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Vidros especiais ampliam controle térmico e experiência do cliente

Soluções avançadas em vidros ajudam a reduzir desperdício, preservar alimentos, economizar energia e melhorar a experiência do cliente

 Nos supermercados brasileiros, a transparência dos expositores vai muito além da estética. Hoje, o vidro é um dos principais aliados do controle de temperatura, da preservação de alimentos e da eficiência energética. Portas, vitrines e tampas de freezers utilizam tecnologias específicas para ambientes refrigerados, equilibrando desempenho térmico, segurança e visibilidade dos produtos.

Entre as soluções está o vidro duplo insulado (IGU), formado por duas lâminas separadas por gás inerte. Essa estrutura cria uma barreira que minimiza a troca de calor e evita a condensação. Em redes como Carrefour, Assaí e Pão de Açúcar, o uso de portas com vidros duplos nas seções de frios e laticínios tem reduzido o consumo de energia em até 25%, além de melhorar a conservação e a aparência dos alimentos expostos.

Nos projetos mais modernos, o destaque vai para o vidro a vácuo (VIG), que oferece isolamento térmico até quatro vezes superior ao vidro comum, mantendo as temperaturas internas estáveis mesmo em ambientes de alta umidade, reduzindo o trabalho dos compressores e garantindo condições ideais para a conservação de produtos congelados e sensíveis ao calor. Lojas conceito como as do Super Nosso (MG) e do Hirota Food Express (SP) já adotam expositores com VIG, que dispensam o uso de resistências elétricas antiembaçamento.

Outro tipo amplamente utilizado é o vidro de baixa emissividade (Low-E), que recebe uma camada metálica microscópica capaz de refletir o calor infravermelho. Essa barreira impede a entrada do calor externo e retém o frio interno, tornando-o ideal para portas de freezers verticais, câmaras e adegas climatizadas. Além de promover economia de energia, o Low-E ajuda a manter a temperatura constante, promovendo maior segurança alimentar e reduzindo o desperdício de perecíveis.

Fabricantes como Guardian Glass, AGC, Saint-Gobain, Pilkington e Cebrace oferecem linhas específicas de vidros para refrigeração comercial. “A Cebrace, por exemplo, desenvolve soluções de vidro Low-E, como o Themo Vision, fabricado no Brasil, que aliam alto desempenho térmico, ampliando o conforto e a eficiência em ambientes climatizados e refrigerados. A empresa tem investido em tecnologias de revestimento que melhoram a durabilidade e o desempenho óptico dos painéis utilizados em sistemas de refrigeração e fachadas comerciais. O produto ser adquirido na versão jumbo (3,21 m x 6 m), permitindo maior aproveitamento da chapa no processamento e no corte, trazendo ainda mais economia ao processo para as indústrias de refrigeração comercial e de linha branca”, explica Luiz Carlos Gonçalves Junior, diretor de Marketing da Cebrace e Comercial da Saint-Gobain.

No Brasil, empresas como Eletrofrio e Metalfrio já integram esses materiais em suas soluções, combinando vidros Low-E e insulados com perfis de alumínio de baixa condutividade e sistemas de vedação avançados. Essa integração é parte fundamental das metas de sustentabilidade do varejo alimentar, que busca reduzir o consumo elétrico e as perdas por deterioração de alimentos.

“Na Eletrofrio, priorizamos o uso de vidros de alta performance em todos os expositores, especialmente os Low-E e insulados com camadas antiembaçantes. Essa combinação proporciona maior eficiência energética e visibilidade dos produtos, além de garantir a estabilidade térmica e a segurança alimentar. Os resultados têm sido expressivos: nossos clientes observam economia de energia e melhor experiência de compra para o consumidor final”, explica Rogério Marson Rodrigues, da Eletrofrio Refrigeração.

Em freezers horizontais, o vidro temperado com camada antiembaçante é preferido por sua resistência mecânica e segurança

Conservação e a aparência

Uma das inovações mais relevantes no setor é a tecnologia antiembaçamento, essencial em ambientes com alta umidade e portas frequentemente abertas. A condensação sobre o vidro, além de comprometer a visibilidade dos produtos, pode alterar a eficiência do sistema e causar desperdício energético. Para contornar esse problema, as portas de refrigeradores comerciais e vitrines contam hoje com diferentes tipos de vidros desembaçantes. O método mais utilizado é o aquecimento perimetral, no qual uma resistência elétrica de baixa potência é instalada na borda do vidro ou na moldura da porta. O leve aquecimento evita a formação de gotículas de água, mantendo a superfície sempre transparente. Essa solução é amplamente adotada em expositores de supermercados como Muffato e Pão de Açúcar, que valorizam a visibilidade dos produtos congelados e reduzem o tempo de manutenção.

Uma alternativa são os revestimentos anti-fog (ou antiembaçamento), aplicados sobre a superfície interna do vidro. Essa película condutiva ou hidrofílica distribui uniformemente a umidade, impedindo o embaçamento mesmo em temperaturas muito baixas.

Adegas climatizadas utilizam vidro Low-E com proteção UV para manter o equilíbrio térmico e evitar o envelhecimento precoce dos vinhos

O vidro Low-E também pode atuar como desembaçante quando combinado a resistências marginais. Essa combinação é uma das mais eficientes do mercado, pois reflete o calor externo enquanto mantém a superfície livre de condensação — garantindo máxima visibilidade e conforto térmico para o consumidor.

Em freezers horizontais, o vidro temperado com camada antiembaçante é preferido por sua resistência mecânica e segurança. Já em locais de alto tráfego, como padarias e lojas de conveniência, o vidro laminado com película interna protege contra impactos e mantém a estrutura coesa em caso de quebra, além de poder receber tratamento anti-fog.

As adegas e empórios gourmet também se beneficiam dessas tecnologias. No Empório Santa Maria (SP), por exemplo, portas de vidro Low-E com proteção UV mantêm o equilíbrio térmico e evitam o envelhecimento precoce dos vinhos. Além da conservação, a estética e a clareza visual valorizam o ambiente e os produtos expostos.

“Mais do que garantir eficiência energética, os vidros tecnológicos são fundamentais para a segurança dos alimentos. Ao evitar oscilações térmicas e eliminar a formação de condensação, eles mantêm carnes, frios, laticínios e congelados dentro da faixa segura de refrigeração. Isso reduz o risco de contaminações, amplia o prazo de validade e evita perdas por descarte. Estudos do setor indicam que o controle adequado de temperatura pode reduzir em até 10% o desperdício de perecíveis no varejo”, comenta Gonçalves.

Com ambientes mais confortáveis, exposição aprimorada e economia comprovada, os vidros inteligentes consolidam-se como peças-chave na refrigeração moderna. Em um cenário em que eficiência energética, segurança alimentar e sustentabilidade são prioridades, eles representam o elo que conecta tecnologia, economia e qualidade, mantendo o frio e o alimento protegido.

Futuro do HVAC-R une eficiência, sustentabilidade e ar mais saudável

Com foco em eficiência energética, uso de refrigerantes de baixo GWP e melhoria da qualidade do ar interno, o setor de HVAC-R no Brasil acelera sua transição para uma era mais sustentável

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À medida que o setor de HVAC-R no Brasil avança, as atenções se voltam para três pilares que definirão o futuro da climatização e refrigeração: eficiência energética, transição para refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP) e melhoria da qualidade do ar interno, e vem assumindo papel estratégico na agenda de sustentabilidade no país, além de representar participação significativa na produção industrial.

Representando cerca de 2,3% da produção industrial, nacional a eficiência energética é hoje uma das prioridades da política ambiental e industrial brasileira. O Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a organização internacional CLASP, promoveu em 14 de outubro último, o seminário “Brasil e a COP30: o papel da eficiência energética no setor HVAC-R”, que reuniu representantes do governo, entidades industriais e especialistas nacionais e internacionais.

Durante o encontro, foi lançado o Comitê de Acompanhamento do Projeto de Eficiência Energética como Instrumento de Política Industrial, iniciativa que reunirá representantes públicos e privados para sugerir ações que ampliem a competitividade e a sustentabilidade do setor. O grupo também será responsável pela elaboração de uma carta de compromisso com a eficiência energética, que poderá ser apresentada na COP30, em Belém (PA), este mês de novembro.

Para o MME, a cooperação entre ministérios, indústria e instituições de pesquisa é essencial para fortalecer a política energética brasileira e posicionar o país como referência global em inovação. O diretor do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética do MME, Leandro Andrade, destacou que o setor de HVAC-R representa cerca de 10% do consumo de energia elétrica do setor residencial no país, índice que evidencia o enorme potencial de economia e de crescimento.

Leandro Andrade destacou o papel da eficiência energética no setor HVAC-R durante seminário “Brasil e a COP30”

“A eficiência energética é o primeiro e mais imediato mecanismo de impacto para os sistemas HVAC-R. No Brasil, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou diretrizes específicas para aparelhos de ar-condicionado, estabelecendo novos índices mínimos de eficiência com metodologia baseada na norma ISO 16358-1, que permite diferenciar os equipamentos com tecnologia inverter, capazes de consumir até 30 % menos energia que os convencionais de rotação fixa. A eficiência energética usualmente é como se fosse o combustível mais barato, a alternativa energética mais econômica para o consumidor de energia. Ela pode reduzir a necessidade de novos investimentos em geração e transmissão de energia e trazer benefícios diretos ao consumidor, com redução na conta de luz, sem perder qualidade de vida. Num contexto de COP, reforçar a eficiência dentro da política industrial brasileira é essencial para alcançarmos a transição energética inclusiva que desejamos”, afirmou Andrade.

A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) vem alertando sobre os desafios na implementação de alternativas de refrigerantes de baixo GWP, tecnologias com máxima eficiência e QAI, destacando questões como infraestrutura, custo, capacitação técnica e normas de segurança e fabricantes já se movimentam.

“Durante o evento “Brasil e a COP30”, foi assinado o termo com os SENAI Amazonas e Paraná, que farão o mapeamento de toda cadeia produtiva do HVAC-R na intenção de apresentar iniciativas que impulsionam a sustentabilidade e a inovação no país. Além disso, eu e Felipe Raats representaremos a ABRAVA no Comitê de Acompanhamento do Projeto Eficiência Energética no setor”, informa Thiago Pietrobon, Diretor de Meio Ambiente da ABRAVA.

Tanto para os grandes fabricantes quanto para instaladores, esse tripé: pressão regulatória + mercado + tecnologia, significa que os sistemas devem ser projetados com componentes de alta eficiência, controles inteligentes, manutenção rigorosa e integração digital (IoT/monitoramento). O resultado: menor consumo de energia, menores custos operacionais e menor emissões de CO‚  no ciclo de vida.

A Daikin divulgou que pretende duplicar a eficiência energética de seus equipamentos até 2030 e zerar as emissões de carbono em 2050. Em sua participação no seminário “Brasil e a COP30”, a empresa apresentou sua visão de sustentabilidade e o avanço tecnológico em equipamentos inverter e VRV.

“A promoção do inverter e o desenvolvimento do VRV foram fundamentais para o salto tecnológico que resultou em equipamentos mais eficientes. Em cada COP, a Daikin buscar trazer novas ideias e aplicações com o objetivo de reduzir sua pegada de carbono e transformar o setor. Na COP30, o foco será em soluções para descarbonização de edificações e combate ao overcooling (arrefecimento excessivo)”, enfatiza João Aureliano, Gerente Sênior de Engenharia de Produto da Daikin.

Já a Hitachi, teve projeto pelo retrofit do Condomínio Edifício Villa Lobos com a substituição de chillers, infraestrutura elétrica e hidráulica que resultou em redução de consumo de energia elétrica de cerca de 20% e água em 25%. O retrofit substituiu a Central de Água Gelada (CAG), condicionadores de ar, infraestrutura elétrica e hidráulica, além da instalação das seis unidades resfriadoras de água gelada com Chiller Parafuso com Condensação a Ar de capacidade 140 TR cada, totalizando 840 TR.

Transição para refrigerantes de baixo GWP

O segundo grande vetor é a transição para refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global (GWP). No Brasil, esse movimento é impulsionado tanto por compromissos internacionais como a Protocolo de Kigali (sobre HFCs), quanto por iniciativas setoriais. A Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ASBRAV), por exemplo, publicou recentemente um alerta sobre “Desafios na implementação de refrigerantes de baixo GWP no Brasil”, mencionando barreiras como infraestrutura, custo e capacitação técnica.

“Globalmente, a indústria de HVAC-R é incentivada a diminuir o uso de refrigerantes tradicionais devido ao seu alto GWP, que contribui significativamente para o aquecimento global. O Protocolo de Kigali, uma emenda ao Protocolo de Montreal, exige uma redução substancial na utilização destes gases até 2030. Para o Brasil, a adesão a este protocolo significa necessidades urgentes de adaptação às novas normativas internacionais que promovem um mercado mais sustentável. A transição para refrigerantes de baixo GWP no Brasil é inevitável e essencial para alinhar o país com objetivos globais de sustentabilidade. Enquanto os desafios são consideráveis, as oportunidades para inovar e liderar em eficiência energética e redução de emissões são vastas. Com o apoio governamental adequado através de incentivos fiscais e programas de financiamento, juntamente com um ambiente regulatório claro e estável, o Brasil pode superar esses obstáculos e estabelecer um novo padrão em sustentabilidade ambiental no setor de HVAC-R”, comenta Mario Henrique Canale, presidente da ASBRAV.

No setor industrial, as fabricantes já lideram esse movimento. A Daikin iniciou em Manaus a produção de equipamentos que utilizam o R-32, fluido com GWP até 68% menor que o R-410A. A Midea também investe em linhas com R-32 e em projetos que testam o uso do R-290 (propano), considerado uma solução natural e de baixíssimo impacto ambiental. Já a Copeland oferece compressores e sistemas compatíveis com refrigerantes A2L, CO2‚  (R-744) e R-290, desenvolvidos para aplicações comerciais e industriais de alta eficiência.

Esses avanços colocam o Brasil em sintonia com os compromissos do Protocolo de Kigali, que prevê a redução gradual dos HFCs. No entanto, para consolidar a transição, é indispensável investir na capacitação de técnicos e instaladores, pois o manuseio de novos gases requer normas de segurança, ferramentas específicas e procedimentos de comissionamento adequados.

Grandes fabricantes já oferecem sistemas compatíveis com refrigerantes A2L, CO2‚ (R-744) e R-290, desenvolvidos para aplicações comerciais e industriais


Qualidade do ar interno e saúde

A pandemia reforçou a importância da qualidade do ar interno (QAI) como fator de saúde pública e produtividade. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a ABRAVA têm enfatizado que a QAI deve integrar políticas ambientais e de edificações sustentáveis. Segundo dados da ABRAVA, em ambientes fechados onde passamos cerca de 90% do tempo, a poluição interna pode ser 2 a 5 vezes maior do que a externa. Isso reforça o papel crítico de projetistas, instaladores e técnicos em garantir sistemas bem dimensionados e limpos, com ventilação adequada, filtragem eficiente, controle de umidade, troca de ar e manutenção periódica.

Até recentemente, a Resolução RE 09/2003 da ANVISA era o principal documento que definia padrões referenciais de QAI no país. Contudo, ela foi substituída pela nova ABNT NBR 17.037:2023, que modernizou e ampliou os critérios de avaliação. A norma estabelece parâmetros para contaminantes biológicos, químicos e físicos, além de condições térmicas ideais e taxas mínimas de renovação de ar.

“A publicação dessa norma representa um avanço importante, pois substitui padrões antigos e alinha o Brasil às práticas internacionais de controle de qualidade do ar. A NBR 17.037 dialoga com outras referências, como a NBR 16.401-3, voltada ao projeto e manutenção de sistemas de ar-condicionado central e unitário, e as normas ASHRAE 62.1 e 55, que orientam o conforto térmico e a ventilação adequada em edifícios. Além disso, em 2024 foi sancionada a Lei nº 14.850, que institui a Política Nacional de Qualidade do Ar. Embora voltada principalmente ao ar externo, a legislação reforça a necessidade de monitoramento, divulgação de dados e integração de políticas públicas, o que influencia diretamente os esforços pela melhoria da QAI”, diz Leonardo Cozac, Presidente da ABRAVA.

Essas mudanças normativas refletem uma nova mentalidade no setor HVAC-R. Hoje, não basta climatizar, é preciso purificar, ventilar e monitorar o ar que se respira. Essa evolução tecnológica e regulatória vem acompanhada de desafios, como o custo das medições e adequações, a necessidade de atualização profissional e a substituição de equipamentos antigos por sistemas mais eficientes.

A LG, por exemplo, em sua plataforma de soluções, afirma adotar uma abordagem “digital e ecologicamente correta” e aponta que suas soluções ajudam a “garantir ambientes mais seguros e saudáveis”, com filtros de alta eficiência, monitoramento de qualidade do ar e ventilação térmica otimizada.


Desafios de instaladores e técnicos

Mesmo com equipamentos de ponta e fluidos de baixo impacto, se a instalação for inadequada, a manutenção negligente ou os controles inexistentes, o ganho se perde. Entre os desafios destacados estão:

– Capacitação técnica para os novos refrigerantes (manuseio, instalação, segurança) e para manutenção de sistemas inverter e de vazamento reduzido.

– Necessidade de projetos bem dimensionados e execução com qualidade (tubulação, isolantes térmicos, carga correta, comissionamento).

– Manutenção periódica que garanta desempenho real, qualidade do ar e vida útil dos equipamentos.

– Conscientização dos usuários finais para optar por soluções de maior eficiência, ainda que com investimento maior.

– Alinhamento regulatório, incentivos fiscais ou programas de apoio para acelerar a substituição de sistemas obsoletos, inclusive em edificações públicas ou industriais.

ONU alerta que demanda por ar-condicionado deve triplicar até 2050

Relatório do Pnuma indica que emissões do setor podem dobrar e defende acesso ao resfriamento como infraestrutura essencial.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou, durante a COP30, em Belém, o relatório Global Cooling Watch 2025, que aponta o crescimento acelerado da demanda global por refrigeração. Segundo o documento, o uso de aparelhos de ar-condicionado e sistemas de refrigeração deve triplicar até 2050, o que pode dobrar as emissões de gases de efeito estufa associadas ao setor.

O relatório relaciona o aumento da população mundial e a intensificação das ondas de calor extremo ao maior acesso de famílias de baixa renda a equipamentos de refrigeração ineficientes e mais poluentes. A projeção é de que as emissões atinjam 7,2 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2050, mais do que o dobro do registrado em 2022.

O Pnuma aponta que a adoção de equipamentos mais eficientes e o uso combinado de ventiladores e ar-condicionado poderiam reduzir as emissões do setor em 64% até meados do século. A medida evitaria US$ 43 trilhões em gastos com energia e infraestrutura e protegeria 3 bilhões de pessoas dos impactos do calor extremo. Se houver uma descarbonização rápida da matriz energética, a redução da poluição poderia chegar a 97%.

A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, afirmou que o acesso ao resfriamento deve ser tratado como infraestrutura essencial, a exemplo de água e saneamento, e destacou que “não é possível resolver a crise do calor apenas com ar-condicionado”, alertando para o aumento das emissões e o risco de sobrecarga nas redes elétricas.

Segundo o relatório, mais de um bilhão de pessoas vivem hoje sem acesso adequado à refrigeração, número que também deve triplicar até 2050, com impacto maior sobre mulheres, idosos e pequenos agricultores.

Entre as soluções propostas estão o resfriamento passivo, por meio de projetos arquitetônicos que favorecem ventilação e sombreamento; sistemas de baixo consumo energético, como ar-condicionado híbrido e soluções solares off-grid; e a redução do uso de hidrofluorcarbonetos (HFCs), substâncias com alto potencial de aquecimento global.

O Pnuma alerta ainda que o estresse térmico pode inviabilizar 80 milhões de empregos em tempo integral até 2030, tornando o acesso ao resfriamento sustentável fundamental para a continuidade de atividades em escolas, hospitais e empresas.

Brasil avança em projeto para eliminar uso de HCFC-22 na manufatura de equipamentos RAC

Iniciativa coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e executada pela UNIDO busca substituir o HCFC-22 por alternativas de menor impacto ambiental.

O Projeto para o Setor de Manufatura de Equipamentos de Refrigeração e Ar-Condicionado (RAC), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), foi aprovado em dezembro de 2015 durante a 75ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal (FML).

A iniciativa tem como objetivo reduzir o consumo de HCFC-22 utilizado na fabricação de equipamentos de refrigeração e ar-condicionado, responsável por cerca de 17% do consumo total da substância no país. O projeto faz parte da Etapa 2 do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) e prevê a eliminação de 65,64 toneladas PDO de HCFC-22, por meio da conversão tecnológica em empresas elegíveis.

As empresas participantes receberão recursos doados pelo Fundo Multilateral para realizar a substituição por alternativas que não agridem a camada de ozônio e apresentem baixo impacto climático. O projeto inclui ainda assistência técnica, testes-piloto, treinamentos de operação segura e ações de conscientização voltadas aos setores de refrigeração comercial e ar-condicionado.

Com a execução do projeto, o Brasil reforça seu compromisso com o Protocolo de Montreal, contribuindo para a eliminação das substâncias que destroem a camada de ozônio e para a mitigação das mudanças climáticas globais.

Nova gestão do DN da ABRAVA foca em sustentabilidade e fortalecimento do comércio

Paulo Neulaender e Cida Contrera assumem o Departamento Nacional de Comércio e Distribuição da ABRAVA com mandato até 2027, representando um segmento responsável por 30% do faturamento do setor HVAC-R.

O Departamento Nacional de Comércio e Distribuição da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) iniciou uma nova gestão com Paulo Neulaender, da Frigga, na presidência, e Cida Contrera, da Frigelar, na vice-presidência. O mandato segue até outubro de 2027 e tem como foco o fortalecimento do comércio e da distribuição no setor HVAC-R (aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigeração).

A ABRAVA mantém sua atuação como articuladora entre indústria, comércio e serviços, reforçando ações voltadas à capacitação profissional, inovação, regulação técnica e sustentabilidade. Segundo o Departamento de Economia e Estatística da ABRAVA, liderado por Toríbio Rolon, o setor deve superar em 2025 o faturamento de R$ 54 bilhões, com crescimento médio de 18% sobre o ano anterior e geração de cerca de 300 mil empregos formais.

Neulaender destacou que o fortalecimento do DN depende da cooperação entre os representantes do comércio e distribuidores do setor. “Um DN forte é construído com a união do mercado e a participação ativa de seus representantes. Nosso propósito é evoluir de forma coletiva e contínua”, afirmou.

Entre as prioridades da nova diretoria, estão a capacitação da mão de obra nas áreas de vendas, expedição e administração, e a atualização constante sobre variações de preços e condições de abastecimento, fatores que afetam diretamente a operação das empresas. Em médio prazo, a gestão pretende preparar o setor para as mudanças tributárias previstas para 2026 e revisar processos ligados à garantia de produtos, em diálogo com fabricantes de compressores.

No longo prazo, o objetivo é alinhar o comércio e a distribuição às novas exigências ambientais e regulatórias, incentivando práticas sustentáveis e garantindo competitividade e responsabilidade ambiental.

A nova diretoria reforça que a atuação do DN está alinhada aos eixos estratégicos da ABRAVA — qualidade do ar, segurança alimentar e descarbonização — e que as ações buscarão combater práticas inadequadas e fortalecer a profissionalização do setor.

Segundo Cida Contrera, o momento é de consolidar o papel do comércio como elo entre indústria, serviços e clientes finais. “O comércio é a porta de entrada para um setor mais profissional e alinhado”, afirmou.

Fortalecimento da regulamentação profissional em climatização e refrigeração

Instituição existente será selecionada para implementar sistema de qualificação, certificação e registro no setor

O setor de refrigeração e climatização contará com uma nova estrutura voltada à qualificação e regulamentação profissional. A iniciativa integra o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) – Etapa III, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

O projeto prevê a criação de um sistema piloto de Qualificação, Certificação e Registro (QCR) destinado a técnicos e treinadores que atuam com aparelhos de ar-condicionado de pequeno porte, com capacidade de até 60 mil BTUs. O modelo será desenvolvido conforme a norma ABNT NBR 17131 e servirá como base para uma futura expansão nacional.

A instituição selecionada será responsável por estruturar o sistema, definir módulos de ensino, produzir materiais didáticos e estabelecer métodos de avaliação. O projeto também contempla a qualificação, certificação e registro de 10 instrutores e 80 profissionais técnicos, com foco na redução de vazamentos de fluidos refrigerantes e na introdução segura de alternativas aos HCFCs.

A criação do QCR representa um passo na consolidação da regulamentação das atividades técnicas no país, ao estabelecer padrões de formação e desempenho para profissionais que lidam com sistemas de refrigeração e climatização.

A licitação pública para escolha da instituição executora foi conduzida pela GIZ, com prazo de envio de propostas encerrado em 25 de setembro de 2025. O projeto reforça o compromisso do Brasil com a transição para tecnologias sustentáveis e com a profissionalização do setor HVAC-R.

Gree climatiza complexo hoteleiro da COP-30 em Belém

Sistemas VRF da empresa equipam o Vila Líderes, hospedagem oficial de chefes de Estado e delegações de 190 países

A Gree Electric Appliances, fabricante global de sistemas de ar-condicionado, é responsável pela climatização integral do complexo Vila Líderes, em Belém (PA), que servirá de hospedagem para chefes de Estado, líderes e delegações de 190 países durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30). O projeto foi executado em parceria com o Grupo Imperador, distribuidor autorizado da marca na região Norte.

O sistema instalado utiliza tecnologia VRF (Fluxo de Refrigerante Variável), reconhecida pela eficiência energética e pelo controle preciso de temperatura em empreendimentos de grande porte. No total, foram aplicadas 443 evaporadoras, entre modelos cassete de 8 vias e 1 via, com capacidade combinada de 718 HP para climatizar os 19 mil metros quadrados do complexo.

Foram adotados os sistemas GMV Slim (quente/frio) e GMV X (frio), projetados para otimizar o consumo de energia em cargas parciais. Segundo a empresa, o controle inteligente ajusta a operação conforme a demanda de cada ambiente, o que pode elevar em até 10% a eficiência em relação à geração anterior. Essa característica contribui para a redução da pegada de carbono, alinhando-se aos objetivos de mitigação climática da conferência.

O Vila Líderes conta com 405 suítes, lobby, salas de reunião, academia, restaurante e bar-café. Após a COP-30, o complexo será convertido em Centro Administrativo do Governo do Pará, integrando o legado de infraestrutura do evento.

De acordo com o vice-presidente da Gree Brasil, Nicolaus Cheng, a participação no projeto reafirma o compromisso da empresa com soluções de climatização eficientes e sustentáveis. O Grupo Imperador foi responsável pela instalação e suporte técnico das soluções da marca.

O projeto demonstra a aplicação de tecnologias comerciais de baixo carbono em empreendimentos urbanos, destacando a colaboração entre Gree Electric Appliances e Grupo Imperador em uma iniciativa estratégica para a COP-30 e para o futuro da infraestrutura sustentável em Belém.

Indústrias Tosi participa do DCD>Academy Conect 2025

Empresa acompanhou debates sobre eficiência energética e inovação em data centers.

A Indústrias Tosi participou do DCD>Academy Conect 2025, realizado nos dias 4 e 5 de novembro, em São Paulo. O evento reuniu líderes e especialistas do setor de data centers para discutir tendências tecnológicas, eficiência energética e sustentabilidade nas operações críticas.

Representaram a empresa Lucas Tosi, Márcio Tosi, Marcelo Tosi e o engenheiro Marcos Santamaria A. Corrêa. A participação reforçou o compromisso da Tosi em acompanhar as transformações do mercado e desenvolver soluções térmicas voltadas a aplicações de alta performance.

Soluções para a descarbonização pautam encontro do setor HVAC-R em Brasília

ABEMEC-DF realiza 26º #AquiTemTecnologia no CREA-DF para discutir eficiência energética, inovação e crédito de carbono

A Associação Brasileira de Engenheiros Mecânicos do Distrito Federal (ABEMEC-DF) realiza, em 5 de novembro de 2025, o 26º #AquiTemTecnologia – HVAC-R: Soluções para a Descarbonização, no auditório do CREA-DF, em Brasília. O encontro reunirá especialistas, empresas e profissionais dos setores de climatização, refrigeração e ar-condicionado para discutir medidas de redução de impacto ambiental e caminhos para a transição a um modelo de baixo carbono.

Segundo a CLASP, organização internacional sem fins lucrativos voltada à promoção da eficiência energética e políticas sustentáveis, os sistemas de climatização respondem por parte significativa das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. O alerta divulgado pela entidade destaca que o uso de fluidos refrigerantes de alto potencial de aquecimento global contribui para esse cenário. Ainda conforme a CLASP, novos padrões inverter de aparelhos de ar-condicionado podem reduzir 72 megatoneladas de CO₂ até 2040, além das 21,5 megatoneladas previstas até 2030 com a revisão da rotulagem de eficiência energética.

Entre os temas do encontro estão a descarbonização do setor HVAC-R, com foco em práticas de redução de emissões e uso de energias renováveis e refrigerantes de baixo impacto ambiental; eficiência energética e sustentabilidade, por meio da otimização de sistemas e aplicação de materiais sustentáveis; e inovação tecnológica, com a integração de automação predial, inteligência artificial e sensores inteligentes para aprimorar o desempenho dos equipamentos.

O evento também abordará o mercado de crédito de carbono, discutindo a inserção do setor HVAC-R em mecanismos de compensação e negociação, e a educação técnica e valorização profissional, com destaque à disseminação de boas práticas sustentáveis.

Voltado a engenheiros, técnicos, gestores, empresários, estudantes e instituições, o encontro alinha-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, com ênfase em energia limpa e acessível, inovação industrial, cidades sustentáveis e ação climática.

Refrigeração natural em foco na Colômbia

Seminário em Cali reúne 25 empresas do setor para apresentar soluções eficientes e sustentáveis em 13 e 14 de novembro

O XXIX Seminario Internacional IIAR de Refrigeración Natural para Latinoamérica será realizado nos dias 13 e 14 de novembro de 2025, em Cali, Colômbia. O evento reunirá 25 empresas ligadas ao setor de refrigeração e climatização, que apresentarão produtos e serviços voltados à eficiência energética e à sustentabilidade.

Organizado pelo IIAR (International Institute of Ammonia Refrigeration), em parceria com a Acaire (Asociación Colombiana de Acondicionamiento del Aire y de la Refrigeración), o seminário é um dos principais encontros técnicos da América Latina dedicados à refrigeração natural, tecnologia baseada em fluidos como amônia (NH₃) e dióxido de carbono (CO₂).

Durante os dois dias de programação, representantes de empresas, engenheiros e especialistas do setor terão espaço para trocar experiências, discutir novas normas ambientais e conhecer tendências em sistemas de refrigeração sustentável. As inscrições estão abertas no site da Acaire.