também existe a necessidade de desenvolvimentos de metodologias de treinamentos e gestão mais eficiente desses equipamentos; e por fim e não menos importante, são as pesquisas na área de projeto, pois traz toda a estrutura de pesquisa, inovação e desenvolvimento. Nos projetos é possível identificar melhorias que o operacional não consegue ver. Provoca inovação na forma de criar produtos e na interdisciplinaridade existente”.

Atualmente, as pesquisas em HVAC-R nas universidades são diversificadas e focam em resolver problemas práticos e avançar o conhecimento técnico. As principais áreas de pesquisa incluem o desenvolvimento de tecnologias e métodos para reduzir o consumo de energia em sistemas HVAC-R, pesquisa de novos fluidos refrigerantes que sejam eficientes e tenham baixo potencial de aquecimento global, inovação em sistemas de controle para otimizar o desempenho e a eficiência dos sistemas e a integração de tecnologias sustentáveis e renováveis em HVAC-R.

Alberto Hernandez Neto, Prof. Dr. da POLI-USP

“Considero como promissoras pesquisas acadêmicas que envolvem controles inteligentes que otimizem o uso de sistemas HVAC-R com base em dados de ocupação, clima e outras variáveis, sistemas de refrigeração que utilizem fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental e que sejam mais eficientes em termos de consumo energético como o uso de geotermia e superfícies termicamente ativas, e pesquisa de novas tecnologias de filtragem e purificação do ar para melhorar a qualidade do ar interior em ambientes residenciais, comerciais e industriais. Baseado nesses dados, os futuros profissionais do mercado, a partir de pesquisas, os alunos desenvolvem habilidades práticas e teóricas, o aprimoramento de competências transversais (resolução de problemas, trabalho em equipe, gestão de projetos), além de contribuir para a inovação, criatividade, criar conexão com o mercado de trabalho e na formação de líderes e especialistas, o que se traduz em estímulo ao aprendizado contínuo”, enfatiza o Prof. Dr. Alberto Hernandez Neto, da POLI-USP.

Estrutura para estudos e pesquisas em HVAC-R

A estrutura acadêmica e as pesquisas no campo de HVAC-R para o desenvolvimento de soluções tecnológicas avançadas e sustentáveis necessitam de uma sólida formação teórica, experiência prática em laboratórios e projetos de pesquisa inovadores para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades no setor. As colaborações entre universidades e a indústria são fundamentais para a transferência de tecnologia e a implementação de inovações no mercado. Porém, ainda faltam investimentos através de parcerias no tripé universidade, indústria e órgãos governamentais.

“A universidade prove o espaço físico e respectiva infraestrutura para o desenvolvimento das pesquisas. O financiamento das pesquisas vem geralmente de órgãos de fomento como a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), entre outros, que fornece fundos para compra de equipamentos, retrofit de instalações e bolsas de estudo. Aqui na POLI-USP, por exemplo, os alunos de graduação podem participar dos projetos por meio de bolsas de iniciação científica ou desenvolvendo os trabalhos de conclusão de cursos. Na pós-graduação, os alunos podem desenvolver as suas teses e dissertações com o apoio da infraestrutura adequada. Mas ainda estamos longe de um panorama ideal”, informa Hernandez.

Atualmente, está sendo desenvolvida pesquisa sobre diferentes configurações de sistema de resfriamento geotérmico pela Escola Politécnica da USP, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de Leeds (Inglaterra) e Universidade de Dundee (Escócia). Nesse projeto, estão sendo testadas diferentes configurações de sistemas de resfriamento geotérmico para avaliar a eficiência destas configurações para aplicações de sistema de climatização em edifícios comerciais e residenciais no Brasil e no Reino Unido. A equipe do projeto é formada por cinco professores, dois mestrandos, dois doutorandos e dois bolsistas de iniciação científica.

Na opinião de Anna Cristina, o suporte da FATEC para estudos e pesquisas em HVAC-R ainda é insuficiente: “Trabalha-se nas áreas térmicas, mas as especificidades não são vistas. Tanto é que, só engenharia mecânica se preocupa com as pesquisas em HVAC-R. Mas essa é uma área multidisciplinar que precisaria de eletricidade, automação, eletrônica, fabricação, soldagem, projeto, alimentos, arquitetos, ambientalistas, sanitaristas, produção e outras áreas que fazem como que a área seja mais completa e ofereça soluções mais eficientes para as pessoas e para o meio ambiente. A UNICAMP, por exemplo, tem algumas pesquisas na área térmica e de alimentos; a USP tem algumas pesquisas na área térmica, eficiência energética, uso da água, conforto térmico; porém faltam professores nessa área que conheçam além da mecânica. É necessário envolver outras áreas para trabalhar novas pesquisas. Acho que as empresas poderiam usar a Lei do Bem (concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica) para trabalhar junto as Universidades, SENAI e FATEC. Assim, seria possível ter mestrado e doutorado para pesquisarem problemas específicos e desenvolvimento de inovações. As pós-graduações são importantes para desenvolver pessoas que possuam outra graduação e não conheçam a área da forma necessária. A interrelação entre os laboratórios que já existem é importante, pois é possível gastar menos e desenvolver treinamentos de uma forma mais integrada. Acho que temos alguns lugares que possuem bons laboratórios, mas eles são subutilizados. Poderia haver programas com uma integração maior desses laboratórios. A Lei do Bem é uma lei pouco usada pelas empresas que atuam no mercado nacional e poderiam ser melhores”, destaca Anna.

Ela cita a pesquisa desenvolvida sobre o controle do ar condicionado através de voz. O objetivo era otimizar o uso do aparelho de uma forma automatizada: “Existem muitos profissionais que apresentam propostas interessantes em congressos como no CONBRAVA (Congresso Brasileiro de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) e que estão em várias regiões do país. Interessante é identificar esses locais e não os perder de vista. Importante a integração entre as empresas e a universidades em diversas atividades. Os Estados Unidos, Alemanha e outros países fazem isso e conseguem ter bons resultados. Outro exemplo muito interessante é a China. Eles têm investido pesado em educação e pesquisas aplicadas. Acho que dessa forma é possível ter uma melhoria do uso dos recursos e de pessoas que precisariam ser treinadas pelas empresas”, conclui.

Exemplo de caso

Em 2019, a POLI-USP anunciou a construção do CICS Living Lab, o edifício-laboratório do Centro de Inovação em Construção Sustentável, sediado no Campus da Cidade Universitária, com investimento total de cerca de R$ 3 milhões para os próximos cinco anos. Um dos estudos desenvolvidos é sobre o aproveitamento da energia térmica presente no subsolo para climatizar ambientes com potencial de reduzir significativamente os gastos com o uso de sistemas de ar-condicionado em edifícios comerciais, apartamentos e residências. O CICS Living Lab tem como objetivo acelerar a inovação e a sustentabilidade da construção, reunindo academia, empresas, entidades governamentais e sociedade civil, em uma iniciativa inovadora. Na área científica, o centro reúne pesquisadores da Poli, Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Instituto de Energia e Ambiente (IEE), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) e Laboratório de Eficiência Energética em Edifícios da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e será o único no país projetado, construído e operado para demonstrar e testar, em condições reais de uso, as soluções inovadoras necessárias para superar os desafios ambientais. O edifício deverá incorporar uma série de soluções para uso sustentável da água, geração descentralizada de energias renováveis, internet das coisas (IoT), novos materiais, componentes e soluções construtivas industrializadas e ecoeficientes. Os resultados serão medidos e avaliados tanto em termos de bem-estar dos usuários quanto por meio de modernos conceitos de ecologia da indústria e economia circular. Para tanto, usuários e os sistemas serão monitorados de forma constante, gerando um fluxo de dados para fomentar pesquisa. O desempenho dessa tecnologia geotérmica nas condições de clima e solo foi avaliado na tese de doutorado da pesquisadora Thaise Morais, da Escola de Engenharia de São Carlos-USP por meio de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado pela professora Cristina de Hollanda Cavalcanti Tsuha. Com previsão para ser inaugurado em 2023, as obras ainda não têm data para conclusão, pois foram interrompidas na pandemia.

Em obras, o CICS Living Lab da POLI-USP estudará sobre o aproveitamento da energia térmica presente no subsolo para climatizar ambientes

Técnicas de engenharia melhoram QAI

Estudos indicam que pessoas passam cerca de 90% da vida em ambientes fechados. A falta de renovação adequada do ar nesses espaços aumenta o risco de propagação de doenças respiratórias, como rinite, bronquite e covid-19.

Para combater esse problema, engenheiros do Sistema Confea/Crea estão desenvolvendo uma cartilha e um vídeo com orientações sobre a qualidade do ar em locais fechados. “Queremos capacitar os profissionais de engenharia para que façam projetos que garantam conforto e saúde”, afirma Osny do Amaral Filho, da Comissão Temática de Qualidade do Ar Interior (CTQAI) do Confea.

A atuação dos engenheiros mecânicos é crucial para a instalação de sistemas de climatização e ar condicionado. Eles definem a troca de filtros e a limpeza dos aparelhos, conforme normas da Anvisa, como a Resolução 9, que estabelece prazos para inspeções. Essas práticas são registradas no Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC). “Vamos incentivar os engenheiros a focarem na qualidade do ar ao elaborar o PMOC”, diz Aysson Rosas Filho, coordenador da comissão.

A aplicação correta do PMOC impacta diretamente a saúde pública, reduzindo a sobrecarga no sistema de saúde. Estudos mostram que a qualidade do ar interior influencia a produtividade e capacidade cognitiva. “Nas escolas, isso melhora a aprendizagem; nas empresas, aumenta a produtividade”, acrescenta Alexandre Kotoyanis, integrante da comissão.

Além de benefícios à saúde, o PMOC contribui para a conservação dos equipamentos, economizando custos com energia elétrica. “Um aparelho de ar condicionado limpo é mais eficiente e consome menos energia”, explica Osny.

A CTQAI também trabalha para padronizar ações de fiscalização em ambientes com sistemas de climatização. “No Crea Maranhão, a operação Ar Puro, em parceria com a Vigilância Sanitária, vai fiscalizar grandes empreendimentos, como hospitais e shoppings, e depois os menores”, adianta Wesley Assis, presidente do Crea-MA.

A participação da comunidade é essencial. “A sociedade deve fiscalizar a qualidade do ar em estabelecimentos públicos e privados. É importante informar as pessoas sobre o tema”, conclui Lucas Carneiro, coordenador adjunto da comissão.

Lei obriga ar-condicionado em todo transporte público do DF

Aprovada pela Câmara Legislativa nesta terça-feira (5), a Lei nº 7.429/2024 estipula a instalação de ar-condicionado nos veículos do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF (STPC/DF), após veto do Poder Executivo ser derrubado.

O intuito é garantir conforto aos passageiros, proporcionando temperatura mais amena durante os períodos quentes. Além disso, a norma exige que as empresas do STPC/DF instalem medidores de temperatura e apresentem selos de revisão com dados sobre manutenção e periodicidade.

As companhias de ônibus têm 3 anos para adaptar suas frotas, sob pena de sanções administrativas, como recolhimento e impedimento de circulação de veículos não adaptados, além de possíveis perdas de licitação para prestação de serviços de transporte público coletivo.

Trabalho de entidades setoriais faz toda diferença para o HVAC-R

Sinergia entre organizações associativas, sindicais e conselhos profissionais beneficia o desenvolvimento da cadeia produtiva do frio e da qualificação de mão de obra.

Reconhecidas pelo incansável trabalho em benefício dos setores e das categorias que representam, as entidades patronais e de empregados atuantes no País fazem, em sua maioria, toda diferença para o desenvolvimento de empresas e trabalhadores.

A mesma realidade se aplica ao HVAC-R, que está bem servido por associações, sindicatos e conselhos profissionais, cada qual defendendo suas demandas, inclusive diante do poder público, mas com um forte senso de que o sucesso de um é compartilhado por toda cadeia do frio.

Exemplo desta ampla teia colaborativa, a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) é uma entidade patronal que representa esses quatro setores da economia.

Fundada em 1962, compreende toda cadeia produtiva – indústria, comércio e serviços –, responsável pela geração de mais de 300 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Suas empresas associadas estão baseadas na engenharia, tendo como principais temáticas eficiência energética, preservação e melhoria do meio ambiente, sustentabilidade, qualidade do ar, tratamento de águas, normalização, capacitação de pessoas, apoio ao desenvolvimento e inovações tecnológicas e aprimoramento das boas práticas de engenharia.

A Abrava tem um conselho de administração para desfrutar legalmente das devidas representatividades entre suas empresas associadas e a sociedade brasileira. Afinal, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o CA é o responsável por exercer o papel de guardião dos princípios, dos valores, do objeto social e do sistema de governança da organização, além de prevenir e administrar conflitos de interesses e buscar que cada parte interessada receba benefícios apropriados ao vínculo que possui com a organização e ao risco a que está exposta.

“Nossa entidade foi uma das primeiras, se não a primeira associação brasileira a criar um compliance associativo, que tem servido de referência para outras organizações”, enfatiza o presidente-executivo da organização, Arnaldo Basile.

O dirigente explica que o conselho de administração da Abrava é formado por 27 membros e tem atribuições bem definidas, como decidir estratégias de negócios considerando os impactos das atividades na sociedade e no meio ambiente, visando a perenidade da organização e a criação de valor no longo prazo; avaliar periodicamente a exposição da organização a riscos e a eficácia dos sistemas de gerenciamento de riscos, dos controles internos e do compliance, de modo a aprovar uma política de riscos compatível com as estratégias de atividades.

Além disso, o CA define os valores e princípios éticos da organização e zela pela manutenção da transparência no relacionamento com todas as partes envolvidas, e revê e aprimora periodicamente o sistema de governança da entidade.

Ainda de acordo com Basile, as vantagens que as empresas associadas encontram na entidade são a representatividade diante de outras organizações privadas e públicas e o acesso aos serviços desenvolvidos com base na sua missão, objetivos e visão, ações que dificilmente conseguiriam desenvolver isoladamente, por falta de representatividade, e sem os consideráveis investimentos financeiros e humanos.

Atualmente, a Abrava conta com a estrutura de 14 departamentos nacionais e cinco comitês, cada qual operando com independência para desenvolver as questões relacionadas com seus respectivos nichos de mercado.

Entre suas realizações mais marcantes estão a criação do Plano Nacional de Qualidade do Ar de Interiores (PNQAI) e a ativa atuação em prol da Lei  13.589/2018, a famigerada Lei do PMOC. “Foi na Abrava onde as discussões foram iniciadas, em 1998, com os primeiros contatos com parlamentares”, lembrou Basile.

Igualmente patronal, o Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar-SP) foi fundado em 1970, a partir de reuniões realizadas na coirmã Abrava, confirmando a longa sinergia entre as entidades representativas da cadeia produtiva do frio.

É considerada a mais antiga entidade sindical do setor no País e também representa as empresas do HVAC-R diante de governos, instituições e sindicatos, desempenhando o papel de fonte de informação e agente estratégico para projetos de integração, troca de experiências e fomento.

Além da representação setorial, estimula a liderança e a união de propósitos para as demandas do setor, por meio de parcerias com a Fiesp e o Ciesp, onde são oferecidas às empresas e seus profissionais condições especiais para aquisição de produtos e serviços.

Este rol engloba assessoria jurídica, tributária e trabalhista; relações estratégicas com entidades afins; relações institucionais com órgãos do governo, instituições e empresas; acompanhamento e disponibilização de dados do HVAC-R; realização de eventos estratégicos de relacionamento; parceria com o Senai para capacitação de profissionais; cursos e palestras em diversas áreas de interesse do empresariado; ações de apoio à exportação e importação; negociações sindicais e convenções coletivas; e informações sobre segurança do trabalho, normas regulamentadoras, PGR e eSocial.

“Desde sua fundação, o Sindratar-SP tem como missão unir empresas que acreditam na indústria e na prestação de serviços de climatização e refrigeração e em sua importância para o Brasil, em especial para o estado de São Paulo”, resume o gerente-executivo Marcelo Mesquita, destacando que a entidade conta hoje com 82 empresas associadas, pertencentes a seis centrais sindicais.

Além de participar da aprovação da Lei do PMOC, o sindicato enfatiza a participação no processo de formalização, pelo governo brasileiro, da Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal, importante ação ambiental de proteção ao clima que prevê investimentos iniciais de US$ 100 milhões, montante oriundo de fundo internacional para capacitação de profissionais e modernização das indústrias e do mercado para a substituição dos HFCs de alto potencial de aquecimento global (GWP).

Presidente do Sindratar-SP e do conselho administrativo da Abrava, Pedro Evangelinos considera que a implantação do conselho consultivo para as áreas de refrigeração e climatização na Escola Senai Oscar Rodrigues Alves, presidido por ele, foi um dos grandes avanços dos últimos 30 anos.

“O conselho foi constituído objetivando manter a contínua cooperação entre o Senai e os representantes de empresas do HVAC-R para a solução de problemas relativos à formação de profissionais, atendendo a necessidades do setor”, afirma o dirigente, lembrando que desde o início dos anos 1990 até hoje, a escola já formou cerca de 200 mil profissionais para o mercado do frio.

“O papel desempenhado pelo conselho está nas suas atribuições, que se relacionam a colaborar com o Senai, de modo a identificar e analisar necessidades de formação profissional e sugerir medidas ao seu equacionamento e solução, desde propostas de alterações na reformulação dos cursos e currículos para adequá-los às exigências do mercado de trabalho e às inovações introduzidas nos processos produtivos até a orientação acerca de leiautes de oficina e laboratórios”, complementa Evangelinos.

Entidades mais jovens

Fundada em 1989 e com sede em São Paulo, a Smacna Brasil também tem reconhecida importância no setor do frio, pois congrega fabricantes e empresas instaladoras de sistemas de tratamento de ar e sua cadeia de fornecimento, patrocinando e promovendo os seus interesses e objetivos comuns. Da mesma forma, interage com os meios acadêmicos, instituições de pesquisas e organismos afins.

Paralelamente, desenvolve e difunde tecnologias avançadas em tratamento de ar, através de normas e artigos técnicos, contribuindo para o setor em vários níveis. A entidade é conhecida por promover uma relação mais estreita inteiramente direcionada às demandas do cliente final, por meio de divulgações de conhecimentos e orientações que atendam às suas necessidades na contratação de projetistas, instaladores, comissionadores e mantenedores.

“A troca de informações e experiências, inclusive com a Smacna Inc./USA, faculta às empresas brasileiras de engenharia termo ambiental, e por extensão os organismos com os quais se relaciona, a reciclar os seus conhecimentos adaptando-os às sempre renovadas necessidades do setor”, ressalta o presidente da entidade técnico-científica, Edson Alves.

O executivo reforça que o capítulo brasileiro oferece aos profissionais de engenharia e, em especial, ao cliente final, informações atualizadas e robustas sobre o planejamento, contratação, implementação e utilização dos sistemas para a melhoria da eficiência energética, com tecnologias inovadoras, atendendo os conceitos de ESG.

Entre suas realizações mais destacadas estão a criação do Guia de Garantia da Qualidade, que tem como objetivo nortear o sistema de gestão da qualidade para produtos e serviços fornecidos pelas empresas; e do Guia de Contratação de Empresa Especializada na Manutenção de Sistemas HVAC-R, além da realização de eventos com o Destaques do Ano Smacna Brasil, Smacna Day e do Programa Smacna de Educação Continuada em Tratamento de Ar.

Em operação desde o início de 2018, quando obteve sua carta sindical, o Sindicato das Empresas Prestadoras de Serviços no Segmento de Refrigeração, Aquecimento, Climatização e Ventilação do Rio Grande do Sul (Sindratar-RS) tem atualmente 24 empresas filiadas.

Além de congregar as empresas comerciais e de serviços que se dediquem às atividades econômicas representadas pelo segmento, também representa os interesses coletivos e individuais de seus associados e celebra contratos coletivos de trabalho, acordos e convenções coletivas de trabalho, com escopo de regulamentar os aspectos trabalhistas no tocante à atividade profissional e econômica, de forma a regulamentar os custos de mão de obra do setor.

“A criação do sindicato já pode ser destacada como uma vitória para o setor no Rio Grande do Sul, pois poucos estados são representados por uma entidade específica do HVAC-R. Estamos homologando a quarta convenção coletiva de trabalho com o sindicato laboral Sindigel, garantindo aos trabalhadores do setor um piso salarial justo, um ambiente de trabalho seguro, e as empresas a adequação e flexibilização de direitos de trabalho adequado às exigências do mercado, trazendo equilíbrio ao setor”, descreve o presidente Marcos Abel Silva Kologeski.

Criada em 1894, mas presente no Brasil somente a partir de 2002, a Ashrae é uma sociedade global que promove o bem-estar humano por meio de tecnologias sustentáveis para o ambiente construído. Sua atuação se dá nas áreas de edificações, eficiência energética, qualidade do ar interno, refrigeração e sustentabilidade dentro da indústria.

A entidade conta com 57 mil profissionais associados em mais de 130 países, grupo formado por estudantes, engenheiros consultores, contratantes, proprietários de edifícios e funcionários de empresas do setor, instituições educacionais, organizações de pesquisa, governo ou qualquer organização preocupada com o ambiente construído.

Entre suas atividades estão a redação de normas técnicas, realização de pesquisas, publicações, educação continuada e certificações profissionais. “Dentro de nosso capítulo Brasil, existem subcomitês, e o encarregado de relacionamento com instituições governamentais é o comitê de GAC (Governments Affairs). São firmados acordos de parceria ou memorandos de entendimento para colaboração técnica, tradução de normas ao português, realização de eventos conjuntos, divulgação de atividades, entre outras ações”, explica o presidente do Chapter Brasil da Ashrae, Walter Lenzi, que acumula funções de conselheiro do Ashrae Student Branch São Paulo e vice chair regional de atividades estudantis.

O dirigente ressalta a importância do projeto integrado em todos os empreendimentos, sendo necessária a participação de todos os involucrados, desde a concepção do projeto, elaboração e análise, obra e implantação de sistemas prediais, testes, comissionamento, entrega e recebimento do empreendimento, operação e manutenção durante o ciclo de vida deste empreendimento.

As principais responsabilidades da Ashrae Brasil no desenvolvimento do HVAC-R incluem a elaboração de publicações, manuais, guias e normas técnicas para o setor e realização de eventos, seminários, webinários e palestras para conscientização de boas práticas no ambiente construído (edifícios existentes e novas construções).

A entidade também é formada por 16 Student Branches, localizados nas universidades em vários estados do Brasil, com professores coordenadores dos grupos e estudantes participantes e membros dos SBs.

 Força regional

Embora a atuação simultânea em mais de um estado possa parecer prejudicial para o alcance da representatividade de um setor, a Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav) já provou que é, sim, possível operar com sucesso desta maneira.

Fundada em 1995, a entidade sediada em Porto Alegre (RS) também se faz presente em Santa Catarina (em parceria com o Senai-SC) e no Paraná (com a Escola Técnica Profissional), por meio de escritórios regionais, onde desenvolve ações em defesa dos interesses de seus 160 associados – em torno de 120 empresas e 40 pessoas físicas.

“Esta característica dá uma agilidade essencial para as rápidas tomadas de decisões, que se traduzem em iniciativas mais eficientes, focando em soluções e alternativas para o fortalecimento do mercado que representa. Neste sentido, o estímulo à qualificação profissional é um dos maiores objetivos da entidade”, explica o presidente Mário Henrique Canale, ao se referir ao “Programa Qualificar”, que terá muitas novidades neste ano.

O dirigente destaca que entre as mais destacadas realizações da Asbrav está a criação do Mercofrio – Congresso de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação do Mercosul, evento bianual realizado nos anos pares desde 1998, de forma itinerante nas capitais da região Sul.

“Este grande evento está muito bem consolidado como importante ferramenta de negócios e atualização profissional, que alia promoção comercial, apresentações de tecnologias e transferência de conhecimento”, salienta Canale.

Fiscalização profissional combate atuação clandestina

Criado pela Lei 13.639/2018, após mais de 40 anos de lutas dos técnicos industriais, o Sistema CFT/CRTs compreende 11 conselhos regionais pelo país, que são autarquias públicas federais. Antes, os técnicos industriais faziam parte Sistema Crea/Confea e, portanto, não tinham representatividade.

As principais funções dos CRTs são orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional dos técnicos industriais, cada qual no âmbito de um ou mais estados, para que os serviços sejam realizados por profissionais habilitados e em consonância com a legislação vigente. Também compete trabalhar pela valorização e qualificação profissional.

Os conselhos promovem a fiscalização de mais de 90 modalidades diferentes, como edificações, agrimensura, mecânica, eletrotécnica, telecomunicações, eletrônica, além da climatização e refrigeração. Só no estado de São Paulo, aproximadamente 125 mil técnicos estão registrados no CRT-SP. Desse universo, cerca de 1.500 profissionais atuam com refrigeração e climatização.

“Os que exercem a profissão na informalidade devem ser conscientizados de que o registro é obrigatório. Agindo na ilegalidade, eles estão prejudicando a si mesmo e colocando em risco a sociedade”, alerta o presidente do CRT-SP, Gilberto Takao Sakamoto.

O dirigente explica que, para o setor de climatização, duas resoluções foram baixadas pelo Conselho Federal dos Técnicos Industriais – a Resolução CFT nº 068/2019, que define quais profissionais técnicos estão habilitados para elaboração e execução do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de sistemas de climatização de ambiente; e a Resolução CFT nº 123/2020, a qual define as atribuições do técnico industrial em refrigeração e climatização e do técnico industrial em refrigeração e ar-condicionado.

“Apesar de relativamente novo, o Sistema CFT/CRTs já abriu novos campos e oportunidades de trabalho, graças às resoluções baixadas, que esclareceram suas atribuições. A grande quantidade de TRTs recolhidas comprova esse crescimento do mercado de trabalho para os técnicos, número que tende a aumentar conforme os profissionais e a sociedade vão sendo devidamente informados de que somente os que são habilitados e registrados podem realizar serviços de forma legal e segura”, conclui Sakamoto.

Toda mudança é bem-vinda para Paola Freitas

À frente da Teclar Climatização, Paola Christine Ferreira Santana Freitas, atua na gestão de sua empresa, além de colocar a mão na massa com visitas técnicas e atendimento ao cliente. Nascida e criada em Belo Horizonte (MG), ela é formada em Administração de Empresas, cursando Bacharelado em Marketing Digital, além de cursos com qualificação na área de instalação e manutenção de ar condicionado e integrador solar.

A grande mudança de seus planos profissionais aconteceu em 2013, quando desistiu de ser professora da rede estadual de ensino e seguir a carreira no setor de HVAC-R.

“Meu esposo trabalhava como vendedor em uma revenda de ar condicionado, onde comecei a conhecer um pouco da área e me aconselhou a fazer uma pesquisa sobre o mercado de refrigeração e climatização. No final de 2013, encerrei meu contrato como professora designada do estado na rede estadual e me apaixonei pelo setor. Comecei a fazer os cursos oferecidos pelas revendas. Assim, fiz um plano de negócios para minha empresa. Na ocasião, era um escritório com 24 metros quadrados fazendo serviço administrativo e quando tinha que atender um cliente, eu mesma ia. Nossa demanda cresceu, conquistamos muitos clientes e expandimos os negócios contratando técnicos e auxiliares mecânicos, com foco no PMOC. Em 2014, inauguramos a Teclar e hoje, já com quase 10 anos de mercado, nos consolidamos no setor de HVAC-R”, comemora Paola.

Ela conta que, no início, sentiu muito medo de enfrentar o mercado, dominado por homens, pois não sabia como seria a aceitação.

“Um dos maiores desafios foi quando o cliente ligava e procurava pelo técnico e não aceitava que eu o ajudasse. Até hoje, alguns clientes ainda esperam ser atendidos por homens, mas sigo em frente, com ousadia! Entre 2015 e 2016, enfrentamos dificuldade com alguns cancelamentos de contratos e tivemos que correr atrás de novos clientes. Confesso que, situações conflituosas nos ajudam a sair da zona de conforto. Trabalhei muito aos finais de semana para conseguir conquistar novos clientes e ter um faturamento desejado e hoje, podemos dizer que conseguimos novamente nossa posição no mercado”, comemora.

 Fortes e corajosas

Para Paola, a mulher tem uma força inigualável dentro de si: “Somos fortes e corajosas! Vejo o quanto essa força ajuda o mercado com novos olhares, percepções e valores. Basta olhar o crescimento do número de mulheres atuando no setor de vendas, projetos e em campo. Hoje, estamos espalhadas em todos os departamentos e ganhando mercado devido a nossa capacidade de sermos resilientes e esforçadas. Sim, o mundo mudou! Antes, a mulher era vista como incapaz, mas, a cada dia estamos vendo mulheres engenheiras, técnicas, administradoras, e acredito que o setor percebeu que a diversidade contribui para um crescimento exponencial”.

Atualmente, Paola utiliza seus canais digitais no Instagram, Tik Tok e Youtube, compartilhando dicas de boas práticas de instalação, equipamentos de condicionadores de ar da Elgin, da qual faz parte como Membro da Seleção do Ar.

“Também utilizo minhas redes sociais para dar dicas sobre marketing e vendas através de lives com fornecimento de e-books para todos. Em junho, a pedido de seguidores, montei um curso completo sobre marketing na refrigeração com objetivo de ajudar os instaladores a criarem seu próprio planejamento estratégico de marketing e gerarem conteúdo que vai atrair o cliente”, diz Paola.

Mãe da Geovanna, com 14 anos; da Valentina, com 7 anos; e do Pedro, com 4 anos, ela gosta de fazer passeios ao ar livre com seus filhos, seu marido, e seu cachorro, um pastor alemão. Evangélica, Paola se orgulha em dizer que, durante nove anos, fez trabalho com pessoas em situação de rua e com presidiários atuando como capelã de sua igreja, e acrescenta: “Não há tesouro maior no sorriso ou no abraço de meus filhos”.

Num momento só de meninas, Paola se diverte com suas filhas Geovanna e Valentina

Em apenas meia década, PMOC acelera mudanças no setor de climatização

Em apenas cinco anos, a legislação do Plano de Manutenção, Operação e Controle foi responsável por promover uma importante diferença positiva no setor, principalmente porque tornou a adoção do PMOC obrigatória para estabelecimentos que possuem sistemas de climatização central.

Especialistas no tema concordam que o PMOC teve importante papel durante pandemia de covid-19 no País. Quando os primeiros casos da doença foram detectados por aqui, no final de fevereiro de 2020, a Lei 13.589/2018 já estava em vigor há dois anos.

Porém, sua história começou muito antes, a partir da criação da Norma ABNT NBR 13.971/1997. No início dos anos 2000, a trajetória ganhou mais robustez, quando a Anvisa começou a identificar os riscos à saúde associados aos sistemas de climatização central sem a devida manutenção. Em 2003, a agência publicou a Resolução 9/2003, estabelecendo requisitos mínimos para o controle da qualidade do ar interior (QAI) em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, a exemplo de prédios públicos, shoppings centers, consultórios médicos e odontológicos, laboratórios, clínicas, drogarias e hospitais, entre outros estabelecimentos.

Desde então, o mercado passou a se adaptar às novas exigências, realizando a instalação de equipamentos e sistemas de filtragem de ar, bem como a elaboração e implementação de planos de manutenção, operação e controle dos sistemas de climatização.

Este fator, aliado à Lei 13.589/2018, aos conhecimentos sobre a importância da qualidade do ar de interiores e às medidas de proteção, foi decisivo para minimizar o impacto das contaminações nos estabelecimentos que até aquele momento tinham cumprido as regras.

“Nestes cinco anos, as principais mudanças ocorreram para as empresas de menor porte, pois as maiores ou multinacionais já estavam se regularizando, uma vez que o PMOC já era exigido. A observação das diretrizes ESG também determina o cumprimento de todas as normas, regras e leis para garantia das melhores condições ambientais, o que necessariamente remete ao PMOC”, pondera o engenheiro Arnaldo Lopes Parra, diretor da Associação Brasileira de Refrigeração Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

De acordo com o Regulamento Técnico do PMOC (Portaria 3.523/1998), para estabelecimentos com equipamentos de climatização instalados acima de 60.000 BTU/h, há a exigência de se manter um responsável técnico legalmente habilitado, cujas atribuições são determinadas em seu sexto artigo.

Segundo esta mesma Portaria, cabe ao responsável técnico elaborar o PMOC com base nas normas ABNT, tais como a NBR 13971, NBR 16401, NBR 16655, NBR 14518, entre outras, bem como considerar as especificações dos fabricantes.

“Com essas informações e com sua imprescindível experiência na área, o RT montará o quadro de atividades, de forma a atender às necessidades locais e às exigências legais, visando garantir a segurança, o bem-estar e a saúde dos ocupantes dos ambientes climatizados, proporcionando as melhores condições da qualidade do ar de interiores”, salienta Parra.

Por ser uma exigência legal, a falta ou o descumprimento do PMOC, total ou parcialmente, pode ensejar multas por infração sanitária em diversas instâncias, tais como as estabelecidas pelo código sanitário de cada município, assim como por meio do art. 9º da Portaria 3.523/1998. Este trecho aponta o descumprimento do PMOC com penalidades previstas na Lei nº 6.437/1977, a qual estabelece multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, considerando gravidade da infração e porte do estabelecimento.

“Existem vários casos de interdição de estabelecimentos que reiteradamente descumprem as determinações legais, visto que em episódios mais graves haverá riscos aos ocupantes dos ambientes em condições de forte contaminação”, alerta o dirigente da Abrava.

Parra entende que, após meia década, se faz necessária a revisão dos parâmetros da qualidade do ar de interiores, que atualmente são regidos pela Resolução 9/2003, da Anvisa.

“As condições climáticas atuais, principalmente a concentração de CO2 na atmosfera, mudaram desde 1998, assim como a realização de ajustes para outros poluentes, inclusão para análise (tal como a concentração de radônio), podem melhorar a avaliação dos espaços internos. Existe ampla discussão, no momento, para estabelecermos novos limites, para modernização e revisão de valores e métodos”, ressalta o engenheiro.

Mudanças no mercado desde o início da implementação de projetos baseados na legislação de 2018 também foram notadas pela diretora da Indústrias Tosi, Patrice Tosi.

“Se antes era algo mais voltado para as centrais de água gelada, hoje em dia já serve para qualquer ar-condicionado ou obra acima de 5 TRs. Cada vez mais, as pessoas buscam o PMOC, então as empresas que querem atender corretamente têm de se adaptar e obedecer às normas. Afinal, as fiscalizações estão mais rigorosas desde sua implementação”, argumenta.

Assim como qualquer outra legislação, o PMOC ainda precisa lidar com alguns desafios, como a falta de conscientização e informação das empresas, carência de uma fiscalização mais rigorosa e efetiva e deficiência na capacitação técnica – muitas empresas não contam com esses profissionais –, que acabam tendo um custo mais elevado quando o PMOC é implementado. “Estes são alguns pontos que sabemos que precisam ser melhorados, para serem efetivos em todos os tipos de obras”, complementa Patrice.

Partindo da mesma visão, o diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, afirma que os principais resultados da Lei do PMOC foram, em grande parte, a estruturação e o acompanhamento dos serviços de manutenção dos ativos incluídos nos sistemas de climatização prediais, ou seja, equipamentos, infraestrutura, desempenho energético, conforto e saúde das pessoas.

“Para aqueles que adotaram o PMOC para valer, não apenas para constar, o ganho passou a ser mensurável, na medida em que se permitiram a documentação das ações de prevenção e a correção nos sistemas implementados. Em empresas com gestão de mais de um sistema, tanto para as de serviço quanto para os operadores de utilidades, o ganho ficou evidente, o que permitiu o aumento da adesão à implementação e prática do PMOC”, explica.

O empresário entende que, para fortalecer ainda mais a adoção do PMOC no mercado nacional, a fiscalização por parte dos órgãos de controle sanitário deveria ser ampliada, com a obrigatoriedade da submissão dos relatórios de avaliação para a adequada análise pelas entidades responsáveis.

“Com a obrigatoriedade da realização do PMOC, sistemas e edificações têm melhorado em qualidade, limpeza e funcionamento, melhorando os ambientes que as pessoas ocupam”, afirma o engenheiro Walter Lenzi, presidente da Ashrae Brasil.

O dirigente argumenta que entre os principais desafios para o PMOC está o fato de que todos os proprietários de edificações que possuam um sistema de ventilação e ar condicionado devem fiscalizar e manter os sistemas operando da maneira como foram projetados. “Tudo deve funcionar da forma que foram entregues, testados e comissionados no início da sua existência”, completa.

 

PMOC digital

Realidade no HVAC-R, o uso da tecnologia no trabalho com o PMOC tem sido uma importante ferramenta de trabalho para mecânicos, empresários e gerentes de serviços, a partir de aplicativos que reúnem a parte da formalização do PMOC, tal como check-list das atividades, coleta de assinaturas do cliente, executor, fotos do “antes e depois”, tudo criado na nuvem e transformado automaticamente no relatório mensal.

“Além desta parte, aplicativos sofisticados permitem controle de estoque da empresa e do carro-oficina, controle de frota, tempo dispendido em trânsito e nas atividades, incluindo geolocalização. É um grande avanço para a administração dos negócios, e permite corrigir desvios de maneira fácil e transparente”, pontua o engenheiro Arnaldo Lopes Parra.

Para o diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, a execução de um PMOC não requer tecnologia de ponta, nem estudo técnico suplementar, mas apenas conhecimento básico sobre os aspectos construtivos e operacionais do sistema-alvo e informações acessadas ou geradas na própria elaboração do plano. “Por esse motivo, é uma excelente oportunidade para envolver no processo as equipes de manutenção e operação do sistema”, detalha.

Nesta mesma linha, o CTO da Cadclima Engenharia, Francisco José de Abreu, entende que executar o planejado, avaliar continuamente as dificuldades encontradas e os resultados obtidos devem ter foco na busca pela melhoria de todo o processo que compõe o PMOC.

“Para isso, são fundamentais as avaliações semestrais da qualidade do ar prevista na mesma lei. Considerando as facilidades oferecidas por estas ferramentas não há desculpas para não adotá-las, uma vez que elas facilitam o trabalho dos clientes, prestadores de serviços, usuários e fiscais do processo”, completa o executivo.

Após cinco anos da implementação do PMOC, certamente ainda há muitos desafios a serem enfrentados, concordam especialistas ouvidos pela Revista do Frio. E no centro dessa nova realidade está a conscientização dos proprietários e gestores de facilities sobre a importância da manutenção adequada dos sistemas de climatização.