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Trane participa do ESG Summit 2025 em São Paulo

Engenheiro Giancarlo Delatore apresenta palestra sobre propósito da Trane Technologies nos dias 28 e 29 de agosto

A Trane confirmou presença no ESG Summit 2025, programado para os dias 28 e 29 de agosto, no hotel Meliá Paulista, em São Paulo.

O fórum reúne debates sobre práticas de sustentabilidade, governança e impacto social. Assim como no ano anterior, a empresa contará com a participação de Giancarlo Delatore, engenheiro de energia e aplicação sênior da Trane, como palestrante.

Delatore fará uma apresentação de 40 minutos sobre o propósito da Trane Technologies, definido como “Desafiar corajosamente o que é possível para um mundo sustentável”.

O evento integra a agenda de iniciativas ligadas à gestão energética e à adoção de tecnologias voltadas ao desempenho ambiental e operacional de empresas e edificações.

Tecnologia limpa em pauta

Seminário discute substituição de chillers com HCFCs por sistemas mais eficientes e sustentáveis

Nos dias 5 e 7 de agosto, as cidades de Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) recebem o seminário “Projetos para o Setor AVAC-R: Promovendo Ações em Benefício da Camada de Ozônio e do Clima”, que busca discutir o futuro do ar-condicionado comercial e industrial no Brasil.

Organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o evento faz parte da terceira etapa do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH).

O foco está na apresentação de projetos demonstrativos para substituição de equipamentos que utilizam os gases HCFC-22 ou HCFC-123, como chillers, por sistemas com menor impacto ambiental. O objetivo é evitar trocas provisórias por modelos que utilizem HFCs, substâncias que também contribuem para o aquecimento global.

As tecnologias promovidas pelo programa têm potencial de destruição da camada de ozônio (PDO) igual a zero e potencial de aquecimento global (GWP) baixo ou médio, conforme orientações da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal — acordo internacional que prevê a redução progressiva do uso de HFCs.

Além de apresentar soluções técnicas, o seminário abordará mecanismos de incentivo à adoção de sistemas mais limpos e eficientes já disponíveis no país. As inscrições são gratuitas e as vagas, limitadas.

Transição para A2L nos splits exige preparo técnico e combate à desinformação

Os refrigerantes A2L ganham protagonismo nos sistemas split, combinando eficiência energética e menor impacto ambiental. Sua aplicação, no entanto, exige atenção técnica, conformidade com normas e adoção de boas práticas para garantir segurança e desempenho

 A transição para refrigerantes de baixo impacto ambiental é uma realidade no setor de HVAC-R, especialmente nos sistemas split de ar-condicionado. Entre os novos fluidos que vêm ganhando espaço, os classificados como A2L merecem atenção especial. Com menor potencial de aquecimento global (GWP), esses refrigerantes equilibram eficiência energética e sustentabilidade, mas exigem cuidados específicos quanto à instalação, manutenção e segurança.

Para muitos técnicos e consumidores, o termo “A2L” ainda é uma novidade e, infelizmente, alvo de desinformação em redes sociais e fóruns não especializados. Nesta matéria, reunimos informações técnicas, recomendações práticas e depoimentos de especialistas e fabricantes para esclarecer o que são os A2L, porque estão substituindo fluidos como o R-410A e como garantir uma instalação segura e eficiente.

Segundo a classificação da ASHRAE Standard 34, os refrigerantes são categorizados de acordo com sua inflamabilidade e toxicidade. Os A2L são levemente inflamáveis (classe 2L) e de baixa toxicidade (classe A). Diferem dos A2 e A3 por terem uma inflamabilidade significativamente menor e serem considerados seguros quando utilizados conforme normas técnicas. O R-32, por exemplo, já é adotado extensivamente em splits em países da Europa e Ásia.

“O A2L, como o R-32, está se tornando o novo padrão nos sistemas splits porque combina eficiência energética com um GWP muito mais baixo do que o R-410A. Temos em nosso portfólio produtos realmente inovadores, como fluidos refrigerantes que otimizam a performance energética dos sistemas de refrigeração e ar-condicionado e reduzem o impacto climático dos negócios dos nossos clientes”, explica Renato Cesquini, líder da área comercial de fluidos refrigerantes da Chemours na América. “O R-32, por exemplo, tem GWP de 675, comparado aos 2.088 do R-410A”.

Além do R-32, outros exemplos de A2L incluem o R-454B, o R-1234yf e outros HFOs usados em diversas aplicações. Esses fluidos estão alinhados com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na Emenda de Kigali, que visa à redução gradual do uso de HFCs com alto GWP. A Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal exige que países reduzam o uso de HFCs de alto GWP e os A2L se apresentam como solução eficaz. São refrigerantes com pressão operacional compatível com os sistemas split tradicionais, o que facilita a adoção sem reengenharia completa. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, somente entre 2020 e 2022 foi estabelecida a linha base para HFCs, buscando cortar 50% até 2040 e 80% até 2045.

Normas técnicas e diretrizes de segurança

Normas como ISO 5149, ABNT NBR 16069, ASHRAE 15 e ASHRAE 34 regulam os requisitos de segurança para manuseio, instalação e operação de A2L. Entre os principais pontos estão a limitação da carga de fluido por ambiente fechado, instalações com ventilação adequada, detectores de vazamento específicos para A2L, e uso de equipamentos certificados para fluidos levemente inflamáveis.

Natanael Oliveira Lima, diretor técnico da RLX Fluidos Refrigerantes, afirma que “Não se trata de um risco novo e descontrolado, mas sim de um cenário técnico que exige capacitação. Há décadas se trabalha com fluidos inflamáveis no setor e, com os A2L, temos segurança desde que os protocolos sejam seguidos. Contudo, como qualquer inovação, esses refrigerantes exigem atenção às normas técnicas. A ISO 5149, a ABNT NBR 16069 e a própria ASHRAE 15 abordam os critérios de segurança para instalações com fluidos levemente inflamáveis. Entre os pontos críticos estão a limitação da carga máxima de fluido por ambiente, sistemas de ventilação apropriados e detectores de vazamento em espaços confinados”.

Instalação, manutenção e boas práticas com A2L

A instalação de sistemas com refrigerantes A2L não é radicalmente diferente das rotinas já adotadas pelos profissionais qualificados, mas existem algumas recomendações como: evitar fontes de ignição no ambiente durante a instalação e manutenção; utilizar ferramentas certificadas e adequadas a fluidos inflamáveis (bombas de vácuo, manifolds, detectores); realizar testes de estanqueidade rigorosos com detectores específicos para A2L; ventilar o ambiente adequadamente, principalmente em locais fechados ou abaixo do nível do solo.

Para os profissionais que atuam na linha de frente, é fundamental investir em capacitação contínua. “O técnico que busca atualização está preparado para lidar com A2L com total segurança e pode até se destacar em um mercado cada vez mais exigente e regulado”, afirma André Dorta, gerente regional da divisão de fluidos refrigerantes da Honeywell. E ele faz um alerta: “Atualmente, no Brasil, não existe uma legislação federal específica que imponha limites obrigatórios de carga ou aplicação para o uso de refrigerantes A2L (como o R-32) em sistemas de ar-condicionado split. Porém, existem normas técnicas nacionais e internacionais que servem como base de orientação para projetos, instalações e segurança”.

 Combate à desinformação: o perigo dos tutoriais não oficiais

Apesar dos avanços técnicos, cresce nas redes sociais uma onda de vídeos e postagens que espalham desinformação sobre os refrigerantes A2L. De tutoriais sem qualquer respaldo técnico a boatos alarmistas sobre riscos de explosão, o que se vê é um desserviço à categoria dos instaladores sérios e às empresas comprometidas com a qualidade.

Os fabricantes alertam: confiar em vídeos de procedência duvidosa pode comprometer a segurança da instalação e expor o profissional a riscos legais. A recomendação é buscar informações apenas em fontes reconhecidas, como: Associações técnicas; documentação oficial de fabricantes; cursos profissionalizantes com instrutores certificados; Normas da ABNT e manuais de boas práticas.

Além disso, a responsabilidade é também dos distribuidores e revendedores, que devem orientar corretamente seus clientes e oferecer produtos com especificações claras e atualizadas.

Com a evolução regulatória, a demanda por soluções mais sustentáveis deve crescer. A migração para refrigerantes A2L em sistemas splits já é realidade em países da Europa e da Ásia, e o Brasil caminha para seguir o mesmo rumo, especialmente com a chegada de novos modelos e linhas de fabricantes que já adotam esses fluidos como padrão. A fase de transição exige diálogo entre indústria, instaladores, técnicos e entidades de classe. Com treinamento, boas práticas e informação técnica, os A2Ls representam um avanço positivo, seguro e necessário para o setor.

Copeland publica seu primeiro Relatório de Impacto Global

Documento destaca metas ambientais, desempenho operacional e políticas de inclusão

A Copeland, empresa global especializada em soluções de aquecimento, resfriamento e refrigeração, publicou seu primeiro Relatório de Impacto Global desde sua transição para companhia autônoma, em maio de 2023. O documento reúne dados sobre as metas ambientais, práticas operacionais e políticas de engajamento social da empresa.

Segundo Ross B. Shuster, CEO da Copeland, a iniciativa reflete a nova fase da companhia após sua independência administrativa e operacional. A Copeland, com mais de 100 anos de atuação no setor, emprega atualmente mais de 18 mil pessoas em todo o mundo.

O relatório apresenta as principais diretrizes da empresa com base em três pilares: Propósito, Desempenho e Pessoas. Entre os pontos destacados, estão as metas de redução absoluta de 55% nas emissões de Escopo 1 e 2, e de 32,5% nas emissões de Escopo 3 até 2033. Essas metas se referem, respectivamente, a emissões diretas, indiretas provenientes de energia comprada, e emissões indiretas ao longo da cadeia de valor.

A empresa também detalha suas ações para promover a adoção de refrigerantes naturais e de baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP, na sigla em inglês), além de soluções para garantir a integridade de produtos alimentícios e farmacêuticos por meio de uma cadeia de frio mais eficiente.

No campo social, o relatório inclui informações sobre políticas internas voltadas à inclusão, segurança no ambiente de trabalho e cultura corporativa. A Copeland afirma que implementa programas com foco em impacto comunitário e reconhecimento do desempenho dos colaboradores.

Ao divulgar o relatório, Shuster afirmou que a sustentabilidade está integrada à visão e aos valores da empresa. Segundo ele, os esforços são voltados à descarbonização, eficiência energética e combate ao desperdício de recursos.

A força silenciosa por trás da climatização e refrigeração

Dia do Refrigerista celebra profissionais que contribuem para o conforto, preservação de alimentos e proteção do planeta

No dia 7 de julho, o Brasil homenageia um profissional que, mesmo longe dos holofotes, está presente em tudo o que importa: no ar que refresca o ônibus lotado, no freezer que conserva o leite da criança, no hospital que precisa funcionar mesmo durante um apagão. O Dia do Refrigerista é mais do que uma data simbólica — é o reconhecimento de quem põe a mão na massa, carrega a ferramenta nas costas e, com conhecimento e coragem, ajuda a manter a vida em movimento.

Não é de hoje que o refrigerista trabalha nos bastidores — no calor dos telhados, no frio das câmaras, nas estruturas ocultas da cidade e da indústria. Seu ofício exige mais do que força física: requer leitura de projetos, domínio de normas, compreensão de riscos e, sobretudo, um senso técnico apurado aliado a uma resiliência silenciosa. Instalar, manter e operar sistemas de climatização e refrigeração não é tarefa simples — é ciência aplicada sob pressão, todos os dias.

Em centros urbanos, onde os equipamentos estão nos topos de edifícios ou em fachadas de difícil acesso, é comum que esses profissionais utilizem técnicas de rapel e outros procedimentos de segurança vertical para executar manutenções. Suspensos por cordas, com equipamentos de proteção e atenção total, enfrentam vento, sol e altura para garantir o funcionamento de sistemas essenciais. É um trabalho que exige coragem, preparo físico e extremo cuidado técnico.

Mais do que garantir conforto térmico, o refrigerista tem papel estratégico na manutenção da cadeia do frio — conjunto de tecnologias e processos que asseguram a conservação de alimentos, medicamentos e insumos hospitalares. Também é figura-chave em data centers, laboratórios e sistemas industriais que dependem de controle térmico contínuo. Seu trabalho pode não aparecer nos outdoors, mas sustenta pilares invisíveis da vida moderna.

É uma profissão que alia responsabilidade técnica, zelo ambiental e compromisso com o bem coletivo. Ao manusear fluidos refrigerantes, calibrar instrumentos e buscar eficiência energética, o refrigerista contribui para a redução de impactos ambientais e para a sustentabilidade das operações em que atua — um esforço muitas vezes invisível, mas essencial.

Por trás do profissional, há histórias de vida. Gente que começou com ferramentas emprestadas e orçamento contado. Que estudou à noite, conciliou plantões com provas, enfrentou olhares desconfiados, dormiu pouco e acordou cedo. Pessoas que se reinventaram após demissões, que aprenderam com os erros e que, muitas vezes, encontraram motivação no abraço de um filho, no apoio de uma companheira, ou na fé de que dias melhores viriam. São homens e mulheres que desafiam estatísticas, criam negócios próprios, formam redes de apoio e ajudam a construir um setor mais diverso, técnico e humano.

Neste 7 de julho, celebramos a força de uma profissão que sustenta sistemas vitais com esforço diário, precisão técnica e consciência ambiental. Valorizamos quem transforma suor em serviço público, quem encara o desafio da temperatura — e da altura — com dignidade e orgulho.

HVAC-R responde por 2,3% da indústria brasileira

Setor marca o Dia da Indústria com foco em eficiência e sustentabilidade

Neste 25 de maio, Dia da Indústria, o setor de Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração (HVAC-R) destaca sua contribuição à economia e às atividades essenciais do país. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), o setor projeta faturar R$ 54 bilhões em 2025.

O montante representa cerca de 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro — que somou R$ 11,7 trilhões em 2024 — e 2,3% do PIB industrial, equivalente a aproximadamente 20% da economia nacional. A expansão é impulsionada por fatores como o aumento das temperaturas, crescimento da construção civil, maior consumo das famílias e avanços tecnológicos.

Com presença nos setores de saúde, alimentação, infraestrutura urbana e tecnologia, o HVAC-R tem investido em práticas de redução de impacto ambiental. Entre as medidas adotadas, destacam-se a substituição de fluidos refrigerantes por substâncias de baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP), a adoção de equipamentos mais eficientes em termos energéticos e a integração de tecnologias digitais, como a Internet das Coisas (IoT) e sistemas de controle preditivo.

O setor também cumpre papel estratégico no cotidiano: climatiza ambientes urbanos e industriais, mantém a integridade de alimentos na cadeia do frio e assegura condições adequadas para o armazenamento de medicamentos e vacinas.

Em um cenário de transição energética e maior exigência por conforto ambiental e segurança sanitária, o setor busca ampliar o acesso a soluções compatíveis com os novos padrões regulatórios. Ao marcar o Dia da Indústria, o setor reafirma sua função essencial na economia brasileira e nos serviços fundamentais à população.

Refrigeração é destaque na APAS Show 2025

Feira reunirá grandes marcas com foco em eficiência energética e sustentabilidade

A APAS Show 2025, maior festival de alimentos e bebidas das Américas e principal encontro supermercadista do mundo, ocorrerá de 12 a 15 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo. O evento reunirá mais de 850 expositores, incluindo 200 internacionais, trazendo inovação, tendências e oportunidades de negócios para o setor varejista. A edição de 2024 movimentou mais de R$ 15 bilhões em negócios, consolidando-se como um marco no setor. Para 2025, a expectativa é superar esses números, reafirmando o evento como a maior plataforma de conexões do mercado.

Entre as empresas confirmadas estão a AHT Cooling, Arneg, Bitzer, Eletrofrio, Fricon e Frigelar, além de marcas como Aeroflex, Auden, Elgin, Emergent Cold, Full Gauge, Gralha Azul, RLX, Saint-Gobain e Sunnyvale, que exibirão inovações em isolamento térmico, monitoramento digital e eficiência energética.

Destaques em Refrigeração
A Eletrofrio, com mais de 78 anos de experiência no setor, apresentará novos modelos de sua linha Vittrine, com design diferenciado e acabamentos especiais. Destaque para a linha Gourmett, desenvolvida com foco na ergonomia e otimização do espaço para padarias e confeitarias. A empresa também lançará uma nova mesa quente para refeições embaladas, com 50% a mais de área de exposição, e expositores refrigerados para hortifrúti, projetados para preservar a qualidade dos produtos e reduzir perdas. Outro destaque é o ComPack PRO CO2, um sistema de alta performance para refrigeração comercial, com aplicação de gases naturais para maior eficiência energética.

A Fast Ariam também traz novidades, incluindo a linha de expositores VPI para carnes, laticínios e FLV, com maior área de exposição e utilização de gás refrigerante R-290. A empresa apresentará ainda o sistema modular FRAME H15x17, que permite configurações flexíveis para melhor aproveitamento do espaço em lojas, além de gôndolas e check-outs otimizados para autosserviço.

A Elgin, por sua vez, aposta em uma linha ampliada de climatização e eletroportáteis. Entre as novidades estão o primeiro frigobar da marca, disponível nas capacidades de 70 e 90 litros, além de um novo modelo de freezer. Nos eletroportáteis, os destaques incluem as novas Air Fryers Facilita Fry (3,5L) e Quad Fry (4,2L), além do modelo Style Oven Fry (10L). A marca também expandirá seu portfólio de cuidados pessoais, com produtos como o secador de cabelo Super Ionic Plus, que combina potência, design ergonômico e tecnologia silenciosa. O estande da Elgin contará com a presença do embaixador Cafu no primeiro dia do evento, a partir das 15h.

Além da exposição, o evento contará com o Congresso APAS SHOW 2025, que ocorrerá de 13 a 15 de maio, das 8h30 às 12h00, com o tema “Um novo líder para um novo varejo – Update-se”. O congresso trará palestras e debates que vão além de alimentos e bebidas, abordando inovação tecnológica, sustentabilidade, humanização e expansão do setor. A edição anterior reuniu 2.790 congressistas em seis auditórios, com 54 palestras e 112 palestrantes. Para 2025, a expectativa é oferecer uma experiência imersiva para líderes que desejam transformar desafios em oportunidades e moldar o futuro do varejo.

Com expectativa de receber mais de 73 mil visitantes, a APAS Show 2025 se consolida como um ponto de encontro estratégico para empresários e profissionais do varejo, reforçando o papel da refrigeração na eficiência operacional e na sustentabilidade do setor.

Empreendimentos adotam tecnologias de ponta em sistemas de chillers

À medida que os chillers evoluem para atender às demandas de um mundo mais consciente ambientalmente e economicamente eficiente, as inovações recentes estão redefinindo os padrões da indústria

Os chillers desempenham um papel fundamental na climatização de grandes centros comerciais e edifícios corporativos, os chamados Triple A, assegurando conforto térmico para milhares de visitantes diários e eficiência operacional para esses estabelecimentos. Com o avanço tecnológico e a crescente demanda por sustentabilidade, esses sistemas têm evoluído para oferecer soluções mais eficientes, designers compactos e ambientalmente responsáveis.

Em instalações de grande porte, como shopping centers e edifícios comerciais, o consumo de energia destinado à climatização pode representar uma parcela significativa dos custos operacionais.

“Estudos indicam que, em algumas edificações, o sistema Central de Água Gelada (CAG) que incorporam os chillers, pode corresponder a mais de 40% do consumo total de energia elétrica. Como gastam quase metade da energia de um prédio, os chillers são os sistemas que chamam mais atenção quando falamos em eficiência energética de edificações. É normal encontrarmos sistemas rodando há anos sem nenhuma manutenção, e que acabam se tornando bastante ineficientes com o tempo”, informa Bruno Scarpin, engenheiro mecatrônico e COO da CUBi Energia. Portanto, a escolha de equipamentos eficientes é fundamental para a redução de despesas e para a sustentabilidade do empreendimento.

Segundo o relatório da Fortune Business Insights, atualizado em janeiro de 2025, o mercado de chillers modulares tem apresentado crescimento significativo. Em 2022, o tamanho global desse mercado foi avaliado em US$ 3,82 bilhões, com projeções de atingir US$ 9,12 bilhões até 2032, exibindo um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 6% durante o período de previsão.

É fato que, com essa crescente demanda por soluções de resfriamento eficiente e compactas, os avanços e desenvolvimento de tecnologias em resfriadores de líquido tornam-se o principal foco de grandes fabricantes de chillers.

Entre os meses de outubro de 2024 e fevereiro de 2025, duas grandes feiras internacionais foram palco de grandes lançamentos nesta área: A Chillventa 2024 e a AHR Expo 2025. A cada edição dessas feiras, empresas líderes do setor revelam suas últimas inovações em chillers. Esses eventos apresentaram grandes novidades, tanto para chillers resfriados a ar quanto a água, incluindo equipamentos com compressores inverter de alta eficiência, rotação por mancal magnético livre de óleo, integração avançada de controles digitais, Iot e IA. Destaca-se também o avanço no design compacto (modulares) e na capacidade de operação silenciosa, visando atender às exigências cada vez mais rigorosas de eficiência e conforto ambiental, além do uso de refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global, reforçando seus ganhos em sustentabilidade e performance.

Tecnologias incluem compressores inverter, rotação por mancal magnético, fluido refrigerante com baixo GWP e controles inteligentes

A Carrier, por exemplo, apostou no chiller resfriado a ar que incorpora a tecnologia Greenspeed Intelligence. Este sistema oferece eficiência energética, com um design modular que amplia a faixa operacional e proporciona flexibilidade no projeto. O design de chassi único possibilita que a unidade seja uma peça inteira única de 140 a 500 toneladas de refrigeração (TR).

“O Centro de Engenharia, Pesquisa e Desenvolvimento da Carrier tem como missão principal desenvolver soluções avançadas que atendam às demandas específicas do mercado. Isso inclui não apenas a adaptação de tecnologias globais às necessidades locais e regionais, impulsionando não apenas a eficiência energética, mas também a sustentabilidade ambiental. Os chillers com compressores de parafusos de velocidade variável e alta eficiência oferecem desempenho excepcional com impacto significativo na economia de energia e no custo de manutenção”, revela Cristiano Brasil, engenheiro e Coordenador de Aplicação HVAC da Midea Carrier.

Já a Johnson Controls-Hitachi oferece o chiller Scroll R-32 com condensação a ar, modular e equipado com compressores scroll de alta eficiência, projetado para operar com o refrigerante R-32.

“O desenvolvimento do chillers scroll R-32 é fruto de um esforço contínuo da Hitachi em oferecer ao mercado produtos atualizados no que tange a descarbonização em direção a um portfólio voltado à sustentabilidade. É a primeira linha standard de Chillers Scroll fabricado no Brasil com fluido refrigerante R-32, com um range de capacidade de 40 a 200 TR, para aplicações comerciais e industriais que exigem alto desempenho e confiabilidade”, explica Gerson Robaina, diretor de Produto & Engenharia da Hitachi.

Da mesma forma, a Daikin otimizou seus equipamentos para o refrigerante R-32, como o chiller scroll refrigerado a ar com melhorias no valor de carga parcial integrada em comparação aos modelos anteriores. Outra fabricante é a Trane, que desenvolveu a linha de chillers scroll com relação de volume variável resfriado a ar, que possui opção de resfriamento livre, aproveitando a temperatura do ar ambiente mais fria para reduzir o consumo de energia.

A adoção de compressores de levitação magnética também ganha espaço no setor de chillers. Essa tecnologia elimina o atrito mecânico, reduzindo significativamente o consumo de energia e aumentando a vida útil dos equipamentos. Além disso, a ausência de óleo lubrificante nesses sistemas diminui a necessidade de manutenção e melhora a eficiência operacional, como o chiller centrífugo inverter isento de óleo da LG, com melhoria na eficiência parcial por meio do sistema inverter, e operam com fluido refrigerante R513A, R1233zd e R1234ze. Da mesma forma, a Indústrias Tosi também oferece sua linha de chillers modulares isentos de óleo através de sua parceria com a Multistack.

Além disso, os principais fabricantes promovem em seus chillers aspectos energéticos e de sustentabilidade sob a Certificação de Liderança em Design Energético e Ambiental (LEED) introduzida pelo Conselho de Construção Verde (USGBC).

Casos de sucesso

No Brasil, empreendimentos têm adotado sistemas de chillers inovadores. Exemplos incluem grandes centros comerciais e complexos corporativos, destacando os dados concretos de economia de energia, redução de emissões e custos operacionais. A análise de desempenho revela percepções valiosas sobre como essas soluções estão superando expectativas e estabelecendo novos padrões de eficiência no setor.

Um exemplo é o Shopping Praça da Moça, localizado em Diadema (SP). O projeto e obra do retrofit executado alcançou a redução dos custos operacionais em 50%, incluindo a substituição de três chillers por absorção para três chillers elétricos modulares, com automação embarcada e IoT, com carga total de 1.380 TRs (Toneladas de Refrigeração) instaladas.  A eficiência média do período janeiro a agosto de 2024 foi de 0,58 kW/TR de CAG (Central de Água Gelada).

Shopping Praça da Moça modernizou sistema resultando em uma redução de quase 50%nos custos de operação

“Os principais desafios foram a remoção dos chillers com pesos superiores a 24 t cada e a troca de equipamentos e reconfiguração hidráulica da CAG, executados sem prejudicar a climatização dos ambientes. A automação e monitoramento combinada a diversas ações de sistemas integrados aos chillers e a CAG, resultou em uma redução de quase 50% nos custos de operação do sistema, economia anual por volta de R$ 2 milhões, com sustentabilidade comprovada pela significativa redução das emissões de carbono”, revela Almir Gutierres, engenheiro da SET – Sociedade de Engenharia Térmica, empresa instaladora do sistema de climatização.

Outro exemplo de sucesso é o Edifício Birmann 32, localizado em São Paulo (SP). Um dos grandes empreendimentos de Rafael Birmann, projetado por Chien Chung Pei, conta com 25 andares que ocupam uma área de 120 mil m², com classificação Triple A, e possui certificação LEED Platinum. Este edifício corporativo incorporou chillers equipados com variadores de frequência e mancais magnéticos, permitindo operação eficiente mesmo em cargas parciais muito baixas. Além disso, foi instalado um tanque subterrâneo de 1.500 m³ para acumulação de água gelada durante o período noturno, otimizando o consumo energético. A climatização incorpora sistemas de água gelada e de cogeração. Para central de água gelada foram utilizados quatro chillers centrífugos de condensação a água providos de variador de frequência e mancais magnéticos nos compressores, com capacidade de 450 TRs cada e um chiller de absorção de 700 TRs, funcionando em conjunto com a central de cogeração. Os resfriadores de líquidos foram dispostos em paralelo com circuito primário único variável. Segundo a engenharia da Heating Cooling, empresa responsável pela instalação de todo o sistema de ar-condicionado, o Birmann 32 exemplifica como a integração de sistemas de climatização eficientes, práticas sustentáveis e tecnologias de cogeração pode resultar em um edifício de alto desempenho energético e ambientalmente responsável.

Edifício corporativo Birmann 32 possui classificação Triple A e certificação LEED Platinum

Desafios e oportunidades

Investir em tecnologias avançadas de chillers é essencial para que grandes centros comerciais se mantenham competitivos e alinhados às exigências de eficiência energética e sustentabilidade. A indústria brasileira de chillers, inserida no setor de HVAC-R, enfrenta um cenário repleto de desafios e oportunidades.

Entre os desafios estão a volatilidade cambial, complexidade das normas e procedimentos regulatórios no Brasil, que representa um obstáculo significativo para a indústria, aumentando os custos operacionais e dificultando a competitividade, além de deficiências na infraestrutura de transporte e altos custos logísticos elevando os custos de produção e distribuição, prejudicando a competitividade internacional.

Já as oportunidades estão na demanda crescente por soluções que promovam a eficiência energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa, como a transição para fluidos refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global, tendência que pode beneficiar a indústria nacional, investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias como automação e sistemas de controle avançados, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global, e expansão para novos mercados.

“Para capitalizar essas oportunidades, é fundamental que a indústria brasileira de chillers invista em inovação, adote práticas sustentáveis e busque a simplificação de processos regulatórios. Além disso, a colaboração entre governo, setor privado e instituições de pesquisa pode fortalecer a posição do Brasil no mercado global de HVAC-R”, pontua o presidente executivo da Abrava, Arnaldo Basile Basile.

Ele acrescenta que “a modernização desses sistemas não apenas reduz custos operacionais, mas também reforça o compromisso dos empreendimentos com o meio ambiente e o bem-estar de seus frequentadores”.

Segurança, eficiência e melhores práticas no uso do R-32

Especialistas esclarecem dúvidas sobre o uso seguro do R-32, desde o cumprimento de normas até o treinamento adequado, incentivando uma transição consciente para alternativas mais sustentáveis.

Com a transição para alternativas de baixo impacto ambiental, o fluido refrigerante R-32 vem ganhando espaço no setor de HVAC-R. No entanto, o aumento de sua utilização também levantou dúvidas em diversos fóruns de refrigeração quanto à segurança, eficiência e manuseio adequado.

Questões frequentes coletadas no grupo “Refrigeração” do Facebook indicam uma necessidade clara de orientação. Exemplos incluem: “O R-32 pode ser usado em sistemas que antes utilizavam R-410A?”; “Como prevenir riscos de inflamabilidade?”, “Quais EPIs são necessários durante o manuseio?”.

Para esclarecer tais dúvidas, desenvolvemos este material técnico com a participação de profissionais, esclarecendo os principais pontos sobre segurança, substituição e melhores práticas.

Dados de mercado: R-32 veio para ficar?

O R-32 representa cerca de 40% do mercado de novos equipamentos de climatização no Brasil, com crescimento projetado de 15% até 2030. Esse avanço é impulsionado por sua menor potência de aquecimento global em comparação com o R-410A, tornando-o uma escolha para fabricantes e técnicos preocupados com a sustentabilidade, segundo dados da ABRAVA.

R-32 em comparativo

R-32 vs. R-410A: O R-32 é mais eficiente em transferência de calor e apresenta menor impacto ambiental. Contudo, é classificado como A2L (ligeiramente inflamável), demandando medidas de segurança específicas.

Embora o R-32 seja uma alternativa eficiente ao R-410A, sua aplicação requer considerações específicas. Componentes como trocadores de calor e válvulas de expansão devem ser adequados às pressões operacionais do R-32.

Natanael Oliveira Lima, diretor técnico da RLX Fluidos Refrigerantes

“A substituição é tecnicamente viável, mas recomenda-se o uso de equipamentos projetados para o novo fluido, maximizando desempenho e segurança. O R-32 é um HFC puro, possui elevada eficiência em transferência de calor e baixo impacto ambiental e foi desenvolvido para fazer parte das misturas de hidrocarbonetos refrigerantes azeotrópicos, recomendado para substituição em equipamentos de média e alta temperatura de evaporação, projetados exclusivamente para se trabalhar com ele”, informa Natanael Oliveira Lima, diretor técnico da RLX Fluidos Refrigerantes.

Dependendo do projeto, o R-32 pode ser usado em condicionador de ar doméstico e comercial, bomba de calor, refrigeração comercial e chillers. Os procedimentos básicos para instalação e manejo do produto são os mesmos utilizados para quaisquer outros fluidos refrigerantes comumente utilizados em sistemas de refrigeração.

Especificamente, para a instalação de sistemas splits, os procedimentos são as mesmas boas práticas aplicadas para o R-410 A, porém alguns cuidados adicionais devem ser tomados na manipulação do cilindro de transporte, e no carregamento suplementar do gás R-32 na unidade condensadora.

“Recomendamos a utilização de uma bomba de vácuo para uma perfeita evacuação do produto, pois antes da liberação do gás refrigerante para o sistema, não deve haver de forma alguma a presença de ar em parte alguma do sistema de refrigeração”, esclarece Lima.

Ele alerta que para sistemas que utilizam R-134a, o R-32 não é intercambiável devido às diferenças nas propriedades químicas e aplicações.

Normas de segurança

Para garantir a segurança no uso do R-32, as normas internacionais como a Standart ASHRAE 34/ A2L, ISO 817:2014, ISO 5149 e IEC 60335-2-40 são referenciais e no Brasil, a ABNT NBR 16069.

A norma ISO 817:2014 classifica substâncias refrigerantes com base em critérios de inflamabilidade e toxicidade, estabelecendo diretrizes para o uso seguro do R-32 em diferentes aplicações. Já a ISO 5149, composta por quatro partes, define os requisitos gerais de segurança para sistemas de refrigeração e bombas de calor, abordando desde o projeto até a operação e manutenção.

A segurança elétrica dos equipamentos que operam com o R-32 é regulamentada pela IEC 60335-2-40, que especifica requisitos para a fabricação de aparelhos de ar condicionado e bombas de calor, incluindo aspectos como ventilação, controle de vazamentos e proteção contra ignição acidental.

No Brasil, a ABNT NBR 16069 estabelece diretrizes para a manipulação, transporte, armazenamento e descarte de fluidos refrigerantes, padronizando boas práticas para técnicos e empresas do setor.

O manuseio seguro do R-32 requer equipamentos específicos, como bombas de vácuo à prova de faíscas e recolhedoras compatíveis com fluidos A2L, além do uso de cilindros dotados de válvula de segurança para evitar aumento excessivo de pressão. A adoção desses procedimentos reduz o risco de acidentes e garante conformidade com as normas técnicas vigentes. Profissionais do setor devem buscar capacitação contínua e seguir rigorosamente as recomendações normativas para assegurar a segurança operacional e a eficiência dos sistemas de climatização

Melhores práticas de uso

– Manuseio: Use ferramentas certificadas para medição e transferência do fluido. Utilize ferramentas certificadas para manipulação do fluido refrigerante. Evite armazenar o R-32 próximo a fontes de calor ou superfícies inflamáveis. Assegure que as cargas de refrigerante estejam em conformidade com as especificações do equipamento. Os técnicos devem utilizar EPIs (Equipamento de Proteção Individual) adequados para prevenir riscos no manuseio do R-32, incluindo luvas resistentes a agentes químicos, óculos de proteção e vestimenta antichamas quando necessário.

– Instalação: Na instalação de sistemas que utilizam R-32, é essencial garantir a ventilação adequada nos ambientes, sistemas de detecção de vazamentos para prevenção de acumulação do fluido, componentes compatíveis com o R-32.

– Substituição: Nunca misture o R-32 com outros fluidos ou óleos inadequados ao sistema.

– Treinamento técnico: Assegure que os profissionais estejam capacitados para lidar com fluidos A2L. Os profissionais que manipulam o R-32 devem receber treinamentos adequados para compreender as propriedades físico-químicas do fluido, as normas de segurança como a ABNT NBR 16069 e o uso correto de equipamentos de medição e transferência. Além disso, capacitações regulares garantem a atualização em técnicas e legislação aplicáveis.

Manutenção preventiva: Verificação regular de vazamentos e inspeção de componentes elétricos para evitar ignição. Realizar inspeções periódicas e manutenção preventiva minimiza riscos. Elementos importantes incluem monitoramento de pressão, testes de estanqueidade para evitar vazamentos, substituição de componentes desgastados.

Lucas Fujita, engenheiro da Chemours

“Para obter total conhecimento sobre as boas práticas de manuseio e instalação do R-32, um profissional deve seguir várias etapas essenciais que garantem a segurança e a eficácia no trabalho com este fluido refrigerante” reforça Lucas Fujita, engenheiro da Chemours.

Ele acrescenta ainda que é de extrema importância estudar as instruções e diretrizes fornecidas pelos fabricantes de fluidos refrigerantes e equipamentos de refrigeração e climatização.  “Estas diretrizes incluem especificações técnicas, recomendações de segurança e procedimentos de emergência para o uso correto do R-32, além de participar de cursos de formação e certificação específicos para o manuseio de fluidos refrigerantes inflamáveis, como o R-32. Esses cursos geralmente cobrem aspectos técnicos, de segurança, legislação ambiental e práticas recomendadas no manuseio”.

Para Fujita, manter-se atualizado com as últimas normas e regulamentações da indústria, bem como com as novas tecnologias e práticas de segurança garante sucesso ao profissional de HVAC-R.

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*As tabelas desta matéria foram elaboradas com a contribuição de Rafael Ferreira, instrutor da Escola Oficina da Refrigeração, e têm caráter informativo, não contribuindo com as recomendações dos fabricantes. A manipulação do fluido refrigerante R-32 deve ser feita por profissionais, com treinamento específico e uso de EPIs. Antes de qualquer procedimento, é essencial seguir as instruções dos fabricantes para garantir segurança e conformidade com as normas técnicas.

Refrigeração sólida é apontada como alternativa sustentável e eficiente

A refrigeração sólida ou magnética, tem potencial para transformar o mercado, especialmente em um momento em que a sustentabilidade é uma prioridade global.

A tecnologia de refrigeração sólida tem despertado o interesse de cientistas, pesquisadores e profissionais do setor HVAC-R como uma alternativa sustentável e eficiente aos métodos tradicionais de refrigeração. Baseada no uso de materiais sólidos com propriedades termodinâmicas específicas, essa inovação promete ser uma solução para o controle térmico em diversas aplicações. A tecnologia utiliza materiais sólidos conhecidos como materiais calorimétricos, que têm a capacidade de absorver ou liberar calor quando submetidos a alterações em propriedades como campo magnético, pressão ou tensão mecânica, chamado de efeito calorimétrico, que ocorre em materiais como ligas metálicas e cerâmicas. No campo da refrigeração, em vez de trabalhar com fluidos refrigerantes tradicionais, como os gases fluorados (HFCs, HCFCs), a refrigeração sólida oferece uma abordagem mais limpa, eliminando emissões de gases de efeito estufa, com baixo impacto ambiental. O princípio por trás da refrigeração sólida é a manipulação controlada das propriedades físicas de materiais sólidos para gerar uma troca de calor.

Estudos recentes mostram avanços significativos, com equipes ao redor do mundo desenvolvendo protótipos e refinando materiais para maior eficiência e menor custo, onde pesquisadores estão explorando ligas metálicas mais acessíveis e métodos de fabricação mais simples para tornar a tecnologia competitiva. Esses estudos incluem duas abordagens: a refrigeração magnética, que utiliza o efeito magnetocalórico, onde certos materiais absorvem calor quando expostos a um campo magnético e o liberam quando o campo é removido. E a refrigeração elastocalórica, que se baseia no efeito elastocalórico, em que os materiais absorvem ou liberam calor quando são tensionados ou comprimidos mecanicamente.

Exemplo é o ORNL – Laboratório Nacional de Oak Ridge (EUA), especializado em ciência e tecnologia e administrado pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, que estuda o resfriamento em estado sólido com materiais especiais que absorvem e liberam calor quando expostos a um campo magnético, eliminando assim a necessidade de refrigerantes tradicionais e peças móveis. “Esta abordagem não só é mais eficiente, mas também mais ’amiga’ do ambiente. Estes sistemas são mais silenciosos, mais compactos e capazes de controlar a temperatura com grande precisão”, diz a equipe do ORNL, que começou a trabalhar em uma liga com memória de forma magnética composta de níquel, cobalto, manganês e índio.

De acordo com os pesquisadores, esse material tem a capacidade de mudar de forma e retornar ao estado original quando aquecido ou exposto a um campo magnético, processo conhecido como “efeito magnetocalórico”. Durante esta transição de fase, o material absorve calor do seu entorno e depois o libera, resfriando assim o ambiente. A chave para a eficácia desta liga está na sua estrutura atômica, que está próxima de um estado desordenado denominado estado vítreo ferroico, que melhora a capacidade do material de armazenar e liberar calor.

Pesquisadores e protótipo do sistema de refrigeração sólida em operação na Universidade de Hong Kong usando várias ligas feitas à base de níquel e titânio

 

O regenerador elastocalórico em cascata multimaterial e comparação de desempenho

Potencial de refrigeração em estado sólido

A Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (China), através de pesquisa orientada pelo professor Guoan Zhou e colegas, desenvolveu um sistema de resfriamento elastocalórico em cascata, usando várias ligas com memória de forma diferentes, também conhecidas no campo da robótica como músculos artificiais, feitas à base de níquel (Ni) e titânio (Ti). A equipe selecionou três ligas de NiTi com diferentes temperaturas de transição de fase, uma para operar na extremidade fria, uma no ponto intermediário e outra na extremidade quente.

Qingping Sun é professor do Departamento de Engenharia Mecânica e Aeroespacial

Ao combinar as temperaturas de trabalho de cada unidade com as temperaturas de transição de fase correspondentes, e fazer cada unidade de NiTi operar dentro de sua faixa de temperatura ideal, a janela de temperatura do refrigerador foi expandida para mais de 100 ºC – em comparação com no máximo 50 ºC das demonstrações anteriores. “No futuro, com o avanço contínuo da ciência dos materiais e da engenharia mecânica, estamos confiantes de que a refrigeração elastocalórica poderá fornecer soluções de aquecimento e resfriamento verdes e energeticamente eficientes de última geração, para alimentar o enorme mercado mundial de refrigeração, abordando a tarefa urgente de descarbonização e mitigação do aquecimento global”, disse o professor Qingping Sun.

De acordo com João Pimenta, engenheiro mecânico, Mestre e Dr. do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília, o setor de HVAC-R enfrenta desafios significativos no cenário atual. “As crescentes preocupações ambientais, aliadas a regulamentações mais rigorosas e a busca incessante por eficiência energética, demandam inovações que transcendam os paradigmas da refrigeração convencional, tornando imperativo explorar alternativas inovadoras”, diz.

A pressão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, associada ao constante esforço para otimizar a eficiência operacional, destaca a necessidade premente de soluções que transcendam as limitações dos métodos tradicionais.

João Pimenta, engenheiro mecânico, Mestre e Dr. do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília

“Neste contexto desafiador, a refrigeração sólida emerge como uma alternativa inovadora e promissora. A capacidade de manipular o magnetismo para realizar o processo de refrigeração não apenas oferece uma solução eficiente, mas também responde à necessidade urgente de práticas mais sustentáveis no setor de HVAC-R. Sua eficiência energética notável e o potencial para reduzir significativamente o impacto ambiental fazem dela uma candidata proeminente para o futuro do setor”, destaca.

Aplicabilidade

Algumas implementações práticas da refrigeração sólida têm sido realizadas, demonstrando seu potencial. Experiências destacam a aplicação bem-sucedida da refrigeração sólida em centros de dados. Neste tipo de aplicação, a eficiência energética e a capacidade da refrigeração magnética de se adaptar dinamicamente às variações de carga térmica tem impactos significativos na redução do consumo de energia. A implementação dessa tecnologia resultou não apenas em reduções substanciais nos custos operacionais, mas também em uma diminuição notável da pegada de carbono associada à refrigeração desses ambientes críticos.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), recentemente apresentou resultado das pesquisas feitas com a tecnologia de refrigeração sólida em um aparelho condicionador de ar.

A Universidade Federal de Santa Catarina apresentou resultado das pesquisas feitas com a tecnologia de refrigeração sólida em um aparelho condicionador de ar

Fábio Pinto Fortkamp, professor da UDESC

“O trabalho é resultado de uma série de estudos desenvolvidos no Laboratórios de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica, sob a coordenação do professor Jader Barbosa, e tem recebido prêmios, um deles da International Conference on Caloric Cooling, concedido à pesquisa do meu doutorado”, diz Fábio Pinto Fortkamp, egresso da UFSC e atualmente professor da UDESC.

De acordo com o professor, há pelo menos 10 anos a universidade busca desenvolver uma alternativa à refrigeração convencional: “O que a gente procura é substituir essa tecnologia por uma outra, baseada em outro princípio, que é o efeito magnetocalórico”, explica.

A busca por um melhor desempenho da tecnologia passa pelo planejamento de um sistema completo, o que tem colocado a universidade como uma das instituições de excelência, em nível nacional, com resultados com repercussão importante também mundialmente.

Outro experimento explora a aplicação da refrigeração sólida em sistemas de resfriamento residencial sustentável. Essa implementação enfatiza não apenas a eficiência energética, mas também a eliminação do uso de fluidos refrigerantes tradicionais, contribuindo para residências mais ecológicas. O estudo destaca o sucesso dessa abordagem em proporcionar conforto térmico aos residentes, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental associado ao resfriamento residencial.

Investigações conduzidas exploram também as aplicações industriais em grande escala e destaca como a tecnologia pode ser implementada em setores, como indústria química e farmacêutica, em que a precisão no controle de temperatura é essencial. A capacidade da refrigeração magnética de operar eficientemente em uma ampla faixa de temperaturas e a redução dos custos operacionais foram fatores determinantes para o sucesso dessas aplicações industriais.

Em um estudo mais antigo, realizado por Johnson e Brown, em 2015, analisou a aplicação da refrigeração sólida em sistemas de transporte de produtos perecíveis. Os resultados destacaram a eficiência da tecnologia na manutenção de temperaturas estáveis durante o transporte, oferecendo uma alternativa promissora aos sistemas tradicionais baseados em compressores mecânicos.

“Esses exemplos ilustram a versatilidade e o potencial transformador da refrigeração sólida em várias áreas. À medida que mais pesquisas e implementações práticas continuam a surgir, é evidente que essa tecnologia poderá desempenhar um papel futuro na evolução do setor de HVAC-R”, conclui Pimenta.