EUA vão cortar consumo de HFCs

A administração Biden anunciou na quinta-feira (23) que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) lançará um conjunto de regras para reduzir gradualmente os hidrofluorcarbonos (HFCs) em 85% nos próximos 15 anos. As medidas legais anunciadas se baseiam no amplo apoio de democratas e republicanos, líderes da indústria e organizações ambientais, todos os quais apoiaram a Lei de Inovação e Fabricação (AIM) aprovada no ano passado.

Os EUA também estão tomando medidas para prevenir o comércio ilegal, apoiar o desenvolvimento de substâncias alternativas aos HFCs e promover a reciclagem e regeneração dos estoques existentes. Todas essas ações alinham os EUA com a Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal.

Conforme determinado na AIM, o país reduzirá a produção e o consumo de HFCs em 85% abaixo dos níveis de linha de base nos próximos 15 anos. O conjunto de regras proposto pela EPA estabelece um esquema de alocação de permissões e um programa de comércio para reduzir os HFCs e cria um sistema robusto de conformidade e fiscalização.

Além disso, a EPA diz que está atualmente analisando mais de uma dezena de petições para restringir o uso de HFCs em uma ampla gama de aplicações.

Combate ao contrabando

A fim de evitar os problemas vividos na Europa, os EUA estão criando uma força-tarefa interagências sobre o comércio ilegal de HFCs liderada pelo Departamento de Segurança Interna e a EPA. Um comunicado da Casa Branca diz que “o comércio ilegal de HFCs representa um risco fundamental para o clima e os objetivos econômicos da América”.

“Se os Estados Unidos vissem taxas de não conformidade semelhantes às observadas em outros países, o resultado poderia ser de até 43-90 milhões de toneladas métricas de emissões adicionais de dióxido de carbono equivalente em um único ano, o que é aproximadamente igual às emissões anuais de 22 usinas movidas a carvão”, diz o comunicado, ressaltando que “esse alto nível de não conformidade colocaria as empresas dos EUA em desvantagem competitiva e desencorajaria a inovação me matéria de alternativas aos HFCs”.

“Em parceria com os departamentos de Justiça, Estado e Defesa, essas agências executarão uma estratégia para detectar, impedir e interromper qualquer tentativa de importação ou produção ilegal de HFCs nos Estados Unidos. Isso incluirá o estabelecimento de um sistema de identificação de certificação para rastrear o trânsito de HFCs, estabelecendo consequências administrativas e a aplicação de violações civis e criminais da lei.”

Carnes e leite impulsionam HVAC-R

Iniciada no primeiro trimestre de 2020, a pandemia do novo coronavírus evidenciou ainda mais o papel de protagonismo da refrigeração industrial nos processos de armazenagem, transporte e preservação de alimentos e produtos médicos, a exemplo das vacinas.

Se por um lado o fechamento compulsório de bares e restaurantes atrapalhou fortemente o HVAC-R nacional, por outro, acabou impulsionando as demandas geradas por grandes e médias redes supermercadistas e por pequenos estabelecimentos deste segmento.

Paralelamente à covid-19, o atual momento de incertezas climáticas e descontrole das condições macroeconômicas levaram diversos países, inclusive o Brasil, a aumentar seus estoques reguladores de proteína animal, a fim de garantir o abastecimento e a segurança alimentar.

“Este cenário contribuiu significativamente para o crescimento da indústria nesta atividade e a ampliação dos frigoríficos brasileiros, já que essas atividades necessitam de equipamentos para resfriamento e congelamento”, diz o vice-presidente de refrigeração da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Ricardo dos Santos, executivo da Mayekawa, companhia que atua na área de refrigeração industrial.

Ricardo dos Santos, executivo da Mayekawa

Ao mesmo tempo, pontua ele, o País terá forte investimento no segmento de logística com temperatura controlada, uma vez que o mercado observa o andamento da construção de vários novos centros de armazenamento refrigerado. Com isso, não só o segmento de carnes se beneficiou, mas também o de leite e derivados, que acabou pegando carona nessas mudanças positivas. “A busca por entrepostos refrigerados não é um fenômeno novo, mas sim a crescente procura por espaços refrigerados complexos e muito específicos. Até porque a indústria de armazenamento refrigerado tem sido fortemente impulsionada pelas vendas on-line e a crescente demanda do consumidor por produtos frescos de alimentação saudável e por produtos farmacêuticos que requerem armazenamento especializado”, explica Ricardo. No entendimento do VP da Abrava, esta guinada levou à construção de mais centros de distribuição de pequeno porte localizados regionalmente, para ajudar a diminuir o tempo de entrega e aumentar a vida útil dos produtos.

“Muitas empresas estão alugando espaços, com localização ideal, e os reformando para criar um ambiente de armazenamento refrigerado, com enfoque especial na eficiência energética, pois aproximadamente 25% do custo total de funcionamento de um CD refrigerado refere-se ao consumo de energia elétrica”, comenta. Igualmente importante para o segmento de leite e derivados, o frio tem papel essencial em uma das primeiras etapas pós-extração do animal, quando é necessário levar o produto, então a uma temperatura de 34 ºC, até 4 ºC, em um período de três a quatro horas, para garantir a segurança em relação a bactérias.

“Sem este processo, não se pode garantir a qualidade do leite, sendo necessário manter esta temperatura até que o produto chegue aos laticínios. No transporte refrigerado é igualmente importante, dando à cadeia do frio a grande responsabilidade de garantir a qualidade do leite que consumimos, bem como a sua condição para a produção de seus derivados”, descreve o gerente de vendas da Danfoss do Brasil, Eládio Pereira.

O executivo salienta que a multinacional é referência no mercado de leite em toda a América Latina, com produtos de alta tecnologia que atendem desde o pequeno produtor, a partir de um tanque de 300 litros, até grandes produtores e laticínios.

Segundo ele, os investimentos dos segmentos de carnes e leite têm sido fundamentais, nos últimos dois anos, para o crescimento do transporte refrigerado no Brasil, que não sentiu tanto os impactos da pandemia, uma vez que o consumo de alimentos da população migrou de bares e restaurantes para os supermercados, principalmente devido ao home office.

“O transporte frigorífico se intensificou por causa do aumento da demanda por alimentos. Como já estava preparado em relação a equipamentos e normas de qualidade e temperaturas, o grande desafio foi atender à crescente procura por novos equipamentos, o que ocorreu com êxito”, argumenta.

O executivo da Danfoss entende que, atualmente, o segmento de leite e derivados está bem coberto em relação à cadeia de refrigeração, por meio de resfriadores e conservadores de leite, além do transporte frigorífico.

Entretanto, assegura ele, as novas tecnologias que estão chegando ao setor agrícola, com intensificação da internet em zonas rurais, são consideradas os próximos desafios dos fabricantes de equipamentos de frio.

“A digitalização desses processos, o monitoramento remoto de temperaturas e da produção darão maior credibilidade ao produtor e agregarão valor ao leite, quando o mesmo for repassado aos grandes frigoríficos e cooperativas, beneficiando toda a cadeia produtiva”, complementa.

Para os técnicos em refrigeração e de outros segmentos do HVAC-R, enfatiza o executivo, a grande dificuldade ficará em torno das grandes distâncias e da dificuldade de locomoção até os produtores que possuem equipamentos de resfriamento de leite, a maioria dos quais estabelecidos na zona rural.

“Isto resultará em uma assistência técnica de maior valor devido aos custos relacionados à locomoção. Como a maioria dos técnicos está localizada nas grandes cidades, é preciso entender a limitação existente para a disponibilidade de pessoal qualificado, pois vai haver desequilíbrio entre a demanda de serviços e a mão de obra especializada disponível em determinada região”, analisa.

Este é o mesmo ponto de vista do vice-presidente de refrigeração da Abrava, Ricardo dos Santos, ainda que tenha expandido as mesmas dificuldades para a indústria, “visto que a constante ampliação e construção de novas fábricas de alimentos e centros de distribuição refrigerados tem apresentado ao empresariado o enorme desafio de encontrar mão de obra qualificada para operação e manutenção dos sistemas de refrigeração”, conclui ele, projetando que o setor do frio terá muito espaço para crescer nos próximos anos.

Por que o preço do fluido refrigerante disparou?

O mercado mundial de fluidos refrigerantes está passando por um momento de alta instabilidade no que tange ao abastecimento. A China, maior produtora mundial dessa commodity, enfrenta a escassez de matérias-primas em diversos segmentos.

Aliado a isso, questões de saúde pública, por conta da covid-19, e de logística têm causado atrasos e aumentos no custo de transporte, segundo empresas da área de refrigeração e ar condicionado.

Dentro de todo esse contexto, os preços dos produtos, dispararam nos últimos dias e seguem aumentando. A alta do dólar também influencia o preço dos fluorquímicos.

Segundo o diretor de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Paulo Neulaender, diversos fatores têm pressionado os preços dos fluidos refrigerantes.

“Em meio a crise sanitária, o Brasil diminuiu suas importações em 2020, usando muito o estoque local”, explica o especialista. “O mercado voltou a se aquecer a partir de junho, e isso fez aumentar o consumo dos fluidos refrigerantes”, acrescenta.

Para piorar a situação, o frete marítimo internacional subiu mais de 500% nos últimos 15 meses. A demora dos EUA em aderir a Emenda de Kigali, pacto climático que visa reduzir a produção e o consumo de HFCs, também pressiona os preços desses compostos.

“Os EUA vêm comprando fluidos refrigerante da China para aumentar seu estoque local. Para os chineses, compensa mais vender para os clientes de lá do que para os brasileiros, pois os norte-americanos pagam melhor”, diz.

“Devemos continuar sofrendo com esta questão dos fluidos refrigerantes até janeiro do ano que vem. E não somente em relação a fluidos. Também estamos percebendo falta de outros insumos para a manutenção do setor de HVAC-R”, ressalta.

PMOC transforma trajetória da indústria de climatização

A pandemia do novo coronavírus acabou tendo um efeito positivo em torno da qualidade do ar interior, visto que empresas e governos passaram a dar mais atenção a este requisito em edificações de grande circulação de pessoas.

Três anos e meio após a entrada em vigor da Lei 13.589, de 4 de janeiro de 2018, o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) modificou positivamente o HVAC-R nacional. Deu um novo rumo não só ao regramento para a execução de projetos, mas também alterou a maneira como o mercado passou a encarar a capacitação profissional e a importância da qualidade do ar interior (QAI).

As atribuições em torno do PMOC provocaram ainda uma controvérsia entre engenheiros e técnicos e suas respectivas entidades representativas, sobre quem poderia ou não desenvolver projetos e executá-los. Para resolver a rusga e enfrentando a contrariedade do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) editou a Resolução 68, que abriu caminho para os refrigeristas capacitados atuarem no planejamento, execução e avaliação da manutenção de sistemas de refrigeração e climatização.

“Com o PMOC, o mercado de manutenção e operação de sistemas de climatização melhorou bastante”, observa o engenheiro Arnaldo Lopes Parra, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), enfatizando que não cabe à sua entidade regulamentar, fiscalizar ou mesmo determinar as atribuições legais desta ou daquela classe profissional.

“As empresas do setor, incluindo prestadores de serviço, laboratórios de análises e fabricantes de produtos de limpeza, se prepararam para melhor atender à demanda crescente. Na outra ponta, setores-clientes, a exemplo de comércios, escritórios, clínicas, hospitais e indústrias, que ainda não estavam prestando atenção às obrigações com a QAI, se sensibilizaram e buscaram se adaptar”, afirma o especialista, lembrando que esse processo acabou se refletindo no aumento da procura por profissionais da área, busca de conhecimento e ampliação do mercado como um todo.

Em verdade, o PMOC surgiu a partir da Portaria 3.523/1998, que aprovou regulamento técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação visual do estado de limpeza, remoção de sujidades por métodos físicos e manutenção do estado de integridade e eficiência de todos os componentes dos sistemas de climatização, para garantir a qualidade do ar de interiores e prevenção de riscos à saúde dos ocupantes de ambientes climatizados.

De acordo com o artigo 6º da Portaria, assinada pelo então ministro da Saúde, José Serra, “os proprietários, locatários e prepostos, responsáveis por sistemas de climatização com capacidade acima de 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/h), deverão manter um responsável técnico habilitado”.

As atenções voltadas ao PMOC e à QAI foram ampliadas também a partir da pandemia de Covid-19, iniciada no primeiro trimestre de 2020. “Este período serviu para o público em geral entender a importância da QAI. Houve uma crescente preocupação de grandes empresas, para assegurar que seus sistemas atendessem plenamente

“Com o PMOC, o mercado de manutenção e operação de sistemas de climatização melhorou bastante”, avalia o diretor de relações institucionais da Abrava, Arnaldo Parra

às normas e leis já existentes e suprimir eventuais pontos de insalubridade, evitando demandas trabalhistas decorrentes de problemas associados com má QAI, ou mesmo demandas civis por conta de clientes ou fornecedores que se sintam afetados”, explica Parra.

O diretor da Abrava entende que a legislação atual é boa e caminha para melhorias, assim que evoluir para um novo regulamento técnico, a fim de atender diretamente à Lei nº 13.589/2018. “Como ainda estamos longe de ter adquirido uma consciência coletiva em relação à QAI, as leis precisam devem ser usadas como instrumento disciplinador, mas o justo seria que as pessoas buscassem seus direitos de respirar um ar mais puro, da mesma forma como nos preocupamos hoje com a qualidade da água que bebemos”, complementa.

Similar visão tem o engenheiro Alexandre Fernandes, professor especializado em PMOC na Escola Técnica Profissional de Curitiba e da Faculdade Profissional (Fapro) e diretor de fiscalização e normas do Conselho Regional dos Técnicos Industriais (CRT) da 4ª Região – Paraná e Santa Catarina.

Para ele, não há dúvidas de que a legislação melhorou o mercado para a cadeia produtiva do HVAC-R, pois o que era uma portaria do governo passou a ser uma lei respaldada pelo Congresso Nacional e pela Presidência da República. “O PMOC foi muito fortalecido, além da força da lei, também existe a publicidade da mesma, que acaba gerando força para que o assunto manutenção de climatização fique em pauta”, salienta.

O docente acredita que a legislação deve ser dinâmica, para que as leis se adaptem às mudanças da sociedade, afinal toda lei tem seu próprio tempo de maturação. “De fato, tanto a Lei 13.589/2018 quanto a Portaria 3.523/1998 são muito inteligentes e baseadas em princípios. Elas estão para quem trabalha com manutenção no HVAC-R do mesmo modo que a Constituição dos Estados Unidos está para a sua população. Quando temos leis baseadas em princípios, elas não precisam mudar”, argumenta Fernandes.

Ao contrário, a Resolução 9, de 16 de janeiro de 2003, necessita ser atualizada para ser mais dinâmica, ressalva o professor da Fapro. A legislação em questão determina a publicação de orientação técnica elaborada por grupo técnico assessor, sobre padrões referenciais de qualidade do ar interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo.

“Eu nada mudaria na Portaria 3.523/1998 e na Lei 13.589/2018, apenas promoveria uma pequena atualização na Resolução 9, pois nela encontram-se os parâmetros para a aplicação da lei, que podem e devem progredir. Um exemplo é a renovação do ar, que simplesmente poderia ter estabelecido o uso dos parâmetros da NBR 16401 da versão em vigor, o mesmo ocorrendo na questão da filtragem”, realça Fernandes.

Ensino

Outro legado que o PMOC trouxe ao HVAC-R brasileiro foi a rápida adaptação dos currículos de ensino, seja em cursos técnicos, graduação ou pós-graduação. O tema passou a ser muito mais enfatizado, e em determinados casos, como na Escola Técnica Profissional de Curitiba e na Faculdade Profissional (Fapro), até o juramento feito na formatura cita o PMOC, e os formandos juram fazê-lo de forma correta, independentemente de fiscalização.

“A manutenção 4.0 é uma realidade em países desenvolvidos e nós ainda estamos mudando de corretiva para preventiva. Ela poderia ser uma das atualizações da RE-09, ou seja, a preditiva, e as empresas que tenham mais manutenção automatizada podem não precisar de periodicidade obrigatória, trocando um filtro, por exemplo, apenas quando for necessário”, indica Fernandes. O diretor do CRT-PR/SC conta que entre 2002 e 2010 foi responsável pelo PMOC (8.000 TR) da montadora francesa Renault e de outras multinacionais, “e independentemente de haver uma lei, eles fariam o PMOC, pois a manutenção nas corporações de porte faz parte do currículo intrínseco dos profissionais, e as instituições em geral deveriam estar mais perto da indústria, formando profissionais mais preparados para os casos reais do dia a dia”, conclui.

Nasa pesquisa sistema de refrigeração espacial

A Agência Aeroespacial dos EUA (Nasa, na sigla em inglês) está pesquisando novos métodos de transferência de calor para resfriar a espaçonave que será utilizada em futuras missões de exploração da Lua e de Marte. 

Segundo os cientistas envolvidos, essas viagens exigirão enormes quantidades de energia elétrica e hardware para apoiar os astronautas e impulsionar novas tecnologias.

A quantidade de calor criada por este aumento de demanda de energia precisa ser removida para que todos os sistemas da espaçonave funcionem, explicam.

A pesquisa propõe o desenvolvimento de uma instalação integrada de ebulição/condensação em fluxo de duas fases que será lançada na Estação Espacial Internacional (ISS) este mês.

“Como a mistura de líquido/vapor e interface se comportam de maneira diferente no espaço, os cientistas estudam como a ebulição e a condensação mudam na microgravidade e obtemos os dados fornecidos para aplicar o que aprendemos para o projeto de sistemas de transferência de calor futuros”, diz a engenheira Nancy Hall.

Hall é o gerente de projeto do Flow Boiling and Condensation Experiment, ou FBCE, que será lançado na ISS a bordo da Northrop Grumman’s Cygnus na 16ª missão comercial de serviços de reabastecimento da empresa para a Nasa.

Construído e testado na Nasa, o FBCE conduzirá uma variedade de experimentos na estação espacial para investigar o fluxo de ebulição e condensação em condições de microgravidade.

Os engenheiros Jeff Mackey e Monica Guzik inspecionando aparelho de refrigeração desenvolvido na Nasa

Whirlpool anuncia mais de R$ 240 milhões em investimentos no Brasil

A Whirlpool, detentora das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid no Brasil, anuncia a alocação majoritária desse investimento na ampliação e modernização das fábricas de Rio Claro (SP) e Joinville (SC).

Os investimentos fazem parte da estratégia da companhia de reafirmar a liderança do mercado local, ampliar e fortalecer a participação da empresa na região latino-americana. Os recursos são adicionais ao montante do faturamento investido anualmente pela empresa em inovação e desenvolvimento de produtos.

Com isso, a Whirlpool também vai gerar cerca de 3.000 novos empregos diretos e indiretos. O número representa um acréscimo de aproximadamente 25% no número de colaboradores atuais da companhia.

Em linha com o aumento da sua capacidade produtiva, parte desse valor será utilizado na construção de dois novos centros de distribuição física na região Nordeste e Sudeste do País para ampliar sua malha logística e para que os consumidores brasileiros recebam os produtos no menor tempo possível.

A empresa acredita no desenvolvimento do país e tem direcionado esforços para ajudar o governo a enfrentar a crise sanitária gerada pela Covid-19. Ciente do seu compromisso social, nos últimos meses, foram doados mais de R$10 milhões para combater a doença, incluindo doação de máscaras, produtos das marcas Brastemp e Consul, EPIs médicos, cestas básicas, respiradores e oxigênio. Recentemente, a Whirlpool também doou 20 ultra-freezers com capacidade para armazenar mais de 3 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 na temperatura exigida pelas organizações de saúde.

Dentro de suas fábricas, a Whirlpool já implementou mais de 25 protocolos de segurança durante a pandemia, indo além das exigências dos órgãos locais, servindo de referência para os demais onde a Whirlpool atua. Sua sede em São Paulo está em reforma e as equipes ainda não possuem data para retornar ao escritório.

O ambiente também recebeu investimentos para que reflita a transformação cultural da empresa, oferecendo um novo conceito de trabalho, mais ágil, inclusivo, inovador, criativo, com berçário para mães e pais, novos ambientes para refeições, squads entre outras melhorias.

Para o CEO Latam da Whirlpool, João Carlos Brega, a expectativa de expansão e crescimento econômico esperado após a conclusão da vacinação completa da população brasileira deve intensificar uma demanda que ficou reprimida por quase dois anos.

“Com a completa imunização da nossa população e o fim da crise sanitária, poderemos ter algum alívio. A volta do emprego e da renda devem ganhar força no ano que vem. Todos os indicadores apontam para alta do PIB global. Naturalmente, a consequência é a volta da confiança do consumidor e, com isso, a retomada da economia e do crescimento do nosso país.”, afirma o executivo.

VEE e VET elevam eficiência, vida útil e segurança de equipamentos

 

No ciclo de refrigeração por compressão de vapor, o elemento de expansão regula a vazão de fluido refrigerante que entra no evaporador e reduz a pressão do refrigerante desde a pressão de condensação até a pressão de evaporação. Válvulas de expansão termostáticas (VET), válvulas de expansão a pressão constante, tubos capilares e válvulas de expansão eletrônicas (VEE) são os principais tipos de dispositivos dessa natureza aplicados em circuitos frigoríficos.

Segundo especialistas, o dispositivo de expansão e o compressor devem funcionar em condição de equilíbrio entre as pressões de evaporação e condensação, de forma a permitir que o compressor bombeie do evaporador a mesma quantidade de fluido refrigerante que o dispositivo de expansão alimenta o evaporador.

Enfim, o componente impacta diretamente na vida útil de compressores aplicados em sistemas refrigeração e bombas de calor.

Atualmente, o segmento de VEE segue em ritmo acelerado de crescimento, baseando-se principalmente no aumento da eficiência energética dos equipamentos e na redução das emissões de carbono, que reconhecidamente o HVAC-R mundial tem buscado conseguir.

Além da fácil instalação e configuração, a VEE está à frente, em termos de performance, das válvulas termostáticas.

A válvula eletrônica unifica as principais apostas do setor em soluções que contribuem para a eficiência energética, o reaproveitamento de recursos naturais e o uso da internet das coisas (IoT) para o desenvolvimento de produtos capazes de facilitar a comunicação entre sistemas e profissionais.

Um dos grandes players deste mercado, a Full Gauge Controls oferece, por exemplo, a linha Valex, composta por três modelos de drivers para comando de válvulas de expansão eletrônica para as capacidades mais usuais em sistemas de refrigeração.

“A VX-950 plus é nossa primogênita e conta com uma interface de configuração. Recentemente, lançamos também as compactas VX-1025E plus, com controle unipolar de 500 passos, e a VX-1050E plus, com controle bipolar de 6.500 passos configuráveis, sendo que este modelo atenderá vários fabricantes de válvulas”, afirma Fabiano Damião, consultor técnico de produtos da engenharia de aplicação da empresa.

A linha Valex conta com instrumentos compactos e integrados que oferecem uma solução completa e totalmente configurável para o controle de diversos modelos de VEE, envolvendo processos como superaquecimento, temperatura ambiente, degelos, pressão, ventilação, iluminação e alarmes.

“Nossos produtos substituem o controlador ou o termostato da instalação, pois controla os processos de refrigeração, além do fluxo de líquido. Outro grande diferencial é que incorporamos, dentro do drive, o ultracap, um dispositivo interno de segurança que dispensa o uso de solenoide em caso de falta de energia elétrica, fechando o corpo da VEE”, explica Damião.

A tecnologia da linha Valex vai ainda mais longe, uma vez que os instrumentos também recebem informações do transdutor de pressão, fazendo o recolhimento pump down, não necessitando mais de um pressostato mecânico para esse procedimento, tudo isso por meio de programações configuradas pelo técnico.

O drive recebe informações do transdutor de pressão e do sensor de temperatura para tomar as decisões para o melhor posicionamento e rendimento no sistema, obedecendo as configurações do superaquecimento conforme projeto do cliente e do instalador”, complementa o executivo ao abordar o controle do fluído refrigerante dentro do sistema.

Compatíveis com 23 tipos de fluidos refrigerantes, incluindo R-290 e R-600a, as VEE da Full Gauge Controls abrem a possibilidade de seleção do gás nas configurações do controlador antes do start up da instalação.

“O gerenciamento e monitoramento são feitos pelo software Sitrad Pro, que possibilita o controle das instalações a distância, inclusive para alterar parâmetros, gerar relatórios e outros processos. Caso a bobina (corpo de válvula) pare de modular ou o cabo se rompa, o instrumento emite um alarme por não ter recebido o feedback de modulação entre o comando do drive e a bobina”, salienta Damião.

Os instrumentos VX-950 plus, VX-1025E plus e VX-1050E plus são 100% desenvolvidos e produzidos no Brasil pela Full Gauge Controls. Já as válvulas utilizadas na linha Valex são fabricadas por fornecedores localizados na Ásia, que já possuem todo know-how e tecnologia.

VET

Outro importante player do mercado de válvulas, a Danfoss oferece as válvulas de expansão termostática modelos T2, TE2, TD1, TE5 / 55, TGE, TR6 e TU, desenhadas para garantir o controle preciso da injeção de refrigerante líquido em um evaporador. Esses componentes também protegem o motor do compressor contra o retorno de refrigerante líquido e favorecem o preenchimento ideal do evaporador em todas as condições de carga térmica.

A família de válvulas de expansão mecânicas é complementada pelas válvulas de expansão eletrônicas AKV & ETS, em conjunto com controladores eletrônicos ADAP-KOOL.

As válvulas de expansão termostática Danfoss são fornecidas com conexões SAE rosqueadas ou de cobre soldado, ou conexões bimetálicas de aço inoxidável/cobre. O diafragma da válvula é soldado a laser, garantindo uma longa vida útil do sistema. Entre as suas principais vantagens, descreve Javier Korenko Chmielewski, gerente sênior de desenvolvimento de vendas para ar condicionado da empresa para a América Latina, estão a realização de projeto de configurações de superaquecimento fixo e variável; alta MOPD e pressão de trabalho e design compacto, além de poder ser fornecido com uma carga de pressão máxima de operação (MOP), que protege o motor do compressor da pressão de evaporação excessiva durante a operação normal. A nossa válvula de expansão regula a quantidade de refrigerante que entra no evaporador por meio da medição do superaquecimento, que consiste na diferença entre a temperatura de evaporação (correspondente à pressão de evaporação) e a do fluido na saída do evaporador. Essa diferença de temperatura garante que todo o refrigerante dentro dele saia na forma de gás superaquecido, garantindo eficiência no preenchimento do evaporador”, explica o executivo da Danfoss.

Ele ressalta ainda que a linha de válvulas da multinacional é otimizada com configurações para várias faixas de operação, diversas configurações de superaquecimento e muitas opções de conexão, além de variados refrigerantes, como os conhecidos R-22, R-404, R-507, R-407, R-134a, R-410a, além de outros refrigerantes halogenados e não halogenados disponíveis no mercado.

O diagnóstico e a identificação de falhas nas VET da Danfoss podem ser feitos por meio de seu suporte técnico, além da disponibilização de uma ampla biblioteca de informações e literatura técnica on-line, assim como a plataforma Danfoss Learning e vários programas e aplicativos de cálculo, como o Coolselector 2 e o KoolCode. “O principal benefício da VET é permitir que o correto funcionamento do sistema seja mantido sob ampla faixa de carga térmica, promovendo economia de energia pela redução da pegada de carbono gerada pelo consumo elétrico daquela instalação. Da mesma forma, os sistemas com VEE permitem um preenchimento ideal do evaporador e, juntamente com a gestão eletrônica da instalação, são garantidos a eficiência e o consumo de eletricidade adequados, reduzindo as emissões de carbono”, acrescenta Chmielewski.

Sempre em frente, André Ridão Costa é referência no setor

Muito conhecido nas plataformas digitais, como Facebook e Instagram, André Ridão Costa, começou como profissional do setor de climatização e refrigeração em 2015. Nesses seis anos de mercado, ele comemora o acesso às informações e conteúdos EAD disponíveis aos profissionais que buscam aprendizado e atualização.

“Hoje, temos facilidade de acesso a informações, conteúdos digitais, inclusive, cursos EAD com valores atrativos ou mesmo gratuitos. Um exemplo de canal digital é a Revista do Frio e o Clube do frio, divulgando conteúdo de qualidade, sempre estão presentes nos lançamentos, nas empresas trazendo informações maravilhosas, mantendo o nosso mercado próximo e nutrido. No campo de ferramental, observamos muitas melhorias e novidades, isso garante um serviço mais preciso e de melhor qualidade. Tenho canais no Instagram e Facebook, mas acompanho outros e me sinto como fizesse parte deles também, participo de inúmeras lives, anoto tudo e gosto de interagir! Essas plataformas contribuem muito para o mercado, sejam por meio de fabricantes, lojistas, escolas profissionais…enfim, só benefícios para a classe. Costumo dizer que nosso setor está presente da ‘maternidade ao necrotério’, ou seja, das salas de parto até o fim da vida, a climatização e refrigeração estão presentes. Vejo um mercado com potencial muito grande de crescimento, ainda mais com o sistema inverter, que demanda uma qualificação refinada, além de um futuro promissor com o uso de sistemas de energia solar e quem se qualificar vai ser bem-sucedido”, diz Ridão.

Microempreendedor individual, ele é proprietário da Ridão Ar Condicionado e Elétrica, e faz questão de imprimir em seu trabalho as boas práticas de instalação, primando na prestação de serviços. “A prestação de um bom serviço está sempre ligada às boas práticas, prezo muito por isso e me esforço nesta prática. Ficaria mais feliz se na região em que atuo, em Ribeirão Preto e Matão (interior de São Paulo), os profissionais se atentassem buscar qualificação, assim poderiam cobrar um valor que fosse justo pelo serviço, nivelando o mercado por cima, ou seja, quanto mais profissionais qualificados, mais equiparados ficam os valores e a mão de obra ou o serviço realizado dentro dos padrões do fabricante. Além do mais, prezo pelo uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual), e atesto que, por várias vezes, fui salvo pelo uso desses equipamentos.

Certa vez, ao desinstalar uma condensadora ela acabou caindo na minha cabeça, porém, como estava de capacete não tive um arranhão, somente uma dor no pescoço que logo passou. É muito triste notar que muitos profissionais da área não dão importância para o uso de EPIs, exigido por Lei e com fiscalização”, alerta. Ele acrescenta que conhecer bem as ferramentas, as aplicações, o tipo de aparelho para manutenção ou instalação, ler e entender os manuais para cada tipo de situação e condição faz toda diferença para um bom instalador.

Experiência no mercado de HVAC

“Comecei a atuar no mercado de refrigeração e climatização em janeiro de 2015. Fiz um curso rápido de instalação em ar condicionado Split, com duração de 8 horas e outros foram urgindo através de fabricantes e logo investi em ferramentas. No momento, estou fazendo dois cursos EAD, um sobre ar condicionado inverter, e outro sobre refrigeração comercial (câmara fria). Hoje, lembro que meu maior desafio foi conseguir clientes! Quando se é novo na área, não dispomos de serviços realizados para apresentar, costumo dizer que o mais difícil é ter a primeira foto de um serviço para mostrar ou postar! Minha primeira instalação aconteceu por acaso, fui levar minha moto na oficina e o atendente que era também o proprietário da oficina estava ao telefone e pediu para que eu aguardasse. Ao finalizar a ligação, me disse que estava precisando instalar o aparelho na loja. Vi ali uma oportunidade e me propus a instalar, o cliente ficou feliz e eu mais ainda, e assim, tinha a primeira foto do serviço para mostrar aos futuros clientes. Fiz alguns cartões de visita eu fui à luta, sai distribuindo de porta a porta, e muitos desses primeiros clientes me indicaram pra familiares, então sou muito grato a eles também pela confiança”, revela.

Casado com Luciene, pai de Lucas, de 9 anos e com um segundo filho a caminho, o Nicolas, que chegará em setembro deste ano, Ridão admite que mesmo nas horas vagas gosta mesmo é de estudar!

“Gosto muito de estudar e a cada dia aprendo algo novo e procuro melhorar aquilo que já sei. Sou realizado com a família que tenho, e com a profissão que escolhi, além dos vários amigos que conquistei. Nas horas vagas, gosto de pedalar, mas com as restrições impostas pela pandemia, não saio com tanta frequência, porém, temos esperança de dias melhores. Não estou em busca de grandes coisas materiais, se consigo alimentar minha família, já me sinto realizado, tive uma infância muito sofrida e difícil, então tento dar o conforto que não tive ao meu filho, embora temos uma vida bem simples, nunca nos faltou nada. No interior, a vida é mais difícil, não se ganha como em grandes cidades, mas como diz um amigo, o segredo não é o quanto se ganha, mas sim o quanto se gasta”. Ridão deixa aqui uma mensagem: “Estude sempre, procure melhorar, seja como profissional ou como pessoa. Se caiu, levanta-se, e procure sempre olhar para a frente, pois quem gosta de olhar para traz pode tropeçar e cair. Minha gratidão ao Gustavo, Naldo e a toda equipe que, apesar de ficar nos bastidores, são essenciais para o funcionamento e sucesso da Revista do frio e do Clube do Frio”, conclui.

Ele se sente realizado ao lado da esposa Luciene e do filho Lucas

Pesquisa propõe uso de energia do solo para climatizar edifícios

Pela primeira vez na história, o Brasil terá um prédio que usa energia do solo para climatizar seus ambientes. O feito inédito é continuidade de uma pesquisa inovadora, realizada na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, que avaliou o uso das fundações de edifícios como meio para a troca de energia térmica entre o prédio e o subsolo.

A experiência internacional com o uso dessa tecnologia, baseada em energia geotérmica (do interior da Terra), tem relatado considerável economia no consumo de energia para climatização (aquecimento e resfriamento). Aqui no Brasil, a expectativa com a implementação desse sistema é de que as despesas com o consumo de energia elétrica por aparelhos de ar-condicionado sejam reduzidas. Batizado de CICS Living Lab, a edificação brasileira já começou a ser construída na Escola Politécnica da USP, em São Paulo.

Foi a pesquisadora Thaise Morais, do Departamento de Geotecnia (SGS) da EESC, que desenvolveu a primeira tese de doutorado brasileira para avaliar o desempenho dessa tecnologia nas condições de clima e solo do Brasil. Ela explica que a energia geotérmica é aquela encontrada dentro da crosta terrestre, seja no solo, rochas ou mesmo na água, sendo identificada pela temperatura.

Esta energia pode ser transferida para a superfície por processos de troca térmica a partir das fundações da edificação. “A temperatura da região que vai desde a camada superficial da crosta terrestre até algumas centenas de metros de profundidade é resultado das interações naturais que ocorrem entre o ambiente externo e o interior da crosta. Assim, o solo funciona como uma espécie de bateria ou reservatório de energia térmica”, descreve a especialista.

O sistema inovador no País capta ou rejeita calor do/no solo por meio das estacas que compõem a própria fundação do edifício. Essas estacas ficam enterradas e, por estarem em contato direto com o subsolo, possuem uma grande área de contato para a troca térmica.

Através de tubos instalados no seu interior e com a ajuda de um fluido, a energia térmica é levada até a superfície, onde uma bomba geotérmica faz a troca de calor entre o subsolo e os ambientes do prédio. “Nos testes, usamos água potável como fluido para a troca de calor entre a fundação e o subsolo. A bomba troca calor com a água a partir de um outro fluido refrigerante que circula em seu interior. Essa troca é feita de forma contínua e repetitiva até que a temperatura desejada para o ambiente seja alcançada”, relata a pesquisadora.

“A experiência internacional tem demonstrado que este tipo de sistema tem sido eficiente e bem-sucedido para aquecer ou resfriar os ambientes e na redução do consumo de energia. O uso destas estruturas tem sido incentivado na Europa pelo governo a fim de reduzir os gastos e a emissão de dióxido de carbono”, lembra Thaise.

No Brasil, a novidade ainda não tem um custo definido, mas a longo prazo, o investimento é compensado pela economia dos gastos com energia elétrica.

Imagem: Thaise Morais

Esquema de funcionamento do sistema de aproveitamento de energia geotérmica para climatizar ambientes.

Revolução em curso na indústria de compressores

Fabricantes investem no desenvolvimento de equipamentos energeticamente mais eficientes, menores e menos ruidosos, compatíveis com refrigerantes de menor impacto ambiental.

Eficiência energética, mudança de fluidos refrigerantes, redução do tamanho do equipamento e melhor percepção acústica são os quatro pilares de ordem tecnológica que, nos últimos anos, fazem parte do planejamento dos fabricantes de compressores.

Investimentos pesados em pesquisa e desenvolvimento têm dado o tom nesse mercado, ditando o surgimento das principais tendências. Uma das maiores expoentes deste movimento, a Nidec Global Appliance, detentora da marca Embraco, anualmente investe entre 3% a 4% do faturamento em P&D, com um time de mais de 500 engenheiros. No Brasil, a companhia está investindo cerca de R$ 100 milhões em uma nova linha de produção para aumento da capacidade produtiva.

No campo da eficiência energética, por exemplo, o uso da tecnologia de velocidade variável tem ganhado terreno no HVAC-R mundial, uma vez que pode promover economia de energia de até 40% dependendo da aplicação, em comparação com um compressor de velocidade fixa.

“Compressores de velocidade variável têm um tipo diferente de motor, controlado por um inversor, que altera as velocidades, garantindo que a capacidade de refrigeração atendida pelo compressor corresponda às necessidades de cada aplicação, ao mesmo tempo garante que se use uma quantidade significativamente menor de energia”, explica o engenheiro de automação industrial Fábio Venâncio, gerente de vendas na Nidec Global Appliance e responsável pelo portfólio Embraco para aplicações comerciais e mercado de reposição na América Latina. Segundo o especialista, outro avanço importante neste segmento se dá a partir da miniaturização, tendência que deve continuar influenciando o mercado nos próximos anos. Isto porque um compressor menor tem uma combinação de ganhos, como melhor desempenho acústico, redução da carga de refrigerante e mais espaço no gabinete.

“Os avanços em design da marca Embraco permitem que um compressor menor tenha o mesmo ou até melhor desempenho, tanto em capacidade de refrigeração quanto em eficiência energética, do que um modelo maior. A miniaturização é possível para compressores de velocidade variável e de velocidade fixa”, salienta.

Já a migração para refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) se tornou ainda mais forte a partir de ações mundiais pelo fim do uso de CFCs e HCFCs. “Dentro desse contexto, acreditamos que a utilização de hidrocarbonetos como o isobutano (R-600a) e o propano (R-290), que são refrigerantes naturais, é uma das melhores e mais viáveis alternativas no campo da refrigeração doméstica e comercial, especialmente de pequeno porte, por não serem prejudiciais à camada de ozônio, terem baixo GWP e ainda contribuírem para a eficiência energética do compressor”, esclarece Fábio.

Por último, o mercado do frio tem provado uma grande evolução no campo da percepção acústica, especialmente pelas alterações no design interno dos compressores e pelo uso da velocidade variável.

“Desde o primeiro compressor vendido pela Embraco, que era o PW, em comparação com as plataformas de compressores lançadas atualmente, o ruído gerado pelo aparelho teve reduções que chegam a até 10 decibéis, diferença que é percebida pelo ouvido humano como sendo duas vezes mais baixo”, enfatiza o engenheiro, lembrando que os ruídos emitidos são ainda menores em compressores de velocidade variável.

 Compressores inteligentes

Uma das maiores fabricantes de compressores do mundo, a Danfoss também se destaca no mercado pelos expressivos investimentos em tecnologias para fornecer compressores inteligentes, sustentáveis e energeticamente eficientes para uma variada gama de aplicações comerciais.

Entre esses equipamentos de ponta está o Danfoss Turbocor, primeiro compressor mancal magnético sem óleo para o HVAC-R, que fornece alta eficiência e baixos níveis de ruído, com uma área de ocupação compacta. Tal desempenho é obtido com rolamentos magnéticos sem óleo, que proporcionam eficiência com zero degradação de desempenho ao longo da vida útil do compressor.

“Esses compressores possuem a flexibilidade de serem utilizados em chillers refrigerados a ar, a água e por evaporação, operando em uma ampla gama de aplicações, tais como refrigeração de conforto, processos em baixa temperatura, armazenagem de gelo e recuperação de calor. Essa flexibilidade resultou em mais de 80 mil unidades instaladas em locais de trabalho ao redor do mundo”, frisa o engenheiro mecânico Gustavo Asquino, gerente de vendas e marketing da área de refrigeração da Danfoss na América Latina. Ele explica que os compressores de ar-condicionado fabricados pela multinacional reduzem custos durante toda a vida útil do produto, além de dar apoio ao design do sistema para um desempenho de alta eficiência e para o uso de refrigerantes alternativos para aplicações de HVAC-R comerciais leves, comerciais e industriais, como unidades de telhado, chillers, refrigeração de processo, unidades modulares, entre outras.

“Entre os lançamentos recentes está a terceira geração dos compressores scroll VZH, que conta a tecnologia IDV – Intermediate Discharge Valve – válvula de descarga intermediária, para maior eficiência sazonal, além de um mapa operacional mais amplo. Esses produtos são particularmente adequados para aplicações reversíveis de conforto e unidades de ar condicionado para datacenters”, descreve.

Da mesma forma, a empresa tem apostado nos compressores de refrigeração para aplicações comerciais, tais como câmaras frigoríficas, expositores, máquinas de gelo, expositores com portas de vidro e refrigeração de processos. Sua qualificação com refrigerantes com menor GWP torna esses equipamentos compatíveis com regulamentações globais sobre gases de efeito estufa fluorados.

“Os compressores são projetados para refrigeração, bem como para aplicações de ar-condicionado com refrigerantes como R-404A, R-507A, R-407C e R-22, mas também com refrigerantes com menor GWP, tais como R-134a, R-407A/R-407F, R-448A, R-449A e R-452A”, explica Gustavo, para quem uma das tendências do setor é a alta eficiência em cargas parciais, realidade em expansão no segmento de ar condicionado.

Potências variadas

Outra gigante que também atua no mercado de compressores, a Elgin oferece uma linha com equipamentos com potência de 1/12 HP até 6 HP do tipo alternativo de pistão e uma linha scroll de 1 1/3 HP até 15 HP, que podem ser aplicadas desde bebedouros até câmaras frigoríficas.

“Nossos compressores são desenvolvidos para atender às necessidades do mercado com alta performance e baixo consumo de energia e estão disponíveis para aplicação dos fluidos refrigerantes R-22, R-134a, R-404A e blends”, salienta o engenheiro Vanderlei Pinto, gerente de produtos da empresa. Além disso, complementa o executivo, a Elgin estuda projetos de compressores do tipo Inverter e o desenvolvimento das linhas com fluidos naturais, como R-290, para os próximos anos.

Emenda de Kigali

A eliminação progressiva de gases refrigerantes de alto impacto climático já está em curso na União Europeia e em outros países.

A Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, aprovada em Ruanda em 2016 e em vigor desde 2019, visa cortar a produção e o consumo de HFCs em mais de 80% nos próximos 30 anos. Esse novo cenário tecnológico não é só uma resposta da indústria a pressões de ordem ambiental, como a emergência climática, mas também à demanda por maiores índices de eficiência energética, segundo especialistas do segmento.

Embora o Brasil ainda não tenha ratificado a Emenda de Kigali, fabricantes e ambientalistas têm pressionado o Congresso a votar o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1.100/18, que aprova o texto do acordo climático.

De acordo essa coalização, a adesão do Brasil ao tratado permitirá que os fabricantes nacionais de equipamentos de refrigeração e ar condicionado tenham acesso a cerca de US$ 100 milhões.

O dinheiro é parte dos recursos do Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal para o período de 2021-2023 e deve ser destinado à adaptação de processos produtivos.

Isso, dizem seus defensores, faria com “que a indústria brasileira ficasse alinhada às inovações já presentes em mercados como o americano, o europeu, o chinês e o indiano”.

Caso contrário, o Brasil perderá competitividade e o mercado consumidor brasileiro correrá o risco de se consolidar como destino de produtos obsoletos e de alto consumo de energia.

Até o momento, mais de 120 países, bem como a UE, ratificaram a Emenda de Kigali, mas Brasil, Índia, China e EUA têm sido, até agora, exceções notáveis. EUA e China, porém, já sinalizaram que vão implementar o tratado.

Num comunicado conjunto divulgado em abril, ambos informaram que “se comprometeram a cooperar” entre si e com outros países para enfrentar as mudanças climáticas.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), inclusive, já propôs um conjunto de regras para reduzir em 85% a produção e a importação de HFCs nos próximos 15 anos.

O diretor da EPA, Michael Regan, avalia que o país “está tomando uma ação importante para ajudar a manter o aumento da temperatura global sob controle”, ressaltando que a medida estimulará a “fabricação de novos produtos seguros para o clima”. O Instituto de Refrigeração, Aquecimento e Ar Condicionado (AHRI), entidade que representa os fabricantes de equipamentos, ressalta que as indústrias americanas já gastaram bilhões de dólares no desenvolvimento de fluidos refrigerantes alternativos aos HFCs para exportação, como fluorquímicos à base de HFOs, que vêm sendo cada vez mais aprovados por fabricantes de compressores ao redor do mundo, tanto para retrofits quanto para uso em novos equipamentos especialmente projetados para operar com esses gases.