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Quando nem o ar-condicionado de frigorífico resolve

Influenciadora instala ar-condicionado de câmaras frias para enfrentar calor da pré-menopausa; conta de luz ultrapassa R$ 5 mil e caso repercute na internet.

Em post nas redes sociais, a influenciadora Ana Paula Oliveira relatou que, diante das ondas de calor intensas da pré-menopausa, instalou em casa um equipamento de refrigeração utilizado em câmaras frias. A decisão ocorreu após considerar insuficientes os aparelhos domésticos. A conta de luz ultrapassou R$ 5 mil após alguns dias de uso.

O episódio repercutiu e trouxe atenção para práticas inadequadas de climatização. O conforto térmico depende de variáveis como dimensionamento correto, manutenção, escolha de modelos eficientes e uso racional de temperatura.

Segundo o Inmetro, operar aparelhos residenciais entre 23 °C e 25 °C reduz o consumo e mantém o conforto térmico. Temperaturas muito baixas, comuns entre usuários que deixam entre 15 °C e 16 °C a depender o tipo de aparelho, elevam o gasto energético e exigem mais do compressor. Boas práticas também envolvem vedação adequada, filtros limpos e seleção de equipamentos com classificação de eficiência “A+++.”.

O caso expõe a necessidade de ampliar a orientação técnica ao consumidor sobre o uso responsável de climatização. A adoção improvisada de sistemas industriais em residências é economicamente ineficiente e pode comprometer a durabilidade dos equipamentos.

O episódio envolvendo Ana Paula Oliveira reforça a busca crescente por conforto térmico, mas evidencia a importância de seguir parâmetros técnicos e práticas de eficiência energética no uso do ar-condicionado.

O ar que incomoda

A reclamação sobre o ruído constante na cela de Jair Bolsonaro traz à tona os efeitos do barulho produzido por sistemas de ar-condicionado e ventilação, assunto analisado em estudo científico publicado em 2025.

A queixa do deputado Flávio Bolsonaro sobre as condições de encarceramento do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre elas a convivência com barulho constante de geradores e equipamentos de ventilação, coloca em evidência um tema técnico que raramente chega ao debate público: o impacto do ruído produzido por sistemas de HVAC (Heating, Ventilation and Air Conditioning) em ambientes fechados.

O estudo Noise from heating, ventilation, and air conditioning (HVAC) systems: A review ofits characteristics, effects and control, cujo título em tradução literal, seria “Ruído de sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado: uma revisão de suas características, efeitos e controle”, publicado em 2025 na ScienceDirect, aponta que os ruídos de sistemas de climatização se concentram principalmente em baixas frequências, gerados por ventiladores, compressores e pelo fluxo de ar que circula nos dutos. O trabalho mostra que a exposição prolongada ao chamado low-frequency noise (ruídos graves de baixa frequência, abaixo de 300 Hz) pode gerar distúrbios do sono, irritação, fadiga e perda de desempenho cognitivo, mesmo quando os níveis medidos em decibéis não são considerados elevados.

Para referência, equipamentos de ar-condicionado comuns operam entre 50 e 60 dB, intervalo comparável a uma conversa moderada. Embora esse limite seja aceito em áreas comerciais, pesquisadores apontam que ambientes destinados ao repouso, como dormitórios e hospitais, exigem níveis bem menores, teoricamente abaixo de 45 dB, para garantir conforto acústico e evitar consequências fisiológicas associadas à exposição contínua.

No caso relatado por Flávio Bolsonaro, o funcionamento simultâneo de geradores, ventilação e possíveis compressores cria um cenário de ruído perene, que pode ultrapassar os padrões considerados adequados para permanência prolongada. A reclamação, ainda que apresentada no campo político, ecoa problemas conhecidos por profissionais do setor HVAC-R: falta de isolamento acústico, ausência de manutenção e operação de equipamentos em condições que elevam vibração e turbulência.

O episódio reforça a necessidade de práticas como seleção de máquinas com menor emissão sonora, instalação de barreiras acústicas, uso de materiais de absorção e monitoramento contínuo de vibração e fluxo de ar. O estudo de 2025 sugere ainda soluções de active noise control (controle ativo de ruído), capazes de atenuar frequências críticas em ambientes sensíveis.

A discussão sobre o barulho na cela de Bolsonaro, portanto, aponta para uma questão mais ampla: evidencia a importância de normas acústicas e de boas práticas de climatização em espaços confinados, onde a saúde e o bem-estar dependem também da forma como o ar se move e do som que ele produz.

Armacell nomeia Elaine Brito para a gerência de vendas no Brasil

Executiva atuará na expansão comercial e na integração de áreas internas até 2026

A Armacell anunciou a promoção de Elaine Silva de Brito ao cargo de gerente de vendas no Brasil. A profissional, que soma 11 anos na companhia, iniciou sua trajetória como vendedora técnica e acumulou experiência em processos internos de uma multinacional com atuação global.

Segundo a empresa, Elaine desenvolveu, ao longo desse período, uma visão integrada das áreas de negócios e de como essa estrutura influencia a experiência do cliente. Entre os aprendizados mencionados pela executiva estão disciplina operacional, compreensão de processos estruturados e aprimoramento da performance comercial orientada ao relacionamento.

Alinhada à estratégia da Armacell de oferecer soluções técnicas de isolamento voltadas à eficiência energética, a nova gerente de vendas afirma compromisso com os valores da organização, baseados em foco no cliente, comprometimento, empoderamento, integridade e sustentabilidade.

Para o ciclo estratégico até 2026, Elaine estabelece como prioridades ampliar a presença comercial da Armacell no país, fortalecer mercados considerados estratégicos e aprimorar a experiência do cliente com processos mais ágeis e comunicação clara. A executiva também indica que irá aprofundar a integração entre marketing, vendas e áreas internas, além de investir no desenvolvimento da equipe com foco em performance e comportamento.

Elaine afirma que o setor de HVAC-R vive um momento de atenção à eficiência energética, sustentabilidade e soluções técnicas especializadas. Segundo ela, a nova posição representa a oportunidade de impulsionar negócios, incentivar inovação e assegurar suporte aos clientes.

Com 17 anos de atuação em vendas, negociação e gestão comercial, a profissional acumula experiência no atendimento a clientes nacionais e multinacionais, coordenação de representantes e distribuidores, desenvolvimento de novos negócios e monitoramento de KPIs e KAIs. Também possui trajetória em treinamentos e palestras sobre isolamento térmico e acústico, com participações em entidades e eventos do setor, como SENAI, ASBRAV e FEBRAVA.

Setor discute Estratégia da Etapa I do Programa HFCs

Plano prevê redução de 10% do consumo nacional de HFCs até 2029, alinhado à Emenda de Kigali

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) promoveram, em 1º de dezembro, no auditório da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), em São Paulo-SP, a apresentação da proposta da Estratégia para a Etapa I do Programa Brasileiro de Redução do Consumo de Hidrofluorcarbonos (HFCs). O encontro ocorreu em formato presencial e online, com participação de representantes do setor produtivo, associações, consultores e especialistas.

A proposta apresentada integra o compromisso brasileiro com a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal. A Etapa I do Programa HFCs será implementada entre 2027 e 2032 e prevê ações para reduzir 7.289.768 t CO₂ equivalente, volume correspondente a 10% da linha de base nacional. As diretrizes discutidas tratam do consumo de HFCs por setores, da transição tecnológica e de medidas para apoiar a implementação multissetorial.

O evento teve abertura de Leonardo Cozac, ABRAVA; Thiago Rodrigues, Eletros; e Frank Amorim, MMA. Foram apresentados diagnósticos, projeções e ações regulatórias, incluindo limites máximos de GWP por tipo de equipamento, a proibição do uso de HFC-134a e R-410A na manufatura de equipamentos de refrigeração doméstica e ar condicionado residencial a partir de 2029, além da internalização de normas internacionais e atualização de etiquetagem de eficiência energética.

Frank Amorim, MMA, tratou do perfil de consumo de HFCs e projeções até 2035. Ana Paula Leal, PNUD, apresentou cenários de crescimento para refrigeração e ar condicionado, indicando que, sem ações, o consumo poderá chegar a 55 milhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2035, acima do limite de 51 milhões. Arcanjo Miguel Pacheco, IBAMA, esclareceu pontos sobre a instrução normativa referente à importação de HFCs e sobre o processo de consulta pública previsto para 2025.

Edgard Neto, PNUD, detalhou o plano setorial para refrigeração comercial leve, a conversão tecnológica em equipamentos de baixo GWP e projetos para o setor automotivo. Sérgia Oliveira e David Marcucci, UNIDO, abordaram iniciativas para refrigeração industrial e bombas de calor, incluindo sistemas modulares com amônia. Stefanie von Heinemann, GIZ, apresentou ações de capacitação, boas práticas e o futuro projeto de Qualificação, Certificação e Registro (QCR) de técnicos do subsetor de refrigeração comercial.

A audiência participou com perguntas e sugestões que poderão ser incorporadas ao documento atualmente em Consulta Pública. Contribuições à Estratégia da Etapa I do Programa HFCs poderão ser enviadas de 27 de novembro a 27 de dezembro de 2025 por cidadãos, empresas, entidades e especialistas.

LG apresenta ar-condicionado Dual Inverter AI Air

Modelo usa aprendizado de hábitos para ajustar temperatura, vento e consumo pelo aplicativo ThinQ®

A LG Electronics do Brasil lançou nesta terça-feira (3) o ar-condicionado residencial LG Dual Inverter AI Air. O equipamento combina a tecnologia Dual Inverter com o sistema de Inteligência Artificial 3.5, que identifica padrões de uso e ajusta automaticamente temperatura, direção e velocidade do vento.

Segundo Lucas Nogueira, Gerente de Produto de Ar-Condicionado Residencial da LG Electronics do Brasil, o aparelho utiliza aprendizado de hábitos diários, inclusive de sono, para programar a climatização de maneira autônoma pelo recurso Sleep Timer+. A função registra ajustes frequentes feitos durante a noite e passa a antecipar mudanças de temperatura.

O modelo opera a partir de 19 decibéis e incorpora a função Soft Air, que direciona o fluxo sem jatos frontais. O sistema de filtragem possui quatro etapas: pré-filtro para partículas grandes; filtro antialérgico certificado pela British Allergy Foundation; Auto Clean+ para reduzir umidade interna; e Freeze Cleaning, procedimento que congela o interior da unidade e remove partículas após o degelo.

Aparelho e aplicativo LG ThinQ® permitem o gerenciamento do consumo por meio da função Economia de Energia Pró-Ativa. O Sensor de Janela Aberta identifica perdas térmicas e ajusta a operação para reduzir gasto elétrico. A unidade externa adota serpentina de cobre com tecnologia GoldFin™ e proteção contra picos de até 450 V.

O modelo inclui Wi-Fi integrado e compatibilidade com Amazon Alexa e Google Assistente. A estrutura apresenta dupla saída de ar, com distribuição frontal e inferior.

Falhas na refrigeração de embarcações ampliam perdas e emissões, aponta relatório

Estudo do PNUMA e do IIR detalha desafios técnicos e ambientais na cadeia do frio da pesca mundial

O Cold Chain Technology Brief – Fishing Vessel Applications, publicado em 2025 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo International Institute of Refrigeration (IIR), apresenta um panorama técnico sobre sistemas de refrigeração utilizados em frotas pesqueiras e seus impactos ambientais. O documento é assinado por Kristina N. Widell, Eirik S. Svendsen, Souhir Hammami, Monique Baha, com revisão de especialistas como M. S. Dasgupta, Cecilia Gabrielii, Armin Hafner, Bruce Nelson, entre outro.

O relatório indica que a falta de resfriamento imediato após a captura contribui para perdas estimadas entre 30% e 35% da produção mundial, chegando a 50% em pescarias artesanais. Em 2017, o IIR calculou que 19% do pescado destinado ao consumo humano foi perdido por insuficiência da cadeia do frio. A Organização Marítima Internacional (IMO) estima ainda que o setor pesqueiro libera, anualmente, 1.589 toneladas de R-22, o que representa cerca de 2,88 milhões de toneladas de CO₂e, resultado de vazamentos recorrentes nas embarcações.

As tecnologias avaliadas incluem sistemas de água do mar refrigerada (RSW), congeladores de placas, produção de gelo e slurry, além de unidades com CO₂ (R-744) e arranjos híbridos como R-717/R-744. Em frotas norueguesas, sistemas de RSW baseados em amônia alcançam capacidades próximas de 1 MW por unidade. Em regiões tropicais, a eficiência do processo diminui devido às altas temperaturas da água do mar, aumentando a demanda energética para atingir o mesmo nível de resfriamento.

O relatório também apresenta experiências de países como Índia, que desenvolve sistemas de gelo slurry com R-290, e Indonésia, onde uma Avaliação de Ciclo de Vida mostrou menor impacto ambiental no uso de gelo produzido em terra em comparação com máquinas de flocos embarcadas. Nas Maldivas, a eliminação total do R-22 ocorreu apenas em 2023, apoiada pelo Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal.

As análises incluem ainda os desafios associados às hidrofluoroolefinas (HFOs), que, apesar de baixo potencial de aquecimento global, originam ácido trifluoroacético (TFA) — uma substância persistente classificada como PFAS. Tendências observadas incluem digitalização de sistemas a bordo, integração energética entre propulsão e refrigeração, armazenamento térmico e uso de combustíveis alternativos.

SMACNA Brasil empossa diretoria para o ciclo 2025-2027

Entidade mantém foco em atuação institucional, formação técnica e aproximação do HVAC-R do cliente final

A SMACNA Brasil oficializou, em 26 de novembro, a diretoria responsável pela gestão 2025-2027. Assumiram José Alberto Poy, presidente; Romulo Pieroni, vice-presidente; Alexandre de Paula Lima, diretor tesoureiro; e Edson Alves, past president.

O jantar de posse, organizado por Selma Lima e Alex Amorim no NB Steak, em São Paulo (SP), reuniu representantes de Sindratar-SP, ABRAVA, Sindratar-RJ e ASHRAE Chapter Brasil, além de associados. Segundo a entidade, o encontro reforçou a integração entre empresas e organizações do HVAC-R.

A SMACNA Brasil destacou que, nos últimos seis anos, sob a liderança de Edson Alves, ampliou sinergias setoriais, aproximou o mercado do usuário final e expandiu o acesso a informações técnicas para contratação de sistemas. Também consolidou iniciativas voltadas ao desempenho energético e ao uso de tecnologias voltadas à sustentabilidade. Alves afirmou que encerra sua gestão com “sentimento de missão cumprida”.

Poy afirmou que a nova diretoria pretende ampliar a atuação institucional e intensificar a relação direta com o cliente final. Segundo ele, o objetivo é evidenciar as diferenças entre empresas associadas e não associadas, destacando padrões de engenharia, segurança, ética e formação contínua. Ele afirmou ainda que a gestão buscará fortalecer a credibilidade das empresas do grupo e demonstrar ao mercado o desempenho técnico que oferecem da contratação ao retrofit.

Durante o evento, Alves recebeu homenagem entregue por João Carlos Correa Silva, representante da gestão anterior.

A entidade informou que seguirá investindo na formação profissional por meio do Programa SMACNA de Educação Continuada em Tratamento de Ar e manterá iniciativas como o “Destaques do Ano SMACNA Brasil”, que reconhece obras com aplicação de melhores práticas de engenharia. A diretoria também declarou compromisso em ampliar a representatividade institucional e fortalecer parcerias estratégicas.

Vidros especiais ampliam controle térmico e experiência do cliente

Soluções avançadas em vidros ajudam a reduzir desperdício, preservar alimentos, economizar energia e melhorar a experiência do cliente

 Nos supermercados brasileiros, a transparência dos expositores vai muito além da estética. Hoje, o vidro é um dos principais aliados do controle de temperatura, da preservação de alimentos e da eficiência energética. Portas, vitrines e tampas de freezers utilizam tecnologias específicas para ambientes refrigerados, equilibrando desempenho térmico, segurança e visibilidade dos produtos.

Entre as soluções está o vidro duplo insulado (IGU), formado por duas lâminas separadas por gás inerte. Essa estrutura cria uma barreira que minimiza a troca de calor e evita a condensação. Em redes como Carrefour, Assaí e Pão de Açúcar, o uso de portas com vidros duplos nas seções de frios e laticínios tem reduzido o consumo de energia em até 25%, além de melhorar a conservação e a aparência dos alimentos expostos.

Nos projetos mais modernos, o destaque vai para o vidro a vácuo (VIG), que oferece isolamento térmico até quatro vezes superior ao vidro comum, mantendo as temperaturas internas estáveis mesmo em ambientes de alta umidade, reduzindo o trabalho dos compressores e garantindo condições ideais para a conservação de produtos congelados e sensíveis ao calor. Lojas conceito como as do Super Nosso (MG) e do Hirota Food Express (SP) já adotam expositores com VIG, que dispensam o uso de resistências elétricas antiembaçamento.

Outro tipo amplamente utilizado é o vidro de baixa emissividade (Low-E), que recebe uma camada metálica microscópica capaz de refletir o calor infravermelho. Essa barreira impede a entrada do calor externo e retém o frio interno, tornando-o ideal para portas de freezers verticais, câmaras e adegas climatizadas. Além de promover economia de energia, o Low-E ajuda a manter a temperatura constante, promovendo maior segurança alimentar e reduzindo o desperdício de perecíveis.

Fabricantes como Guardian Glass, AGC, Saint-Gobain, Pilkington e Cebrace oferecem linhas específicas de vidros para refrigeração comercial. “A Cebrace, por exemplo, desenvolve soluções de vidro Low-E, como o Themo Vision, fabricado no Brasil, que aliam alto desempenho térmico, ampliando o conforto e a eficiência em ambientes climatizados e refrigerados. A empresa tem investido em tecnologias de revestimento que melhoram a durabilidade e o desempenho óptico dos painéis utilizados em sistemas de refrigeração e fachadas comerciais. O produto ser adquirido na versão jumbo (3,21 m x 6 m), permitindo maior aproveitamento da chapa no processamento e no corte, trazendo ainda mais economia ao processo para as indústrias de refrigeração comercial e de linha branca”, explica Luiz Carlos Gonçalves Junior, diretor de Marketing da Cebrace e Comercial da Saint-Gobain.

No Brasil, empresas como Eletrofrio e Metalfrio já integram esses materiais em suas soluções, combinando vidros Low-E e insulados com perfis de alumínio de baixa condutividade e sistemas de vedação avançados. Essa integração é parte fundamental das metas de sustentabilidade do varejo alimentar, que busca reduzir o consumo elétrico e as perdas por deterioração de alimentos.

“Na Eletrofrio, priorizamos o uso de vidros de alta performance em todos os expositores, especialmente os Low-E e insulados com camadas antiembaçantes. Essa combinação proporciona maior eficiência energética e visibilidade dos produtos, além de garantir a estabilidade térmica e a segurança alimentar. Os resultados têm sido expressivos: nossos clientes observam economia de energia e melhor experiência de compra para o consumidor final”, explica Rogério Marson Rodrigues, da Eletrofrio Refrigeração.

Em freezers horizontais, o vidro temperado com camada antiembaçante é preferido por sua resistência mecânica e segurança

Conservação e a aparência

Uma das inovações mais relevantes no setor é a tecnologia antiembaçamento, essencial em ambientes com alta umidade e portas frequentemente abertas. A condensação sobre o vidro, além de comprometer a visibilidade dos produtos, pode alterar a eficiência do sistema e causar desperdício energético. Para contornar esse problema, as portas de refrigeradores comerciais e vitrines contam hoje com diferentes tipos de vidros desembaçantes. O método mais utilizado é o aquecimento perimetral, no qual uma resistência elétrica de baixa potência é instalada na borda do vidro ou na moldura da porta. O leve aquecimento evita a formação de gotículas de água, mantendo a superfície sempre transparente. Essa solução é amplamente adotada em expositores de supermercados como Muffato e Pão de Açúcar, que valorizam a visibilidade dos produtos congelados e reduzem o tempo de manutenção.

Uma alternativa são os revestimentos anti-fog (ou antiembaçamento), aplicados sobre a superfície interna do vidro. Essa película condutiva ou hidrofílica distribui uniformemente a umidade, impedindo o embaçamento mesmo em temperaturas muito baixas.

Adegas climatizadas utilizam vidro Low-E com proteção UV para manter o equilíbrio térmico e evitar o envelhecimento precoce dos vinhos

O vidro Low-E também pode atuar como desembaçante quando combinado a resistências marginais. Essa combinação é uma das mais eficientes do mercado, pois reflete o calor externo enquanto mantém a superfície livre de condensação — garantindo máxima visibilidade e conforto térmico para o consumidor.

Em freezers horizontais, o vidro temperado com camada antiembaçante é preferido por sua resistência mecânica e segurança. Já em locais de alto tráfego, como padarias e lojas de conveniência, o vidro laminado com película interna protege contra impactos e mantém a estrutura coesa em caso de quebra, além de poder receber tratamento anti-fog.

As adegas e empórios gourmet também se beneficiam dessas tecnologias. No Empório Santa Maria (SP), por exemplo, portas de vidro Low-E com proteção UV mantêm o equilíbrio térmico e evitam o envelhecimento precoce dos vinhos. Além da conservação, a estética e a clareza visual valorizam o ambiente e os produtos expostos.

“Mais do que garantir eficiência energética, os vidros tecnológicos são fundamentais para a segurança dos alimentos. Ao evitar oscilações térmicas e eliminar a formação de condensação, eles mantêm carnes, frios, laticínios e congelados dentro da faixa segura de refrigeração. Isso reduz o risco de contaminações, amplia o prazo de validade e evita perdas por descarte. Estudos do setor indicam que o controle adequado de temperatura pode reduzir em até 10% o desperdício de perecíveis no varejo”, comenta Gonçalves.

Com ambientes mais confortáveis, exposição aprimorada e economia comprovada, os vidros inteligentes consolidam-se como peças-chave na refrigeração moderna. Em um cenário em que eficiência energética, segurança alimentar e sustentabilidade são prioridades, eles representam o elo que conecta tecnologia, economia e qualidade, mantendo o frio e o alimento protegido.

Grupo Midea inaugura fábrica de motores no Sul de Minas

Unidade da Welling Motor em Santa Rita do Sapucaí recebe investimento de R$ 70 milhões e prevê 150 empregos até 2026

O Grupo Midea inaugurou, nesta quinta-feira (27/11), a primeira fábrica de motores de ar-condicionado de Minas Gerais, em Santa Rita do Sapucaí. A planta, operada pela Welling Motor, subsidiária da Midea, recebeu investimento de R$ 70 milhões.

A unidade emprega 85 trabalhadores e tem previsão de alcançar 150 empregos diretos até 2026. O prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Leandro Mendes, afirmou ao Terra do Mandu que a empresa deve investir mais R$ 150 milhões na operação no próximo ano.

A fábrica produz motores DC para unidades externas de ar-condicionado, com processos de injeção, estamparia, montagem e embalagem. Instalada na BR-459, segue padrões globais de eficiência energética e automação.

A Welling Motor é uma das principais fabricantes de motores elétricos do mundo. A instalação da planta contou com apoio da Invest Minas, responsável por identificar o imóvel, negociar com a prefeitura e a Cemig, dar suporte no licenciamento ambiental, orientar sobre incentivos tributários, auxiliar no Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e mapear fornecedores locais.

O Grupo Midea informou que os investimentos fazem parte dos compromissos anunciados durante a Missão China realizada em junho. Na ocasião, a empresa apresentou aporte de R$ 198 milhões, com estimativa de gerar 830 empregos diretos no Sul de Minas.

O Centro de Distribuição da Midea Carrier, em Extrema, tem 25 mil metros quadrados e previsão de entrar em operação em 2025. Em Pouso Alegre, onde já funciona a indústria de linha branca da Midea, está prevista a implantação de uma fábrica de embalagens no primeiro quadrimestre de 2026. A empresa também planeja inaugurar uma fábrica de refrigeradores no município em 2028.

Alameda Glete e o comércio de rua diante do desafio digital

Comércio de peças e acessórios de climatização e refrigeração da Glete se reinventa, alia experiência física à digital e transforma o balcão em centro técnico de soluções, treinamentos e networking

 Na tradicional Alameda Glete, no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo, o entra e sai de profissionais de refrigeração e climatização ainda marcam o ritmo de uma das ruas mais emblemáticas do setor de HVAC-R no país. Conhecida há décadas como um polo de peças, equipamentos e serviços técnicos, a Glete abriga empresas como Frigelar, Friopeças, Karisfrio, Zeon Refrigeração, Disparcon, Frigga Frio, CairoFrio, DSfrio, BlueAr, Tosi, entre muitas outras, que continuam movimentando o comércio especializado.

Um estudo da empresa de pesquisa de mercado Grand View Research mostra que o mercado de peças e acessórios de HVAC-R no Brasil teve faturamento estimado em US$ 717,2 milhões em 2024, com previsão de crescimento para US$ 956,1 milhões em 2030, o que implica uma CAGR (taxa de crescimento anual composta) de cerca de 4,9% entre 2025 e 2030.  E apesar do crescimento exponencial, a região vem enfrentando o mesmo dilema que atinge o varejo técnico em todo o Brasil: como equilibrar a força do atendimento presencial com a praticidade e o preço competitivo do ambiente online.

É fato que a digitalização das compras e o crescimento do e-commerce remodelaram a forma como os instaladores, empresas de manutenção e consumidores profissionais buscam produtos e suporte técnico, porém, algumas lojas passaram a investir em diferenciais que o comércio digital dificilmente consegue replicar, como o suporte técnico imediato, espaços para treinamentos, coworking, estoque disponível na hora e o relacionamento direto com o cliente.

A Friopeças, por exemplo, criou o “Espaço Café”, desenvolvido em parceria com a Gree, para treinamentos e demonstrações de produtos. O movimento revela uma aposta no físico, mas com foco em experiência, proximidade e capacitação, mais do que apenas em balcão de vendas.

“São Paulo é um dos principais mercados de atuação da Friopeças e merecia este investimento em parceria com a Gree numa das ruas mais tradicionais do setor. Entendemos que a loja física é fundamental para a fidelização dos nossos clientes e parceiros, pois nos permitirá oferecer mais conforto e um mix ainda mais completo”, informa Daniel Prado, presidente e fundador da Friopeças.

Em 2025, a Frigga Refrigeração inaugurou uma nova unidade na rua, reforçando a aposta no ponto físico e no atendimento personalizado. Para os especialistas, a tendência é que o polo se transforme em um centro técnico de relacionamento, com espaços de treinamento, cafés para instaladores, integração com plataformas digitais e suporte especializado. Ou seja, o futuro não é abandonar o físico, mas redefinir seu papel.

Frigga: O valor do contato humano, aliado à disponibilidade imediata, continua sendo o principal diferencial das lojas de rua

“Diferente de um simples ponto de venda, a Frigga Frio traz um conceito inovador para o mercado. Um dos destaques é o espaço de coworking exclusivo para técnicos e instaladores, que visa oferecer um local de apoio e estrutura para que os profissionais possam trabalhar e interagir com colegas. Queremos ir além do fornecimento de produtos. Nosso objetivo é fortalecer a comunidade de profissionais, oferecendo um espaço onde eles possam se desenvolver e encontrar as melhores soluções,” explica Paulo Neulaender, diretor da Frigga Frio. “A loja também dispõe de uma área de treinamentos dedicada, equipada para a realização de workshops e cursos. O objetivo é manter os profissionais atualizados sobre as mais recentes tecnologias e práticas do mercado de refrigeração e climatização”, acrescenta.

Soluções híbridas

Diante desse cenário, o comércio físico tem apostado em soluções híbridas, como o atendimento digital com retirada imediata na loja e a comunicação mais ativa nas redes sociais. Porém, mesmo assim, o comportamento do cliente técnico também mudou. “Hoje, o comprador chega com o celular na mão, comparando preços e conferindo modelos, porém a compra é feita no balcão. Na venda física, o cliente pode tirar dúvidas, testar e não errar no produto”, comenta Waldir Batista Lacerda, atendente da Disparcon, que trabalha há 10 anos na loja.

A visita à loja deixou de ser apenas o momento da compra: tornou-se parte da pesquisa, da busca por informação e da checagem de credibilidade. Os lojistas reconhecem que o fluxo de visitantes já não garante conversão imediata, e que a decisão final muitas vezes é influenciada pelo preço online.

A questão do preço também é apontada como o ponto mais sensível. “Podemos mudar o layout e fazer promoções, mas a venda na loja continua essencial, mesmo quando o cliente compara o preço com o marketplace”, acrescenta Waldir.

Outro fator que pesa é a estrutura física. A operação de uma loja especializada envolve custos fixos altos como aluguel, funcionários, manutenção de estoque técnico, que o e-commerce não tem. Por isso, a eficiência operacional e o valor agregado do serviço passaram a ser determinantes. Se a loja for igual ao site, vai perder. Mas se for mais humana, mais resolutiva e imediata, esse é o caminho.

Mesmo diante dessas transformações, a Glete mantém importância simbólica e comercial. É um ponto de referência para quem precisa de uma peça urgente, uma segunda opinião técnica ou uma solução que depende do olhar do profissional experiente. “Quando preciso de algo para o mesmo dia, prefiro vir aqui. Se erro um modelo, perco o serviço. Aqui posso ver, comparar, testar”, conta João Batista de Souza, instalador que há 15 anos compra no bairro. O valor do contato humano, aliado à disponibilidade imediata, continua sendo o principal diferencial das lojas de rua.

Espaço Café, desenvolvido pela Friopeças em parceria com a Gree, para treinamentos e demonstrações de produtos

Para Neulaender, há muita bagagem a ser dividida na Glete: “No nosso caso, temos uma equipe experiente, motivada e treinada, sem falar naquilo que venho procurando aprender e transmitir ao mercado nesses 40 anos de refrigeração. Idealizamos uma área de coworking aberta a quem estiver na região e queira dar uma parada, tomar um café, conversar com alguém, organizar a agenda, além de nosso auditório para 40 pessoas”.

Ao mesmo tempo, novas áreas, como a Barra Funda, vêm atraindo lojas e distribuidores pela facilidade logística e maior espaço para estacionamentos, algo que na Glete se tornou um desafio. Esses fatores urbanos, combinados com o avanço da digitalização, explicam parte da migração de fluxo e a necessidade de reposicionamento da região.

A loja de rua ainda tem espaço, desde que comunique com clareza o que o cliente realmente ganha ao estar ali: atendimento humano, resposta imediata e confiança. Afinal, enquanto o preço pode ser comparado em um clique, a segurança de escolher certo continua sendo um diferencial que o digital ainda não substitui.