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Nova geração de fluidos sintéticos impulsiona a refrigeração sustentável

Com a eliminação gradual dos fluidos R-22 e R-404A devido ao seu impacto ambiental, o setor investe em opções sintéticas de baixo GWP

 Diante dos compromissos ambientais globais e das regulamentações cada vez mais rígidas, o setor de refrigeração e climatização tem buscado alternativas sustentáveis aos tradicionais fluidos refrigerantes R-22 e R-404A. Ambos os compostos, amplamente utilizados por décadas, estão sendo progressivamente eliminados por seu alto potencial de destruição da camada de ozônio (ODP) e elevado potencial de aquecimento global (GWP). Nesse contexto, surgem os fluidos alternativos não naturais que, embora sintéticos, apresentam um perfil ambiental mais favorável e são essenciais na transição rumo a sistemas mais ecológicos e eficientes. Embora não sejam naturais, os novos compostos representam um passo importante rumo à eficiência energética e à preservação do meio ambiente.

O R-22, pertencente à família dos HCFCs (hidrocloro-fluorcarbonos), possui um ODP de 0,05 e GWP de cerca de 1.810, sendo progressivamente retirado do mercado conforme o Protocolo de Montreal. Já o R-404A, um HFC (hidrofluorcarbono) com GWP altíssimo – aproximadamente 3.922 – também entrou na lista de compostos com uso restrito. Como resposta, a indústria desenvolveu diversas alternativas técnicas e ambientais que buscam equilibrar desempenho e menor impacto climático.

“Na última década, diversos setores da indústria de HVAC-R foram impactados pela redução global de gases refrigerantes com alto potencial de aquecimento global (GWP). Muitas regiões estão impondo a redução da produção e do consumo de refrigerantes tradicionais, como hidroclorofluorocarbonos (HCFCs) e hidrofluorocarbonos (HFCs) – R-22 e R-404A, respectivamente. Usuários finais do varejo também estão migrando para alternativas mais ecológicas para apoiar suas metas de sustentabilidade ambiental e descarbonização”, informa Joana Canozzi, diretora de engenharia e serviços da Copeland e especialista em fluidos refrigerantes.

Entre as principais opções para substituir o R-22, destacam-se os fluidos HFCs e HFOs (hidrofluorolefinas), como o R-407C, R-407A, R-438A e R-422D. O R-407C, por exemplo, tem GWP de 1.774 e zero ODP, sendo compatível com muitos sistemas originalmente projetados para o R-22. Já o R-438A oferece uma substituição mais direta, com GWP de cerca de 2.265 e ODP zero. Essas opções permitem atualização de equipamentos antigos com adaptações mínimas.

Para o R-404A, as alternativas mais sustentáveis incluem o R-448A, R-449A, R-452A e R-407A. O R-448A, por exemplo, tem GWP de aproximadamente 1.273, uma redução significativa em relação ao R-404A, além de boa eficiência energética e compatibilidade com os óleos POE. O R-449A apresenta características similares, com GWP de 1.397. Ambos têm sido amplamente adotados em supermercados e sistemas comerciais de médio porte. O R-452A, com GWP de 2.141, é indicado para aplicações que exigem alta capacidade de resfriamento, como transporte refrigerado. Já o R-407A tem GWP de 2.107 e pode ser usado em sistemas com arquitetura semelhante à do R-404A, com mudanças nos ajustes de pressão e controle.

“Os refrigerantes A2L surgiram como alternativas líderes de baixo GWP, oferecendo características de desempenho comparáveis e uma menor pegada de carbono. De acordo com as classificações de refrigerantes da ASHRAE, os refrigerantes A2L têm uma classificação de “baixa inflamabilidade” que os diferencia dos refrigerantes tradicionais A1. Consequentemente, normas internacionais de segurança para produtos e aplicações estabeleceram diretrizes para o uso seguro de refrigerantes A2L. Os A2Ls oferecem uma redução significativa no GWP e zero potencial de destruição do ozônio (ODP), preservando a eficiência energética, o desempenho e alinhando-se às metas globais de descarbonização”, destaca a especialista.

Ela cita um exemplo de aplicação do A2L em uma grande rede de supermercados: “Recentemente, trabalhamos com uma grande rede de supermercados para substituir um sistema de refrigeração baseado em R-22 em uma de suas unidades por uma solução utilizando o refrigerante A2L R-454C. Este projeto não apenas melhorou a eficiência energética do sistema de refrigeração do supermercado, mas também reduziu significativamente as emissões de gases de efeito estufa, demonstrando o compromisso do varejista com a sustentabilidade e a inovação na cadeia do frio”.

Apesar de não serem classificados como naturais, esses fluidos alternativos cumprem papel importante na transição para um futuro mais sustentável, ao mesmo tempo em que mantêm a confiabilidade operacional exigida por aplicações comerciais e industriais. Outra vantagem é que muitos deles podem ser usados em sistemas existentes com adaptações limitadas, o que reduz custos de conversão e descarte de equipamentos.

Solução utilizando o A2L R-454C reduz as emissões de gases de efeito estufa, demonstrando o compromisso com a sustentabilidade

 

 Impacto dos refrigerantes no clima

O efeito estufa é um fenômeno natural que mantém a Terra aquecida ao reter parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre. Ele é essencial para a vida como conhecemos. No entanto, as atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e o uso de certos gases industriais, incluindo refrigerantes, aumentam significativamente a concentração de gases estufa na atmosfera, intensificando esse efeito e provocando o aquecimento global.

Os principais gases envolvidos são o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxidos de nitrogênio (NOx) e os HFCs, como o R-404A. A contribuição de cada gás ao aquecimento global é medida por seu Potencial de Aquecimento Global (GWP), que compara o impacto de uma tonelada do gás com o CO‚  ao longo de 100 anos. Por exemplo, o R-404A tem um GWP cerca de 3.922 vezes maior que o CO2, ou seja, um quilo de R-404A liberado na atmosfera tem o mesmo efeito estufa que quase quatro toneladas de CO2.

Já o Potencial de Destruição da Camada de Ozônio (ODP) mede o impacto de um gás sobre a camada de ozônio, que protege a Terra da radiação ultravioleta. O R-22, por exemplo, ainda tem um ODP baixo, mas diferente dos HFCs mais modernos que apresentam ODP zero.

A substituição dos fluidos refrigerantes com alto GWP e ODP por alternativas mais seguras é uma das formas mais diretas de mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger a camada de ozônio. Por isso, além das tecnologias, é essencial compreender os conceitos por trás desses índices e como cada decisão no setor HVAC-R pode fazer diferença no equilíbrio ambiental do planeta.

“O R-454B, R-454C e R-32 estão entre as alternativas A2L mais adotadas. Eles são amplamente usados em aplicações residenciais e comerciais de climatização e bombas de calor, bem como em equipamentos comerciais de refrigeração. Esses refrigerantes A2L têm GWP significativamente mais baixos do que os refrigerantes HFC e HCFC tradicionais, reduzindo consideravelmente os impactos ambientais dessas aplicações. Inclusive, já existem normais locais que comtemplam as questões de segurança para a aplicação do A2L como a ABNT, NBR e ISO 5149”, explica Joana.

A seguir, listamos algumas das principais alternativas para substituição.

Esses fluidos não naturais têm como principal vantagem o baixo ODP e GWP reduzido em relação aos antecessores. Além disso, muitos podem ser usados em sistemas existentes com adaptações mínimas, reduzindo custos e evitando o descarte prematuro de equipamentos. Contudo, a transição exige atenção. É essencial avaliar pressões de trabalho, compatibilidade de materiais, tipo de óleo lubrificante (geralmente POE) e ajustes nos componentes de controle. O uso de boas práticas é indispensável para garantir eficiência energética e evitar vazamentos – que podem anular os ganhos ambientais. Além dos aspectos técnicos, a capacitação profissional é vital. Conhecer os dados dos fluidos, aplicar normas de segurança e manter os sistemas bem ajustados faz parte do compromisso com a sustentabilidade no setor de HVAC-R.

 

Troféu Oswaldo Moreira 2025 reconhece profissionais e empresas do setor HVAC-R

Premiação da Revista do Frio chega à 27ª edição com votação aberta ao público

A 27ª edição do Troféu Oswaldo Moreira (TOM 2025) foi realizada em 26 de junho na Casa Itaim, em São Paulo, com a entrega de homenagens a profissionais e empresas atuantes nos segmentos de refrigeração e ar condicionado. Promovido pela Revista do Frio e pelo Clube o Frio, o evento reuniu representantes da indústria e do comércio HVAC-R e contou com votação aberta realizada pela internet a partir de 12 de junho.

Ao todo, 12.909 pessoas participaram da escolha dos vencedores em sete categorias. O prêmio foi criado em 1991 e, desde 1998, leva o nome do fundador da publicação, Oswaldo Moreira. A cerimônia é também reconhecida como espaço de encontro entre profissionais do setor.

Durante o evento, foi feita uma homenagem póstuma ao Sr. Arlindo Pereira, cofundador da Trineva, falecido em março deste ano aos 82 anos.

Os premiados desta edição foram:

  • Personalidade do Comércio HVAC-R: Tiziano Filho (Leveros), com 45% dos votos
  • Distribuidor de Insumos HVAC-R: Climario, com 49,6%
  • Personalidade da Indústria HVAC-R: Gilmar Oliveira (Daikin), com 45,2%
  • Distribuidor de Ar Condicionado: Leveros, com 44,3%
  • Indústria de Ar Condicionado: LG, com 45,8%
  • Indústria de Refrigeração: Brasil Soldas, com 42,2%
  • Personalidade Instaladores/Influenciadores: Kleber Milênio, com 39%

A premiação, que já foi chamada de Urso Branco, passou a se chamar Troféu Oswaldo Moreira em 1998. A iniciativa segue com o objetivo de reconhecer os esforços de quem contribui para o aprimoramento da qualidade no setor HVAC-R brasileiro.

Seminário apresenta soluções para reduzir impacto ambiental da climatização

Evento discute substituição de equipamentos com HCFCs e viabilidade de distritos térmicos

Representantes do setor de climatização e refrigeração participaram nesta quarta-feira (26) do seminário “Projetos para o Setor AVAC-R – Promovendo Ações em Benefício da Camada de Ozônio e do Clima”, realizado em São Paulo. O encontro, que segue até esta quinta-feira (27), é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a ABRAVA e a ELETROS.

Um dos eixos centrais do evento é o programa de assistência técnica voltado à substituição de sistemas de ar condicionado que utilizam substâncias prejudiciais à Camada de Ozônio, como os fluidos refrigerantes HCFC-22 e HCFC-123. A proposta visa incentivar o uso de tecnologias com menor impacto ambiental e maior eficiência energética. Edifícios comerciais e industriais, como hospitais, hotéis, shopping centers e data centers, estão entre os públicos-alvo da iniciativa.

Durante o seminário, foram apresentados critérios de elegibilidade e o cronograma de atividades previsto para 2025 e 2026. De acordo com Edgard Soares, assessor técnico do projeto no PNUD, o foco está na promoção de soluções modernas para sistemas de climatização, alinhadas às metas climáticas e de conservação da Camada de Ozônio.

Outro tema abordado foram os distritos térmicos. Nesses sistemas, uma central única realiza o resfriamento ou aquecimento e distribui água gelada ou quente para diferentes edifícios. A alternativa é apontada como mais eficiente do ponto de vista energético e operacional. Experiências brasileiras e sete casos implementados na Colômbia foram apresentados durante o evento. Também está em andamento um estudo para mapear empreendimentos viáveis no Brasil.

A discussão sobre data centers foi outro ponto destacado. O país ocupa a 13ª posição entre os maiores mercados do setor, o que amplia a necessidade de avaliar o consumo energético e as emissões desses empreendimentos. Segundo a gerente de projetos do PNUD, Ana Paula Leal, o seminário aborda as tecnologias disponíveis, a situação da infraestrutura brasileira e experiências internacionais. O objetivo é discutir a viabilidade de projetos demonstrativos e as etapas seguintes de implementação.

O analista ambiental do MMA, Frank Amorim, ressaltou que o evento contribui para a construção da estratégia nacional de implementação da Emenda de Kigali, que trata da eliminação progressiva dos HFCs. Está prevista, para 2026, a negociação de recursos com o Fundo Multilateral para a etapa inicial do programa no Brasil. Amorim destacou o potencial de tecnologias como o liquid cooling para data centers, que combinam menor impacto ambiental e alta eficiência energética.

Troféu Oswaldo Moreira 2025

FRANÇA – Refrigeração busca reconhecimento como infraestrutura essencial

No Dia Mundial da Refrigeração, IIR propõe comitês nacionais e defende integração global do setor


FRANÇA – O Instituto Internacional de Refrigeração (IIR) defendeu nesta quinta-feira (26) o reconhecimento da refrigeração como infraestrutura crítica para a saúde, segurança alimentar, eficiência energética e sustentabilidade climática. A manifestação ocorre no contexto do Dia Mundial da Refrigeração, celebrado anualmente em 26 de junho.

Como parte das ações, o IIR propôs a criação de comitês nacionais de refrigeração. Esses grupos intersetoriais teriam a função de coordenar estratégias e políticas voltadas ao uso sustentável da refrigeração em diferentes frentes — da criogenia e aplicações em temperaturas ultrabaixas às cadeias de frio para alimentos e medicamentos, passando por sistemas de ar condicionado e bombas de calor.

Segundo a entidade, os comitês devem incluir representantes dos setores público e privado, além de técnicos e formuladores de políticas, com o objetivo de ampliar a participação social e promover uma abordagem integrada. O instituto afirma que essa estrutura contribuiria para o fortalecimento dos sistemas alimentares, da saúde pública, da indústria e da resposta às mudanças climáticas.

A posição do IIR foi reforçada durante o evento internacional realizado em 18 de junho em Paris, que antecedeu a data comemorativa. Com a presença de mais de 170 participantes de 60 países — entre representantes governamentais, industriais, pesquisadores e membros de organizações internacionais — o encontro teve como tema a refrigeração como infraestrutura essencial.

Para a entidade, que atua como organismo científico intergovernamental, a inclusão da refrigeração nas agendas nacionais e internacionais é necessária para garantir o desenvolvimento sustentável e a resiliência climática. “Esta é a década em que a refrigeração sustentável moldará nossas sociedades”, disse Yosr Allouche, diretor-geral do IIR, durante o evento.

A instituição também convocou mais países a se juntarem formalmente à sua missão e a apoiarem os esforços multilaterais para consolidar o papel da refrigeração nas políticas públicas globais. A proposta do IIR é que o setor atue como um vetor estratégico nas áreas de saúde, alimentação, energia e meio ambiente.

Indústria indica retomada em maio

Expectativas melhoram, mas emprego e investimento seguem abaixo do ideal

A produção industrial brasileira apresentou sinais de recuperação em maio de 2025, com o índice de evolução da produção atingindo 52 pontos, acima da linha de 50 que separa crescimento de retração, segundo a Sondagem Industrial divulgada nesta terça-feira (24) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Em abril, o índice havia ficado em 47,8 pontos.

A melhora também é observada na comparação anual. Em maio de 2024, o índice marcava 47,4 pontos. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) também subiu um ponto percentual no mês, de 69% para 70%, superando os níveis de maio de 2024 e de 2023.

O levantamento revela, no entanto, que o ritmo de recuperação é moderado. O índice que mede a evolução do número de empregados permaneceu abaixo da linha de 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo, registrando 49,6 pontos em maio. Ainda assim, o resultado representa uma queda menos intensa em relação ao mesmo mês de 2024 (49 pontos) e de 2023 (49 pontos).

Outro dado que mostra desequilíbrio foi o avanço dos estoques de produtos acabados. O índice de estoques superou o nível planejado pelos empresários pela primeira vez desde novembro de 2023, com 50,4 pontos. O índice de estoque efetivo em relação ao planejado alcançou 50,5 pontos.

Em relação às expectativas para os próximos seis meses, a pesquisa mostra melhora. O índice de expectativa de demanda subiu de 54,4 pontos em maio para 55,6 pontos em junho. O de exportações passou de 51,9 para 52,5 pontos, e o de compras de insumos e matérias-primas, de 53,2 para 53,9 pontos. Já a expectativa quanto ao número de empregados manteve-se estável, com 51,4 pontos.

A intenção de investimento, no entanto, segue em queda no acumulado do ano. Em junho de 2025, o índice ficou em 56,1 pontos, mesmo nível de maio. O resultado representa recuo de 2,7 pontos desde o pico observado em dezembro de 2024. Em junho de 2024, o índice era de 57,4 pontos.

A sondagem foi realizada entre os dias 2 e 11 de junho, com 1.482 empresas: 591 de pequeno porte, 522 médias e 369 grandes

Presença feminina no setor HVAC-R é tema de nova pesquisa

Comitê de Mulheres da ABRAVA busca traçar perfil e desafios das profissionais da área

O Comitê de Mulheres da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) promove, ao longo de junho, a segunda edição de sua pesquisa voltada às mulheres que atuam nos segmentos representados pela entidade.

Realizada de forma online, a iniciativa tem como objetivo traçar o perfil das profissionais do setor HVAC-R (Aquecimento, Ventilação, Ar Condicionado e Refrigeração), identificando características, áreas de atuação e desafios enfrentados. A proposta é utilizar os dados para subsidiar a elaboração de um plano de ação que reflita as demandas e necessidades das mulheres que trabalham na área.

A nova edição retoma o levantamento feito em 2020, cujos resultados serviram de base para ações desenvolvidas pelo Comitê. Segundo Ana Carolina Rodrigues, vice-presidente do Comitê de Mulheres, o cruzamento dos dados entre as duas edições permitirá mensurar o comportamento e o perfil das profissionais do setor ao longo do tempo.

As perguntas do questionário abrangem dados como faixa etária, formação acadêmica, área de atuação, além de aspectos relacionados a ambições, obstáculos e fortalezas identificadas pelas participantes.

A pesquisa é anônima e segue as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O Comitê convida empresas e profissionais a divulgarem e incentivarem a participação no levantamento, descrito como simples e de rápida resposta.

IPT completa 126 anos com expansão de atividades e novas frentes tecnológicas

Instituto amplia atuação em saúde, transição energética, agronegócio e climatização

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) completa nesta terça-feira (25) 126 anos de fundação. Criado em 1899 como Gabinete de Resistência dos Materiais, vinculado à Escola Politécnica da USP, o instituto passou a se chamar oficialmente IPT em 1934, quando sua estrutura foi formalizada.

A instituição atua com pesquisa aplicada, prestação de serviços tecnológicos e desenvolvimento de soluções para a indústria e o setor público. Desde os anos 2000, o IPT organizou suas atividades em oito unidades de negócio voltadas a setores estratégicos da economia. Também criou núcleos especializados em saúde (Nutabes), sustentabilidade (Nuscarbon) e bioeconomia amazônica (Núcleo Amazônia).

O instituto mantém ainda ações voltadas ao setor de climatização e refrigeração (HVAC-R), com estudos sobre corrosão de componentes de sistemas de ar-condicionado, desenvolvimento de soluções para controle térmico, automação e impacto ambiental de gases refrigerantes. Essas atividades dialogam com os temas de eficiência energética, qualidade do ar e redução de emissões. Em 1997, a Escola Politécnica da USP — da qual o IPT se originou — firmou uma parceria com a Revista do Frio para a publicação de fascículos técnicos mensais, assinados pelos professores Alberto Hernandez Neto, Flávio Augusto Sanzogo Fiorelli e José R. Simões Moreira.

Entre os avanços recentes, está prevista para as próximas semanas a inauguração do novo prédio do Nutabes, que reunirá em um único espaço as atividades do núcleo voltado à saúde e bem-estar. O centro conta com recursos do Governo do Estado de São Paulo, da FINEP e, mais recentemente, com aporte de R$ 60 milhões do Ministério da Saúde para pesquisas em xenotransplantes, desenvolvidas em parceria com unidades da Universidade de São Paulo.

Outras instalações em fase final incluem plantas voltadas à biotecnologia e ao agronegócio, no município de Piracicaba, e à transição energética por meio de hidrogênio, no campus do IPT na capital paulista. Em São José dos Campos, o Laboratório de Estruturas Leves, instalado em parceria com a Embraer, realiza pesquisas em materiais compósitos, metálicos e poliméricos, com foco em manufatura e validação.

O programa IPT Open tem ampliado a articulação com empresas privadas, como WEG, Vale, Google e Tupy, que instalaram centros de inovação no campus do instituto.

O papel do IPT no cenário tecnológico foi citado no relatório Global Startup Ecosystem Report 2025, que posicionou São Paulo como o 37º ecossistema de inovação do mundo. O estudo destacou o instituto como entidade de classe mundial, com presença relevante na interface entre ciência e indústria.

Segundo dados da instituição, mais de três mil empresas e órgãos públicos foram atendidos em 2024 com serviços tecnológicos e projetos de pesquisa. O IPT permanece vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.

Técnicos ganham protagonismo em plataformas digitais de ensino

Ao transformar conhecimento prático em plataformas digitais, profissionais de climatização e refrigeração conectam experiência de campo com inovação no ensino.

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O setor de climatização e refrigeração, historicamente pautado pelo aprendizado prático e presencial, está passando por uma revolução silenciosa e digital. Nos últimos anos, a popularização do ensino online, impulsionada pelas redes sociais e plataformas de conteúdo, deu origem a uma nova geração de profissionais e educadores: influenciadores técnicos que, além de atuarem diretamente na área, fundaram suas próprias escolas virtuais para capacitar milhares de instaladores, técnicos e iniciantes em todo o Brasil.

Hoje, esses profissionais se destacam não apenas por sua atuação técnica, mas pela maneira como transformaram sua autoridade em projetos educacionais robustos. Juntos, eles reescrevem o modelo tradicional de formação no HVAC-R e provam que o ensino remoto não apenas veio para ficar, como também molda o futuro da mão de obra no setor.

Influência que ensina

Ricardo Viana, fundador e diretor da escola Viana Refrigeração Treinamentos e Marketing, é um dos pioneiros nesse movimento. Com uma forte presença nas redes sociais, ele conseguiu converter seguidores em alunos ao perceber uma demanda reprimida por ensino técnico acessível e didático. “Os cursos online permitem levar conhecimento especializado a pessoas e regiões não atendidas por conhecimentos específicos, nivelando as oportunidades em diversas áreas de atuação. Os criadores destes cursos têm o papel de incentivar os alunos na busca de qualificação continuada através das diversas formas de ensino”, afirma Viana, que já capacitou milhares de alunos em cursos como Instalação de Split, PMOC, Refrigeração e Manutenção.

“Os cursos online permitem levar conhecimento especializado a pessoas e regiões não atendidas” – Ricardo Viana

Viana acrescenta que o ensino a distância proporcionado flexibilidade de horário, permitindo que técnicos mantenham sua rotina de atendimentos enquanto estudam e mostram uma didática mais próxima a realidade do aluno e conhecimentos muitas vezes não mostradas na grade de conteúdo dos cursos das instituições tradicionais. “Meus cursos, por exemplo, estão mais focados no resultado dos alunos que no conteúdo programático. E por isso, sempre está sendo atualizado e melhorado”.

Outro nome é Gabriel Pardo, conhecido como “Pardo Mestre”, diretor da Magister Digital. Com uma linguagem direta e uma abordagem prática, Gabriel lançou sua própria plataforma com cursos voltados a iniciantes e profissionais em busca de aperfeiçoamento. “As escolas de profissionais do segmento estão ajudando muitos instaladores, técnicos e engenheiros a terem acesso a conhecimentos, mas devemos tomar cuidado com a base didática e os conhecimentos compartilhados. É preciso considerar a qualificação dos professores e instrutores para que o conteúdo seja seguro, técnico e siga as normas e legislações vigentes na parte técnica e na parte de segurança das atividades”, revela. “A qualificação on-line é uma ferramenta altamente rentável, uma vez que apresenta um custo reduzido em relação às estruturas físicas de imóveis e à mão de obra, mas os gestores devem levar em conta a experiência dos alunos, normas técnicas e normas de segurança”, explica.

Já na opinião de Carmosinda Santos, atualmente dedicada aos cursos programados do CRT-SP (Conselho Regional dos Técnicos Industriais), “o curso online permite que o aluno aprenda no seu tempo, com apoio constante. Isso empodera o técnico, especialmente em regiões onde o ensino técnico presencial é escasso ou caro”. Carmosinda também criou cursos online com enfoque didático e sensível às dificuldades que muitas mulheres enfrentam nesse ambiente majoritariamente masculino.

Outro nome conhecido do setor é Rafael Ferreira, que une teoria e prática em módulos que vão do básico à automação avançada. Seu diferencial está na metodologia que simula situações reais de campo em vídeo, algo que os alunos valorizam. “A internet é a nova sala de aula. O que muda é a forma, mas o compromisso com a qualidade permanece”, resume Rafael.

Na Academia Gaivota, o foco é na refrigeração com forte ênfase em práticas sustentáveis. “Queremos técnicos com consciência técnica e ambiental. Isso é essencial para o futuro do setor”, reforça Luiz Fernando Gaivota.

O que impressiona nessas iniciativas é a estrutura envolvida. Ao contrário da ideia de “aulas gravadas em casa”, essas escolas virtuais contam com estúdios profissionais de gravação, plataformas exclusivas, certificação válida em todo o país e suporte técnico contínuo. Muitas oferecem ainda comunidades fechadas, fóruns, mentorias ao vivo e conteúdos extras atualizados conforme as normas e exigências do mercado.

Mercado em transformação

O avanço dessas plataformas reflete uma tendência global. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), a modalidade EAD cresceu mais de 400% no segmento técnico nos últimos cinco anos. No HVAC-R, o movimento é ainda mais visível pela falta de mão de obra qualificada — um gargalo que o ensino remoto ajuda a aliviar.

Outro ponto é o dinamismo do setor: com constantes atualizações tecnológicas, novas regulamentações e a transição para gases refrigerantes ecológicos, o técnico precisa se manter atualizado.

Para muitos alunos, esses cursos são o primeiro passo para uma carreira sólida. E, mais do que isso, esses influenciadores se tornam referências, mentores e fontes permanentes de aprendizado. “Em meus cursos são ministradas aulas teóricas e práticas demonstrativas em equipamentos reais no laboratório e no campo (atendimentos) com uma estrutura separadas por módulos. Os alunos têm como avaliar as aulas (avaliação utilizada para atualização) e o curso como um todo, tem acesso a grupos de alunos. Administro através de aplicativo e estrutura fornecida pela plataforma Hotmart onde tenho acesso ao desempenho do aluno, assiduidade nas aulas, exercícios, forneço materiais complementares e recebo as dúvidas. O certificado de curso livre somente é fornecido aos que concluem 100% no período contratado. Caso não tenham concluído, podem fazer a renovação pelo mesmo período com desconto para alunos”, diz Viana.

O modelo híbrido, que combina vídeos gravados, fóruns e encontros online ao vivo, mostra que o ensino digital pode ser completo, eficaz e acessível. E quando bem conduzido, molda não apenas profissionais, mas um setor inteiro em constante evolução.

“Atualmente temos uma grade imensa de cursos dentro e fora do segmento da refrigeração, tanto on-line como ‘incompany’. Mas uma coisa é fato, o online veio para facilitar muito a vida corrida dos técnicos, mas não veio substituir o presencial, pois cada um tem uma forma de aprender e sempre haverá demanda para o presencial”, enfatiza Gabriel.

“A qualificação on-line é uma ferramenta altamente rentável, uma vez que apresenta um custo reduzido” – Gabriel Pardo

Acompanhando essa transformação, também o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) tem expandido significativamente sua oferta de cursos na modalidade de Educação a Distância (EAD), incluindo programas voltados para o setor de Refrigeração e Climatização (HVAC-R). O curso técnico de Refrigeração e Climatização EAD tem por objetivo habilitar profissionais na elaboração de projetos de instalação de sistemas de refrigeração e climatização sob supervisão e na coordenação da execução da manutenção e da instalação de sistemas de refrigeração e climatização, seguindo legislação e normas técnicas, ambientais, de saúde e segurança no trabalho e utilizando as boas práticas. Essa iniciativa visa democratizar o acesso à formação técnica de qualidade, permitindo que profissionais de diversas regiões do Brasil se capacitem de forma flexível e acessível.

A plataforma Futuro.Digital, vinculada ao SENAI, oferece cursos técnicos e profissionalizantes em diversas áreas industriais, incluindo Refrigeração e Climatização. Os cursos são 100% online, com aulas disponíveis 24 horas por dia, permitindo que os alunos estudem no seu próprio ritmo. Além disso, os cursos contam com certificação nacional emitida pelo SENAI, o que agrega valor ao currículo dos profissionais formados.

Benefícios diretos para os técnicos

Os cursos online oferecidos por esses profissionais geram uma série de benefícios práticos e estratégicos para os técnicos, como:

Acesso à formação técnica de qualidade em qualquer lugar do Brasil, com apenas um celular e conexão à internet;

Flexibilidade de horário, permitindo que o aluno estude enquanto trabalha;

Atualizações constantes, alinhadas às inovações do mercado, como novas normas, gases refrigerantes e eficiência energética;

Certificação, que ajuda na valorização profissional e na conquista de novas oportunidades;

– Comunidade de apoio, com fóruns, mentorias e contato direto com os instrutores;

– Redução de custos com deslocamentos, hospedagem e material didático.

Além disso, os cursos muitas vezes incluem conteúdos extras, suporte pós-curso, oportunidades de networking e parcerias com empresas do setor, o que amplia ainda mais o alcance e as possibilidades de crescimento dos profissionais.

O que une os influenciadores técnicos e seus cursos online é mais do que a atuação no digital. É o propósito de transformar vidas por meio do conhecimento. Com estruturas sólidas, linguagem acessível e compromisso com a excelência, esses profissionais estão não apenas ensinando, estão ajudando a construir um novo futuro para o HVAC-R no Brasil.

Para muitos alunos, cursos online são o primeiro passo para uma carreira sólida

Curso gratuito sobre CO₂ e R-290 é lançado em Curitiba

Escola FAPRO-ETP inaugura laboratório com tecnologia de refrigeração para capacitar profissionais do setor comercial

A Escola Técnica Profissional (ETP), vinculada à Faculdade Profissional (FAPRO), inaugurou em Curitiba (PR) o primeiro laboratório do Brasil voltado à capacitação para uso seguro e eficiente de fluidos refrigerantes naturais em sistemas comerciais. O centro de treinamento integra o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) e tem estrutura no modelo de um mini supermercado, com sistemas operando com CO₂ e R-290.

As inscrições para o curso, gratuito e inédito, foram abertas em 10 de junho. Técnicos e engenheiros que atuam em supermercados e estabelecimentos similares poderão participar de 40 horas de formação presencial, sendo 70% em atividades práticas no laboratório e 30% em sala de aula. O material pedagógico foi elaborado com apoio de especialistas internacionais.

O laboratório foi implantado com equipamentos e insumos fornecidos pela Eletrofrio, indústria nacional escolhida por meio de processo de licitação. A implementação do projeto foi coordenada pela GIZ (Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável), parceira bilateral do PBH, sob responsabilidade de Stefanie von Heinemann, gerente de projetos da GIZ-Proklima no Brasil.

Segundo Frank Amorim, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o curso tem como meta apoiar a transição do setor varejista para o uso de fluidos de baixo potencial de aquecimento global e zero potencial de destruição da camada de ozônio. A iniciativa é voltada à capacitação de técnicos, operadores e engenheiros.

A escola FAPRO-ETP atua há mais de 27 anos na formação de profissionais em refrigeração e mantém parcerias com entidades do setor, como ABRAVA e ASBRAV. O corpo docente responsável pelo novo curso foi treinado pelo projeto, conforme informou Alexandre Fernandes Santos, diretor da escola.

A expectativa inicial é de que 150 profissionais sejam treinados no local. Outros três laboratórios com a mesma finalidade devem ser instalados no país, incluindo uma unidade prevista ainda para este ano no Instituto SENAI de Tecnologia Automação e Simulação, no Rio de Janeiro.

A inauguração do laboratório foi acompanhada por representantes do MMA, da GIZ e de entidades como ABRAVA, ASBRAV, PNUD, UNIDO e empresas do setor de refrigeração.