Mercado de VRF continua em expansão
O mercado de sistemas de climatização com fluxo de refrigerante variável (VRF, na sigla em inglês) é o nicho de ar condicionado comercial que mais cresce ano após ano e hoje já é o maior em capacidade, em detrimento dos demais segmentos, como package e chiller.
De 2011 a 2020, o setor de VRF cresceu, em média, 15% ao ano, tendo apenas como exceção o ano de 2015, quando apresentou recuo em função da crise político-econômica que marcou aquele período.
Apresentou um desempenho positivo em 2020, mesmo com todo o cenário de crise causado pela covid-19, com um crescimento da ordem de 4% sobre o ano de 2019.
“É um crescimento baixo comparado com a série histórica, mas muito coerente com o cenário macroeconômico”, avalia o vice-presidente técnico do departamento nacional de ar condicionado da Abrava e gerente nacional de distribuição e marketing estratégico da Johnson Controls-Hitachi do Brasil, Gerson Robaina.
O executivo diz que “todos os fabricantes de VRF estão sempre atualizando suas linhas de produto com foco em melhor eficiência energética e com cada vez mais capacidade de embarcar sistemas de controles num preço competitivo, sendo inclusive hoje produto substituto frente a outros tipos de sistemas”.
“No caso da Johnson Controls-Hitachi, investimos muito para trazer ao mercado brasileiro a linha de controles AirCloud Pro, para que, junto com todo portfólio VRF Hitachi, pudéssemos oferecer mais conforto e controle com um preço mais acessível aos nossos usuários”, revela.
Na avaliação do gerente sênior de vendas da Daikin, Raimundo Ribeiro, o mercado de VRF está cada vez mais competitivo no Brasil e no mundo, “onde temos fabricantes que continuam preocupados em ter produtos cada vez mais eficientes, principalmente no ICOP (cargas parciais), além do desafio de reduzir o custo por HP”.
“Devido à pandemia, acredito que o próximo desafio dos fabricantes será com relação ao desenvolvimento de produtos para o tratamento do ar, questão em que a emergência sanitária resgatou a preocupação e importância da qualidade do ar interior (QAI)”, diz.
“O VRF tem um grande diferencial que é a automação embarcada no produto, recurso ainda pouco especificado e utilizado nos projetos, não sendo possível utilizar todos os benefícios da tecnologia. Nos dias de hoje, com a Internet das Coisas, esse recurso deve ser mais utilizado e promovido pelos fabricantes”, ressalta.
“A Daikin disposta a liderar essa tendência, vem investindo no desenvolvimento de máquinas com maior ICOP, oferecendo soluções para a QAI, promovendo treinamentos e buscando cada vez mais a especificação do sistema de automação. Visando facilitar o trabalho do instalador e buscando uma instalação mais limpa e com menor número de sonda, estamos promovendo cada vez mais a solução PPM (Precision Piping Method) utilizando o DGT (Daikin Gas Tight), tecnologias exclusivas da Daikin”, acrescenta.
Com o dólar em alta e praticamente 90% dos produtos sendo importados, o preço do VRF aumentou ao longo do último ano. “Devido a isso, atualmente nosso maior obstáculo é o macroeconômico”, afirma o diretor comercial da Gree no Brasil, Alex Chen.
“Já na parte técnica, tivemos uma grande mudança vinda dos instaladores. Graças às lives na internet e à disseminação de conteúdos informativos sobre o mercado de climatização, esse público vem se interessando mais pela área e ganhando cada vez mais espaço”, explica.
“O instalador mais antenado já reconhece os diferenciais e benefícios da instalação VRF comparada à de um split, por exemplo, mas é necessário que eles passem sempre por um aprimoramento na área, já que são profissionais que influenciam diretamente na decisão do consumidor final”, completa.
Segundo o gerente de produtos e sistemas de ar condicionado da Samsung no Brasil, Daniel Fraianeli, embora tenha vantagens técnicas, como economia de espaço e energia, os sistemas de VRF dependem de uma maior capacitação de vendedores e instaladores para que esses benefícios sejam aplicados da melhor forma para os consumidores.
“Alguns mitos persistem, como por exemplo o temor de que a quebra de uma condensadora pode parar o sistema por completo. Hoje já existe um tipo de proteção eletrônica, normalmente embarcada no produto, que torna os eventos de quebra tão raros que esse tipo de preocupação nem sequer deveria existir”, diz.
“O desconhecimento sobre o produto e sobre os métodos de instalação ainda são entraves para o setor, mas a Samsung trabalha para capacitar a mão de obra e criar programas de treinamento constante para os profissionais de instalação e assistência técnica”, destaca.
Para o coordenador de vendas da Trane no Brasil, João Paulo Mesquita, a versatilidade é um dos grandes diferenciais competitivos da tecnologia.
“Nos últimos anos, a tecnologia VRF vem quebrando paradigmas e vem sendo utilizada em diversas novas aplicações, como aquelas que requerem filtragens especiais, 100% de ar externo, recuperadores de calor, sistemas quente e frio simultâneo e sistemas com condensação a água e a ar em residências, escolas, hotéis, estabelecimentos comerciais de diversos tipos e prédios de escritórios”, justifica.
Por ter sido o único segmento do mercado de climatização que registrou crescimento no ano passado, os fabricantes se mantêm otimistas em relação ao desempenho do setor este ano.
“Para 2021, nossa expectativa é positiva. Entendemos que os setores que performaram bem ano passado continuarão crescendo. Os que sofreram impactos negativos, estão em busca de crescimento”, lembra a gerente de ar condicionado comercial da LG, Graziela Yang.