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Vazamentos de fluidos refrigerantes na mira do setor

Perda desses insumos drena recursos consideráveis, prejudica o meio ambiente e expõe as pessoas a acidentes. Detectores usam tecnologia capaz de encontrar escapes imperceptíveis.

Responsáveis por gerar prejuízos de milhões de reais anualmente a donos de aparelhos de ar condicionado, refrigeradores e freezers domésticos, comerciais e industriais, os vazamentos de fluidos refrigerantes continuam sendo um poderoso gargalo da cadeia produtiva do frio.

A perda do insumo, muitas vezes imperceptível, pode acontecer por várias causas externas e internas, desde instalações malfeitas, realizadas sem obedecer aos parâmetros estabelecidos pelos fabricantes, até o uso de ferramentas inadequadas ou de forma incorreta.

Há também a ocorrência de processos de desgaste de materiais, por exposição ao clima, além de danos provocados por choques físicos nos equipamentos, tensão térmica ou ambiental e até mesmo pela natural vibração de componentes durante o funcionamento. As conexões mecânicas são identificadas como as mais críticas.

Anualmente, 80% das importações brasileiras de R-22, um refrigerante clorado amplamente utilizado nos supermercados, destinam-se ao mercado de reposição. Além dos prejuízos financeiros, os vazamentos contribuem para prejudicar o meio ambiente e acabam expondo técnicos e consumidores a acidentes, no caso de manipulação de refrigerantes tóxicos ou inflamáveis.

No Brasil, o mercado segue diretrizes da NBR 16186:2013 – Refrigeração comercial, detecção de vazamentos, contenção de fluido frigorífico, manutenção e reparos. A norma estabelece os requisitos mínimos e os procedimentos para redução da emissão de gases refrigerantes em equipamentos e instalações de refrigeração comercial.

De acordo com estimativas de especialistas do setor de refrigeração no Brasil, 60% dos vazamentos são causados pela má qualidade técnica nos serviços de manutenção, pela ausência de normas para a prática desta atividade, além da falta de conscientização ambiental. Os outros 40% dos vazamentos em sistemas frigoríficos devem-se à má qualidade do equipamento de refrigeração.

Vários são os métodos diretos recomendados para a detecção de vazamentos, conforme enumera o Guia de Boas Práticas e Controle de Vazamento, criado em 2015 para o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, em alemão) e com o apoio da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Um dos processos mais simples, porém, efetivo, é o teste de espuma de sabão com pressão do fluido frigorífico. Algumas marcas podem ser fornecidas com um pincel aplicador ou uma bola absorvente de algodão ligada a um fio rígido no interior de uma tampa. Há também similares com um aplicador spray.

De baixo custo, rápido e confiável, o detector de vazamento hálide (lamparina) pode ser utilizado apenas para detectar fluidos frigoríficos clorados e vazamentos de até 150 gramas por ano. A lamparina funciona segundo o princípio de que o ar é arrastado ao longo de um elemento de cobre aquecido por um combustível de hidrocarboneto. Se o vapor do fluido frigorífico halogenado estiver presente, a chama muda da cor azul para verde.

Habitualmente usado em sistemas de ar condicionado automotivo, o método de contrastes ultravioletas de detecção de vazamentos funciona quando uma substância fluorescente ou colorida é inserida no sistema e se desloca com o lubrificante através dos componentes do circuito. A mancha de vazamento é indicada pelo escape de fluido frigorífico.

Baseado na tecnologia TCD, o detector de gás eletrônico geralmente é usado para rapidamente encontrar a área de vazamento de um sistema. O método é sensível a faixas de vazamento diminutas, a partir de três gramas por ano. O detector usa uma sonda que cria uma emissão elétrica na presença de um fluido refrigerante. O sinal elétrico, por sua vez, é convertido em sinal visual ou sonoro.

Capaz de encontrar vazamentos de pequena proporção – com uma taxa menor do que um grama por ano –, a detecção com o uso de gás marcador é um método muito confiável que permite aos técnicos a realização de testes em um sistema com baixa pressão.

Os técnicos podem trabalhar, em busca de vazamentos de fluidos, com detectores ultrassônicos ou infravermelhos, que pela grande diversidade de funções, têm preços variando de R$ 150 a R$ 5 mil (para uso em campo), podendo chegar a R$ 50 mil, no caso dos robustos dispositivos industriais.

Os aparelhos ultrassônicos detectam vazamentos de vapores ou gases em locais onde essas substâncias não podem ser visualizadas ou detectadas pela audição ou olfato. Geralmente são utilizados em aplicações industriais, para detectar vazamentos em componentes de grandes dimensões, podendo inclusive ser usados, com segurança, em operações com gases tóxicos ou inflamáveis.

Conforme o Guia de Boas Práticas, do MMA, o aparelho ultrassônico pode detectar as vibrações criadas no ar por minúsculos vazamentos de gás ou vapor sob pressão, e transformá-los em um som audível ou alarme que pode ser facilmente detectado pelo operador do detector.

Já os equipamentos infravermelhos, segundo a publicação, têm uma superfície de detecção ótica por onde o fluido, que absorve a radiação IV (infravermelha), passa. Assim, quando essa passagem é detectada, soa um alarme, que depende da quantidade de radiação absorvida. A tecnologia é muito precisa e menos sujeita à contaminação.

 

Perda de rendimento

“Usando os equipamentos splits como exemplo, o primeiro sintoma relacionado ao vazamento de fluido no sistema de refrigeração é a perda de rendimento e capacidade frigorífica por conta da redução da massa de refrigerante circulando na tubulação. Com a queda de pressão na sucção, ocorre também a diminuição indesejada da temperatura de evaporação do fluido, ocasionando, em algumas situações, a formação de gelo na serpentina do evaporador”, explica o consultor comercial Samuel Gonçalves, da Elitech Brasil.

Segundo ele, na pior das hipóteses, além da falta de rendimento, pode também ocorrer danos ao compressor, pois o fluido refrigerante também é responsável pelo resfriamento do motor. “Normalmente, os vazamentos ocorrem em pontos de conexões e soldas na tubulação. Em splits, são mais frequentes nas porcas flange por conta de má execução do flange nos tubos de cobre ou do aperto insuficiente da porca”, descreve o consultor.

A Elitech tem apostado muito nos detectores de vazamento de fluido refrigerante com sensor do tipo infravermelho. Nessa categoria, a empresa oferece os modelos ILD200 e o InframateD, equipamentos bem-sucedidos no mercado do frio. Falando especificamente da tecnologia presente nos dois modelos, o teste é feito usando o método de espectroscopia óptica, que analisa a presença de compostos halogenados no ar baseado na frequência eletromagnética que as moléculas absorvem da luz.

“Uma instalação bem-feita deve passar por teste de estanqueidade com nitrogênio e por estabilização do vácuo, pois por meio desses dois processos é possível identificar vazamentos”, complementa Gonçalves.

Atualmente, a empresa oferece os manifolds digitais MS2000 e MS4000 e as bombas de vácuo inteligentes série V1200, que permitem realizar esse acompanhamento, inclusive com conectividade bluetooth nos smartphones com o app Elitech Tools. “Com ele, pode-se até gerar um relatório do tipo laudo técnico para comprovar a realização do serviço ao cliente”, pondera.

A Elitech possui detectores para três tipos de aplicação – halogenados – CFC, HCFC, HFC, HFO e SF6 (todos que têm cloro ou flúor); hidrocarbonetos – HCs propano (R290) e isobutano (R600a); e CO2 (R744).

O gerente de marketing da Testo do Brasil, Victor Brogin, entende que os principais pontos de atenção nos sistemas de refrigeração e ar condicionado são as válvulas de serviços e conexões, principalmente as do tipo schrader.

“Os fluidos são classificados por toxicidade e inflamabilidade, e durante um vazamento, o contato direto com pessoas pode causar sérios danos à saúde, como queimaduras e lesões graves na pele. Além disso, há o risco de explosões, dependendo da concentração do fluido que escapou para o ambiente”, argumenta.

Especializada na produção e distribuição de instrumentos e sistemas de medição, a companhia, que comercializa manifolds digitais e vacuômetros, informa que ainda neste ano lançará novos aparelhos de medição de fluidos refrigerantes. Em seu portfólio, conta com a família de instrumentos Testo 316, composta por três modelos de detectores de vazamentos, com sensores capazes de identificar as fugas mais discretas dos fluidos mais variados.

“Nossos detectores funcionam com um sensor de diodo aquecido, que aquece o fluido após a fuga do sistema e quebra as suas moléculas. Ao serem quebradas, um cloro carregado positivamente (ou íon flúor) aparece, já que a maioria dos refrigerantes contém estas duas substâncias. O sensor detecta as substâncias e o instrumento soa um alarme ao profissional, indicando o vazamento”, explica Brogin.

Reconhecida pela inovação trazida pelo seu famoso alicate Lokring, a alemã Vulkan também tem se preocupado com os vazamentos de fluidos, conforme relata o vendedor técnico Paulo Vitor Dalla Torre.

“Os principais problemas ocorrem em locais de difícil acesso para a instalação ou a correção do equipamento. O mesmo acontece com os flanges, em novas instalações em que as tubulações ficam em forros ou em lugares com grandes riscos de incêndio. Os vazamentos são muito recorrentes por existir a dificuldade de acesso com o maçarico, e com o Sistema Lokring esta dificuldade deixa de existir, pois o nosso sistema oferece segurança e abrangência de instalação ou correção em ambientes confinados”, detalha.

A Vulkan oferece ao mercado o detector de vazamento TLD-500, que consegue detectar microvazamentos de até três gramas por ano. Segundo a fabricante, seu grande diferencial é a mistura de 95% de nitrogênio e 5% de hidrogênio injetadas nas linhas frigorígenas, fazendo com que o técnico descubra o vazamento sem ter que desmontar o equipamento.

“Vazamentos são sempre prejudiciais para o meio ambiente, e acompanhando a movimentação dos grandes fabricantes, é possível enxergar a preocupação com essa responsabilidade, seja com a adoção de selos ecológicos, ou de boas práticas de refrigeração, como a importância de se utilizar ferramentas apropriadas para o recolhimento e a correção do equipamento. Afinal, com tantas informações hoje disponíveis, é inadmissível que isso ainda aconteça em nosso segmento”, complementa Dalla Torre.

A origem do problema

Vazamentos de fluidos refrigerantes são causados pelo desgaste inevitável em um sistema de refrigeração, bem como por um projeto inadequado e falta de boas práticas de instalação e manutenção, tais como:

Técnicas de brasagem deficientes – Vazamentos podem resultar de técnicas de brasagem inadequadas, como limpeza inadequada da junta antes da brasagem, uso da liga de brasagem errada e falha no aquecimento da junta uniformemente ou na temperatura adequada antes de por liga de brasagem na junta.

 Conexões mal apertadas – Vazamentos ocorrem em conexões rosqueadas e alargadas quando não são apertadas o suficiente ou quando são apertadas demais e racham.

 Falta de tampas e vedações nas válvulas – Para reduzir vazamentos através de hastes de válvulas e núcleos Schrader, todas as hastes de válvulas projetadas para serem tampadas e todas as válvulas Schrader de acesso devem ter as tampas adequadas no lugar.

 Material incompatível com óleo ou refrigerante – As vedações expostas a refrigerantes HCFCs incham a uma taxa diferente das vedações expostas a refrigerantes HFCs. Se um sistema estiver sendo convertido (retrofit) de um refrigerante HCFC para um refrigerante HFC, especialmente se for necessário mudar o óleo de um óleo mineral para um óleo poliolester (POE), as gaxetas ou vedações no sistema podem precisar ser substituídas.

 Vibração – A maioria das vibrações em sistemas de refrigeração ocorre nas linhas de descarga do compressor ou perto delas e são causadas por pulsações de gás. Se graves, as vibrações da linha de descarga podem resultar em linhas ou conexões quebradas.

 Expansão e contração térmica – Os sistemas de refrigeração alteram a temperatura, resultando em expansão e contração da tubulação de refrigeração e componentes associados. Se uma linha for impedida de se expandir livremente, as forças de tensão térmica no tubo podem fazer com que ele quebre os encaixes nos pontos de suporte.

 Corrosão – As serpentinas de cobre do evaporador em contato com ácidos alimentícios, como vinagre, podem corroer com o tempo e desenvolver microvazamentos. Vazamentos causados por corrosão também podem ocorrer em componentes do rack do compressor pela formação de condensação ou gotejamento nos componentes metálicos do rack. Materiais de limpeza incompatíveis ou usados incorretamente também causam corrosão. Os técnicos devem usar apenas agentes de limpeza compatíveis com os componentes de refrigeração, especialmente os evaporadores e a tubulação associada

 Contato metal-metal da tubulação – Tubulação de cobre em contato direto com outra tubulação ou suportes de aço mais duros ou concreto pode criar vazamentos.

 Suporte inadequado da tubulação – A tubulação de cobre com suporte inadequado cederá entre os suportes ou em curvas de 90 graus, criando estresse indesejado. Esse estresse pode levar a linhas quebradas ou acessórios, eventualmente causando vazamentos.

Ar-condicionado com água do mar pode economizar energia no Egito

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) está trabalhando em um estudo de viabilidade para um sistema de ar condicionado de água do mar na cidade de El Alamein, na costa norte do Egito.

Em um país onde as temperaturas das cidades podem chegar a 40 ºC de maio a setembro, estima-se que 50% da energia elétrica vá para o ar condicionado durante os meses de pico do verão.

El Alamein está em construção na costa do Mediterrâneo, a aproximadamente 85 km a oeste do Aeroporto Internacional Borg El Arab. A cidade tem seu próprio palácio presidencial e prédio ministerial, três universidades, quinze arranha-céus e torres altas e 10 mil quartos de hotel. O trabalho começou na Fase II do megaprojeto New Alamein, que inclui dez torres costeiras adicionais.

O projeto pretende usar água fria das profundezas do Mediterrâneo e consiste, inicialmente, em uma usina de refrigeração distrital a ser construída em dois anos. Sua capacidade de 30 mil TR é suficiente para resfriar bairros inteiros e custaria cerca de US$ 117 milhões na construção de instalações de produção e mais US$ 20-25 milhões para a rede de distribuição.

O estudo de viabilidade deve avaliar se o potencial de resfriamento distrital em El Alamein seria financeira e tecnicamente viável, permitindo a redução de uso de HFCs.

O estudo foi iniciado por meio do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, e o Pnuma apoiou o desenvolvimento de uma estrutura institucional.

No Egito, a equipe OzonAction do Pnuma também está apoiando o desenvolvimento, atualização, promulgação e aplicação de códigos nacionais especializados para ares-condicionados, resfriamento distrital e gestão de fluidos de refrigerantes, bem como processos de compras verdes.

A Cool Coalition, liderada pelo Pnuma, está ajudando cidades na Índia, Vietnã e Camboja a desenvolver estratégias de ecológicas de refrigeração. Também está apoiando a construção de redes de freezers que podem armazenar desde produtos agrícolas até vacinas contra o covid-19.

Klea 456A, o novo refrigerante automotivo da Koura

O fabricante de refrigerantes Koura está introduzindo no mercado europeu o Klea 456A, uma mistura atóxica e não inflamável (A1) à base de hidrofluorolefina (HFO) desenvolvida para substituir o hidrofluorcarbono (HFC) R-134a em sistemas de ar condicionado automotivo existentes.

Segundo a indústria mexicana, um dos grandes diferenciais competitivos do produto é seu potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) de 626, uma redução de 46% em relação ao R-134a.

O novo fluorquímico também apresenta desempenho semelhante ao do R-134a, conforme destaca a empresa.

“O refrigerante Klea 456A representa um avanço no segmento de reposição automotiva e estamos muito satisfeitos por trabalhar com a Koura para ajudar a trazer esse produto ao nosso mercado”, declarou Stefano Menghel, gerente de produto da Texa, fabricante italiano de estações de recarga gás.

Redução progressiva de HFCs avança na Europa

O relatório sobre a produção e consumo de gases de efeito estufa fluorados (f-gases) na Europa, notadamente os hidrofluorcarbonos (HFCs), mostra que o consumo dessas substâncias aumento 7% em 2020, em comparação com 2019.

No entanto, os dados gerais do documento revelam que, no ano passado, o fornecimento de HFCs ao mercado europeu ficou 52% abaixo do máximo imposto pela Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.

“Os números mostram que as empresas estão migrando para alternativas com menor potencial de aquecimento global [GWP, na sigla em inglês]”, afirma Nick Campbell, presidente do Comitê Técnico Europeu para Fluorocarbonos (EFCTC).

Segundo o EFCTC, essa boa notícia “demonstra os progressos realizados no âmbito do programa [de redução de HFCs] da UE e destaca também a revisão em curso do regulamento acerca dos gases fluorados”.

EUA vão cortar consumo de HFCs

A administração Biden anunciou na quinta-feira (23) que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) lançará um conjunto de regras para reduzir gradualmente os hidrofluorcarbonos (HFCs) em 85% nos próximos 15 anos. As medidas legais anunciadas se baseiam no amplo apoio de democratas e republicanos, líderes da indústria e organizações ambientais, todos os quais apoiaram a Lei de Inovação e Fabricação (AIM) aprovada no ano passado.

Os EUA também estão tomando medidas para prevenir o comércio ilegal, apoiar o desenvolvimento de substâncias alternativas aos HFCs e promover a reciclagem e regeneração dos estoques existentes. Todas essas ações alinham os EUA com a Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal.

Conforme determinado na AIM, o país reduzirá a produção e o consumo de HFCs em 85% abaixo dos níveis de linha de base nos próximos 15 anos. O conjunto de regras proposto pela EPA estabelece um esquema de alocação de permissões e um programa de comércio para reduzir os HFCs e cria um sistema robusto de conformidade e fiscalização.

Além disso, a EPA diz que está atualmente analisando mais de uma dezena de petições para restringir o uso de HFCs em uma ampla gama de aplicações.

Combate ao contrabando

A fim de evitar os problemas vividos na Europa, os EUA estão criando uma força-tarefa interagências sobre o comércio ilegal de HFCs liderada pelo Departamento de Segurança Interna e a EPA. Um comunicado da Casa Branca diz que “o comércio ilegal de HFCs representa um risco fundamental para o clima e os objetivos econômicos da América”.

“Se os Estados Unidos vissem taxas de não conformidade semelhantes às observadas em outros países, o resultado poderia ser de até 43-90 milhões de toneladas métricas de emissões adicionais de dióxido de carbono equivalente em um único ano, o que é aproximadamente igual às emissões anuais de 22 usinas movidas a carvão”, diz o comunicado, ressaltando que “esse alto nível de não conformidade colocaria as empresas dos EUA em desvantagem competitiva e desencorajaria a inovação me matéria de alternativas aos HFCs”.

“Em parceria com os departamentos de Justiça, Estado e Defesa, essas agências executarão uma estratégia para detectar, impedir e interromper qualquer tentativa de importação ou produção ilegal de HFCs nos Estados Unidos. Isso incluirá o estabelecimento de um sistema de identificação de certificação para rastrear o trânsito de HFCs, estabelecendo consequências administrativas e a aplicação de violações civis e criminais da lei.”

Por que o preço do fluido refrigerante disparou?

O mercado mundial de fluidos refrigerantes está passando por um momento de alta instabilidade no que tange ao abastecimento. A China, maior produtora mundial dessa commodity, enfrenta a escassez de matérias-primas em diversos segmentos.

Aliado a isso, questões de saúde pública, por conta da covid-19, e de logística têm causado atrasos e aumentos no custo de transporte, segundo empresas da área de refrigeração e ar condicionado.

Dentro de todo esse contexto, os preços dos produtos, dispararam nos últimos dias e seguem aumentando. A alta do dólar também influencia o preço dos fluorquímicos.

Segundo o diretor de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Paulo Neulaender, diversos fatores têm pressionado os preços dos fluidos refrigerantes.

“Em meio a crise sanitária, o Brasil diminuiu suas importações em 2020, usando muito o estoque local”, explica o especialista. “O mercado voltou a se aquecer a partir de junho, e isso fez aumentar o consumo dos fluidos refrigerantes”, acrescenta.

Para piorar a situação, o frete marítimo internacional subiu mais de 500% nos últimos 15 meses. A demora dos EUA em aderir a Emenda de Kigali, pacto climático que visa reduzir a produção e o consumo de HFCs, também pressiona os preços desses compostos.

“Os EUA vêm comprando fluidos refrigerante da China para aumentar seu estoque local. Para os chineses, compensa mais vender para os clientes de lá do que para os brasileiros, pois os norte-americanos pagam melhor”, diz.

“Devemos continuar sofrendo com esta questão dos fluidos refrigerantes até janeiro do ano que vem. E não somente em relação a fluidos. Também estamos percebendo falta de outros insumos para a manutenção do setor de HVAC-R”, ressalta.

Síria ratifica a emenda Kigali

A República Árabe Síria se tornou o quarto país do Oriente Médio a ratificar a emenda de Kigali para reduzir os refrigerantes HFC.

Juntando-se aos vizinhos Chipre, Jordânia e Líbano, a Síria se compromete a cortar a produção e o consumo de HFCs em mais de 80% nos próximos 30 anos.

Ar-condicionado e refrigeradores eficientes podem cortar 460 bilhões de emissões de CO2

Um relatório sobre emissões de dióxido de carbono, gases que causam o efeito estufa, sugere que o equivalente a oito anos de produção de CO2 na atmosfera poderiam ser eliminados apenas com a utilização de aparelhos de refrigeração eficientes.

O documento, compilado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Agência Internacional de Energia (AIE) revela que 460 bilhões de emissões de CO2 podem ser anuladas por ares-condicionados e refrigeradores econômicos.

Especialistas acreditam que a redução poderia ocorrer nas próximas quatro décadas com a fabricação de aparelhos duas vezes mais eficientes que os padrões atuais.

A mudança levaria a uma economia de cerca de US$ 2,9 trilhões até 2050. O número equivale à quantidade de eletricidade de todas as usinas de carvão na China e na Índia.

O Pnuma diz que a iniciativa pode ainda ajudar a limitar o aumento global da temperatura em 1.5 grau Celsius, o que é fundamental para minimizar os impactos desastrosos da mudança climática.

A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, disse que as nações também podem abraçar a mudança à medida que se recuperam das consequências econômicas da covid-19.

Pandemia

Para ela, os países têm agora uma oportunidade de usar os recursos de forma inteligente para reduzir a mudança climática, proteger a natureza e eliminar riscos de uma nova pandemia.

O documento ressalta que muitos países já têm várias opções a seu dispor para fazer a conversão para matrizes limpas de energia.

Os signatários da emenda de Kigali no Protocolo de Montreal sobre Substâncias Nocivas à Camada de Ozônio concordaram em reduzir o uso de hidrofluorcarbonos (HFCs).

Além disso, os planos de ação nacionais podem acelerar a transição para refrigerações sustentáveis através de chances e formas de cumprimento do Acordo de Paris de combate à mudança climática.

Ministério do Meio Ambiente divulga estudo de caso sobre retrofit do R-22

O relatório técnico do Terceiro Projeto Demonstrativo de Melhor Contenção de HCFC-22 em Supermercados, criado no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), já está disponível para download gratuito.

O relatório traz resultados significativos de ganhos sociais, ambientais e econômicos, obtidos durante estudo de caso realizado no supermercado Angeloni, localizado na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, por cerca de dois anos.

No estudo são detalhados todos os procedimentos para a troca do antigo sistema de refrigeração comercial da loja, com fluido refrigerante HCFC-22, pelo atual sistema subcrítico de dióxido de carbono (CO₂) em cascata com o HFC-134a.

 “Este estudo é resultado de um trabalho muito complexo, porque a instalação de um sistema de refrigeração que originalmente foi projetado e dimensionado para uma outra loja foi um desafio, mas conseguimos alcançar plenamente o objetivo graças ao apoio dos nossos parceiros: o Grupo Angeloni, a Eletrofrio e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras)”, diz Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de projetos da GIZ-Proklima no Brasil, responsável pelas ações do Projeto paro o Setor de Serviços do PBH, coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

“Nesta empreitada, contamos também com o conhecimento de consultores técnicos com experiência internacional, como por exemplo o próprio autor do relatório, o engenheiro Miquel Pitarch.  Devido a esse esforço conjunto,  os varejistas e suas equipes técnicas têm agora acesso a um estudo inédito no País, que traz informações valiosas e bem embasadas para poderem optar por fluidos refrigerantes alternativos de baixo GWP, como por exemplo os fluidos naturais, na futura troca de seus sistemas de refrigeração”, explica

Os ganhos demonstrados ressaltam a relevância do tema. O Projeto foi criado com objetivo de promover conhecimento técnico aos supermercadistas, tendo em vista que o HCFC-22, fluido refrigerante mais utilizado na refrigeração comercial no Brasil, deve ter seu uso eliminado até 2040, seguindo os cronogramas estabelecidos pelo Protocolo de Montreal  — para 2025 está prevista redução das importações de HCFC em 67,5%.

Cumprindo esse objetivo, o estudo de caso destaca ações para redução dos vazamentos de fluidos refrigerantes para a atmosfera, por meio da aplicação das boas práticas durante a instalação, operação, reparo e manutenção de equipamentos de refrigeração e ar condicionado.

“É um estudo muito importante, que vale a pena ser conferido por outros supermercadistas, que ainda utilizam o R-22. Estimo que mais de 85% dos supermercados brasileiros ainda utilizam R-22, que vai ser eliminado, e, portanto, esses varejistas precisam de alternativas, como a demonstrada no estudo. Os resultados alcançados são muito relevantes”, afirma Rogério Marson Rodrigues, gerente de engenharia da Eletrofrio.

A publicação deste terceiro estudo completa o escopo do Projeto Demonstrativo de Melhor Contenção de HCFC-22 em Supermercado. Destaca-se que nos dois primeiros estudos do Projeto publicados (Yamada Nazaré, em Belém, e Hortifruti do Campo, em São Paulo) foram realizadas intervenções completas (incluindo troca de peças e equipamentos) para redução dos vazamentos de HCFC- 22, sem troca de fluido refrigerante.

Portanto, totalizam três publicações técnicas de estudos de caso, totalmente gratuitas, à disposição dos varejistas brasileiros (empresários e profissionais da área de refrigeração comercial) que procuram estratégias para redução de vazamentos de fluidos refrigerantes e/ou opções para substituição do HCFC-22.

Confira o relatório técnico sobre a mudança de sistemas no Angeloni. Baixe o pdf em: http://www.boaspraticasrefrigeracao.com.br/publicacoes

Chemours lança Freon 410A em cilindro de 650 gramas

A Chemours, indústria global líder em produtos fluorados, tecnologias de titânio e soluções químicas, está introduzindo no mercado latino-americano o fluido refrigerante Freon 410A em cilindro descartável de 650 gramas e com válvula de segurança para evitar acidentes.

Segundo o engenheiro mecânico Carlos Augusto Ribeiro, líder de vendas de fluorquímicos da subsidiária brasileira, o produto já está disponível em toda a rede de distribuidores da marca no Brasil, Argentina e México.

“A nova embalagem do Freon 410A foi criada para ampliar nosso portfólio voltado ao mercado de reposição e atender os refrigeristas que não precisam da quantidade integral das tradicionais botijas de 11,35 quilos, ou ainda para facilitar o transporte e manuseio do fluido refrigerante durante serviços de manutenção e instalação de sistemas de climatização residencial e comercial”, explica o gestor.

A substância, classificada como atóxica e não inflamável (A1) pela Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (ASHRAE, na sigla em inglês), é uma mistura binária composta pelos hidrofluorcarbonos (HFCs) R-125 (50%) e R-32 (50%), desenvolvida para substituir hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 em novos equipamentos de média e alta temperatura de evaporação, projetados exclusivamente para trabalhar com o R-410A, principalmente condicionadores de ar.

Os sistemas de ar condicionado e as bombas de calor que operam com o Freon 410A possuem desempenho até 45% superior aos similares que utilizam o R-22, fluido refrigerante que está sendo banido do mercado mundial pelo Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, tratado  internacional estabelecido em 1987.

De acordo com a área técnica da Chemours, o Freon 410A é compatível apenas com lubrificantes à base de poliol éster (POE) e apresenta pressão e capacidade de refrigeração significativamente mais altas que as do R-22. Por essa razão, seu uso não é recomendado para substituição do fluido refrigerante R-22 em sistemas existentes.

“O lançamento do Freon 410A em cilindro menor explicita, mais uma vez, nosso compromisso de longa data com os profissionais de refrigeração e ar condicionado. Afinal de contas, somos líderes em inovação nessa indústria há 90 anos”, diz Carlos Ribeiro, ao salientar que o produto está sendo lançado, primeiramente, na América Latina.

“Trazer essa inovação para cá fortalece a atuação da nossa marca na região como um todo e mostra, mais uma vez, que estamos sempre atentos às demandas dos nossos clientes”, acrescenta.