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Prevenção de vazamentos reduz prejuízos econômicos e ambientais

Uso irregular de produtos sem garantia de origem e falta de manutenções preventivas em sistemas de refrigeração comercial agravam risco de surgimento de pontos de fuga

Problema nem sempre perceptível no dia a dia, mas que causa prejuízos milionários ao setor supermercadista brasileiro, os vazamentos de fluidos refrigerantes dos equipamentos de refrigeração e climatização comerciais devem ser prevenidos por meio de manutenções periódicas.

A falta dessa cultura tem se mostrado nociva para o bolso e o meio ambiente. Afinal de contas, substâncias como o hidrocloro-fluorcarbono (HCFC) R-22 custam caro e afetam a camada de ozônio.

Para deixar esta situação mais crítica, infelizmente ainda existem instalações em que são usados fluidos refrigerantes sem comprovação de origem, porque são contratados refrigeristas despreocupados com a qualidade do serviço prestado.

Sem os devidos cuidados, o risco de acidentes também é agravado, uma vez que a exposição a produtos de qualidade duvidosa pode causar, por exemplo, queimaduras a frio e intoxicar profissionais do setor, funcionários dos estabelecimentos e clientes. Por essas e outras razões, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é imprescindível durante a manipulação deles.

Para assegurar que os sistemas de refrigeração estejam hermeticamente selados, os  técnicos da área de manutenção devem sempre verificar o estado de seus componentes, especialmente os anéis de vedação, pois caso eles estejam mal posicionados ou gastos, poderão ocorrer vazamentos.

Segundo especialistas do setor, fluidos refrigerantes de má qualidade, como os com alta taxa de umidade ou presença de partículas sólidas, também danificam peças do sistema, tais como tubulações e compressores, favorecendo o surgimento de pontos de fuga.

Boas práticas, portanto, são indispensáveis. De acordo com estudos da Eluma, 70% dos vazamentos de fluidos refrigerantes ocorrem em função do flangeamento inadequado.

“Precisamos bater nessa tecla com os instaladores e capacitá-los para que não ocorram fugas nessas regiões”, diz o coordenador comercial da empresa, Sandro Roberto Navarro, lembrando que brasagem é outro ponto crítico.

“É primordial que seja inserido nitrogênio no tubo para realizar a brasagem, porque também já é de conhecimento que, realizando a brasagem no tubo sem ele, ocorrerá oxidação interna”, acrescenta.

técnico ajustando o fluido refrigerante

Estado de conservação dos componentes dos sistemas de HVAC-R influi diretamente no surgimento de pontos de fuga de fluidos frigoríficos

Boas práticas

Segundo documentos técnicos do Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs (PBH), todo sistema HVAC-R pressurizado é suscetível a vazamentos, que acontecem devido às “falhas” que podem ocorrer em cada tipo de junção, seja em uma conexão do tipo flange, seja em uma conexão do tipo brasada.

O tamanho  do  vazamento  pode  variar  de  gramas  por ano  a  quilogramas  por  segundo.  Mesmo  com  a utilização de tecnologias de detecção mais avançadas (de maior sensibilidade), alguns vazamentos podem ser muito pequenos e de difícil detecção.

Se determinadas influências internas ou externas estiverem presentes em um sistema HVAC-R, devido à tensão térmica ou ambiental e também à vibração, será uma questão de tempo para que um vazamento de menor proporção atinja um maior nível até se tornar detectável.

Um sistema de refrigeração é considerado estanque se a taxa de vazamento admissível  não  for  excedida – estes valores  podem ser encontrados no regulamento F-gas, adotado pela União Europeia.

Por sinal, diversas leis e normas internacionais estão em vigor para conter, prevenir e reduzir as emissões de fluidos frigoríficos que destroem a camada de ozônio e/ou agravam o aquecimento global.

“No setor de HVAC-R, componentes e sistemas devem ser constantemente testados contra vazamentos,  para  garantir  que  estejam  abaixo  dos limites  especificados”, enfatiza o Guia de Boas Práticas – Controle de Vazamento, do PBH.

“Se houver suspeita de vazamento em um sistema de HVAC-R, é recomendável verificar primeiramente os lugares com maiores chances de apresentarem vazamentos. Estes lugares podem ser diferentes de um sistema para outro, mas as experiências adquiridas têm mostrado que alguns pontos críticos devem ser nomeados. Predominantemente, levando em conta todas as fontes potencias de vazamento, as conexões mecânicas são identificadas como as mais críticas”, informa a publicação.

 

Tecnologias

Atualmente, existem no mercado diversas tecnologias para detecção e prevenção de vazamentos. Para localização exata dos pontos de fuga, um dos produtos mais recomendados são os contrastes fluorescentes.

“Quando o contraste é injetado ele se mistura ao óleo e circulará pelo sistema, sendo facilmente localizável com uma luz ultravioleta ou violeta. Essa tecnologia foi inventada pela empresa americana Spectroline em 1955, e hoje é utilizada no mundo inteiro. A segurança do produto é incontestável pelas certificações e liderança de mais de 70% do mercado americano, por exemplo”, afirma o diretor de operações da K11 Máxima Performance, Kiko Egydio.

sistema de refrigeração

Contrastes fluorescentes facilitam detecção de vazamentos de fluidos refrigerantes

“No caso dos contrastes, cabe uma ressalva quanto à utilização de produtos de baixa qualidade, que, em sua maioria, possuem solventes na composição. Esses produtos baratinhos corroem e danificam os componentes do sistema de refrigeração ao longo do tempo”, alerta.

As outras formas de inspeção de vazamentos são testes de pressurização com nitrogênio – que apenas indicam se há vazamentos e estimam, sem grande precisão, a dimensão deles, além dos detectores eletrônicos – que não são precisos quanto ao ponto exato do vazamento, como os contrastes, e exigem cuidados especiais no manuseio, conservação e limpeza, uma vez que podem acusar resultados falsos por contaminação dos sensores, por exemplo.

“Outro método bastante utilizado são as famosas bolinhas de sabão, que é útil para pequenos locais e de fácil acesso, mas é totalmente inadequado para inspeções de grandes linhas”, informa.

Para tapar microvazamentos de fluidos refrigerantes, a K11 introduziu no País, um aditivo químico homônimo fabricado pela Spectroline, produto compatível com todos os fluidos sintéticos e lubrificantes usados hoje no mercado.

Todos os anos, o País importa cerca de 16 mil toneladas de hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e aproximadamente 10 mil toneladas de hidrofluorcarbonos (HFCs). Além de serem nocivas ao clima do planeta, ambas as substâncias são caras, por causa do preço atrelado ao dólar.

Atualmente, 70% desses refrigerantes importados pelo Brasil são usados em recargas de sistemas instalados, dado que expressa o volume absurdo de escapes para a atmosfera e dá uma boa noção acerca dos enormes prejuízos econômicos e ambientais vinculados a esse fato.

“A elevação dos preços dos fluidos refrigerantes nos últimos anos e a variação cambial no Brasil serão os grandes responsáveis pelo aumento da atenção para as boas práticas e a eliminação dos vazamentos”, prevê Egydio.

Contudo, segundo o Ministério do Meio Ambiente, a maioria dos prestadores de serviços da área não segue procedimentos padronizados de manutenção preventiva, considerando controle de fugas, aplicação de ferramentas de qualidade, documentação e monitoramento das atividades realizadas.

 

Detectores de gás aumentam segurança em plantas com amônia e CO2

A Danfoss lançou, recentemente, sua nova linha de detectores fixos de gás para aplicações de refrigeração industrial.

Segundo a empresa, os novos dispositivos de segurança não são apenas compatíveis e precisos, mas também muito mais fáceis e intuitivos de se trabalhar, desde a especificação inicial até a operação de longo prazo

“A nova geração de detectores de gás da Danfoss é baseada em uma plataforma digital que oferece múltiplas opções de comunicação e integração para melhorar a confiabilidade operacional, facilitar a calibração e os procedimentos de manutenção que permitem alta eficiência de serviço e conformidade normativa”, ressalta o comunicado distribuído à imprensa.

Além disso, a interface de usuário intuitiva fornece um alto nível de precisão para simplificar o manuseio do operador, minimizando os riscos operacionais, de configuração e de erro de calibração. O portfólio varia de modelos básicos aos modelos para uso em ambientes agressivos com tecnologia de sensores para atender aos requisitos específicos de refrigerante, aplicação e segurança do sistema de refrigeração. 

A conexão analógica ou Modbus RS485 permite comunicação fácil com um sistema central. Unidades de detecção de gás autônomas com relés integrados estão disponíveis e podem ser conectadas diretamente a sistemas externos para ativar dispositivos de alarme.

Para fornecer uma solução plug and play robusta, todas as unidades de detecção de gás vêm pré-configuradas de fábrica para combinar com o refrigerante e a configuração típica de níveis de alarme necessária – dependendo das regulamentações, isso pode ser alterado localmente.

Para um processo de calibração mais simplificado, a nova linha de unidades de detecção de gás da Danfoss possui uma rotina de calibração integrada.

“A calibração de gás não requer mais potenciômetros e multímetros, simplificando significativamente o processo e reduzindo o tempo de calibração e o risco de erros. Substituições de sensores certificados pela fábrica e pré-calibrados estão disponíveis em todos os tipos de sensores para fácil manutenção”, informa a empresa.

Vários recursos de serviço suportam o planejamento de manutenção otimizado, como alertas de serviço – na unidade, no controlador ou em ambos – para indicar quando o serviço é necessário. A ferramenta dedicada “PC Service Tool” fornece uma visão geral de quando cada unidade de detecção de gás opera, além de gerar relatórios de calibração em campo para apoiar a documentação e os procedimentos de segurança.

O portfólio de detecção de gás da Danfoss atende às normas regulatórias EN 378:2016, ISO 5149:2014, IIAR 2-2017, e Ashrae 15:2016, fornecendo segurança abrangente e recursos fáceis de usar.

Honeywell lança rival do R-32

A Honeywell acaba de anunciar a disponibilidade comercial do R-452B, um fluido refrigerante levemente inflamável (A2L) de menor potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) desenvolvido para substituir o R-410A.

Visto como um concorrente direto do R-32, o R-452B está sendo comercializado pela indústria química norte-americana como Solstice L41y.

Assim como o R-410A – uma mistura de R-32 (50%) e R-125 (50%) –, este novo refrigerante usa os mesmos dois componentes, mas desta vez com a adição de 26% de R-1234yf , 67% de R-32 e apenas 7% de R-125.

Esta combinação proporciona ao R-452B um GWP de 676, índice aproximadamente 67% menor que o do R-410A. O fabricante revela que ele oferece temperaturas de descarga semelhantes às do R-410A e eficiência energética 5% maior.

Segundo a Honeywell, o Solstice L41y possibilita uma carga até 10% menor em comparação com o equipamento existente que usa o R410A.

A empresa também afirma que seu envelope de operação mais amplo permite que o equipamento alcance temperaturas de evaporação baixas, superando o R-32 no modo de aquecimento e atingindo temperaturas mais altas em bombas de calor e chillers.

“A Honeywell está trabalhando em estreita colaboração com fabricantes globais de equipamentos e componentes para otimizar o Solstice L41y para aplicações de bombas de calor e chilles, nas quais os clientes desejam alcançar alta eficiência de aquecimento e resfriamento, mantendo os custos reprojetados baixos”, disse Julien Soulet, vice-presidente e gerente geral da divisão de produtos fluorados da Honeywell na Europa, Oriente Médio e África.

Recentemente, a companhia também anunciou o desenvolvimento do R-466A, uma nova alternativa não inflamável ao R-410A em sistemas de ar condicionado estacionário com um GWP de 733. Este novo gás, porém, só deve ser lançado comercialmente no ano que vem.

Propano e isobutano substituem refrigerantes de alto GWP

A aplicação de fluidos frigoríficos naturais na indústria de refrigeração e ar condicionado está aumentando. O fato se deve, em grande parte, às características ambientais favoráveis destas substâncias.

Por mais de um século, a amônia (R-717) tem sido usada, predominantemente, em grandes sistemas de refrigeração, geralmente com capacidades acima de 100 kW.

Contudo, para sistemas de menor capacidade, o uso do R-717 é menos viável por diversas razões técnicas e pelo alto custo dos componentes e equipamentos necessários para esse tipo de fluido.

Portanto, a adoção de outros fluidos frigoríficos naturais, como o propano (R-290) e o isobutano (R-600a), tem sido a alternativa de diversos fabricantes de equipamentos.

O R-600a, cujo ponto de ebulição é -12 °C, é usado principalmente em pequenos refrigeradores e eletrodomésticos. Já o R-290, que atinge seu ponto de ebulição a -42 °C, geralmente é usado em bombas de calor e sistemas de refrigeração comercial leve, como freezers e expositores frigoríficos.

Entretanto, devido à natureza inflamável destes hidrocarbonetos (HCs), a aplicação deles exige ferramentas adequadas, equipamentos de proteção individual (EPIs) e profissionais bem capacitados para manuseá-los.

Segundo os especialistas do setor, a aplicação de fluidos refrigerantes inflamáveis pode ser realizada de forma tão segura quanto a de qualquer outro tipo de substância, desde que as normas de conformidade e segurança sejam rigorosamente respeitadas.

“O risco relacionado à inflamabilidade pode ser reduzido com a implantação de cuidados simples, porém relevantes, como, por exemplo, utilização de baixas cargas de fluido refrigerante, sistema resistente e estanque a vazamentos, com eliminação de fontes de ignição ou uso de componentes elétricos à prova de explosão. É ainda indispensável treinamento para manusear, manter e operar sistemas com fluidos inflamáveis”, ressalta o assessor técnico da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) Edgard Soares.

Por não prejudicarem a camada de ozônio e possuírem baixo potencial de aquecimento global (GWP, em inglês), os HCs serão cruciais para a eliminação dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e dos hidrofluorcarbonos (HFCs) nos próximos anos.

Segundo os fabricantes de equipamentos de refrigeração e ar condicionado, os fluidos refrigerantes das classes de segurança A2L e A3 serão extremamente relevantes para a redução progressiva dos gases fluorados com efeito estufa (f-gases) na Europa e outros continentes.

De acordo com a indústria, será preciso adaptar os códigos de obras em nível nacional para permitir o uso dessas substâncias alternativas. Por sinal, a Associação da Indústria de Refrigeração e Ar Condicionado do Japão (JRAIA) tem feito reiterados pedidos à União Europeia (UE) para flexibilizar seus códigos de obras e normas a respeito dos fluidos inflamáveis.

Num documento divulgado recentemente, a associação japonesa ressaltou que “a flexibilização oportuna dos códigos de obras e padrões normativos será eficaz para remover as barreiras à transição para refrigerantes de baixo GWP”.

 

Novidades no mercado

Um dos fabricantes que têm desenvolvido tecnologias para os fluidos inflamáveis é o grupo chinês Midea, que lançou recentemente na Europa o sistema de ar condicionado residencial Easy Series R-290.

A nova linha de splits, exibida na Mostra Convegno Expocomfort (MCE), em Milão, na Itália, foi elogiada por sua alta eficiência, baixo nível de ruído e controle rigoroso da segurança dos materiais.

Devido às suas características tecnológicas inovadoras, o produto recebeu no evento o certificado Blue Angel, selo ecológico mais antigo do mundo, concedido pelo Ministério do Meio Ambiente da Alemanha.

Antes de seu lançamento, a empresa passou nove anos resolvendo os problemas técnicos e desenvolvendo os componentes centrais da máquina, incluindo o compressor para R-290, o trocador de calor, a válvula de expansão eletrônica, o inversor de frequência e os esquemas de proteção de segurança.

Por isso, o aparelho, que atende às diretrizes da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, obteve mais de 200 patentes nacionais e internacionais.

Durante a Apas Show deste ano, a Eletrofrio apresentou para o setor supermercadista um rack de alta capacidade de refrigeração com R-290. “Este é o nosso primeiro equipamento fabricado para o mercado sul-americano capaz de atender a sistemas de média e baixa temperatura com fluidos 100% naturais. Nele, o propano circula exclusivamente dentro dos módulos específicos, em pequeno volume, sendo condensado pela água proveniente de um dry-cooler. O glicol e o dióxido de carbono (R-744) são os fluidos secundários que circulam pelos expositores e câmaras de média e baixa temperatura”, explica Rogério Rodrigues, representante da Eletrofrio,

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o desenvolvimento desta máquina frigorífica se insere no conjunto de ações nacionais para o cumprimento das metas do Protocolo de Montreal. “A inovação demonstra o esforço do Brasil na busca de alternativas ambientalmente adequadas para o setor de refrigeração no processo de eliminação dos HCFCs”, salienta Gabriela Lira, analista ambiental do MMA.

Em termos técnicos e regulatórios, o mercado brasileiro está preparado para adotar mais largamente os HCs, conforme avalia o gerente de promoção e estratégia de produto da Embraco, Ricardo Nagashima.

“Mas é preciso tomar todas as precauções necessárias para operar com esses gases de forma segura, tanto do ponto de vista de produção quanto de armazenamento e transporte”, pondera.

Atualmente, a companhia possui em seu portfólio mais de 500 modelos, entre compressores e soluções completas de refrigeração, que utilizam R-290 ou R-600a. “Investimos constantemente em pesquisa e desenvolvimento – de 3% a 4% do nosso lucro líquido anual – para desenvolver os melhores produtos com estes refrigerantes naturais, entregando ao mercado compressores mais eficientes, versáteis e flexíveis”, salienta o gestor.

 

Vantagens dos HCs

Segundo o professor Cláudio Melo, coordenador do Polo – Laboratórios de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os HCs são os melhores fluidos refrigerantes para sistemas comerciais leves.

“Eles têm desempenho de transferência de calor igual ou melhor e menor queda de pressão em comparação com o HCFC-22 e o HFC-134a”, disse o pesquisador durante a 13ª Conferência Gustav Lorentzen sobre Refrigerantes Naturais, realizada na Universidade Politécnica de Valência, na Espanha, entre 18 e 20 de junho.

“Os HCs se misturam muito bem com óleos minerais nas fases líquida e de vapor”, lembrou Melo, acrescentando: “Os óleos sintéticos higroscópicos usados com HFCs podem ser evitados.”

O professor ressaltou que a maioria dos materiais usados nos sistemas de refrigeração com HFCs também pode ser usada para HCs. Estes incluem neoprene, Viton, borracha nitrílica e nylon.

Há também um forte argumento comercial que fortalece a adoção dos HCs, disse o professor. “HCs como o propano e o isobutano são substancialmente mais baratos que os HFCs”, enfatizou.

“Normalmente, um sistema de refrigeração projetado para HCs precisará de 50% a 60% menos  refrigerante”, disse.

“A eficiência energética das unidades refrigeradas com HCs é, geralmente, de 30% a 40% melhor do que as unidades com HFCs”, acrescentou.

“Devido a níveis de pressão e taxas de pressão mais baixas, os compressores com R-600a funcionam mais silenciosamente do que as unidades comparáveis com R-134a”, informou.

 

Medidas de segurança

Nos próximos anos, a maioria dos técnicos de refrigeração precisará elevar seu nível de conhecimento acerca dos procedimentos de segurança para a realização de serviços em equipamentos com R-290, R-600a e outros fluidos inflamáveis.

Enfim, os profissionais do setor precisarão seguir uma rotina ligeiramente diferente depois de identificar se um equipamento utiliza algum tipo de HC, tais como:

Nunca realizar manutenção em produtos energizados;

Ter disponível um detector de vazamento para gases inflamáveis. Refrigerantes à base de HCs não possuem odor;

Usar disjuntores residuais (DR) de no máximo 30 mA e bipolares para ligações bifásicas;

Garantir o aterramento de todo o sistema. Conduzir uma análise de risco para determinar se o local é apropriado para operar com HCs;

O local de trabalho deve ser livre de fontes de ignição, como chamas ou dispositivos elétricos que gerem faíscas, como chaves de luz;

Assegurar a existência de extintores de incêndio;

Utilizar óculos e luvas de proteção;

Usar cortador de tubos para desconectar o compressor e as tuberias. Não usar o maçarico para essa atividade;

Assegurar boa ventilação;

Definir um programa de manutenção preventiva, com um checklist incluindo a inspeção periódica por vazamentos. A presença de óleo pode indicar pontos de vazamento de fluido refrigerante;

Usar somente ferramentas e equipamentos aprovados para uso em áreas perigosas.

Fluido refrigerante ecológico ganha espaço no mercado de climatização

A preocupação com o meio ambiente é cada vez mais constante no segmento da climatização. Desde o Protocolo de Montreal, que exigiu a diminuição de emissão de cloro na atmosfera, as empresas estão trabalhando para desenvolver fluidos refrigerantes que possam manter o desempenho dos equipamentos, sem prejudicar a camada de ozônio.

Um dos exemplos foi apresentado durante palestra promovida pela Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav) na noite da última quinta-feira (21).

“O fluido refrigerante R-427A foi desenvolvido para ser uma opção ecológica para o R-22, que só poderá ser usado ate 2030. A partir do ano que vem, haverá redução de 35% na importação do R-22. Então, o preço deste produto vai elevar os custos da climatização. Cerca de 90% dos climatizadores ainda utilizam este fluido poluente, que é feito com cloro”, explicou o consultor técnico da Arkema, Paulo Napoli.

Uma das preocupações dos empresários é a troca dos fluidos refrigerantes. Entretanto, segundo Napoli, a opção de retrofit desenvolvida pela indústria química francesa realiza a mudança sem transtornos ou elevação de gastos. Ao contrário disso, consegue diminuir os valores da energia elétrica.

“O retrofit aproveita o equipamento sem modificar o projeto já realizado. Conseguimos modificar o fluido refrigerante sem modificar o produto. Algumas empresas já estão realizando o retrofit e perceberam redução de 6% na energia elétrica. Quando diminuir a importação do R-22, o valor deste produto vai elevar bastante. Assim, o R-427A, que hoje tem o mesmo preço do R-22, vai se tornar mais econômico”, salientou.

A palestra contou com a presença de engenheiros, projetistas, profissionais do setor de instalação e manutenção em climatização e refrigeração, e estudantes das áreas de refrigeração e climatização, segundo a assessoria de comunicação da Asbrav.

O consultor da área de fluidos refrigerantes da Arkema, Paulo Napoli, proferindo palestra na sede da Asbrav, em Porto Alegre

Paulo Napoli, consultor da área de fluidos refrigerantes da Arkema, durante palestra na Asbrav na última quinta-feira | Foto: Mariana da Rosa/Divulgação

Mexichem vende planta de R-125 no Reino Unido

A indústria indiana de fluidos refrigerantes SRF anunciou que adquiriu a planta de HFC-125 da Mexichem no Reino Unido.

O valor da venda foi de pouco mais de US$ 10 milhões, e inclui todos os ativos e conhecimentos técnicos da subsidiária da empresa mexicana relacionados à substância que, junto com o R-32, é um componente vital do R-410A.

O R-125 também integra várias misturas de fluidos refrigerantes com menor potencial de aquecimento global (GWP), assim como o R-407C.

A SRF informou que planeja transferir os ativos adquiridos para a Índia e criar uma instalação para fabricar R-125 em seu complexo químico.

Atualmente, a empresa é a única fabricante indiana de R-134a e R-32, ambos desenvolvidos usando tecnologia local.

Com a aquisição, a SRF terá capacidade para fabricar os três principais HFCs do mercado. A companhia também se tornará a única fábrica indiana a ter capacidade de fornecer R-410A e R-407C.

“Esta aquisição está em linha com nossa estratégia para fortalecer ainda mais a posição da empresa no crescente mercado de fluidos refrigerantes”, informa o comunicado da SRF à imprensa, ressaltando que o R-125 será comercializado sob sua marca Floron.

Além de ampliar o portfólio da empresa, a SRF diz que agora se tornará “um dos poucos produtores no mundo a ser totalmente integrado”. Isso, diz, proporcionará ganhos em termos de eficiência.

Até o momento, a Mexichem não se pronunciou sobre o negócio.

Produtor de cogumelos troca R-22 por Forane 427A

A área de fluidos refrigerantes da Arkema divulgou, recentemente, mais um estudo de caso que ilustra as vantagens da atualização tecnológica dos sistemas com R-22 para operação com o Forane 427A.

O estudo se baseia na documentação de retrofit e demonstra o desempenho do produto em diversas condições ambientais, incluindo aquelas que exigem desempenho excepcional.

À medida que a indústria do frio continua a banir o R-22, o fluido refrigerante Forane 427A provou ser uma alternativa excelente e fácil de usar em sistemas de refrigeração, condicionadores de ar e bombas de calor.

Segundo a indústria química francesa, o produto oferece capacidade de refrigeração e pressões de trabalho bem próximas às do R-22, dispensando, em muitas instalações, a necessidade de trocar o óleo durante o retrofit.

Com base nessas informações, a Giorgi Mushroom Company – grande produtor norte-americano de cogumelos que gerencia a produção e o embalamento em um ambiente com temperatura controlada – escolheu o Forane 427A para substituir o R-22 em suas instalações.

A empresa mantém centenas de casas de cultivo que exigem climatização individual em algumas condições ambientais extremas e fora da temperatura ambiente.

“Uma característica muito importante do refrigerante Forane 427A é seu caudal mássico, que é tão próximo do R-22 que raramente há necessidade de ajustar o dispositivo de expansão”, salienta John Maiorana, gerente de suporte de produtos para o negócio de refrigerantes da Arkema na América do Norte.

Fluido refrigerante Forane 427A

Fluido refrigerante Forane 427A em destaque no estande da empresa na última Febrava

Arkema venderá R-1233zd(E) no Japão

A Arkema selou uma aliança com a japonesa Central Glass para vender a hidrofluorolefina (HFO) R-1233zd(E) naquele mercado.

Comercializado como Forane 1233zd, o novo fluido de baixo potencial de aquecimento global (GWP) foi desenvolvido para ser usado como refrigerante ou agente de expansão de espumas isolantes.

Além de não agredir a camada de ozônio, a substância não inflamável tem um GWP de apenas 1. A HFO-1233zd(E) será vendida como alternativa ao hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-123.

Segundo a indústria francesa, o produto melhora a eficiência energética dos sistemas frigoríficos e oferece alto valor de isolamento para outras aplicações na cadeia do frio.

“Nós vemos o relacionamento com a Central Glass como o início de uma forte aliança. Estamos ansiosos para ver os futuros desenvolvimentos nesta área”, disse Christophe Villain, presidente da divisão de fluorquímicos da Arkema.

Boas práticas de refrigeração garantem substituição segura do R-22

Observar as recomendações ambientais, normas técnicas e de segurança do trabalho; identificar e classificar o fluido refrigerante proposto; projetar válvulas de expansão, instrumentos de medição e controle para tal substância.

Estas são apenas algumas orientações acerca das boas práticas de refrigeração necessárias para garantir uma substituição segura e eficiente do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 em sistemas frigoríficos.

Segundo o técnico em refrigeração Diogo Estevão Pinheiro Rezende, professor da Treinatec BH Cursos, os profissionais do setor também devem efetuar a análise termográfica do circuito elétrico, conferir reapertos dos quadros elétricos e verificar se as casas de máquinas se encontram com altas temperaturas.

Ao substituir o R-22, ainda é preciso trocar óleo e filtros, testar a estanqueidade do sistema e fazer o alto vácuo.

“Devido ao seu alto poder de destruição das partes internas dos componentes e equipamentos do sistema pela oxidação, a umidade precisa ser completamente removida”, ressalta.

De acordo com o técnico em automação e instrumentação Junio Félix Silva, que também leciona na escola profissionalizante de Belo Horizonte, diversos instrumentos e ferramentas são necessários à realização do retrofit do R-22, como válvulas de segurança, pressostato de alta, pressostato de baixa, pressostato diferencial, manifold devidamente aferido, multímetro ou amperímetro.

“Todos os cilindros de fluidos recolhidos devem ser alocados e destinados a local apropriado. O descarte indevido destes recipientes é passível de punição, por se tratar de crime ambiental”, alerta.

Ele também lembra que a venda de fluidos refrigerantes é controlada por um código registrado na base dos cilindros, por meio do qual se consegue rastrear seu vendedor e comprador.

Daikin lança substituto do R-22 e R-404A nos EUA

A subsidiária norte-americana da Daikin anunciou a disponibilidade de amostras de testes do fluido refrigerante R-407H – uma mistura de R-32, R-125 e R-134a – para o mercado local.

A empresa revela que estas amostras serão destinadas a empreiteiros e distribuidores que trabalham com sistemas de refrigeração comercial.

Segundo a Daikin, sua aplicação exige poucas modificações nos sistemas frigoríficos, e o novo fluido refrigerante não a degrada camada de ozônio e tem um potencial de aquecimento global (GWP) de 1.495 – 62% inferior ao do R-404A.

A companhia destaca que o R-407H foi submetido à aprovação da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) como substituto do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 e dos hidrofluorcarbonos (HFCs) R-404A e R-507A, que são amplamente utilizados em equipamentos de refrigeração de supermercados, armazéns e embarcações marítimas.

Em testes comparativos realizados por vários fabricantes de equipamentos e universidades, o R-407H demonstrou eficiência equivalente à do R-404A em baixa temperatura de evaporação, e melhorias de eficiência em temperatura média.

Compatível com lubrificantes à base de poliol éster (POE) e óleos comuns, o novo fluido refrigerante também apresenta pressão de trabalho semelhante à do R-404A.

“O R-407H foi desenvolvido para cumprir os regulamentos globais e possibilitar retrofits simples e econômicos. Além disso, seu histórico e sua eficiência comprovada qualificam o produto para cumprir os objetivos de redução de GWP estabelecidos pela EPA”, afirmou Jim McAliney, vice-presidente de vendas e marketing da Daikin America.

Mundialmente, a Daikin é reconhecida por fabricar equipamentos de ar condicionado, mas a empresa também é um dos principais fabricantes de fluorquímicos do mercado. Em 2015, ela comprou a área de refrigerantes da Solvay, um acordo que deu à indústria japonesa sua primeira base de fabricação dessas substâncias na Europa.

Leonardo DiCaprio apoia adoção de novo fluido refrigerante

O ator e ativista ambiental Leonardo DiCaprio tornou-se investidor e conselheiro da Bluon Energy, empresa que desenvolveu o R-458A, um refrigerante de menor impacto climático comercializado como Bluon TdX20.

A nova substância é uma mistura dos hidrofluorcarbonos (HFCs) R-32, R-125, R-134a, R-227ea e R-236fa projetada para substituir o hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 e os HFCs R-404A e R-507A em equipamentos existentes

Listado no ano passado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, em inglês) como alternativa para uso no país, o Bluon TdX20 é um fluido atóxico e não inflamável.

Além disso, o novo fluido não destrói a camada de ozônio e tem um potencial de aquecimento global (GWP) de 1.650, valor ligeiramente mais baixo que o do R-22.

Além de DiCaprio, que também servirá como um consultor estratégico no conselho de administração da Bluon, outros investidores recém-anunciados incluem o desenvolvedor de tecnologia Bionatus LLC e Greg Ellis, da empreiteira Control Air Conditioning Corporation.

“Ter investidores e consultores de alto nível se juntando a nós em nosso crescimento é extremamente empolgante”, disse Peter Capuciati, fundador e presidente da Bluon Energy, no comunicado distribuído à imprensa.

Fluido Refrigerante Bluon TdX 20

Novo fluido reduz em até 25% o consumo de energia dos sistemas de climatização e refrigeração

“Temos também o prazer de dar as boas-vindas ao Leo à nossa equipe, pois os seus esforços para fazer a diferença na luta contra as mudanças climáticas e sensibilizar as potenciais soluções estão em sintonia com a nossa missão”, salientou.

Para o executivo, parcerias desse porte são fundamentais para ajudar empresas, proprietários de instalações e, finalmente, usuários domésticos a entender a enorme economia e os benefícios ambientais que podem alcançar com o novo fluido refrigerante.

Segundo a companhia, o Bluon TdX 20 reduz em até 25% o consumo de energia dos sistemas de climatização e refrigeração.

Vanguarda tecnológica

“A geração de eletricidade é um dos principais causadores das emissões de carbono e está contribuindo muito para a crescente crise climática do nosso planeta”, destacou Leonardo DiCaprio.

“Precisamos trabalhar em todos os setores para garantir o desenvolvimento de produtos energeticamente eficientes, que ajudam a reduzir as emissões. A Bluon está na vanguarda de abordar a eficiência energética na nossa infraestrutura existente de climatização, o que torna a sua abordagem uma parte imediata da solução”, avaliou.

Leonardo DiCaprio - Novo investidor da Bluon

Leonardo DiCaprio está investindo no ramo de fluidos refrigerantes

“Se pudermos aumentar a eficiência dos nossos sistemas de aquecimento, refrigeração e ar condicionado existentes, então vamos reduzir drasticamente o nível de emissões globais. Esta é uma tarefa fundamental, se quisermos enfrentar a causa subjacente da mudança climática”, continuou DiCaprio.

Além dos novos investidores, a indústria norte-americana anunciou que está se juntando à Rede de Oportunidades de Energia Nova (NEO), uma plataforma on-line colaborativa gerenciada pela Schneider Electric que conectará a Bluon com empresas comerciais e industriais que procuram soluções em eficiência energética e sustentabilidade.