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Pequenos negócios em climatização triplicam em 12 anos

Setor registra crescimento de 200% entre 2012 e 2024, impulsionado por altas temperaturas e demanda por eficiência energética

O número de pequenos negócios voltados à instalação de sistemas de climatização e refrigeração cresceu 200% no Brasil entre 2012 e 2024, segundo levantamento do Sebrae com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). O total passou de 8.991 para 26.854 empresas, sendo 24.069 registradas como microempreendedores individuais (MEIs).

O aumento está relacionado à intensificação dos efeitos das mudanças climáticas, que passaram a impactar diretamente a economia. Só no primeiro trimestre de 2024 foram registrados 10.500 novos negócios no segmento.

Juliana Borges, analista de Competitividade do Sebrae Nacional, afirma que a demanda por conforto térmico e conservação de alimentos tem crescido, impulsionada pelas altas temperaturas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o verão 2024-2025 foi um dos mais quentes desde 1961. Em 2023, a temperatura média global ultrapassou o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris.

Além da abertura de novos negócios, o setor tem buscado maior qualificação técnica, com foco também na manutenção preventiva. Segundo o Sebrae, até 33% da redução de custos em micro e pequenas empresas pode estar associada ao uso adequado de equipamentos de climatização, índice que sobe para 53% no caso da refrigeração. A vida útil dos aparelhos, que pode chegar a 35 anos, reforça a necessidade de manutenção regular e eficiência energética, especialmente em equipamentos usados.

O setor público tem se tornado um contratante relevante desses serviços. A plataforma Contrata+Brasil, lançada há dois meses, conecta MEIs a oportunidades em órgãos públicos. Há, atualmente, editais abertos para prestação de serviços em instituições como o Instituto Federal Baiano, em Salvador, e a prefeitura de Campo Largo, no Paraná.

Para auxiliar os empreendedores, o Sebrae disponibiliza a Jornada Custo, Consumo e Geração de Energia, com conteúdos voltados à eficiência energética e planejamento de recursos.

Danfoss altera modelo de gestão global

A Danfoss Climate Solutions anunciou uma reorganização de seu modelo operacional global, com alterações em estruturas de gestão nos níveis internacional, regional e local. A mudança tem efeitos diretos nas operações da companhia na América Latina, especialmente no Brasil.

A nova configuração estabelece maior independência entre as divisões da empresa. O modelo descentralizado tem como objetivo dar mais autonomia aos segmentos de negócios, com a proposta de acelerar processos e aproximar as áreas operacionais dos mercados locais. A Danfoss atua globalmente com três divisões: Climate Solutions, Power Electronics and Drives e Power Solutions.

Com a reestruturação, Kristian Strand passa a ocupar o cargo de presidente global da Danfoss Climate Solutions. Na América Latina, Renato Majarão permanece como responsável regional pela divisão.

De acordo com a companhia, o novo modelo pretende simplificar processos e aumentar a capacidade de resposta das equipes locais. No Brasil, mercado considerado estratégico para a operação regional, a expectativa é de que as mudanças contribuam para uma atuação mais especializada e eficiente nos segmentos em que a empresa atua.

A reorganização inclui a incorporação de áreas como atendimento ao cliente, experiência digital, precificação e recursos humanos às divisões de negócio. Com isso, as 10 regiões da Danfoss passam a estar diretamente conectadas às respectivas unidades operacionais, o que, segundo a empresa, reduz sobreposições e melhora a colaboração entre equipes locais e globais.

As mudanças integram a estratégia de longo prazo da Danfoss voltada à inovação e à sustentabilidade em soluções de engenharia para os setores de aquecimento e refrigeração.

Propriedades e vantagens do R-290 em sistemas de refrigeração e climatização

O propano (R-290) se destaca como uma alternativa sustentável para o setor de HVAC-R, oferecendo alta eficiência energética e baixo impacto ambiental. No entanto, seu manuseio exige cuidados específicos devido à sua inflamabilidade

O R-290, também conhecido como propano, é um refrigerante classificado como hidrocarboneto (HC) Grupo A3 pela ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers). Ele se destaca por seu baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP) e zero Potencial de Destruição da Camada de Ozônio (ODP), tornando-se uma alternativa ambientalmente responsável aos refrigerantes sintéticos tradicionais. Nos últimos anos, ganhou destaque nos sistemas de refrigeração devido à sua alta eficiência energética e seu baixo impacto ambiental. Com um Potencial de Aquecimento Global (GWP) praticamente nulo e sem risco de destruição da camada de ozônio (ODP), ele se apresenta como uma alternativa sustentável aos refrigerantes sintéticos. Além disso, suas excelentes propriedades termodinâmicas permitem uma troca térmica eficiente, resultando em economia de energia. No entanto, sua inflamabilidade exige protocolos rigorosos de segurança, o que impulsionou o desenvolvimento de tecnologias e regulamentações específicas para seu uso seguro.

O propano é amplamente utilizado em sistemas de refrigeração comercial e industrial, incluindo supermercados, armazéns refrigerados, freezers, restaurantes, lojas de conveniência, indústrias farmacêuticas e equipamentos industriais. Também está presente em refrigeradores domésticos e em sistemas de ar-condicionado, como splits e unidades de janela.

“O R-290 possui propriedades termodinâmicas similares ao R-22, o que facilita a compreensão dos técnicos de refrigeração no processo de capacitação, muito acostumados a este tipo de fluido, permitindo que toda a atenção seja dada ao fato do R-290 ser inflamável. Sua aplicação é ideal em sistemas de refrigeração de alta, média ou baixa temperatura, tanto em sistemas de expansão direta como indireta. Existe ainda limitação no uso do R-290, principalmente sobre a quantidade aplicada em cada circuito de refrigeração quando o equipamento for instalado em local de livre acesso público, como os expositores refrigerados aplicados no varejo em geral, limitados à carga de 150 gramas”, informa Rogério Marson Rodrigues, engenheiro de aplicação e Gestor Industrial da Eletrofrio.

Joana Canozzi, Diretora de Serviços de Engenharia da Copeland para América do Sul, acrescenta que “Em supermercados e instalações de refrigeração de alimentos, o R-290 pode ser integrado a sistemas de fluido secundário em arquiteturas centralizadas ou distribuídas, garantindo eficiência e segurança operacional com baixos níveis de ruído. Por exemplo, a integração do R-290 para temperaturas médias otimiza a eficiência em diversos climas, incluindo regiões de alta temperatura ambiente. Esses sistemas podem incluir chillers de glicol (resfriados por trocadores de calor a seco), sistemas de médio porte resfriados a glicol e unidades de backup com tanque de líquido utilizando R-290”.

Um exemplo é a loja do Atacadão, em São José dos Pinhais (PR), que passou por uma ampliação e priorizou em seu projeto a instalação de um sistema de refrigeração para baixa e média temperatura que operasse com fluido refrigerante natural, no caso o propano (R-290), e que obtivesse uma eficiência superior ao sistema convencional antigo trazendo benefícios ambientais e operacionais substanciais. A loja implementou um sistema de refrigeração com propano para baixa e média temperatura, garantindo eficiência superior e segurança, seguindo as normas regulatórias.

“Desenvolvemos um projeto que atende as demandas do Atacadão, que busca substituir em todas as suas unidades o R-22 por aplicações com fluidos refrigerantes naturais, não só no projeto e instalação, mas também na capacitação de técnicos qualificados para a manutenção dos sistemas, uma vez que o propano possui características muitos especiais quanto a inflamabilidade. Conseguimos instalar um sistema com baixíssimo impacto ambiental, sem a utilização de fluidos sintéticos. Esse é o primeiro projeto com soluções de compressores para máxima eficiência”, explica Marson.

O sistema de refrigeração do Atacadão integra um rack composto por dois compressores para máxima eficiência com tecnologia inverter operando a partir do R-290 no circuito primário (instalado na parte externa da loja), e propileno glicol, utilizado como fluido de transferência de calor num circuito secundário, atendendo as médias temperaturas (entre 6°C a 10°C), resfriando expositores da loja.

Para Javier Korenko Chmielewski, Gerente de Desenvolvimento de Negócios na Danfoss do Brasil, o R-290 é uma escolha inteligente para refrigeração, principalmente por seu impacto ambiental reduzido.

“Combinando  sustentabilidade e desempenho, o R-290 continua ganhando espaço no mercado de refrigeração, sendo uma alternativa cada vez mais utilizada para quem busca eficiência sem abrir mão do cuidado com o meio ambiente. Com um GWP de apenas 3, ele é muito mais sustentável do que refrigerantes sintéticos como o R-410A, cujo GWP chega a 2088. Além disso, o R-290 se destaca pela alta eficiência energética, garantindo um ótimo desempenho térmico e ajudando a reduzir o consumo de energia. Seu baixo ponto de ebulição (-42,1°C) também o torna ideal para diversas aplicações de refrigeração, mantendo os sistemas funcionando de forma eficiente e confiável”.

R-290 como substituto do R-22?

É fato que o R-22, um dos fluidos refrigerantes mais utilizados no setor de refrigeração e ar-condicionado por décadas, está com os dias contados. Sua eliminação progressiva faz parte de um esforço global para reduzir danos ambientais, atendendo a acordos internacionais e regulamentações que buscam alternativas mais sustentáveis. A eliminação do R-22 faz parte de um compromisso internacional estabelecido pelo Protocolo de Montreal, um tratado global assinado em 1987 para reduzir substâncias que destroem a camada de ozônio. No Brasil, a legislação segue as diretrizes desse acordo, e o Plano Nacional de Eliminação de HCFCs (hidroclorofluorcarbonos) com prazos para a redução e eliminação de seu consumo.

Embora o R-290 tenha algumas semelhanças em termos de desempenho térmico com o R-22, ele não pode ser considerado um substituto direto e implica em uma série de diferenças e características que devem ser consideradas, tanto em termos de desempenho quanto de segurança, regulamentos e impactos ambientais.

“O R-290 possui características de inflamabilidade e maior sensibilidade à pressão e temperaturas mais baixas de evaporação e condensação, o que exige modificações e ajustes no design dos sistemas, não ser aplicável a todas as instalações onde o R-22 é utilizado. No entanto, a substituição do R-22 pelo propano reduz consideravelmente o impacto ambiental, pois o R-22 tem um GWP elevado e contribui para a destruição da camada de ozônio”, diz Joana.

Marson acrescenta que a aplicação do R-290 exige características específicas de projeto em função de ser um fluido A3. Fluidos A3 não podem, em hipótese alguma, substituir fluidos A1 em projetos que foram concebidos para fluidos A1, tal qual o R-22: “Isso envolve adequação de equipamentos, pois muitos sistemas projetados para R-22 não são compatíveis com novos fluidos e precisam ser substituídos ou adaptados, além de capacitação profissional para o manuseio de refrigerantes como o R-290, exigindo treinamentos específicos”.

Tanto Marson quanto Joana, concordam que o fim do R-22 é uma realidade e uma necessidade para a preservação ambiental. A transição para fluidos refrigerantes mais sustentáveis representa um desafio, mas também uma oportunidade para modernizar o setor de HVAC-R, reduzir o consumo de energia e minimizar impactos ambientais. Profissionais e empresas que se adaptarem rapidamente a essa mudança estarão à frente no mercado e contribuirão para um futuro mais sustentável.

Segurança no manuseio do R-290

A inflamabilidade é o principal risco associado ao R-290.

“O principal risco associado ao manuseio do R-290 é a sua inflamabilidade. Caso ocorra uma fuga ou vazamento, o propano pode formar misturas inflamáveis com o ar, representando um risco de incêndio ou explosão se não forem seguidas as normas de segurança. Por isso, a importância de utilizar ferramentas adequadas para evitar danos aos componentes do sistema, além de realizar testes de vazamento com métodos seguros e específicos para refrigerantes inflamáveis e garantir boa ventilação nas áreas onde o R-290 é utilizado para evitar acúmulo de gás no ambiente. Todos os profissionais do setor de HVAC-R que lidam com o R-290 devem receber treinamento adequado sobre o manuseio seguro de refrigerantes inflamáveis; utilizar equipamentos de proteção e seguir todos os protocolos de segurança durante a instalação e manutenção, além de verificar periodicamente os sistemas quanto a possíveis vazamentos, e estar sempre atentos à correta ventilação dos ambientes”, alerta Joana.

Sob o ponto de vista de Korenko, além da limitação do R-290 por sua inflamabilidade, os limites de carga e conformidade com normas regulatórias são de extrema importância para o uso seguro: “No entanto, graças ao seu baixo impacto ambiental e alta eficiência energética, seu uso tem se tornado cada vez mais comum. Em resumo, o R-290 é uma alternativa sustentável e eficiente, mas seu manuseio requer cuidados especiais para garantir um uso seguro e confiável. Com as medidas certas, ele pode ser uma excelente opção para refrigeração”.

Um ponto também destacado por Marson, é sobre o profissional habilitado para a execução deste trabalho, treinado e capacitado, seguindo todas as boas práticas de segurança, e garantindo que a zona de risco, local onde o equipamento com R-290 esteja instalado, receba uma ventilação adequada quando da execução de qualquer atividade, além de eliminar qualquer fonte de calor que possa provocar a ignição do R-290 enquanto existir a possibilidade do fluido estar dentro do sistema de refrigeração, inclusive no óleo do cárter do compressor.

Segundo os especialistas, a aplicação do R-290 é rigorosa e segue as seguintes diretrizes para seu manuseio seguro:

– Trabalhar em locais bem ventilados para evitar a acumulação de gás.

– Utilizar ferramentas e equipamentos específicos para refrigerantes inflamáveis.

– Garantir que os sistemas estejam desenergizados antes da manutenção.

– Inspecionar regularmente tubulações e conexões para evitar fugas.

– Utilizar detectores de vazamento específicos para hidrocarbonetos.

– Testar a estanqueidade com nitrogênio seco em baixa pressão.

– Nunca carregar R-290 em um sistema pressurizado.

– Utilizar cilindros aprovados e identificados corretamente.

– Evitar sobrecarga – seguir as especificações do fabricante.

– Manter longe de faíscas, chamas abertas e superfícies quentes.

– Evitar o uso de ferramentas elétricas que possam gerar centelhas.

– Proibir fumar próximo ao local de trabalho.

– Utilizar EPIs como luvas de proteção térmica para evitar queimaduras, óculos de segurança para proteger os olhos contra respingos e roupas antichama quando necessário.

– Em caso de vazamento, evacuar a área imediatamente, ventilar o ambiente para dispersar o gás, eliminar fontes de ignição antes de qualquer intervenção e nunca usar água para dissipar o gás – pode aumentar o risco de ignição.

 Regulamentações e normas aplicáveis

O uso do R-290 é regido por regulamentações específicas de segurança e ambientais. A inflamabilidade do R-290 também impõe limitações, como quantidades máximas permitidas nos sistemas e a necessidade de componentes certificados contraexplosão.

Entre as normas relevantes estão as estabelecidas pela ANSI/ASHRAE Standard 15- Segurança de refrigerantes inflamáveis; Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) como a ABNT NBR IEC 60079-10-1 – Atmosferas explosivas e ABNT NBR 16069 – Segurança em sistemas frigoríficos; Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e órgãos ambientais para armazenamento e transporte; ISO 5149-3:2014; Europa (F-Gas) – Incentiva refrigerantes naturais e regula áreas com risco de explosão;  Regulamento de Substâncias Controladas e regulamentações locais que governam o uso de refrigerantes inflamáveis, como as orientações da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) e Instrução Técnica n° 28/2018 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo; e por fim, as recomendações e diretrizes dos fabricantes de equipamentos que utilizam o R-290 ou qualquer tipo de HC (hidrocarboneto).

Nova gestão no DN Meio Ambiente da ABRAVA foca em metas globais e sustentabilidade

O Departamento Nacional de Meio Ambiente da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) anunciou a nova diretoria para o biênio 2025-2026. Filipe Colaço assume a presidência do órgão, com Thiago Pietrobon como vice-presidente.

A nova gestão dará continuidade à agenda da diretoria anterior, com foco em sustentabilidade, inovação e representatividade internacional do setor HVAC-R. Entre os temas prioritários estão a preparação para a COP30, a implementação da Emenda de Kigali, a logística reversa de embalagens descartáveis e o avanço da economia circular no ciclo de vida dos fluidos refrigerantes.

Também estão previstas ações voltadas à adequação às novas cotas de importação de fluidos, à adoção de substâncias como HFOs, HFCs, fluidos naturais e hidrocarbonetos, além da recuperação e destinação adequada dos gases refrigerantes. Esses itens têm impacto direto nos inventários de emissões de CO₂, tanto de empresas quanto do país.

A curto prazo, a diretoria pretende garantir a presença da ABRAVA e de representantes do setor na COP30. Em prazos mais longos, a meta é viabilizar a implementação da Emenda de Kigali, com atenção ao uso de recursos financeiros e à articulação junto a órgãos técnicos e reguladores.

A gestão destaca ainda a necessidade de ampliar o diálogo com o mercado, a sociedade e o poder público. A capacitação da mão de obra será uma frente contínua, especialmente diante da entrada de fluidos levemente inflamáveis e da maior demanda por climatização causada pelas mudanças climáticas.

Conheça os patrocinadores do troféu Oswaldo Moreira

O Troféu Oswaldo Moreira é uma premiação anual concedida pela Revista do Frio, que homenageia personalidades e empresas do setor de HVAC-R (Aquecimento, Ventilação, Ar Condicionado e Refrigeração) que se destacaram no ano por seus esforços em elevar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos ao mercado nacional. O troféu foi criado em 1991, inicialmente batizado como Urso Branco, e em 1998, após a morte de Oswaldo Moreira, fundador da publicação, foi renomeado em sua homenagem. A votação para a premiação é feita eletronicamente pelos convidados da festa minutos antes de sua entrega. A premiação é uma grande oportunidade de networking para os profissionais do setor.

 

 

 

Retrofit alia sustentabilidade, eficiência e preservação histórica

Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e a necessidade de revitalizar o estoque imobiliário existente, o retrofit se posiciona como uma das principais tendências de mercado nos próximos anos

O termo “retrofit”, derivado da fusão das palavras “retro” do latim e “fit” do inglês, refere-se a uma modificação    de um equipamento, instalação ou edificação existente, visando à melhoria de seu desempenho e operação. Essa prática visa modernizar equipamentos e atender às atuais exigências de qualidade ambiental, mediante modificações que buscam exclusivamente aprimorar a eficiência.  Os retrofits, focados na modernização de edifícios já existentes, desempenham um papel importante nas estratégias de redução do consumo energético. Em casos específicos, essas intervenções podem resultar em reduções expressivas no consumo de energia destinada ao sistema de HVAC-R dos edifícios.

De acordo com Gutemberg Rios, Engenheiro Mecânico e Conselheiro Federal do CREA-CONFEA, estudos de retrofit indicam que as economias podem variar de 20% a 50% no consumo de energia dependendo das soluções adotadas, como chillers de alta eficiência que podem gerar economia de 30% a 40% no consumo de eletricidade, sistemas VRF que reduzem os gastos com climatização em até 35%, e automação predial, reduzindo desperdícios energéticos em até 50%.

“O retrofit de sistemas HVAC-R consiste na modernização ou substituição parcial/completa de equipamentos e infraestrutura de climatização e refrigeração em edificações existentes. O objetivo principal é aumentar a eficiência energética, melhorar o conforto térmico, reduzir custos operacionais e atender às normas ambientais e de segurança atuais. Essa economia não apenas contribui para a sustentabilidade ambiental, alinhando-se a padrões mais eficientes, mas também promove uma gestão mais racional dos recursos. As intervenções envolvem a substituição dos fluidos refrigerantes e a modernização do sistema com a instalação de tecnologias inovadoras, trazendo uma série de benefícios ambientais e econômicos, como o conforto térmico, iluminação, controle de ruído e redução de poluentes”, observa Rios.

Assim, o retrofit pode envolver a renovação de sistemas elétricos, hidráulicos, de climatização, isolamento acústico e térmico, além de modernizações em fachadas, elevadores e áreas comuns.

Gutemberg Rios, Engenheiro Mecânico e Conselheiro Federal do CREA-CONFEA

Desafios e soluções

A instalação de sistemas de HVAC-R modernos em edifícios antigos enfrenta desafios como: Infraestrutura inadequada – Muitos prédios antigos não foram projetados para suportar sistemas modernos de climatização; Restrições arquitetônicas e patrimoniais – Em edificações tombadas, há limitações na instalação de dutos, condensadores e sistemas de ventilação; Espaço limitado para equipamentos – Falta de shaft técnico e áreas apropriadas para componentes de grande porte; Capacidade elétrica insuficiente – Sistemas HVAC-R modernos demandam ajustes na rede elétrica, muitas vezes subdimensionada em edifícios antigos; Interferência na operação do prédio – Durante a instalação, pode haver impacto nas atividades normais do local, exigindo planejamento cuidadoso.

“De modo geral cada solução precisa ser estudada e adaptada às condições de operação locais, a rigor, não é possível estabelecer uma solução única e universal a todas as plantas e demandas, logo, um estudo inicial com análise de requisitos deve ser conduzido de forma prévia ao estabelecimento de uma solução viável e otimizada”, comenta Rios.

Ele aponta algumas soluções mais disseminadas, as quais incluem:

– Uso de sistemas HVAC-R compactos e modulares – Equipamentos VRF (Fluxo de Refrigerante Variável) e unidades rooftop são boas alternativas para espaços reduzidos.

– Aplicação de dutos flexíveis ou unidades sem dutos (Ductless Systems) – Evitam grandes intervenções estruturais.

– Integração de automação predial (BMS – Building Management Systems) – Garante controle inteligente e reduz consumo energético.

– Uso de refrigerantes ecológicos – Modernização com fluidos de menor impacto ambiental e maior eficiência energética.

– Planejamento estratégico de instalação – Execução do retrofit por etapas para minimizar impactos na operação do edifício.

“A escolha dos equipamentos tem impacto direto nos custos operacionais e no consumo energético do edifício. Optar por sistemas com tecnologia inverter, sensores de ocupação e controle automatizado pode gerar redução de até 40% no consumo de energia, segundo estudos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), maior vida útil do sistema, reduzindo custos com manutenção corretiva, e melhoria no desempenho térmico e conforto dos ocupantes”.

Banco Interamericano de Desenvolvimento ganhou sistema de condensação a ar e parte dos ambientes é climatizada através de VRF

Rios cita como exemplo algumas obras como o Edifício Banco do Brasil (SP), que passou por uma modernização optando por instalar sistema VRF, automação predial e uso de chillers de alta eficiência; o Aeroporto de Brasília (DF), com a atualização de chillers e implementação de controle inteligente de climatização; e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento (DF), onde a Central de Água Gelada teve substituição de chillers, ganhando sistema de condensação a ar e parte dos ambientes é climatizada através de VRF.

Outro exemplo de sucesso é o Edifício Martinelli (SP), um dos prédios mais icônicos de São Paulo, que passou por um processo de retrofit incluindo a modernização de suas instalações, mantendo a arquitetura histórica que o caracteriza.

Edifício Martinelli passou por um processo de retrofit incluindo a modernização de suas instalações, mantendo a arquitetura histórica

Integração das áreas

A colaboração entre engenheiros de HVAC-R, arquitetos e profissionais de restauração desempenha um papel importante no sucesso de um projeto de retrofit.

“A sinergia entre essas disciplinas envolvendo engenheiros de HVAC-R, arquitetos e profissionais de restauração, desde a fase inicial de planejamento até a execução, é essencial para garantir que o projeto de retrofit seja bem-sucedido, atendendo tanto às necessidades técnicas quanto estéticas do espaço renovado”, revela Rios.

Para isso é fundamental respeitar a identidade arquitetônica do edifício enquanto se implementam soluções modernas de climatização, garantir soluções técnicas viáveis, considerando limitações estruturais e de espaço, evitar impactos negativos no patrimônio histórico por meio de alternativas não invasivas, e otimizar os custos e prazos do projeto, garantindo compatibilidade entre sistemas elétricos, hidráulicos e de climatização.

No entanto, dificuldades surgem na colaboração entre diferentes áreas como divergências entre preservação estética e necessidade técnica – Arquitetos e restauradores podem resistir a mudanças que impactem a estrutura original; Compatibilização entre diferentes sistemas – Integração entre climatização, elétrica e estrutura pode ser complexa; e falta de normativas específicas – Nem sempre há regulamentação clara para retrofit de HVAC-R em edifícios históricos.

“Para mitigar esses desafios, é essencial que haja planejamento multidisciplinar desde a fase inicial do projeto. Os arquitetos focam na estética e funcionalidade do espaço, enquanto os engenheiros de HVAC-R garantem que os sistemas de climatização sejam eficientes e atendam às necessidades técnicas. A colaboração desde o início assegura que as soluções técnicas se integrem harmoniosamente ao design geral do espaço restaurado”, diz o Engenheiro.

Ele acrescenta ainda que engenheiros de HVAC-R podem oferecer análises sobre o melhor layout para sistemas de ventilação, refrigeração e aquecimento, considerando a estrutura existente e necessidades de energia, e propor soluções que melhorem a eficiência energética do edifício através de sistemas mais modernos e sustentáveis. Essas soluções não apenas reduzem os custos operacionais a longo prazo, mas também contribuem para a sustentabilidade ambiental do projeto. Isso permite um uso eficiente do espaço, otimizando tanto a funcionalidade quanto a estética.

“Profissionais de HVAC-R estão familiarizados com as normas técnicas e regulamentações que regem sistemas de climatização e refrigeração. A colaboração com arquitetos e restauradores garante que o projeto esteja em conformidade com todas as normas relevantes desde o início, evitando retrabalhos e atraso. Essa sinergia também permite considerar aspectos de manutenção e operação dos sistemas de HVAC-R após a conclusão do retrofit. Isso inclui acesso facilitado para manutenções periódicas e substituições de equipamentos, garantindo a durabilidade e eficiência contínua do sistema”, comenta.

Oportunidades de investimento

O retrofit é uma grande oportunidade para investidores imobiliários, especialmente em grandes cidades. Prédios antigos, muitas vezes subvalorizados, podem ser transformados em imóveis altamente competitivos e lucrativos com a modernização correta e mais econômico do que adquirir um imóvel novo em áreas valorizadas. Além disso, a valorização após o retrofit pode gerar um excelente retorno financeiro. Assim, representa uma solução moderna que alia sustentabilidade, eficiência e preservação histórica. Para compradores, investidores e desenvolvedores imobiliários, essa prática oferece uma forma de manter o charme dos imóveis antigos, ao mesmo tempo em que atende às exigências do mercado.

Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e a necessidade de revitalizar o estoque imobiliário existente, o retrofit se posiciona como uma das principais tendências de mercado nos próximos anos.

FRANÇA – Refrigeração sustentável ganha destaque em relatório do IIR

FRANÇA – O Instituto Internacional de Refrigeração (IIR, na sigla em inglês) apresentou seu relatório de atividades de 2024 destacando o protagonismo da entidade no avanço de tecnologias sustentáveis de refrigeração e bombas de calor em escala global. Com sede em Paris e presença em 59 países, o IIR é a única organização intergovernamental focada exclusivamente neste setor estratégico para o combate às mudanças climáticas, a promoção da saúde e o fortalecimento das cadeias alimentares.

Entre os destaques do ano está o lançamento da estratégia 2024-2028, que prioriza o fortalecimento da cooperação internacional, a promoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas e a ampliação do acesso a tecnologias de refrigeração sustentáveis, especialmente em países em desenvolvimento.

A diretora-geral do IIR, Yosr Allouche, representou a entidade em eventos-chave como a COP29, no Azerbaijão, e a 36ª Reunião das Partes do Protocolo de Montreal (MOP36), onde defendeu a inclusão das tecnologias de refrigeração e bombas de calor nas agendas climáticas de alto nível. “A refrigeração é fundamental para a segurança alimentar, a saúde pública e a estabilidade econômica, especialmente diante do aumento das temperaturas globais”, afirmou Allouche.

Projetos na África e na Europa

O relatório destaca iniciativas como o projeto SophiA, que instalou contêineres solares para fornecimento de energia, água potável e armazenamento de vacinas em hospitais rurais de Burkina Faso, Camarões, Malawi e Uganda. A tecnologia emprega refrigerantes naturais, como propano e CO₂, e atinge temperaturas de até -70°C.

Outra ação relevante é o projeto AGRI-COOL, com sites de demonstração na África Austral e no Chifre da África, que utiliza energia solar para reduzir perdas pós-colheita por meio do resfriamento inteligente de alimentos. Já na Europa, o projeto BETTED busca reduzir emissões na cadeia de produção de laticínios por meio do uso de bombas de calor e maior eficiência energética.

Educação, equidade e dados climáticos

O IIR também ampliou suas ações de capacitação, com mais de 40 cursos disponíveis online em 18 idiomas. A entidade atua ainda na promoção da equidade de gênero com o programa CaRe, e na articulação de redes como a INWIC, voltada à valorização da presença feminina no setor.

Em 2024, o instituto também criou um grupo de trabalho com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para coletar dados globais sobre emissões do setor de refrigeração. A iniciativa apoia o monitoramento de compromissos assumidos no âmbito do Global Cooling Pledge, que visa reduzir em 68% as emissões relacionadas ao resfriamento até 2050.

Compromisso com o futuro

Responsável por mais de 20% do consumo mundial de eletricidade, o setor de refrigeração enfrenta o desafio de atender à crescente demanda com menor impacto ambiental. Segundo o IIR, é possível reduzir em um terço as emissões do setor até 2050 com o uso de equipamentos eficientes e refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global.

Com forte presença em eventos internacionais, projetos de pesquisa aplicada e ações de capacitação técnica, o IIR reafirma seu papel como referência global no desenvolvimento de soluções sustentáveis e inclusivas para os desafios energéticos e climáticos do século XXI.

ASBRAV inicia construção de nova sede

A ASBRAV (Associação Sul-Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação) deu início às obras da sua nova sede. A decisão foi formalizada após confirmação da Comissão de Obras e marca a transição para uma nova fase da entidade.

O projeto é resultado de nove meses de planejamento e reuniões conduzidas pela diretoria da associação. À frente da entidade está Mario Henrique Canale, presidente da ASBRAV. Participam da atual gestão também Eduardo Brofmann, segundo vice-presidente; Marcos Kologeski, tesoureiro; e Marcelo Pereira, diretor executivo.

A nova sede está localizada na Avenida Cristóvão Colombo, 1496, no bairro Floresta, em Porto Alegre (RS). O espaço foi concebido para atender às necessidades atuais da entidade e acompanhar o desenvolvimento do setor de climatização, refrigeração e ventilação (HVAC-R) no Brasil.

TCL amplia portfólio de climatização e refrigeração no Brasil

Empresa anuncia novo modelo de ar-condicionado com foco em eficiência energética e qualidade do ar

A TCL apresentou, em evento realizado para o mercado latino-americano, os lançamentos previstos para 2025 no Brasil, com destaque para o setor de ar-condicionado e refrigeração.

Na área de climatização, a marca anunciou a chegada do modelo FreshIN 3.0, previsto para o final do terceiro trimestre. Segundo a empresa, o equipamento foi projetado para atuar não apenas no controle térmico, mas também na melhoria da qualidade do ar e na redução do consumo de energia. A TCL afirma que o sistema FreshIN 3.0 opera com baixo nível de ruído e incorpora recursos como comando de voz mesmo sem conexão à internet, além de compatibilidade com as plataformas Alexa e Google Home.

O setor de refrigeração também foi contemplado com o anúncio do refrigerador embutido C530FD, que será comercializado com tecnologia T-Fresh, voltada à esterilização de alimentos. O equipamento oferece três zonas com diferentes faixas de temperatura para atender a diferentes exigências de conservação.

Além desses produtos, a empresa também anunciou o lançamento de uma nova lavadora com capacidade de 12 kg para lavagem e 8 kg para secagem.

Reinauguração presencial marca nova fase da INTAC Treinamentos

A INTAC Treinamentos reinaugurou, em fevereiro, sua sede física no centro de Itaquaquecetuba (SP), retomando as atividades presenciais voltadas à capacitação técnica em refrigeração, climatização e elétrica. Com 130 m², o novo espaço é voltado à qualificação de profissionais do setor HVAC-R na região do Alto Tietê, que concentra uma população de 1,65 milhão de habitantes.

A estrutura inclui simuladores tridimensionais integrados a óculos de realidade virtual, utilizados nas aulas práticas para replicar cenários do ambiente de trabalho. A metodologia já era aplicada pela instituição em treinamentos online e in company, bem como em vídeos publicados no YouTube, e tem inspiração em modelos adotados há mais de uma década em países desenvolvidos.

A retomada dos cursos presenciais foi idealizada pelo fundador da escola, Anderson Oliveira, tecnólogo em refrigeração e pós-graduado em educação, após reunião de apresentação do projeto com empresas do setor. As marcas COEL, Adesso, Refricomp, Full Gauge, AWS Refrigeração, RLX Fluidos Refrigerantes e Serraf apoiam a iniciativa com o fornecimento de equipamentos e materiais promocionais.

A COEL também havia patrocinado a participação da INTAC Treinamentos na Febrava 2023, na Ilha da Cadeia do Frio, onde mais de 400 profissionais experimentaram os simuladores de realidade virtual, exclusivos do estande compartilhado por ambas.

Além da atuação presencial, a INTAC afirma ter impactado mais de mil alunos em seus cursos online com a mesma tecnologia. Em março deste ano, a escola firmou contrato com uma instituição privada de ensino superior, de alcance nacional, para o desenvolvimento de cursos técnicos voltados ao setor HVAC-R. Os programas serão lançados no segundo semestre de 2025. O nome da instituição parceira não foi divulgado por cláusula contratual.