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Rheinmetall fornecerá bombas elétricas de refrigeração de alta tensão.

O Grupo Rheinmetall, com suas marcas Kolbenschmidt (KS) e Pierburg, e a divisão Motorservice, investirá em 2026 na produção de bombas elétricas de refrigeração de alta tensão, com 800V – o dobro do padrão da indústria de mobilidade elétrica. Sendo fornecedor Tier 1 para uma das principais montadoras do mundo.

O componente é projetado como uma bomba sem gaxeta que, devido à falta de vedação mecânica, garante baixo atrito e longa vida útil. Além disso, oferece a máxima segurança para motores elétricos e inversores de alta tensão. A eletrônica interna regula a capacidade de resfriamento necessária por meio de um gerenciamento térmico inteligente, aumentando a autonomia e o conforto dos passageiros.

A tecnologia permite o uso de cabos mais finos e reduz a necessidade de metais nobres, garantindo a sustentabilidade.

Rheinmetall está decidida a tornar a mobilidade elétrica ainda mais atraente e acessível ao público em geral.

Edifícios descarbonizados, a nova fronteira da sustentabilidade na construção

Construções neutras em carbono e de alta performance energética fortalecem luta contra a crise climática.

As construções sustentáveis têm emergido como uma estratégia essencial para enfrentar as questões ambientais globais, como a escassez de recursos hídricos e a poluição causada pelos combustíveis fósseis.

Com a indústria da construção respondendo por cerca de 40%das emissões totais de carbono relacionadas à energia, a transição para edifícios verdes é mais do que uma escolha, é uma necessidade, na visão dos cientistas.

O conceito de construção sustentável envolve a criação de edifícios com menor impacto ambiental e maior eficiência energética. Além disso, a sustentabilidade também considera aspectos socioeconômicos relevantes, como a promoção da saúde e bem-estar dos ocupantes e a viabilidade financeira dos projetos de arquitetura e engenharia.

Principal fonte de informações – incluindo padrões (muitos dos quais são a base dos códigos de construção em todo o mundo), diretrizes, treinamento, educação continuada e pesquisa – para sistemas HVAC-R e desempenho de edifícios, a Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (Ashrae, na sigla em inglês) tem desempenhado papel fundamental na promoção das construções verdes.

Uma das normas mais conhecidas e amplamente adotadas no setor é a Ashrae 90.1, que estabelece os requisitos mínimos para a eficiência energética de edifícios novos.

Outra norma relevante é a Ashrae 100, que trata da eficiência energética em edifícios existentes, além do padrão 189.1, que fornece estratégias para a construção de edifícios sustentáveis, servindo como base para o Código Internacional de Construção Verde.

Para seguir auxiliando na descarbonização do ambiente construído, a entidade técnica global publicou recentemente a Ashrae 228, seu primeiro padrão que estabelece critérios claros e abrangentes para a avaliação de desempenho de edifícios com emissões líquidas zero de carbono e consumo líquido zero de energia.

“Também temos guias avançados de design de energia que estão disponíveis para download gratuito e fornecem orientação educacional para reduzir o consumo de energia e a pegada de carbono, mantendo condições internas saudáveis e confortáveis”, diz o presidente do capítulo brasileiro, Walter Lenzi.

“Além disso, temos normas que abordam refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global [GWP, na sigla em inglês], um componente importante para a descarbonização do ambiente construído”, diz o engenheiro, ao salientar que “a preocupação mundial com as mudanças climáticas aumentou à medida que as evidências científicas sobre o tema se tornaram mais definitivas, relacionando o aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera com o aquecimento global”.

Para o engenheiro Lucas Fugita, especialista de serviços técnicos e desenvolvimento de mercado da Chemours no Brasil, “a transição para fluidos refrigerantes de baixo GWP é uma etapa inevitável na jornada rumo a construções mais sustentáveis”.

O gestor da indústria química americana afirma que, “com a contínua inovação e a adoção de novas práticas na construção civil, o setor tem o potencial de desempenhar um papel significativo na luta contra a crise climática”.

Entretanto, prossegue Fugita, a migração para substâncias de baixo impacto climático não está isenta de desafios. “Estamos falando de retrofits de grandes instalações, novos equipamentos, capacitação e ferramentas adequadas para garantir o manuseio seguro e eficiente desses novos fluidos”, explica.

“As questões de eficiência energética precisam ser consideradas durante o projeto e a instalação de sistemas de refrigeração e ar condicionado para garantir o menor custo total de propriedade, junto com menores emissões totais de CO2 equivalente”, pondera. Segundo o especialista, outros fatores relevantes, como “a escolha de materiais de construção sustentáveis, energia renovável, automação, integração com a Internet das Coisas [IoT], iluminação natural, isolamento térmico e gestão eficiente da água, também devem ser levados seriamente em conta pelos projetistas atualmente”.

Revolução em curso

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as emissões diretas de CO2 dos edifícios precisam ser reduzidas pela metade até 2030 para encaminhar o setor para a neutralidade climática até 2050.

Devido ao Acordo de Paris, cujo objetivo é limitar o aumento da temperatura da Terra em 1,5 ºC até o fim do século, muitos governos ao redor do mundo estão implementando políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que muitas vezes incluem metas para eficiência energética e descarbonização de edifícios.

Os players do setor imobiliário que se antecipam a essas tendências podem evitar o risco regulatório e se posicionar como líderes em um mercado em evolução, segundo especialistas.

Afinal de contas, esses edifícios não são apenas benéficos para o meio ambiente, mas também oferecem vantagens econômicas e sociais. Além disso, estudos têm mostrado que eles tendem a ter um valor de mercado mais alto do que os edifícios tradicionais. Por isso, para muitas empresas, a descarbonização de seus imóveis já é uma parte importante de suas estratégias de governança ambiental, social e corporativa (ESG).

No entanto, também é importante notar que a descarbonização de edifícios apresenta desafios, como o custo de implementação de tecnologias de eficiência energética e a necessidade de habilidades e conhecimentos especializados por parte dos empreiteiros, além da dificuldade de renovar edifícios existentes. A descarbonização, enfim, envolve uma abordagem de múltiplas facetas. No design e construção, particularmente, isso significa optar por materiais e processos de construção de baixo carbono, bem como garantir que os edifícios sejam tão eficientes em termos energéticos quanto possível.

De qualquer maneira, reduzir e, eventualmente, eliminar as emissões de carbono associadas à construção e operação de edifícios é uma das tendências emergentes mais significativas no setor.

Em todo o mundo, mais e mais edificações estão sendo projetadas e construídas com a descarbonização em mente, desde residências unifamiliares até grandes complexos industriais, o que gera impacto direto no dia a dia dos profissionais de arquitetura, engenharia e construção, entre os quais engenheiros, projetistas e instaladores de sistemas de climatização e refrigeração.

Nesse cenário de profundas mudanças, aqueles com experiência em práticas sustentáveis e descarbonização estão se tornando cada vez mais valorizados pelo mercado, abrindo novos caminhos para avanços em suas carreiras no HVAC-R e segmentos correlatos.

À medida que a demanda por soluções ecológicas aumenta na construção civil, as empresas que se especializam nessa área também têm a chance de expandir seus negócios e aumentar sua rentabilidade, além de construir uma marca sólida e respeitável.

Oportunidades

Apesar de o crescimento da construção civil não ter sido acompanhado por avanços suficientes nos esforços de eficiência, um relatório da Aliança Global para Edifícios e Construções (GlobalABC) aponta para sinais positivos e oportunidades para acelerar a ação climática, indicando que a descarbonização de edifícios e a eficiência energética estão se concretizando como estratégias sólidas de investimentos.

Até 2030, os edifícios verdes devem se tornar uma das principais oportunidades de investimento global, com um valor estimado em US$ 24,7 trilhões pela Corporação Financeira Internacional (IFC), instituição que se dedica a promover o desenvolvimento do setor privado em países em desenvolvimento, por meio da oferta de serviços de investimento, consultoria e gestão de ativos. Atualmente, os investidores estão sendo encorajados a redefinir suas estratégias imobiliárias, priorizando a eficiência energética e a redução de carbono.

Nessa perspectiva, todos os envolvidos na cadeia de valor devem acolher a economia circular, visando diminuir a necessidade de materiais de construção, minimizar o carbono incorporado e utilizar soluções mais ecológicas para melhorar a resiliência dos edifícios, destaca o documento.

O estabelecimento de ações mitigadoras que aprimorem o desempenho térmico e energético dos edifícios, reforça a instituição, constitui um elemento crucial para a sustentabilidade.

Tecnologias de monitoramento ampliam horizontes do HVAC-R

A intensa evolução deste segmento do HVAC-R demonstrou a crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética, levando à invenção de equipamentos e componentes automatizados, mais precisos e inteligentes, visando minimizar o desperdício de energia e garantir um ambiente saudável e termicamente confortável para as pessoas.

Para atingir esses objetivos, players do setor do frio estão investindo em componentes automatizados e cada vez mais diminutos, com capacidade de gerenciamento a distância e dotados de inteligência artificial para gerar dados e análises.

Os sistemas atualmente embarcados em equipamentos e centrais de refrigeração e climatização têm capacidade de ajustar temperatura, umidade e fluxo de ar de forma dinâmica de acordo com as condições externas e internas.

As informações coletadas por sensores e sistemas de controle podem ser analisadas, em tempo real, para identificar possíveis problemas e evitar falhas catastróficas. Além disso, os dados de monitoramento podem ser usados para otimizar o desempenho do sistema em longo prazo, garantindo a vida útil de aparelhos, peças e componentes e reduzindo o custo total de propriedade.

“Existem hoje, no mercado, sistemas de gestão de edifícios que realizam o gerenciamento completo nas grandezas do HVAC-R, tais como temperatura, umidade, pressão do ar e/ou da água, vazão de ar e/ou de água, qualidade do ar, velocidade do ar e/ou da água e demais grandezas das disciplinas de climatização e refrigeração”, descreve o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê de Normas e ESG da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Para o dirigente, a fim de atender estes requisitos, é necessário contar com o trabalho de profissionais com a devida “expertise” na área de automação predial, “mas, acima de tudo, especificar os sistemas de fabricantes certificados e homologados”, complementa.

Este aspecto precisa ser definido nos projetos porque existem exigências específicas no gerenciamento dos sistemas de HVAC-R conforme o perfil do cliente e o tipo de edifício a ser gerenciado, por exemplo, prédios corporativos, shopping centers, hotéis, aeroportos e residências, onde o quesito principal são o controle de temperatura e a qualidade do ar, nos ambientes interiores.

“Há, ainda, os edifícios como hospitais, clínicas de análises, consultórios e escolas, onde é necessário o controle mais efetivo da temperatura e umidade e, principalmente, da qualidade do ar, além da necessidade de neutralização de agentes biológicos nocivos em aerodispersoides dos ambientes. No caso dos centros cirúrgicos, as atenções também envolvem o controle da pressão atmosférica, com a manutenção da pressão positiva”, explica Reis.

O engenheiro salienta que em edifícios de indústrias farmacêuticas, de alta tecnologia e petroquímicas, os sistemas de gestão técnica são os mais completos e complexos para as disciplinas do HVAC-R, quanto à climatização, refrigeração, ventilação, exaustão e aquecimento.

“Infelizmente, o Brasil não conta com diretivas governamentais que, no mínimo, criariam um critério ou mesmo uma classificação baseada na eficiência energética para sistemas de refrigeração e climatização e para qualidade do ar interior para climatização. O que possuímos são normas técnicas da ABNT, internacionais da ISO e IEC e recomendações e procedimentos da Abrava e/ou da Ashrae para atender os quesitos de engenharia do HVAC-R”, comenta.

De acordo com ele, “como normas técnicas e recomendações não têm o chamado ‘poder de lei’, os procedimentos e padronizações são realizados e respeitados de acordo com o interesse do cliente”, completa.

 Mercado em transição

A busca por processos capazes de aumentar a eficiência energética dos equipamentos e o impacto ecológico das instalações da cadeia produtiva do frio colocou este setor, atualmente, em uma fase de transição de tecnologias.

Na Coel, por exemplo, a família de controladores de temperatura E34B, ET1 e ET3 dispõe de uma confiável conectividade embarcada, uma tecnologia que conquistou inclusive a confiança da Coca-Cola Company. A multinacional norte-americana decidiu usar esses controladores nos refrigeradores comerciais instalados em pontos de venda no Brasil e na América Latina, obtendo informações importantes sobre o funcionamento dos equipamentos em campo.

“A avaliação dos dados obtidos, como a análise das entradas, saídas e alarmes de funcionamento, permite a efetividade do uso do refrigerador, bem como uma melhor tomada de decisão na estratégia comercial do cliente”, revela o engenheiro Fernando Lemos, gerente de desenvolvimento de negócios da empresa.

O gestor destaca que a Coel também tem uma linha completa de controladores de temperatura e processos para o segmento de refrigeração e automação industrial, formada pela linha nanoPAC, que oferece uma plataforma modular para atender projetos de maior complexidade. Além disso, para o acompanhamento de falhas no equipamento ou na instalação, seus produtos são dotados de um conjunto de alarmes que permite melhor ação corretiva em campo.

“O mercado brasileiro tem um potencial gigantesco de modernização dos sistemas de controle nos segmentos que formam o HVAC-R, e estamos acompanhando de perto esta evolução. Entre essas transformações, estão as soluções focadas em retrofit, as quais permitem uma instalação fácil para sistemas que já estão em operação”, destaca Lemos, enfatizando que a companhia brevemente lançará produtos com novos protocolos de comunicação, permitindo ao cliente a escolha do padrão que melhor atenda o seu projeto.

Pensamento similar sobre a incorporação de novas tecnologias no setor tem vendedor externo Alex Pagiato, lotado no Departamento de Food Retail da dinamarquesa Danfoss. De acordo com ele, geralmente os clientes buscam soluções tecnológicas para minimizar impactos de perdas em sua cadeia.

“Mas, o que podemos constatar é que eles não desejam fazer o monitoramento, mas sim os benefícios que ele proporciona. Monitorar não significa dizer que todos os problemas vão desaparecer, mas sim, vão ser evidenciados, e para isso, ações terão de ser tomadas para alcançar performance. As tecnologias atuais proporcionam aos clientes desde o controle de temperatura em balcões, geladeiras etc. que podem garantir a qualidade de produtos comercializados como gerar alarmes que reduzem tempos de paradas”, comenta.

Hoje, a Danfoss oferece automação para todos os segmentos em que atua. Para refrigeração comercial, tem a linha ERC, que são controladores para geladeiras de bebidas, freezers horizontais, e entre as várias funções de controle, destaque para a economia de energia sobre o controle de abertura de portas e da frequência com que clientes passam em frente ao expositor.

Além disso, dispõe de uma função específica que indica se há algum problema com o sistema, o que tem reduzido a quebra de compressores neste segmento, garantindo a qualidade dos produtos expostos dentro dos equipamentos.

Para as centrais frigoríficas, há tecnologias como o modelo AK-PC 551, o qual possui um software de controle com alguns algoritmos específicos para compressores e dos ventiladores do condensador. “Ele traz também a possibilidade de controlar um chiller pensando na demanda com sistemas com glicol, otimizando a condensação de acordo com o delta T do condensador como uma das suas maiores virtudes”, descreve Pagiato.

No caso dos sistemas com CO2, a multinacional oferece o controlador AK-PC783A, que, além de controlar todo o sistema do frio, é capaz de analisar o balance de carga do sistema e entregar a melhor performance possível de acordo com a demanda. Ele também controla os periféricos, como bomba e aquecimento de água.

Para o controle de evaporadores, o modelo AK-CC55 é capaz de controlar válvulas de expansão eletrônica (AKVP-pulso ou a ETS-motorizada) e traz uma interface bluetooth para comunicação com o celular para facilitar a configuração, o comissionamento e a manutenção.

“Em uma instalação com muitos evaporadores, essa interface facilita a programação em massa, pois pode ser usada como um arquivo eletrônico armazenando as configurações e pode compartilhar a programação com outros controladores”, afirma.

A Danfoss dispõe ainda em seu portfólio o modelo EKE400, controlador para evaporadores aplicados com amônia. Já a linha MCX é formada por controladores programáveis.

Para todo o sistema, a empresa tem o gerenciador AK-SM-880A, que interliga todos os controladores que estão no sistema de refrigeração, ar-condicionado, medição de energia, dentre outros. Ele realiza leitura e armazenamento de dados (registros), gerenciamento de alarmes por nível de criticidade.

 Vanguarda

Assim como os demais concorrentes, a Carel também acelera em direção a tecnologias de vanguarda. Atualmente, a companhia oferece a família de supervisórios Boss, que atendem desde pequenas instalações (15 dispositivos) até grandes plantas (300 dispositivos).

“Nosso portfólio também oferece serviços de monitoramento remoto, como a plataforma IoT Tera, que pode monitorar até dez dispositivos por CloudGate com conectividade 4G integrada, ideal para pequenas instalações e locais onde não há provedor de internet disponível”, ressalta o engenheiro Rafael Valsani Leme Passos, analista pleno de suporte técnico.

O gestor projeta como principal tendência os serviços de computação em nuvem para HVAC-R, que agregam valor às instalações onde cada dispositivo pode ser conectado à internet, gerando dados importantes para o gerenciamento da planta.

“O registro de dados e a sua análise são fundamentais durante o processo de gerenciamento de plantas e instalações de HVAC-R. A partir dos dados coletados, é possível fazer análises de eficiência, otimização de funcionamento de máquinas por meio do ajuste de parâmetros e também detectar anomalias, tais como pequenas fugas de refrigerante”, exemplifica Passos, citando que a tecnologia pode otimizar remotamente o processo de degelo de balcões frigoríficos somente analisando a tendência de funcionamento do equipamento no sistema de supervisão.

A Carel contra-ataca no mercado com a plataforma em nuvem RED Optimise, que integra múltiplos supervisórios em um só portal, onde os dados de cada instalação são processados, gerando estatísticas, dashboards e alarmes. Por meio de um algoritmo avançado, a plataforma é capaz de identificar em cada instalação pontos de otimização, traduzindo em economia de energia.

Igual velocidade na tomada de decisões também permeia o dia a dia na Full Gauge Controls, conforme esclarece o diretor Antonio Gobbi. A empresa tem hoje uma linha com 147 produtos, além do software de gerenciamento remoto Sitrad PRO.

“Demos um grande salto migrando dos termostatos mecânicos para os controladores digitais. Depois, tivemos outra grande evolução com os softwares de gerenciamento e suas versões mobiles”, afirma Gobbi, para quem o futuro do setor pode estar ligado a tecnologias como Metaverso e ChatGPT, que em algum momento poderão oferecer soluções dentro do HVAC-R.

Avanços integrados

O avanço dos equipamentos integrados às tecnologias como 5G, Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada e inteligência artificial está cada vez mais forte e veloz, e esta realidade também tem transformado o modelo de negócios de muitos players.

Nesta área tecnológica, especialistas acreditam que na utilização em definitivo e exclusivamente dos chamados controladores DDC, dedicados à gestão técnica de edifícios.

Os controladores são dedicados e distintos para cada finalidade. Para climatização, possuem características específicas e próprias para o controle total das condições do ambiente interior, e os controladores para refrigeração específicas para a geração e controle do frio.

“Hoje já são uma realidade no Brasil, estando disponíveis os sistemas de gestão técnica de edifícios com as mais novas tecnologias com 5G, IoT, backup em nuvem e segurança cibernética, e alguns até realidade aumentada, e a previsão é a de que até 2030 já ter sido incorporada à inteligência artificial”, comenta o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê de Normas e ESG da Abrava.

Exemplo deste movimento, a multinacional Danfoss investiu na plataforma Alsense, que é uma solução de IoT para varejo alimentar e o mais recente lançamento em nuvem da empresa para supermercados e aplicações de varejo de alimentos.

“Trata-se de um portal escalonável e seguro para otimizar o desempenho das operações de varejo de alimentos, com uma tecnologia que pode ajudar a alcançar as eficiências necessárias, pois a solução Alsense permite rastrear facilmente o desempenho dos equipamentos de refrigeração que estão conectados ao gerenciador AK-SM880A, responder a alarmes, integrar monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, reduzir o consumo de energia e muito mais – tudo em uma plataforma moderna e integrada”, detalha o vendedor externo Alex Pagiato, do Departamento de Food Retail.

“Acho que os hardwares terão menos responsabilidade direta sobre o controle e mais em compartilhar com a nuvem os dados do equipamento/instalação e os algoritmos ou as IAs ficarão em nuvem enviando comandos para os hardwares nas plantas. Os sistemas de gestão devem sair fisicamente das plantas e ficar na nuvem”, aposta o gestor.

Na mesma linha de pensamento, a Carel aposta na integração a serviços de IoT, inteligência artificial e Internet móvel por meio do sistema de supervisão Boss e também pelos sistemas de integração a serviços baseados na nuvem.

“Um sistema de água gelada pode ser integrado facilmente a serviços de IoT e monitoramento remoto com Internet móvel a partir do CloudGate. A integração dos dispositivos a serviços de computação impacta de maneira positiva o dia a dia dos clientes, uma vez que as instalações podem ser monitoradas e gerenciadas de forma totalmente remota”, arremata o engenheiro Rafael Valsani Leme Passos, analista pleno de suporte técnico.

Por fim, o engenheiro Fernando Lemos, gerente de desenvolvimento de negócios da Coel, entende que, no aspecto do controle de temperatura, o mercado oferece uma extensa gama de soluções. “Mas, quando abordamos essas novas frentes de conectividade de inteligência artificial, notamos que há muitas oportunidades a serem exploradas”, vislumbra.

Danfoss firma nova parceria

A Danfoss e a Salling Group anunciaram uma parceria em conjunto com a Microsoft para capacitar o varejo alimentar sustentável por meio da digitalização. O Salling Group pretende criar um negócio neutro em carbono e está investindo mais de 2,4 bilhões de coroas dinamarquesas nos próximos anos em projetos de energia e sustentabilidade. Parte dessa iniciativa inclui uma colaboração com a Danfoss e a Microsoft para desenvolver serviços digitais para controlar o uso de temperatura e energia da refrigeração do supermercado, permitindo a manutenção preventiva para evitar perdas de alimentos e desperdício de energia. As empresas trabalharão juntas para utilizar sistemas e componentes de refrigeração, para as lojas da Salling Group na Dinamarca. O Alsense da Danfoss, uma plataforma de Internet das Coisas (IoT) construída na Microsoft Cloud for Sustainability, será utilizado para mensurar o desempenho da refrigeração. “Já possuímos as tecnologias e medidas de eficiência energética disponíveis hoje para oferecer grandes reduções de emissões. Temos orgulho de trabalhar com o Salling Group como um de nossos parceiros para a descarbonização”, diz Jürgen Fischer, presidente da Danfoss Climate Solutions.

Fujitsu General do Brasil anuncia nova marca de produtos

Fujitsu General do Brasil anuncia o rebranding global da marca para os próximos meses em sua linha de produtos.

A nova marca de produto Airstage chega trazendo a cor azul-esverdeado representando a inovação, tecnologia e sustentabilidade como principais atributos. Os produtos Airstage, segundo a empresa, colaboram com a saúde do planeta, da fabricação ao uso diário, fazendo com que o impacto na natureza seja o menor possível. A novidade da engenharia dos aparelhos é a aplicação do novo sistema de refrigeração por meio do fluido R-32. O gás é considerado de menor impacto para o aquecimento global e não agride a camada de ozônio, além de proporcionar elevada economia de energia. A mudança já teve início na filial Americana, Austrália, Europa e chegará como pré-lançamento a partir deste mês no mercado brasileiro. No próximo ano chegam os novos produtos de lançamento.

“Estaremos pautados nos pilares da evolução, eficiência, qualidade, sustentabilidade e modernidade, focando no aumento do market share e capacitando ainda mais o mercado de instaladores de ar-condicionado. Todos os produtos desenvolvidos demonstram o quanto o nosso esforço e trabalho em conjunto se faz presente principalmente na qualidade que disponibilizamos em nossos equipamentos. Estamos em constante movimento, somos pioneiros na tecnologia inverter no mercado brasileiro e agora também como uma das primeiras fabricantes, no mercado brasileiro de ar-condicionado a obter o Selo Procel-categoria Ouro na fabricação do modelo split-teto na capacidade de 24 mil BTU em fluido R-32, alcançando uma eficiência energética superior.” ressalta Akihide Sayama, presidente da Fujitsu General do Brasil.

Fabricantes investem em miniaturização de componentes e eficiência energética

Indústrias buscam conquistar maiores fatias do mercado doméstico com inovações tecnológicas sustentáveis.

O segmento de refrigeração doméstica não para de avançar tecnologicamente, sendo especialmente alavancado pelo surgimento de inovações na área comercial – de compressores mais compactos e de velocidade variável e suas placas eletrônicas a equipamentos mais sustentáveis e eficientes energeticamente. Em verdade, uma coisa puxa outra.

No escopo da Nidec Global Appliance, detentora da marca Embraco, os compressores têm se destacado, nos últimos tempos, pela rápida evolução dentro de um conceito de sustentabilidade ambiental, envolvendo o tripé eficiência energética, redução de desperdício de alimentos e diminuição do volume de matéria-prima utilizada.

“Atualmente, a tecnologia de velocidade variável, também chamada de Inverter, é a que entrega todos estes três fatores no seu melhor potencial. É uma tecnologia na qual o compressor interpreta as necessidades de temperatura do refrigerador e regula sua velocidade para atender essa demanda, trazendo maior eficiência energética, com economia de até 40% de energia – em comparação a um compressor tradicional –, além de melhor ajuste e controle de temperatura”, detalha o diretor de vendas para aplicações residenciais na América Latina da Nidec, Leandro Navarro.

O executivo explica que esses compressores possibilitam um desempenho ainda melhor na preservação dos alimentos e redução de ruído, grandes atrativos para o consumidor final. Segundo ele, esta tecnologia envolve um compressor conectado a uma placa eletrônica, chamada inversor.

“As placas eletrônicas da Embraco também trazem a opção de modularização, ou seja, um mesmo compressor pode se adaptar a diferentes refrigeradores em distintos lugares do mundo, apenas alterando o inversor, abrindo caminho, inclusive, para incorporar soluções bivolt, com um compressor 110V-220V”, exemplifica.

Navarro lembra ainda que as possibilidades de aplicações relativas à IoT (Internet das Coisas) também crescem quando se usam compressores de velocidade variável. “Isso porque os inversores – placas eletrônicas que controlam os compressores de velocidade variável – permitem agregar novos recursos e controles entre o refrigerador e o compressor”, descreve.

A Nidec dispõe de um portfólio bastante amplo de produtos, que muitas vezes são customizados para atender às necessidades de cada mercado ao redor do mundo. No Brasil, seus carros-chefes para a refrigeração residencial são os compressores de velocidade variável da linha FMS e os compressores de velocidade fixa da linha EM.

A linha EM apresenta excelente performance, eficiência energética, robustez, alta qualidade e confiabilidade. Conta com vários modelos, com opções diferentes tipos de refrigerantes.

Lançada recentemente, a linha FMS tem 12 centímetros de altura, um terço menor que o EM. Atinge 265 W de capacidade de refrigeração, mais de 20% acima das soluções existentes com tamanhos semelhantes.

“O FMS foi lançado com o objetivo de tornar a tecnologia de velocidade variável, ou inverter, mais acessível em todo mundo, trazendo as vantagens de economia de energia, baixo ruído, estabilidade, confiabilidade e melhor preservação dos alimentos”, enfatiza Navarro.

Eficiência energética

Uma importante tendência do HVAC-R brasileiro, de acordo com especialistas do setor, é a crescente exigência por equipamentos mais eficientes energeticamente. Este movimento ainda deve aumentar nos próximos anos, também em função da atualização do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para refrigeradores residenciais, desenvolvido pelo Inmetro.

O PBE foi atualizado pela Portaria nº 332/2021, que entrou em vigor em 1º de julho deste ano, a qual criou três novas categorias nas etiquetas do Inmetro – “A+”, “A++” e “A+++”. Elas identificam os refrigeradores que são, respectivamente, 10%, 20% e 30% mais econômicos do que os produtos até então classificados como “A”. O varejo terá até 30 de junho de 2023 para comercializar os produtos com a etiqueta antiga.

A partir de janeiro de 2026, os selos voltarão a ir de “A” a “F”, entretanto, mais rigorosos. Ao final de 2030, o nível de consumo máximo permitido em cada categoria irá se tornar ainda mais restrito. “A Embraco já tem hoje, em seu portfólio, os produtos para atender a todas as etiquetas até 2030, pois, como uma marca global, estamos em mercados em que as exigências regulatórias são mais elevadas”, pondera o diretor da Nidec.

Outra tendência no mercado global, a redução do tamanho – miniaturização – dos compressores tem como foco a fabricação de itens menores, com até 50% de massa, porém com a mesma capacidade de refrigeração e mais eficientes do que seus antecessores.

“Há vários ganhos nisso, como a otimização do espaço interno do gabinete, liberando mais espaço para armazenamento de produtos, além da redução do consumo de recursos naturais para fabricação e otimização do transporte dos compressores”, complementa Navarro.

Os fabricantes também estão buscando operar com refrigerantes de baixo impacto no aquecimento global. A Nidec tem apostado no uso de refrigerantes naturais, como propano (R-290) e isobutano (R-600a), sendo este último o mais utilizado na refrigeração residencial. “Em 2021, 65% dos nossos compressores comercializados globalmente, somando refrigeração residencial e comercial, já contavam com fluidos refrigerantes naturais”, pontua o executivo.

Esta corrida está bem acelerada. Ainda em 2021 a Samsung já havia colocado no mercado geladeiras mais eficientes nas principais categorias (Duplex, Duplex Inverse, French Door e Side by Side), que passaram a atendem aos novos critérios do Inmetro.

De acordo com a multinacional sul-coreana, seu portfólio conta com vários refrigeradores que correspondem à classificação mais alta, graças às tecnologias embarcadas nesses modelos – entre elas, a do compressor Digital Inverter, que emite menos ruídos e pode economizar até 50% de energia.

“A preocupação com a redução de consumo de energia é uma tendência global, e em situações de escassez de chuvas e de uma consequente crise energética como a que vivemos no Brasil, esta questão se torna ainda mais importante. Atendendo aos mais altos padrões internacionais de eficiência e sustentabilidade, a nossa empresa se antecipou ao oferecer produtos que já correspondem às novas normas brasileiras”, afirma o diretor da divisão de eletrodomésticos da Samsung, Helbert Oliveira.

Entre os modelos mais populares da marca está a geladeira duplex Samsung Evolution RT46, dotada da tecnologia POWERvolt, que torna o equipamento mais resistente a picos de energia, problema recorrente no Brasil. Outro aparelho de destaque é a geladeira duplex Inverter Frost Free RT6000K 5-em-1 RT53, que conta com a tecnologia Twin Cooling Plus, voltada a conservar os alimentos frescos pelo dobro do tempo.

Já a geladeira duplex da marca, a Inverter Frost Free Inverse Barosa RL4363, pode ou não contar com o dispenser de água na porta. Este modelo também tem o Smart Sensor, ou seja, sensores que monitoram a temperatura ambiente, o nível de umidade interna da geladeira e até mesmo os hábitos de uso do aparelho, que se adapta e opera de forma otimizada e econômica.

Já entre os modelos Side by Side, destaca-se a geladeira Inverter Frost Free de três portas RS65R56, que conta com a tecnologia SpaceMax, construída com paredes mais finas, garantindo maior volume interno sem ocupar mais espaço no ambiente. O modelo vem com a exclusiva FlexZone, com temperatura independente, possibilitando quatro modos de resfriamento.

Em agosto passado, a Samsung lançou no Brasil seus primeiros modelos de geladeiras Bespoke, sendo um duplex inverse com 328 litros de capacidade, e um modelo flex, com capacidade de 315 litros, conversível entre freezer e geladeira. Ambos os modelos têm portas reversíveis, que abrem dos dois lados para se ajustar ao design da cozinha, a fim de otimizar o espaço.

O modelo Bespoke de 328 litros conta com a tecnologia SpaceMax e prateleiras retráteis para acomodar os alimentos com mais praticidade e um rack de vinho para armazenar garrafas refrigeradas na posição horizontal. Já a versão de 315 litros traz a opção de guardar alimentos frescos na geladeira ou mantê-los congelados usando-a como freezer.

Em julho, a sul-coreana LG Electronics apresentou suas novidades em linha branca na Casacor 2022, quando lançou as geladeiras Smart Side by Side UVnano. A grande novidade, de acordo com a multinacional, é a exclusiva máquina embutida Craft Ice, que permite fazer gelo em formato de esfera, os quais derretem lentamente, mantendo o sabor e a refrescância das bebidas. Outra evolução é a aplicação da tecnologia UVnano no dispenser de água. O uso de luz ultravioleta garante a eliminação de até 99,99% das bactérias no bocal.

A geladeira conta também com a tecnologia InstaView Door-in-Door, um painel de vidro que se ilumina com duas batidas, permitindo que os consumidores vejam o interior sem abrir a porta, reduzindo a perda de ar frio e economizando energia. Para manter os alimentos frescos por mais tempo, a geladeira vem equipada, internamente, com o filtro Hygiene Fresh+, que elimina até 99,999% de bactérias e remove o mau odor.

Outra marca a lançar um produto igualmente inovador foi a chinesa Midea, que apresentou ao mercado o refrigerador Side by Side 528L, que conta com freezer com capacidade de 184 litros, duas gavetas, três prateleiras na porta e três prateleiras internas.

De acordo com a multinacional, o aparelho é dotado de gaveta dupla de frutas e legumes, painel touch e prateleiras de vidro para dar maior estabilidade para latas e garrafas, além do ice twister, ativado com apenas um toque. Toda esta tecnologia embarcada proporciona economia de energia elétrica de até 28%.

Ao que tudo indica, a busca por equipamentos cada vez mais eficientes, com tecnologias que abram caminho, por exemplo, para a miniaturização de componentes, concordam especialistas do mercado do frio, continuará a ser destaque nos próximos anos no HVAC-R.

Elgin amplia usina solar na fábrica de Mogi das Cruzes

A fábrica da Elgin, localizada na cidade de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, conta com uma usina solar de telhado desde 2019, que acaba de receber uma ampliação para abastecer parte das operações administrativas e de manufatura da companhia. O local é destinado para produção e armazenagem de equipamentos das áreas de climatização, refrigeração e automação, contando com aproximadamente 800 colaboradores.

A usina solar em operação saltou de 1,8 megawatts (MW) para 2,3 megawatts (MW) em julho de 2022. No total, a unidade fabril possui mais de 6,3 mil painéis instalados no telhado, dispostos numa área de cerca de 13 mil metros quadrados.
A energia gerada pela usina pode ser utilizada diretamente na fábrica ou injetada na rede elétrica de distribuição da cidade, para recebimentos de créditos ou abatimentos na conta de energia. Para se ter ideia, a usina solar instalada no telhado da empresa conseguiria abastecer aproximadamente 10 mil casas, considerando um consumo médio de 300 kWh/mês.

Outro benefício da usina solar na fábrica da Elgin é a redução de emissão de gás carbônico na atmosfera. Desde o início de sua operação, a redução estimada é de 5,6 mil toneladas de CO2, os quais deixaram de ser lançados no meio ambiente.

De acordo com Glauco Santos, diretor da divisão de energia solar da Elgin, a ampliação da usina reflete o investimento constante em sustentabilidade e eficiência energética, bem como integra o programa de ESG de todo o grupo. “A aposta em projetos fotovoltaicos dentro da empresa, reforça nossa visão de acreditar na tecnologia que comercializamos para os nossos clientes. Estamos sempre buscando alternativas que garantam uma operação sustentável a partir de fontes limpas de energia”, explica.

Mercado do frio começa a adotar agenda ESG

Cada vez mais seguidas no Brasil, iniciativas de cunho ambiental, social e de governança baseiam-se em cinco pilares – estratégia e negócios, estrutura e gestão, políticas e práticas, divulgação de informações e relação com investidores.

Questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos, colocando uma forte pressão no setor empresarial e tornando-se driver estratégico para a inovação.

Hoje, é imprescindível que as companhias tenham um propósito claro no mercado, além de atuarem com aspecto social e de inovabilidade (junção dos termos sustentabilidade e inovação), segundo especialistas.

De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 61% das organizações possuem pessoas dedicadas à inovação e 45% possuem orçamento – dois componentes que registram o ganho de comprometimento com a agenda ESG.

Basicamente, no meio corporativo, o olhar deve estar direcionado ao entendimento de quais são os temas importantes que determinada empresa consegue alcançar e as temáticas que afetam a companhia, pensando especialmente na agenda ESG.

Resumidamente, o ESG mede o engajamento das empresas em relação às iniciativas que diminuam os impactos negativos no meio ambiente e promovam uma sociedade mais justa. Sua agenda é baseada em cinco pilares – estratégia e negócios, estrutura e gestão, políticas e práticas, divulgação de informações e relação com investidores.

No campo corporativo, “a União Europeia tem sido a principal protagonista com avanços importantes e constantes em ESG, envolvendo planos para combater as mudanças climáticas e descarbonizar a economia, para atingir a meta de conseguir, até 2030, reduzir em 55% suas emissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis de 1990. A busca pela neutralidade em carbono, a meta carbono zero, deixou de ser um sonho e se transformou em plano”, detalha o estudo “ESG e as empresas de capital aberto”, realizado conjuntamente por Grant Thornton Brasil, XP Inc. e Fundação Dom Cabral.

Ainda segundo a pesquisa, que teve a participação de 167 empresas brasileiras de capital aberto e foi lançada em 2021, o “Brasil começou a ampliar seu olhar para o ESG, as empresas estão avançando alguns passos nessa direção, mas ainda há lacunas que precisarão ser preenchidas para que o país não fique para trás nesse movimento – e as ações devem ser rápidas para que a agenda esteja inserida na cultura das organizações e atenda exigências urgentes que chegam do setor financeiro, já que as questões ambientais, sociais e de governança passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos”.

Para o CEO da Grant Thornton Brasil, Daniel Maranhão, o cenário global vem mudando rapidamente, visto que há dez anos a relevância dos aspectos ESG e negócios sustentáveis era percebida de forma completamente diferente do que é hoje.

“As questões ambientais, sociais e de governança colocam pressão sobre o setor empresarial, e podemos ver uma evolução nas práticas de sustentabilidade corporativa, deixando de tratar a sustentabilidade apenas como projetos socioambientais patrocinados pela empresa para se tornar uma estratégia do negócio. Também já está ficando claro que veremos cada vez mais o envolvimento ativo dos investidores na demanda por melhor qualidade de dados ESG”, complementa o executivo.

Cadeia de suprimentos

A cadeia de suprimentos também tem feito seu papel, a exemplo do Deutsche Post DHL Group, do qual a DHL Supply Chain faz parte e busca liderar este movimento na logística, tendo como uma de suas principais metas zerar suas emissões até 2050.

“Em 2021, o grupo anunciou um novo plano de sustentabilidade que inclui metas de ESG como eletrificar até 60% de sua frota, buscar a utilização de combustíveis alternativos, práticas de compensação de emissões e até uma proposta de vinculação da remuneração do conselho de administração com a execução deste plano”, explica Cybelle Esteves, diretora para a América Latina de QRA, HSE, BCM, ESG & GoGreen.

Com forte atuação nas áreas de armazenagem, distribuição e transporte de medicamentos, insumos e equipamentos médicos e hospitalares, o Grupo DHL tem destacadas operações no HVAC-R. A primeira se dá com a Polar, transportadora especializada na cadeia produtiva do frio, que instalou em alguns caminhões refrigerados placas solares ultrafinas que reduzem em 5% o consumo de combustível, diminuindo assim também as emissões.

“Em outra iniciativa, trocamos caixas descartáveis por caixas reutilizáveis para o transporte de medicamentos que requerem temperaturas mais baixas, o que proporcionou ganhos operacionais, de custos e também uma sensível redução de descarte de materiais, além do uso de gases ‘verdes’ em nossos sistemas de climatização de ambientes”, salienta Cybelle.

No Brasil, a empresa segue sua agenda ESG, com mais de 60 caminhões elétricos e tem como meta chegar a uma frota com mais de 120 ao final deste ano, o que expande bastante sua gama de cobertura de serviços zero emissão. Este projeto ganhou destaque global, porque mais de 50% dos motoristas são mulheres.

“Nesta mesma linha, lançamos em 2020 nosso primeiro centro de distribuição com uma usina solar no teto que gera quase toda a energia necessárias para operar. Esta instalação agrega também outras boas práticas sustentáveis, como aproveitamento de resíduos e medidas de uso racional de água e iluminação, o que garantiu as certificações Leed Gold e Leed Platinum.”

Metas ambiciosas

Na mesma onda de sustentabilidade, a dinamarquesa Danfoss mira 2030 visando integrar novas metas e ambições ESG com base na iniciativa Science Based Targets.

“A Danfoss aspira assumir posições de liderança em descarbonização, circularidade e diversidade e inclusão, seguindo comprometida em descarbonizar nossas operações globais até 2030 e melhorar a diversidade de gênero, com mulheres ocupando 30% dos cargos de liderança até 2025, ao mesmo tempo em que reformula sua abordagem para construir uma equipe diversificada e inclusiva”, comenta o presidente e CEO da multinacional, Kim Fausing.

Segundo o executivo, a empresa continuará investindo em sustentabilidade e melhorando sua pegada climática, definindo metas com base na iniciativa Science Based Targets e estendendo sua robusta abordagem para incluir toda a cadeia de valor. “Todo esse progresso em sustentabilidade será acompanhado da mesma forma que é feito na parte financeira, com dados sólidos e uma abordagem sistemática”, conclui.

Uma das empresas pioneiras na agenda ESG, a Chemours deu início, em 2017, ao programa Compromisso de Responsabilidade Corporativa (CRC), no qual definiu dez objetivos a serem atingidos até 2030 que contemplam os valores da companhia e os princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os objetivos da indústria química americana são possuir pelo menos 50% de mulheres no quadro de funcionários mundialmente e pelo menos 20% de diversidade étnica no quadro de funcionários dos EUA; melhorar em 75% o desempenho de segurança de funcionários, terceiros, processos e distribuição; investir US$ 50 milhões nas comunidades para elevar o acesso a ciência, tecnologia, engenharia e matemática, além de iniciativas de segurança e programas ambientais de sustentabilidade; e reduzir em 60% as emissões de gases de efeito estufa de suas operações.

“Além disso, a companhia buscará zerar as emissões de gases de efeito estufa em nossas operações até 2050; reduzir em 99% ou mais as emissões aquáticas e aéreas de compostos orgânicos fluorados e em 70% na intensidade do volume de aterros sanitários utilizados; possuir 50% ou mais da receita proveniente de produtos que suportam os ODS da ONU; e utilizar fornecedores 15% mais sustentáveis”, completa Arthur Ngai, gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da multinacional na América Latina.

 

Circularidade em foco

As empresas que adotam práticas de ESG estão mais atentas e se preocupando em fazer o certo, inclusive no tocante à logística reversa de fluidos refrigerantes.

É o que afirma o economista Jorge Colaço, fundador da Recigases, lembrando que “essa cadeia envolve fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes, consumidores e outras partes interessadas”.

“Afinal de contas, proteger o meio ambiente é responsabilidade de todos”, diz o empresário.

Além de recuperar gases contaminados, empresas como a Recigases funcionam como gerenciadores desses resíduos, uma vez que armazenam os fluidos que não são passíveis de regeneração e devem ser encaminhados para a destinação final.

No ano passado, a prestadora de serviços fluminense regenerou 26.760 quilos de diferentes gases halogenados. “Nosso faturamento aumentou 34,5%”, informa Colaço, ao destacar que, “para este ano, esperamos um aumento de 80%, devido à disparada do preço dos fluidos refrigerantes e à maior conscientização do setor”.

“Temos vários clientes com contratações repetitivas ao longo dos anos. Isso é um grande reconhecimento. Também estamos nos equipando para conseguir recolher os fluidos em tempo recorde”, enfatiza.

“Além do barateamento do gás, a regeneração traz outro grande benefício: a mitigação de emissões de gases efeito estufa (GEE) para empresas que são obrigadas a apresentar ao mercado relatórios anuais de lançamento dessas substâncias na atmosfera”, acrescenta.

 Mitsubishi Electric anuncia a construção de uma nova fábrica no Japão

A Mitsubishi Electric Corporation anunciou a compra de um terreno, com 42 mil m2, na cidade de Owariasahi, no Japão, que irá abrigar novas instalações para a produção de sistemas de controle de automação industrial, com início de funcionamento previsto para 2025.

A demanda global por soluções de automação industrial deve registrar um crescimento no médio a longo prazo, principalmente na área de TI, com a venda de semicondutores, componentes eletrônicos e data centers, bem como em ações de sustentabilidade e descarbonização da produção, com o uso de baterias de íon-lítio.

Para atender a essa crescente demanda, a Mitsubishi Electric investirá cerca de 13 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 110 milhões) na construção da nova instalação em Owariasahi, cidade vizinha a Nagoya, onde está localizada a principal planta de produção de sistemas de automação industrial, a Nagoya Works.

Whirlpool investe em energia limpa para neutralizar emissões de carbono

Dona das marcas Brastemp e Consul, a Whirlpool está caminhando para atingir suas metas de sustentabilidade. A empresa agora conta com mais uma certificação internacional, que atesta 100% do uso de energia renovável, como eólica, hidrelétrica e solar em duas de suas três unidades fabris no Brasil, reduzindo muito mais as emissões de CO2, quesito em que a mesma deseja ser neutra até a próxima década.

Dessa forma, a empresa evitará a emissão de 6,5 mil toneladas de CO2 apenas este ano, o que equivale a uma redução superior a 30% em relação ao último ano.

A iniciativa está dentro da meta global da empresa de atingir a neutralização das emissões de CO2 até 2030. A nova certificação após investimentos em energia renovável passou a valer no início do ano para as unidades de Rio Claro (SP) e Manaus (AM).

Já a unidade de Joinville (SC) tem expectativa de alcançar a marca de 100% de energia renovável em 2024. Atualmente, o índice é de 85% no escritório da dona da Brastemp e da Consul em São Paulo, que já havia sido certificado em novembro do último ano.

De acordo com Cristiano Félix, gerente sênior de Meio Ambiente, Segurança do Trabalho e Saúde para a América Latina, em Joinville a empresa já conta com acordos firmados para o uso de energia renovável.

Já o vice-presidente de Assuntos Jurídicos de Compreensão e Corporativos da Whirlpool para América Latina, Bernardo Gallina, afirma que a decisão de comprar energia apenas de fontes renováveis é mais uma questão de valor para empresa do que apenas redução de custos e economia, tanto que a empresa passou a gastar 10% a mais com a mudança.

A ideia é consumir menos eletricidade e reutilizar os recursos dentro da empresa para que seja mais sustentável. A redução de 31% das emissões de CO2 é o equivalente a plantar cerca de 43 mil árvores, informa a companhia.