Gratidão e reconhecimento! Palavras que definem Rafael Silva Ferreira, filho de mãe paulista e pai carioca, nascido na cidade de São Vicente, localizada na Baixada Santista (SP). Criado no Bairro Parque das Bandeiras, vindo de uma família com poucos recursos financeiros, começou a trabalhar muito cedo. Determinado e disposto a encarar qualquer desafio, ele iniciou sua vida profissional na montagem de móveis e não abriu mão dos estudos, ingressando em um curso técnico de instrumentação industrial. Foi nessa época que recebeu o convite de um amigo para trabalhar em uma empresa de instalação de condicionadores de ar e onde aconteceu seu primeiro contato com a refrigeração.
“Foi amor à primeira vista, tudo meio por acaso. Logo de cara me apaixonei pela profissão, ali já sabia que era isso que eu queria fazer pelo resto da minha vida. As coisas foram acontecendo e meses depois fui trabalhar na Térmica Climatização, onde o proprietário da empresa, hoje amigo meu, pagou metade do curso de Mecânico de Refrigeração no Senai de Santos, e tive a oportunidade de conhecer uma pessoa que me mostrou o amor ao ensino, o professor Alberto Di Beo. A forma como ele explicava e o seu amor pelo ensino me cativou, me incentivando a assistir palestras dos mestres da refrigeração como Amaral Gurgel, Marcus Euzébio, e a cada aula tinha mais certeza que estava no caminho certo. Não poderia deixar de citar também o professor Valdemir Oliveira, considerado como irmão mais velho, elevando meu nível e me direcionando para o caminho que deveria seguir”, diz Rafael.
Atualmente, ele ministra treinamentos online, e é instrutor na Escola Argos, onde exerce a função há sete anos. Mas para alcançar seus objetivos, sabia que seria necessário adquirir mais conhecimento e experiência na área de refrigeração, tomando a decisão de mudar-se para São Paulo.
“Abri mão da cidade litorânea e fui para São Paulo, com o objetivo de estudar e adquirir experiência com sistema de refrigeração de grande porte, trabalhando em campo. Estudei com instrutores como o Alan Santos, Amaral de Jesus, Murilo, Eduardo Gusmão, entre outros. Porém, a vida em São Paulo não foi fácil, passei necessidades, dormi em albergues, cheguei até a pedir dinheiro na rua para a condução e poder ir trabalhar, pois ganhava pouco, mas nunca desisti do meu sonho! Me submeti a trabalhar em empresas sem registro e benefícios, mas naquele momento, meu único pensamento era o aprendizado. Algumas vezes, tive que optar por qual refeição fazer no dia, comi comida de doações, passei frio, mas sempre focado nos meus objetivos”.
Rafael dividia seu tempo entre estudo e trabalho, e seu coração batia cada vez mais forte pela profissão de educador. Foi chamado para trabalhar em campo na cidade de Campinas, interior de São Paulo, e paralelamente, ingressou no curso de Engenharia Mecânica, porém, por motivos de força maior, teve que trancar sua matrícula.
Homem de muitos amigos e grande convívio social, em Campinas, Rafael conheceu pessoas maravilhosas que impulsionaram sua carreira, entre elas, sua ex-esposa, Lenny Silva, a quem é grato.
Foi então que, em 2014, sentiu-se preparado para começar a dar aulas: “Liguei para o professor Alberto Di Beo, falei sobre minha vontade, marcamos um bate papo, ele me deu umas dicas, concedendo a oportunidade de dividir a sala de aula com ele por um período, porém, como morava longe, seria impossível dar aula naquela escola. Nesta época, conheci a Escola Argos, localizada no Bairro de Santo Amaro (SP). A diretora da unidade, Cristiane Silva, me abriu as portas da escola e foi meu primeiro contato direto com os alunos, me senti à vontade já no primeiro dia de aula. No começo não foi fácil, dividia meu tempo entre trabalho e Escola, ministrando aulas todos os sábados. Saia de casa às 04h30 da manhã e chegava por volta das 20h00, mas todos os dias retornava feliz por fazer algo que amava. No ano seguinte, em 2015, liguei para o professor Alberto Di Beo para contar o sucesso das minhas aulas, nos encontramos, ele deu um sorrisão, e falou, ‘estou muito feliz por você’. Me pediu um abraço, e duas semanas depois, tive uma das maiores perdas da minha vida, o falecimento dele, algo me toca até hoje”.
Naquele abraço, Rafael sentiu a mensagem do professor lhe incentivando a nunca parar, sabendo que essa luta era grande. Ele conta que sente a todo instante a presença desse mestre, aumentando ainda mais a paixão pela educação, dedicando-se 100% a ministração de treinamentos.
Projeção no mercado, compartilhando conhecimento
Em 2015, Rafael abriu um canal no Youtube, hoje com mais de 20 mil inscritos e tem participação atuante em diversos grupos de refrigeração no Facebook e Instagram.
Entre aulas, treinamentos e lives, Rafael divide seu tempo batendo bola, seu hobbie preferido atualmente
“Daí em diante minha vida profissional só cresceu, trabalhei em grandes multinacionais como Electrolux e Samsung. Na Samsung, em 2019, treinei cerca de 6 mil pessoas, rodando o Brasil de ponta a ponta através do Samsung Climatiza. A Revista do Frio foi marcante nessa minha caminhada, participando dessa projeção no mercado nacional. Um fato interessante é que na época que estudava no Senai, a escola ganhava algumas revistas, eu lia e me perguntava: ‘Será que um dia eu vou escrever para a revista?’. O tempo foi passando e hoje escrevo artigos técnicos, além de participar das lives, tanto as técnicas como as resenhas de sexta pelo Clube do Frio nos canais do Youtube e Facebook”.
Como instrutor, Rafael ministra aulas para os cursos de refrigeração residencial, comercial e climatização, além de prestar assessoria técnica em algumas empresas. Nos momentos de lazer, se dedica à família e ao seu hobbie preferido: jogar bola!
“Meu principal hobbie é jogar bola, já fui Triatleta, ganhei vários troféus correndo, mas hoje prefiro ficar no futebol. Tenho uma bela e grande família! Tive a honra de formar dois alunos muito especiais, meu pai e meu irmão Kaullin. Meu outro irmão, o André, também já atuou na área. Para um menino que não tinha muitas expectativas de vida, hoje, ser uma referência é motivo de muito orgulho, eu tinha tudo para seguir uma vida errada, mas graças à Deus e aos ensinamentos familiares, eu percorri um caminho de sucesso”, comemora Rafael.
Ele traz uma frase, dita pelo engenheiro Marcos Euzébio, que diz: “O país só vai mudar com educação, e nós fazemos parte disso”, e deixa sua mensagem aos profissionais do setor de refrigeração e climatização.
“A todos que estão entrando na profissão nesse momento e aos que já fazem parte, em primeiro lugar, tem que existir o amor pelo que você faz, isso está acima de tudo, e todas as demais coisas que desejar serão acrescentadas. Qualificação profissional é o caminho, perseverança e paciência. Lutei por 10 anos para começar a ser reconhecido, então, lute todos os dias, não desista dos seus sonhos, e sim, foi necessário ouvir críticas, os ‘nãos’ me ensinaram e me deixaram mais forte!”.