A rede atacadista Makro investiu, recentemente, R$ 60 milhões na substituição do sistema de iluminação antigo por LED nas áreas internas e externas de todas as suas lojas no País, um projeto realizado pela EDP Brasil.
O resultado, de acordo com a companhia energética, foi uma redução de até 55% – ou 17,5 mil megawatts-hora (MWh) – no consumo de energia.
Segundo a EDP, com a economia de energia, mais de 1.431 toneladas de CO2 deixarão de ser lançadas na atmosfera anualmente, o que correspondente ao plantio de 11 mil árvores.
Além disso, haverá uma redução também nos custos de manutenção, uma vez que a durabilidade da lâmpada LED é de 50 mil horas (de 3 a 4 vezes mais que lâmpadas fluorescentes). A tecnologia ainda gera menos impacto ambiental, por não possuir mercúrio e outros componentes nocivos em sua composição.
“A EDP Brasil assumiu o compromisso de reduzir o consumo de 100 gigawatts-hora (GWh) de energia dos seus clientes até 2020 com a expansão do nosso segmento de soluções em energia, e a parceria com o Makro é mais um exemplo de como as corporações podem usufruir das nossas soluções de eficiência energética para reduzir custos e elevar sua contribuição ao meio ambiente, com baixo investimento inicial”, afirma Aldemir Spohr, diretor da EDP.
Antes da implantação, a iluminação representava, em média, 20% da conta de energia elétrica das unidades do Makro, o que deve ser diminuído para cerca de 10%. Por meio do contrato firmado entre as empresas, no modelo de success fee, a economia mensal de energia com a nova iluminação abaterá o investimento inicial.
“Além da economia no consumo de energia, o projeto de eficiência energética trouxe inúmeros benefícios, como o aumento da produtividade dos funcionários, valorização dos produtos trazendo mais conforto visual para os clientes e o compromisso sustentável de evitar desperdício e reduzir a emissão de gases poluentes”, destaca Marcos Ambrosano, presidente do Makro no País.
Segundo Daniel Marcucci, gerente de vendas da Danfoss, os supermercados brasileiros também têm investido em balcões e expositores refrigerados com porta de vidro, na troca de equipamentos antigos por mais modernos e eficientes com corrente contínua (DC), em equipamentos self-contained e na mudança do layout da loja visando o melhor aproveitamento da ventilação, a fim de reduzir o uso do ar-condicionado.
“Nos sistemas de climatização e refrigeração, os supermercados têm utilizado ferramentas de controle e de gestão, o que é fundamental para otimizar o desempenho. Além disso, os varejistas investem na troca de controles mecânicos por eletrônicos e em sistemas com fluidos refrigerantes mais eficientes e ecológicos”, ressalta.
Atualmente, os proprietários destes estabelecimentos podem ter a informação em tempo real dos detalhes de seu consumo de energia. “Com o controle e o gerenciamento sobre seus equipamentos, eles sabem o que está funcionando e podem intervir rapidamente no que não está funcionando adequadamente, fazendo uma gestão inteligente do seu patrimônio”, observa.
“Como exemplo, temos uma loja de porte grande que abre às 7h30 e a condensadora do ar condicionado só liga em torno das 10h30, pois os ventiladores do sistema de ventilação trocam o ar da loja pelo ar externo durante a noite”, diz.
“Em refrigeração, temos um caso que, com um controle eletrônico, possibilita a uma loja programar as pressões de sucção flutuantes, isto é, o sistema trabalha com mais precisão da temperatura do balcão e menos consumo de energia”, acrescenta.
Varejo mais competitivo
Reduzir gastos com energia elétrica e aumentar a eficiência dos supermercados são algumas das principais estratégias para tornar o varejo mais competitivo e, ao mesmo tempo, sustentável.
O aumento da demanda por produtos resfriados e congelados, fruto de novos hábitos do consumidor, gera maior necessidade de investimentos em equipamentos de refrigeração, o que, por sua vez, eleva o consumo de energia, cujo custo subiu significativamente nos últimos anos.
Em 2015, este insumo passou a representar a segunda maior despesa dos supermercados, ficando atrás apenas dos gastos com folha de pagamento.
Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Pedro Celso Gonçalves, a refrigeração, a climatização e a iluminação das lojas estão no centro das atenções quando o assunto é energia elétrica.
“Neste contexto, a tecnologia é aliada nestes casos, a partir de sistemas mais eficientes, gerenciáveis, adaptativos e modulares”, ressalta.
“Além da redução de consumo, destacam-se ainda as mudanças com foco na redução de custos para a operação, com o combate à energia reativa e a entrada em mercados de energia mais barata solar e até mesmo a maior atenção às modalidades de contratação no mercado cativo tradicional, de acordo com cada perfil de consumo”, completa.
O empresário ainda destaca que as mudanças no setor supermercadista acompanham a substituição do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22, um fluido refrigerante nocivo à camada de ozônio.
“De um lado, enxergamos o avanço dos motores eletrônicos e moduladores (inversores), gerenciadores e controladores, além de compressores mais eficientes. Enquanto na área de vendas, o que se nota é o fechamento dos expositores e melhor controle da temperatura e tempo dos degelos”, explica.
Outra mudança apontada pelo executivo é a ampliação da diversidade de sistemas – desde racks a equipamentos plug-ins –, sendo que cada um adapta-se a diferentes perfis de loja, trazendo resultados significativos para seu custo de operação.
De acordo com ele, a refrigeração, climatização e iluminação impactam diretamente na experiência de consumo do cliente. “O que se destaca com sistemas refrigerados mais eficientes é a qualidade e segurança dos produtos oferecidos”, afirma.
“O bom resultado pode ser medido, no âmbito da economia, pela redução de perdas e de custos com energia, que pode chegar a 20%. Desta forma, a loja aumenta a competitividade e pode ofertar melhores condições aos consumidores”, acrescenta.
“Graças à necessidade de substituição dos refrigerantes destruidores da camada de ozônio o mercado teve de buscar soluções que, por sua vez, culminaram com opções mais eficientes”, reforça Pedro Gonçalves, lembrando que o mesmo ocorre com a redução do uso de fluidos com alto potencial de aquecimento global (GWP, em inglês).
“Outros bons exemplos atuais de ações focadas no meio ambiente têm sido os cases de combate ao vazamento de gases refrigerantes e as análises químicas do grau de contaminantes nos gases dos sistemas, que demonstram alto potencial de redução de custos de manutenção e tornam estas ações mais do que viáveis”, salienta.
Em decorrência das mudanças climáticas, a redução das emissões de gases de efeito estufa tem sido pauta de grandes debates internacionais. Inclusive, já existem regulamentações na Europa e nos EUA que limitam o uso de fluidos utilizados pela indústria de refrigeração de acordo com seu GWP.
Recentemente, o Supermercado Jaú Serve, rede varejista com 35 lojas no estado de São Paulo, adotou a hidrofluorolefina (HFO) R-449A em sua nova unidade em Lençóis Paulista.
Com 7,2 mil metros quadrados de área construída, esta loja é a maior da rede na cidade e conta com mais de 13 mil produtos, distribuídos nas seções de mercearia, carnes, frios e laticínios, hortifruti, adega, padaria, confeitaria, pizzaria, rotisseria, restaurante, lanchonete e floricultura.
“A utilização deste novo fluido refrigerante é vantajosa tanto do ponto de vista energético quanto operacional, pois o ele pode ser aplicado sem necessidade de adaptações em projetos originalmente desenhados para operar com o hidrofluorcarbono (HFC) R-404A, uma substância de alto GWP”, explica o diretor de operações do varejista, Odirlei Salustiano.
De acordo com a Chemours (ex-DuPont Refrigerantes), o R-449 tem um GWP 67% menor que o do R-404A e também pode ser usado na substituição do R-22.
A instalação de sistemas de recuperação de calor para o aquecimento de água, por exemplo, é outra tendência nos supermercados, pois eles também ajudam a reduzir o consumo global de eletricidade.
Além de diminuir a conta de energia, acredita-se que, no futuro, graças a esses sistemas, os estabelecimentos passarão a ser fornecedores de energia, e não mais meros consumidores.
Qualidade garantida
Segundo o gerente de engenharia de aplicação da Full Gauge Controls, Anderson Machado, a adoção de equipamentos como válvulas de expansão eletrônica, gases refrigerantes mais eficientes e softwares supervisórios também ajuda a aumentar a vida útil das instalações frigoríficas.
“Hoje, softwares supervisórios como o Sitrad permitem que o supermercadista tenha acesso à performance de todos os equipamentos de sua loja usando apenas um celular ou tablet conectado à internet”, ressalta.
“O sistema ainda alerta os técnicos responsáveis de alguma anomalia que possa surgir. Então, além de ter uma redução de custos com energia elétrica e de quebra de equipamentos, ter o controle total das instalações na palma da mão proporciona agilidade e tranquilidade aos gestores, garantindo a qualidade do que é oferecido aos clientes”, diz.
Um exemplo disso é o caso do Grupo Mig, rede catarinense de supermercados que investiu, há cerca de seis anos, no Sitrad para fazer o gerenciamento remoto das instalações em suas sete lojas e também no centro de distribuição, no qual o sistema da Full Gauge é responsável pelo controle das câmaras frias.
“Certa vez, o cliente relatou que durante a noite ocorreu a queima de uma bobina solenoide em uma ilha de congelados que armazenava peixes. A oscilação na eletricidade fez com que a ferramenta enviasse um alarme para a equipe técnica, que se deslocou imediatamente até o supermercado. O equipamento continha mais de R$ 10 mil em mercadorias, porém nada se perdeu, graças ao aviso do software, que permitiu uma resposta imediata dos técnicos”, exemplifica.
De acordo com o gestor, as possibilidades de redução no consumo energético no setor supermercadista ainda dependem de melhores práticas.
Por isso, prossegue Machado, é preciso manter a temperatura e a pressão dos sistemas de refrigeração reguladas, assim como o degelo ajustado e os drenos desobstruídos, garantir exposição e armazenagem adequadas, monitorar a quantidade correta de produtos por equipamento e deixar as máquinas sempre fora da corrente de vento, sem luz solar direta e com a limpeza em dia.
“A modernização destas instalações é outra aliada muito importante, que pode garantir uma redução considerável do consumo de energia”, arremata.