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A jornada de Bruno Noda no setor comercial

CLUBE CAST DO FRIO – Gerente de Contas da LG, fala sobre sua trajetória no setor comercial, desafios e aprendizados ao longo da carreira.

Fernando Cunha é o novo VP e General Manager LATAM da Johnson Controls-Hitachi

Fernando Cunha foi anunciado como o novo Vice-Presidente e General Manager para a América Latina da Johnson Controls-Hitachi Ar Condicionado. O executivo, que já liderava as operações da companhia no Brasil, agora terá a missão de expandir sua atuação para toda a região latino-americana.

Com mais de 25 anos de experiência no setor de HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado), Cunha ingressou na Johnson Controls-Hitachi (JCI) em 2015 como Gerente de Canais de Vendas. Ao longo de sua trajetória, desempenhou um papel fundamental no crescimento do canal indireto da empresa e no fortalecimento das marcas Hitachi e York no Brasil. Em 2018, assumiu a posição de Diretor de Marketing Estratégico, onde foi responsável por ações voltadas para a experiência do cliente e o reconhecimento das marcas.

Cunha também teve passagem pela Diretoria de Operações, sendo responsável pela gestão de áreas industriais, supply chain, engenharia e planejamento de vendas. Desde 2020, ocupava o cargo de General Manager no Brasil, liderando o aumento da relevância da Johnson Controls-Hitachi no mercado brasileiro.

A empresa destaca que a nomeação reflete seu compromisso com a inovação e o fortalecimento da presença no mercado latino-americano. “Reiteramos nossa intenção de cada vez mais oferecer ao mercado um portfólio completo em soluções para o HVAC residencial e comercial, com as marcas Hitachi e York, buscando sempre o crescimento da nossa produção local para o melhor atendimento de nossos clientes e parceiros. Permanecemos motivados a continuar conduzindo importantes movimentações em prol do desenvolvimento do negócio e do setor como um todo”, afirma o executivo.

Avanços e incentivos na aplicação de fluidos refrigerantes naturais

Brasil alinha sua política de refrigeração, promovendo a transição para tecnologias mais ecológicas na utilização de fluidos naturais.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado avanços significativos na adoção de fluidos refrigerantes naturais, impulsionados por preocupações ambientais e regulamentações mais rigorosas. Esses refrigerantes, como o CO2 (dióxido de carbono), amônia (NH3), e hidrocarbonetos, têm ganhado destaque devido ao seu baixo impacto ambiental e alta eficiência energética. O CO2, por exemplo, tem sido amplamente utilizado em sistemas de refrigeração comercial e industrial devido à sua capacidade de atuar como um refrigerante eficaz em diversas condições de temperatura e pressão. Além disso, sua pegada de carbono reduzida o torna uma escolha atraente para empresas comprometidas com a sustentabilidade.

A amônia também, especialmente em aplicações industriais de grande porte, devido ao seu alto desempenho térmico e baixo custo operacional. Apesar de ser inflamável em concentrações específicas, seu uso é seguro quando aplicado corretamente e em conformidade com as normas de segurança.

Os hidrocarbonetos, como propano e isobutano, têm sido adotados em sistemas menores, como em refrigeradores domésticos e comerciais devido à sua excelente eficiência energética e compatibilidade ambiental. A tecnologia de compressores e componentes de sistemas foi desenvolvida para garantir o desempenho seguro desses refrigerantes em diferentes aplicações.

Tecnologias disponíveis

“Em nosso país, temos tido bons avanços nas aplicações de fluidos refrigerantes naturais tanto para aplicações comerciais quanto para aplicações industriais de refrigeração. O CO2 já é uma realidade, iniciada há 15 anos, e o propano (R-290) caminha a passos largos para ser uma referência nos novos projetos, principalmente como fluido primário em sistemas subcríticos em cascata com CO2 e propilenoglicol. A amônia dispensa apresentação e justificativas, uma vez que é um fluido centenário, que apresenta alto rendimento e baixo custo, porém, sua particular característica de toxicidade a faz limitada em certas aplicações e regiões”, informa Marcos Euzébio, engenheiro de aplicação da Bitzer Brasil.

Marcos Euzébio, engenheiro de aplicação da Bitzer

Todas as aplicações mencionadas já estão presentes em nosso país. Os três fluidos naturais como Amônia, CO2 e Propano (R-290) são realidade presente. “Sistemas tradicionais aplicados com amônia a 100% estão sendo redesenhados para condição híbrida em regime subcrítico com CO2, reduzindo a carga de amônia bruscamente e elevando a performance e segurança. Sistemas com CO2 em regime subcrítico e transcrítico se expandiram no mercado nacional devido a maior qualificação da mão de obra e disponibilidade interna de componentes. A Bitzer, por exemplo, disponibiliza compressores para propano, CO2 e amônia. Componentes constituintes dos circuitos também são encontrados no Brasil. Mão de obra qualificada sem dúvida é indispensável e fator determinante para a expansão dessas tecnologias em nosso mercado, bem como importante é a fiscalização e valorização dessa mão de obra empregada para a operação desses equipamentos”, comenta Euzebio.

 

Trazendo à tona as soluções inovadoras em fluidos refrigerantes naturais de baixo impacto ambiental e máxima eficiência, incluindo a sua aplicação, segurança das instalações, manutenção e operação, disponibilidade e normatização, Joana Canozzi, diretora de serviços de engenharia da Copeland, destaca vários pilares para discussão quanto as tendências na aplicação de fluido com baixo impacto ambiental: “Não existe ainda uma verdadeira solução, e sim, seguir as premissas de cada empresa elaborando sua estratégia de acordo com as necessidades do usuário final em diferentes situações. Hoje, tanto o fabricante quanto o OEM (Original Equipment Manufacturer ou Fabricante Original do Equipamento) podem dar um norte ao cliente final direcionando-o de acordo com a sua estratégia. No cenário nacional, acredito que ainda estamos buscando entender os diferentes nichos, sem uma definição clara de qual fluido entrará para a lista do mais utilizado, e sim, na necessidade de cada instalação. Já existe uma antecipação na transição dos fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental e disponibilidade de tecnologias. A Copeland dispõe do que há de mais moderno e inovador em termos de tecnologia como as aplicações de menor GWP com fluidos naturais (CO2 e Propano) como compressores Scroll de velocidade variável para máxima eficiência para operar com propano e soluções integradas”.

Ela acrescenta que o time de engenharia procura dar suporte ao cliente, além da decisão do GWP, incluindo na sua linha decisória, também, questões relevantes como equilibrar custos, disponibilidade de mão de obra, e de produto, guiando o usuário final em termos de conhecimento.

Joana Canozzi, diretora de serviços de engenharia da Copeland

“Acredito que o próprio mercado vai definir esse caminho através da demanda de aplicações. E ainda temos as questões das normatizações, e neste ponto, vejo o papel proativo de entidades nacionais para a regulamentação de normas brasileiras, acompanhando o que está definido na Europa e EUA. Neste momento, temos por missão promover esse debate e discussão, conciliando tecnologias por Região, ou seja, nem tudo que é aplicado em outros países será bom no Brasil, considerando fatores como eficiência, GWP e clima”, destaca Joana.

Incentivos e regulamentações

No contexto internacional, o Protocolo de Montreal e suas emendas, como a Emenda de Kigali, incentivam a redução progressiva do uso de HFCs, estimulando a adoção de alternativas de baixo GWP. O Brasil, como signatário desses acordos, tem buscado alinhar sua política de refrigeração com essas diretrizes, promovendo a transição para tecnologias mais ecológicas. O governo brasileiro, por meio de programas e políticas de eficiência energética e sustentabilidade, tem criado incentivos para a adoção de tecnologias que utilizam fluidos refrigerantes naturais. Além disso, parcerias com o setor privado e organizações internacionais têm sido fundamentais para a promoção de pesquisas e a implementação de projetos-piloto no país.

Desde o primeiro Programa Brasileiro de eliminação de CFC e, agora, no Programa Brasileiro de eliminação de HCFC, entidades e empresas vem contribuindo e acompanhando os esforços nacionais para proteção da camada de ozônio e seus impactos sobre o setor HVAC-R. A recente aprovação dos recursos para Etapa III do PBH é o reconhecimento dos esforços de todos e uma importante notícia para o setor, que será beneficamente afetado através de ações de proteção da camada de ozônio que receberam em junho de 2024, aporte de US$ 36,5 milhões.

Renato Cesquini, diretor de Meio Ambiente da Abrava

“Na semana em que mundialmente se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho), é muito encorajador receber a notícia deste significante aporte financeiro, que vai beneficiar o mercado na busca de inovação tecnológica para substituição dos HCFCs. Isto permitirá que o Brasil siga o legado de sucesso de estar sempre à frente na implementação do programa”, destaca Renato Cesquini, diretor de Meio Ambiente da Abrava.

A Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) foi anunciada em 27/05/2024, durante a 94ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal – FML, que ocorreu em Montreal, Canadá. Essa é a última etapa do PBH e conta com recursos da ordem de US$ 36,5 milhões de dólares para apoiar o país a alcançar a meta de eliminar em 100% o consumo de HCFCs até 2030.

Além da efetiva contribuição para proteger a camada de ozônio, com a implementação da Etapa III, o Brasil evitará a emissão de mais de 19,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente para a atmosfera, trazendo efeitos benéficos para o regime climático global.

Estratégias

A estratégia para a Etapa III do PBH tem como o objetivo promover o uso seguro e eficiente de fluidos refrigerantes alternativos que não destruam a camada de ozônio, de baixo GWP e que proporcionem maior eficiência energética,  implementando projetos voltados para treinamento de diferentes níveis de profissionais que atuam no setor de serviços, bem como prestação de assistência técnica para a execução de projetos demonstrativos com potencial de serem reproduzidos nos setores abordados, evitando conversões transitórias. As atividades aprovadas se complementam e serão executadas em consonância e estreita colaboração entre a entidade coordenadora, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e as três agências implementadoras, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), agência implementadora líder, Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaftfür Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

Exemplo de aplicação

A Swift, alinhada com o compromisso da JBS em zerar o balanço das suas emissões de gases de 03até 2040, realizou a troca de equipamentos frigoríficos para modelos mais sustentáveis que consomem menos energia e utilizam gases que reduzem o impacto na camada de ozônio. A tecnologia fornecida utiliza o propano (R-290), selecionado devido ao seu baixo GWP. “O conjunto dessas iniciativas acarretou na redução de 65% do Impacto de Aquecimento Equivalente Total (Total Equivalent Warming Impact – TEWI) que expressa o impacto de um sistema de refrigeração combinando seu efeito direto e indireto no aquecimento global”, explica Airton Peres, gerente de engenharia e inovações da Swift. O monitoramento remoto dos equipamentos calcula a eficiência energética e atua diretamente na máquina se ela apresentar algum tipo de problema. Além de garantir a qualidade dos produtos da marca, isto evita o deslocamento humano até a loja.

Legislação impulsiona inovação no setor de HVAC-R

Para a Qualidade do Ar Interior (QAI), a legislação tem sido um divisor de águas

As prioridades legislativas que impactam a indústria de HVAC-R estão cada vez mais focadas em sustentabilidade, eficiência energética e segurança. As mudanças nas regulamentações influenciam diretamente a forma como a indústria opera, desde a fabricação de equipamentos até o seu uso e manutenção. A recente atualização regulatória na qualidade do ar interno nos ambientes de uso público e coletivo no Brasil, foi decretada a partir de 25 de julho de 2024, através da Resolução 09 da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que estabelecia os Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, foi substituída pela NBR 17037 – Qualidade do Ar Interior em ambientes não residenciais climatizados artificialmente – Padrões referenciais. Entre os pontos de mudança, está limite da concentração de Dióxido de Carbono – CO2. O valor máximo aceitável deixa de ser um valor fixo de 1.000 ppm (partes por milhão) e passa a ser 700 ppm acima do valor medido no ambiente externo.

“Para a Qualidade do Ar Interior (QAI), a legislação existente tem sido um divisor de águas. Desde a criação da Portaria 3.523/98 pelo Ministério da Saúde, colocou em evidência a importância dos sistemas de climatização para a saúde e bem-estar das pessoas. Os sistemas de ar-condicionado começam a ser percebidos como elementos que vão além do conforto térmico, mas na melhoria da qualidade do ar dentro dos ambientes fechados, tornando-se um grande aliado para a saúde dos usuários”, informa Leonardo Cozac, presidente do Brasindoor (Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade do Ar de Interiores).

Leonardo Cozac presidente da Brasindoor e CEO da Conforlab

Assim como a Resolução 09 de 2003 foi uma atualização da Resolução 176 de 2001, agora a sociedade brasileira dispõe de uma nova regulamentação. Essas alterações visam a modernização da legislação nacional de acordo com a evolução tecnológica e conhecimento da sociedade adquirido ao longo dos anos e embora as novas regulamentações possam aumentar os custos de produção inicialmente, elas também incentivam a criação de produtos mais avançados, que podem oferecer uma vantagem competitiva no mercado, como por exemplo, a necessidade de conformidade com normas de segurança e manuseio de novos refrigerantes que requer um foco maior na capacitação profissional, criando uma demanda por técnicos especializados.

Dentre os avanços legislativos conquistados pelo setor de HVAC-R, Cozac cita a PEC 07/2021– Proposta de Emenda à Constituição da Senadora Mara Gabrili, que garante o direito qualidade do ar entre os direitos garantias fundamentais da Constituição, especialmente em ambientes internos. Já na cidade de São Paulo está sendo discutida a votação em 2º turno de Projeto de Lei 110/2012 do ex-vereador Gilberto Natalini, que está sendo revisado pelo vereador Eliseu Grabriel, que trata o plano municipal de qualidade do ar interno, um projeto pioneiro que pode colocar a cidade de São Paulo na vanguarda do tema.

“Meu mandato tem feito discussões com especialistas do setor da Qualidade do Ar Interno visando a formulação de uma Política Municipal da Qualidade do Ar Interno, por meio da elaboração de um Substitutivo ao Projeto de Lei (PL) 110/2012.  Estamos focados na conclusão da proposta do Substitutivo ao PL 110/2012, que já será um avanço muito importante para melhorar a saúde do cidadão paulistano. Como São Paulo é referência, acredito que o que for feito aqui poderá se ampliar para o Brasil inteiro. Temos um projeto aprovado em primeira votação na Câmara Municipal. No entanto, para colocarmos em segunda (e definitiva) votação é preciso adequá-lo aos pontos observados pelo Executivo na tramitação do projeto. Com base nisso, com este grupo qualificado, estamos concluindo o trabalho de reformulação deste projeto, para propor um Substitutivo e, a seguir, reiniciarmos a conversa com os setores responsáveis na prefeitura para poder fazer os ajustes necessários para colocar o PL para segunda votação, sem correr o risco de ter vetos do prefeito. Aprovar este projeto criará a Política Municipal da Qualidade do Ar Interno, um passo muito importante para a cidade e a saúde da população”, informa o vereador por São Paulo, Eliseu Gabriel.

Ele acrescenta ainda que as principais normas técnicas (ABNT – NBR 17.037, 16.401-3, 16.000-40) que orientam o setor são boas, porém, a legislação precisa se adequar, para atendê-las, incorporando a necessidade de garantir o monitoramento, controle e melhoria da qualidade do ar interno nas edificações públicas e privadas.

Eliseu Grabriel, vereador por São Paulo

”Acho fundamental que todos os interessados e especialistas colaborem no processo de construção das políticas públicas. Eu sempre convido os grupos para colaborarem quando me proponho a fazer um projeto de lei. Meu foco é ouvir as demandas do setor e avaliar o que pode beneficiar o cidadão e a cidade de São Paulo. Mas, já adianto, a equipe multidisciplinar que está conosco na construção desse projeto para a cidade tem os conhecimentos necessários das melhores tecnologias e práticas. Nela, há empresas, engenheiros, membros dos conselhos nacionais, como o CREA, integrantes de academias (das melhores universidades do país), como também estrangeiros. É muito bom construir um projeto dessa importância com uma equipe tão qualificada. Estamos atentos às mudanças no clima e, a priori, a nossa iniciativa é a única que conheço, considerando que a piora da qualidade do ar externo e as ondas de calor extremo farão com que cada vez mais as pessoas precisem ficar em ambientes fechados e climatizados e, por isso, é fundamental a regulação para garantir a boa qualidade do ar interno. É para isso que estamos trabalhando”, comenta Eliseu.

Arnaldo Basile, presidente executivo da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) destaca o trabalho da senadora Mara Gabrilli, uma grande colaboradora dos avanços legislativos para o setor de HVAC-R, mobilizando dezenas de seus pares nesse sentido: “Por esse motivo, foi homenageada na Noite do Pinguim em 2022. Não podemos nos esquecer também das assertivas atuações parlamentares dos Deputados Estaduais Arnaldo Faria de Sá e Adalberto Freitas, que foram decisivas para a promulgação da Lei Federal 13.589/18, que regulamenta o PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle). Questões relacionadas com a Qualidade do Ar de Interiores tem sido tratada de maneira proativa desde a ocorrência da pandemia da Covid-19. A interlocução que a Abrava mantém com esses parlamentares tem propiciado notória exposição do Setor de HVAC-R para a sociedade civil”, informa Basile.

Indústria competitiva

À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, centradas na sustentabilidade, eficiência energética, segurança e gestão de resíduos, a indústria de HVAC-R precisa adaptar-se, investindo em inovação, treinamento e novas tecnologias para permanecer competitiva e em conformidade com as exigências legais. Essas mudanças legislativas, embora desafiadoras, também representam oportunidades para o setor se tornar mais sustentável e eficiente no longo prazo.

Arnaldo Basile, presidente executivo da Abrava

“A missão da Abrava é incentivar o desenvolvimento tecnológico e competitivo do setor defendendo os legítimos interesses empresariais, legais, tecnológicos, mercadológicos e normativos. Representa as empresas e profissionais do setor, e visa promover e incentivar de maneira confiável a criação correta de ambientes internos climatizados, sistemas e processos de refrigeração, aquecimento e ventilação por meio do uso responsável de tecnologias e das boas práticas de engenharia. A reforma tributária tramitada recentemente na Câmara dos Deputados, por exemplo, provocará efeitos distintos nas atividades operacionais, administrativas e fiscais de todas as empresas do HVAC-R. O setor manufatureiro (indústria) interpreta que deverá sofrer menor impacto, com tendências de até poder usufruir de alguma redução na carga tributária. O mesmo não ocorrerá no setor prestação de serviços. Com base nesses princípios, em 2018, a Abrava passou a integrar o Grupo “Entidades Do Mesmo Lado”, conduzido pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), que atua de maneira coordenada para desenvolver soluções que promovam um ambiente de negócios mais saudável, fortalecendo a relação com o poder público para que as demandas do setor e setores afins sejam atendidas, aumentando a competitividade, gerando riqueza e empregos de forma sustentável. Esse Grupo tem trabalhado ativamente junto aos Parlamentares da Câmara dos Deputados e Senadores para que a reforma tributária seja neutra e que não gere aumento no custo dos serviços nos setores direta e indiretamente atuantes na cadeia da construção civil.  O segmento do ar-condicionado e climatização é um dos mais importantes nessa cadeia”, destaca Basile.

Outro Grupo de Trabalho é o liderado pela CEBRASSE, Central Brasileira de Segurança e Serviços, da qual é membro associada. Esse GT esteve reunido recentemente com a Deputada Estadual por SP, Renata Abreu, para elaborar um PL mais adequado à realidade do Setor de Serviços, identificado como o mais afetado pela reforma tributária.

Embora as legislações voltadas para a qualidade do ar interior têm sido um grande motor para a inovação no setor, Cozac acredita que o estado brasileiro ainda não tem uma agenda pautada no QAI: “Entendem a importância do tema, porém não está entre as prioridades. Na ausência do estado, a sociedade se organizou e criou o PNQAI (Plano Nacional da Qualidade do Ar Interno) para conduzir o tema no país. Composto atualmente por mais de 45 organizações aderentes, tem um plano de ação baseado em iniciativas com objetivo principal de informar a população a cuidar do ar que respiram”.

Já as tecnologias desenvolvidas, não apenas cumprem as exigências mandatórias, mas também contribuem para a criação de ambientes internos mais saudáveis e sustentáveis. À medida que as regulações continuam a evoluir, espera-se que novas soluções tecnológicas surjam para atender às necessidades de saúde e bem-estar das populações.

Cozac destaca novas tecnologias como o peróxido de hidrogênio, lavadores de ar e lâmpadas UVCs. “São tecnologias que devem ser aplicadas juntamente com os tradicionais e conhecidos filtros de ar para a remoção de impurezas do ar. Sistemas de monitoramento online também tem ganhado importância, com custos mais acessíveis e produtos mais confiáveis e que atendem requisitos de normas e legislações vigentes”.

Vendas e distribuição

CLUBE CAST DO FRIO – Do Rio a São Paulo e vice-versa, muitas lições valiosas do mundo comercial sob a perspectiva do gerente Pablo Lima.

 

 

Güntner conquista novo contrato após sucesso em resfriamento de mangas no Brasil

A Güntner fechou um novo contrato para fornecer resfriadores de ar e condensadores evaporativos à Agrodan, maior produtora de mangas do Brasil. O pedido veio após o sucesso da instalação anterior, que resfria mangas na unidade de embalagem da Agrodan, em um projeto que combina inovação e sustentabilidade.

A parceria entre as duas empresas começou em 2021, quando a Agrodan procurou a Güntner para desenvolver um sistema que resfriasse as mangas em seis horas, sem causar danos às frutas e mantendo o fluxo de ar uniforme. O projeto exigia também que fosse entregue em tempo recorde, com conclusão em apenas 50 dias. A solução desenvolvida incluiu a instalação de 10 resfriadores de ar Güntner Cubic Compact e um condensador evaporativo ECOSS G3.

Com o sucesso do primeiro projeto, que ainda reduziu o consumo de energia em 25%, a Agrodan decidiu expandir sua planta de embalagem e recorreu novamente à Güntner, que fornecerá mais 10 resfriadores de ar e um novo condensador evaporativo.

“A Agrodan queria a mais recente tecnologia de resfriamento, e nós atendemos a essa necessidade”, afirmou Luciano Costa, representante técnico da Güntner no Brasil.

3º dia do Circuito dos Instaladores – Recife (PE)

Evento em São Paulo comemora o sucesso do Protocolo de Montreal

Cerimônia reuniu representantes de entidades setoriais, ONGs e empresas para celebrar os resultados da implementação do Protocolo de Montreal, tratado ambiental que tem avançado na eliminação de substâncias que destroem a camada de ozônio.

Nos dias 16 e 17 de setembro de 2024, foi realizada em São Paulo uma cerimônia para comemorar o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, destacando a implementação do Protocolo de Montreal, amplamente reconhecido como um dos tratados ambientais mais bem-sucedidos do mundo. O Protocolo, com a adesão de 198 países, visa eliminar gradualmente as substâncias que destroem a camada de ozônio (SDOs).

O evento, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(IBAMA), reuniu representantes de diversas entidades, como associações setoriais da indústria, comércio e serviços, além de universidades, ONGs, e empresas privadas. A conferência apresentou os resultados da Etapa II do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), que alcançou uma redução de 63% no consumo de substâncias produzidas até 2023. Também foram considerados os planos para a Etapa III, que resultam ainda em 2024.

Autoridades do governo federal estiveram presentes, como Érico Rial Pinto da Rocha, coordenador-geral de Mitigação e Proteção da Camada de Ozônio do MMA, que destacou o impacto positivo do Protocolo de Montreal para a preservação ambiental global. Elisa Calcaterra, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), reforçou a parceria sólida entre o PNUD e o governo brasileiro na implementação do PBH. Clovis Zapata, da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), e Marco Schiewe, da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), também participaram, sublinhando a importância da cooperação internacional no sucesso do tratado.

Várias empresas e entidades parceiras, como a ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), e escolas técnicas que participam da formação de técnicos para o setor de refrigeração, foram homenageadas por sua contribuição no cumprimento das metas do Protocolo.

No dia 17 de setembro, ocorreu o Workshop da Implementação da Emenda de Kigali, reforçando o compromisso do Brasil em adotar tecnologias com menor impacto climático.

Refrigeração garante propriedades no transporte de proteína animal

Logística do frio prolonga a vida útil da proteína animal, reduz perdas econômicas associadas ao desperdício de alimentos e preserva o produto até o consumidor.

Anualmente, o Brasil descarta cerca de 41 mil toneladas de alimentos, de acordo com o setor de Mudanças Climáticas do World Resources Institute (WRI) Brasil, o que coloca o país entre os 10 países que mais desperdiçam comida, sendo 20% representados por proteína animal e produtos lácteos. O transporte e a armazenagem corretos são apontados como fatores importantes para reverter esta situação. Assim, a refrigeração desempenha um papel fundamental na preservação das propriedades e nutrientes durante o transporte de proteína animal, como carne, peixe, frango e derivados. Manter a carne em condições adequadas de temperatura ao longo de toda a cadeia de frio é essencial para garantir a segurança alimentar, a qualidade do produto, e a conformidade com as regulamentações de saúde pública. A proteína animal é altamente perecível e propensa à deterioração se não for mantida em temperaturas adequadas e a refrigeração reduz a atividade microbiológica e enzimática, retardando a decomposição e preservando a frescura.

Soraia Putrino, gerente de Inovação da FairFeed

“As proteínas de origem animal são fontes de nutrientes (principalmente aminoácidos, minerais e vitaminas) de elevada biodisponibilidade para os humanos, alimentos importantes a serem considerados para manutenção da saúde. Após o abate dos animais, reações químicas e enzimáticas ocorrem nos produtos cárneos, reduzindo o perfil nutricional principalmente devido a oxidação da gordura, alteração do perfil proteico e de vitaminas. Adicionalmente, os nutrientes presentes nos produtos cárneos são substrato ideal para o crescimento e proliferação de microrganismos.

As reações químicas, enzimáticas e a multiplicação dos microrganismos são acelerados em temperaturas ambientais mais elevadas como de países tropicais, caso do Brasil, portanto, a higiene durante todo o processo é imprescindível para reduzir a exposição dos produtos cárneos aos microrganismos e na manutenção dos produtos em temperaturas baixas (frio como método de conservação). As temperaturas baixas retardam as reações químicas e enzimáticas, bem como a multiplicação de microrganismos”, explica Soraia Putrino, gerente de Inovação da FairFeed Soluções em Nutrição.

Eduardo Dória, diretor da BPlan Consultoria, acrescenta que a refrigeração também impede a proliferação de patógenos como a Salmonella, E. coli, e Listeria, que podem causar doenças graves se o alimento não for adequadamente conservado, além de contribuir para a retenção de vitaminas B e C, mantendo o valor nutricional do alimento.

“A refrigeração prolonga a vida útil da proteína animal, reduzindo as perdas econômicas associadas ao desperdício de alimentos e garantindo que o produto chegue ao consumidor em boas condições. Com uma vida útil prolongada, a carne pode ser transportada por longas distâncias, permitindo que produtos de alta qualidade sejam disponibilizados em mercados distantes dos locais de produção. Entre técnicas e tecnologias o ciclo da cadeia e logística frigorificada, destaco o armazenamento antes do transporte, em câmaras frigoríficas que mantêm a carne em temperaturas controladas para assegurar que ela esteja em ótimas condições quando transferida para veículos refrigerados. Caminhões e contêineres equipados com sistemas de refrigeração são fundamentais para manter a cadeia do frio durante o transporte. Eles são projetados para manter temperaturas específicas que variam de acordo com o tipo de proteína animal transportada (por exemplo, carne bovina, suína ou aves). E tecnologias como sensores de temperatura e sistemas de monitoramento remoto que garantem que a temperatura seja constantemente monitorada e ajustada conforme necessário, evitando flutuações que possam comprometer a qualidade do produto”, informa Doria.

Segundo ele, qualquer interrupção na cadeia de frio pode levar à deterioração do produto, o que representa um risco para a segurança alimentar e a qualidade nutricional.

“A refrigeração no transporte de proteína animal é fundamental para garantir a manutenção de suas propriedades, qualidade e valor nutricional. Por meio de técnicas avançadas e a manutenção rigorosa da cadeia do frio, é possível assegurar que a carne chegue ao consumidor final em perfeitas condições, preservando a segurança alimentar e os padrões de saúde pública. A inovação contínua e a busca por soluções sustentáveis na refrigeração são essenciais para enfrentar os desafios atuais e futuros da indústria”, observa Dória.

EV 500 da Thermo King, desenvolvido para caminhões 100% elétricos

Transporte frigorificado

A saudabilidade da carne é um dos pontos de maior preocupação do consumidor e dos órgãos públicos de vigilância sanitária, por isso merece atenção redobrada de todas as empresas que fazem parte da cadeia de produção da proteína animal, principalmente as empresas de transporte frigorífico. No caminho do abatedouro, passando pelo frigorífico até o varejo, um item que se destaca para garantir ao máximo a qualidade e a segurança alimentar é a refrigeração frigorífica durante o transporte.

Dar mais atenção à refrigeração durante o transporte entre empresas significa cuidar da manutenção artificial da temperatura, redução artificial da temperatura e produção de frio. Em outras palavras: é a ação de conservar a temperatura dos produtos transportados, neste caso, a proteína animal. Por isso, sua manutenção periódica – recomendada a cada 1000 horas de equipamento trabalhado – é fundamental. Assim, o transportador consegue garantir a temperatura recomendada para manutenção das propriedades do alimento transportado.

“A importância de controlar a temperatura é muito grande, pois tem como propósito primordial evitar os riscos de contaminação por microrganismos, além de manter a qualidade dos produtos. Quando o transportador não atende às necessidades de refrigeração para o transporte de carne, ele desrespeita uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em vigor desde 1984, ela dispõe sobre instruções para conservação de alimentos perecíveis nas fases de transporte”, explica Carlos Paiva, presidente da Refrigor – Paiva Refrigeração para Transporte, sediada na cidade de Anápolis (GO).

A Associação Brasileira de Logística (ABRALOG) anunciou que a frota de veículos refrigerados no Brasil cresceu 5% nos últimos três anos. Com isso, tem aumentado também as iniciativas mais verdes para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, como caminhões movidos a biometano ou com sistemas de refrigeração mais eficientes. Um dos exemplos criados para enfrentar os desafios ambientais é o EV 500, equipamento de refrigeração da Thermo King desenvolvido exclusivamente para caminhões 100% elétricos. Utilizando a energia das baterias de alta voltagem do caminhão, ele se destaca pelo controle inteligente, resfriamento mais rápido, componentes duradouros e com compressor de velocidade variável, que possibilita alto rendimento e economia de energia.

Raphael Kanzler, gerente de marketing e vendas da Thermo Star, destaca que, “Além do cuidado para a perenidade dos produtos, especialmente carnes, há também as questões legais que precisam ser observadas para o transporte destes produtos perecíveis. Por ser um grande produtor, o Brasil está cada vez mais aberto a soluções de refrigeração que promovam a durabilidade das cargas. Hoje é possível, por exemplo, transportar cargas do Sul ao Nordeste, em variações de clima em mais de 20°C num mesmo dia, sem comprometer a qualidade do produto. Para isso, são necessários uma carroceria e um equipamento de refrigeração bem dimensionados. Já alimentos manipulados como a carne, por exemplo, o órgão destaca que ‘a distribuição até a entrega ao consumo, deve ocorrer em condições de tempo e temperatura que não comprometam sua qualidade higiênico-sanitária. A temperatura do alimento preparado deve ser monitorada durante essas etapas’”, avalia especialista da Thermo Star.

 

TSA 20 da Thermo Star com capacidade de resfriamento de até +3°C

Pesquisadores da USP desenvolvem técnicas que aumentam a eficiência dos sistemas de refrigeração

Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram duas técnicas que prometem melhorar o desempenho de sistemas de refrigeração, como aparelhos de ar-condicionado, radiadores automotivos e refrigeradores. A pesquisa utilizou tubos microscópicos, conhecidos como microcanais, e testou um novo fluido refrigerante com menor impacto ambiental, conseguindo aumentar a eficiência desses sistemas.

O estudo, conduzido por Thalles Coimbra Borba Roldão, sob orientação do professor Cristiano Bigonha Tibiriçá, foi premiado como a melhor Dissertação de Mestrado no Prêmio ABCM 2023, organizado pela Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM). A estreia ocorreu em julho, no Rio de Janeiro.

Segundo Tibiriçá, o uso de microcanais permite que o fluido se mova tanto no estado líquido quanto na forma de vapor, o que resulta em uma melhoria especial no desempenho dos sistemas térmicos. “Essa técnica é fundamental para aumentar a eficiência de trocadores de calor, principalmente em situações de alto fluxo de calor e temperaturas elevadas”, explicou o professor.

O trabalho também comparou o desempenho de um novo fluido refrigerante, ecologicamente correto, com um fluido convencional que possui maior impacto ambiental. Os resultados mostraram que, além de reduzir os danos ao meio ambiente, o novo fluido apresentou um desempenho superior.

A pesquisa gerou uma das maiores bases de dados experimentais sobre o aparecimento de escoamento em microcanais, o que representa uma contribuição significativa para a comunidade científica. “Conseguimos resultados inéditos que vão ajudar a expandir o conhecimento sobre transferência de calor e escoamentos bifásicos, tanto em nível nacional quanto internacional”, concluiu Tibiriçá.

Além disso, o estudo abre caminhos para aplicações em áreas como resfriamento de reatores nucleares e resfriamento de baterias de carros elétricos, com foco em aumentar a eficiência energética e reduzir desperdícios térmicos em processos industriais.