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Atacarejo acelera investimentos em sistemas de refrigeração e climatização inteligentes

Em forte expansão, segmento responsável pela comercialização de 40% dos alimentos no País aposta em equipamentos mais compactos e modulares, buscando otimização de espaços, aumento de eficiência energética, menores níveis de ruído e vibração e integração de sistemas remotos de monitoramento e controle.

O mercado de atacarejo tem experimentado uma evolução notável nos últimos anos, impulsionado principalmente pela crescente demanda de micro e pequenos negócios. O bolo é enorme e tem capacidade para receber ainda mais fermento nos próximos anos, incluindo investimentos em novas unidades e na remodelação da infraestrutura das já existentes.

Ranking divulgado em abril pela Associação Brasileira dos Atacarejos (Abaas) mostrou que, em 2022, as 20 maiores empresas desse mercado movimentaram, juntas, R$ 239 bilhões. Somente os líderes Atacadão e Assaí responderam por mais da metade dessa cifra, com R$ 74,473 bilhões e R$ 59,7 bilhões, respectivamente.

De olho nesses números e nas projeções futuras, o HVAC-R naturalmente também vem adotando mudanças significativas de estratégia para fornecer soluções em refrigeração e climatização mais compactas e eficientes para esses estabelecimentos, afinal, são mais de duas mil lojas em todo Brasil, as quais atualmente respondem por 40% dos alimentos vendidos no País, segundo a consultoria McKinsey.

Especialistas do mercado ouvidos pela Revista do Frio entendem que, atualmente, as principais tendências em refrigeração e climatização no varejo de alimentos são relacionadas à compactação e modularização dos equipamentos e ao aumento da sua eficiência energética, à conversão para fluidos refrigerantes mais sustentáveis, à busca por menores níveis de ruído e vibração e à integração dos sistemas remotos de monitoramento e controle.

Nesse contexto, um dos principais benefícios trazidos pelas novas instalações nos atacarejos é a ênfase na eficiência energética, acompanhando uma tendência mundial, visto que os gastos com energia cada vez se elevam mais, assim como a conscientização ambiental de consumidores e empresas. A busca por soluções que reduzam o consumo de eletricidade e água e os custos operacionais dos estabelecimentos perdurarão por tempo indeterminado.

No que diz respeito aos sistemas de exaustão, ventilação, refrigeração e climatização, os equipamentos mais compactos e eficientes estão desempenhando um papel fundamental. Tecnologias avançadas de refrigeração para câmaras frias, por exemplo, permitem não somente o rápido resfriamento dos espaços, mas a sustentação de uma temperatura confortável para os funcionários.

Além disso, diversificados sistemas de exaustão e ventilação estão sendo projetados de forma a maximizar a circulação de ar fresco, contribuindo para um ambiente interno saudável e livre de poluentes. Em outra ponta, a introdução de processos de recuperação de calor também permite o reaproveitamento da energia térmica, proporcionando economia adicional de energia.

Outra tendência significativa nas novas instalações dos atacarejos é a procura pela otimização dos espaços internos. Com as lojas ficando cada vez maiores para acomodar uma grande variedade de produtos, especialistas no tema argumentam ser essencial utilizar o ambiente de forma eficiente.

Como os sistemas HVAC-R tradicionais sempre ocuparam muito espaço, a indústria tem investido em uma nova geração de equipamentos projetada para se adaptar a locais reduzidos sem comprometer o desempenho.

A otimização do espaço ainda inclui a redução do nível de ruído gerado por hélices, motores e compressores, evitando desconforto e distrações e proporcionando um ambiente de compra mais agradável para os clientes.

 

Indústria em expansão

O cenário favorável ao crescimento do mercado de atacarejos no Brasil deixa o HVAC-R otimista e confiante, caso da Danfoss, indústria que conta com clientes como Carrefour, Assaí e Grupo Pão de Açúcar e fornece a essas companhias unidades condensadoras para uso interno ou externo, racks e chillers compactos, destacando-se ainda o chamado one-stop-shop (balcão único de vendas).

Para esses sistemas, busca-se constantemente o emprego das tendências tecnológicas, com incrementos de produtos e soluções que aumentam a eficiência como um todo, como os trocadores de calor microcanal. ‘‘Eles proporcionam maior robustez aos equipamentos, menos uso de refrigerante e melhor eficiência energética”, afirma Leandro da Silva, vendedor externo da multinacional.

“Mais e mais o atacarejo brasileiro tem conhecimento dos resultados dessas novas tecnologias e vem solicitando aos fabricantes o uso de tais recursos para melhorar a eficiência e reduzir os custos operacionais’’, emenda.

A inovação também é um importante trunfo da Eletrofrio, que aposta no HighPack, componente voltado para o resfriamento de glicol, aparecendo como um dos mais vendidos no mercado da refrigeração comercial brasileira.

‘‘A solução alia as vantagens da simplicidade, do baixo custo e da segurança operacional, além da baixa carga de refrigerante. Sistemas com HighPack proporcionam redução de mais de 90% da carga de gás quando comparados a sistemas de expansão direta para projetos com a mesma capacidade de refrigeração’’, detalha o gerente de engenharia do fabricante, Rogério Marson Rodrigues.

O executivo da Eletrofrio enfatiza que, no contexto do segmento de atacarejo, os equipamentos destinados a essas instalações precisam atender às diversas especificidades de cada unidade, embora haja sempre uma padronização dos espaços.

‘‘Simplicidade, confiabilidade, baixo custo, segurança operacional e reduzida carga de gás são características que tornaram o HighPack o principal produto comercializado na refrigeração comercial nacional’’, salienta Rodrigues, comentando que a Eletrofrio lançou em maio, na Apas 2023 – maior feira de alimentos e bebidas das Américas –, o HighPack Pro, com as mesmas vantagens do HighPack tradicional, porém com propano (R-290).

Um dos principais conceitos de um atacarejo é uma operação com baixo custo, e a ele está diretamente ligada a definição e aplicação de equipamentos de refrigeração com elevada eficiência energética, que resultará em contas de energia mais baixas, já que a refrigeração é comprovadamente a maior consumidora de energia neste tipo de empreendimento.

Na mesma trilha, a Copeland (ex-Emerson) aposta nas soluções que permitem aos fabricantes desenvolver equipamentos menores, tais como compressores da linha scroll, que possuem formato mais compacto que os usuais compressores semi-herméticos, com uma ampla gama de capacidade e aplicações para os tradicionais hidrofluorcarbonos (HFCs), misturas à base de hidroflurolefinas (HFOs) – tanto da classe de segurança A1 (não inflamáveis) quanto A2L (levemente inflamáveis) – e fluidos refrigerantes “naturais”.

“Os compressores scroll oferecem ótimo custo aplicado, tamanho, peso e nível de ruído menores quando comparados aos compressores semi-herméticos tradicionais, sendo ideal para instalações compactas. Da mesma forma, as unidades condensadoras da linha ZX, além de contar com compressores da linha scroll incorporados, são dotadas de controle com algoritmo dedicado e maiores proteções do sistema se comparadas às unidades condensadoras convencionais”, exemplifica Lucas Penalva, da área de engenharia de aplicação da companhia.

Para as instalações dos atacarejos, a Copeland destaca a tecnologia EVI (Enhanced Vapour Injection) embarcada em seus compressores, a qual aumenta a capacidade frigorífica de um compressor em até 40%, com um consumo energético 15% menor comparado aos equipamentos do tipo standard.

“A linha ZX, com seu design compacto, se destaca devido ao algoritmo de controle dedicado, controle de velocidade dos ventiladores da condensação (EC) e modulação digital, resultando em um consumo energético 20% menor em comparação às unidades que utilizam compressores recíprocos. Além disso, as nossas unidades utilizam condensadores com minicanal de cinco mm têm carga de refrigerante até 40% menor e são aprovadas para uso com fluidos A2L”, explica o coordenador de vendas para usuários finais da empresa, Denis Ferraz.

Marca do portfólio da Nidec Global Appliance, a Embraco oferece um rol de compressores e unidades condensadoras ou seladas, e seus componentes chegam aos atacarejos e demais estabelecimentos do varejo embarcados em equipamentos de refrigeração fabricados por diversos players do HVAC-R.

Especificamente para os atacarejos, a companhia chega por meio das unidades seladas Plug n’ Cool e dos compressores FMFT. “A Plug n’ Cool é entregue completa e fechada para ser acoplada ao equipamento de refrigeração fabricado pelo cliente, como refrigeradores comerciais e pequenas câmaras frias”, ressalta o gerente sênior do segmento de varejo de alimentos para América Latina, Fábio Venâncio.

O executivo da Nidec explica que o componente é instalado na parte superior do gabinete dos refrigeradores, “e uma característica marcante da unidade Plug n’ Cool, como o nome indica, é que ela fornece um conceito ‘plug and play’, que acelera o processo de instalação em até 70% em comparação a uma unidade condensadora tradicional. Ela vem equipada com o compressor de velocidade variável FMFT, que a faz também ter alta eficiência energética”, frisa.

Para equipamentos usados em atacarejos, os compressores mais indicados da marca Embraco são os da linha FMFT – subfamília do portfólio FMF –, considerados ideais para aparelhos que exigem alta capacidade de refrigeração, como freezers acima de mil litros, ilhas congeladas de supermercados com até três metros de comprimento, máquinas de preparação de sorvetes e aplicações na área médica.

“Nosso compressor de velocidade variável pode atingir uma redução de até 40% do consumo de energia em comparação com compressores tradicionais de velocidade fixa, além de oferecer redução do nível de ruído e vibração, e mais estabilidade de temperatura, contribuindo para a preservação de alimentos. Tanto a Plug n’ Cool quanto o FMFT utilizam o R-290″, afirma Fábio.

Segundo o executivo, ambas as soluções oferecem a vantagem de conferir mais flexibilidade de leiaute à loja. “Isso ocorre porque são produtos instalados diretamente no refrigerador comercial ou na câmara fria, diferentemente das soluções remotas, em que o sistema de refrigeração fica em casas de máquinas, locais que exigem a passagem de tubos por debaixo do piso para levar o fluído refrigerante até os equipamentos de refrigeração, impedindo que se possam mudá-los de lugar com facilidade”, completa.

 

Tendências

O processo de monitoramento remoto integra, hoje, todos os componentes e equipamentos de um sistema de refrigeração, permitindo que plataformas de gerenciamento de dados façam análise precisas da operação e do comportamento do sistema. Assim, abre-se caminho para que decisões sejam tomadas automaticamente, em busca da melhor performance e qualidade do frio.

Ao atingir tal patamar, a automação dos equipamentos fabricados pelo HVAC-R beneficiou grandemente o varejo de alimentação. A nova geração de equipamentos apresenta recursos de tecnologia inteligente, com monitoramento em tempo real de parâmetros como temperatura, umidade e consumo de energia.

Isso oferece aos profissionais do setor uma visão abrangente do desempenho dos sistemas, permitindo identificar rapidamente quaisquer problemas ou necessidades de manutenção. Esse processo até agora foi o “fiel da balança” tanto para instaladores quanto para grandes varejistas.

Por meio da automação, realizam-se também a programação de horários de funcionamento e os ajustes automáticos com base nas condições ambientais e de demanda. Durante os períodos de baixa ocupação, por exemplo, os sistemas podem ser configurados para reduzir a capacidade de refrigeração ou ajustar a ventilação de acordo com a necessidade, resultando em considerável economia de energia.

A conectividade também é um ponto-chave nos equipamentos HVAC-R modernos. Por meio de redes de comunicação, esses sistemas podem se integrar a outros relacionados a gerenciamento predial, como controle de iluminação e segurança, tornando o ambiente de operação mais inteligente e eficiente.

A automação já se mostrou essencial para os grandes varejistas da alimentação, porque ela inclui a capacidade de resfriar grandes espaços de forma mais rápida e eficiente, de garantir a qualidade e a segurança dos produtos perecíveis, assim como a de manter a temperatura adequada em áreas de armazenamento refrigerado.

Os sistemas HVAC-R estão sendo projetados para atender a essas necessidades de forma personalizada, inclusive no que tange à modularidade dos equipamentos, aspecto que permite escalabilidade e flexibilidade para acompanhar o crescimento das lojas. As unidades de refrigeração podem ser adicionadas ou removidas conforme a estratégia de vendas, adaptando-se às mudanças nas demandas de resfriamento.

WEG investe em nova linha de motores de ímãs permanentes em Manaus

A nova linha de motores elétricos de ímãs permanentes da WEG será produzida na unidade fabril de Manaus, no Estado do Amazonas, com um investimento de R$ 48 milhões ao longo dos próximos três anos. A empresa busca ampliar sua capacidade produtiva e adaptar a unidade para atender à demanda por motores eficientes destinados aos condicionadores de ar split.

De acordo com Julio Cesar Ramires, Diretor Superintendente de Motores Comerciais e Appliance da WEG, essa iniciativa permitirá a fabricação de uma linha de motores de velocidade altamente eficientes, eficientes às tecnologias já utilizadas pela empresa em outras aplicações no Brasil e no exterior.

O objetivo é oferecer uma evolução no segmento de ar-condicionado no Brasil, proporcionando maior eficiência energética aos aparelhos utilizados em residências, escritórios e espaços comerciais. Além disso, a WEG busca contribuir para o cumprimento dos padrões cada vez mais rigorosos de eficiência energética para os condicionadores de ar split nos próximos anos no país.

A expectativa é que os motores de ímãs permanentes proporcionem um funcionamento mais econômico, silencioso e confiável, gerado em maior conforto térmico para os usuários e garantido para uma operação mais sustentável no setor de ar-condicionado.

 

Norma da ASHRAE reduz o risco de transmissão de doenças em edifícios

A ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers) reforçou no último sábado (24/06) uma nova norma com o objetivo de combater o risco de transmissão de doenças em ambientes internos, promovendo assim espaços mais seguros tanto em edifícios novos quanto existentes.

Denominada ASHRAE Standard 241, Control of Infectious Aerosols, essa norma estabelece requisitos mínimos para o projeto, instalação, operação e manutenção de sistemas de ar condicionado, garantindo o risco de transmissão de doenças pelo ar.

Um dos requisitos destacados é a taxa de fluxo de ar limpo equivalente, que oferece flexibilidade aos usuários para escolherem a melhor combinação de tecnologias, levando em consideração redução e metas de eficiência energética, como o uso de ar externo, filtrado do ar interno e /ou autorizado do ar com tecnologias como a luz ultravioleta germicida.

Outro requisito importante refere-se ao uso de tecnologias de filtragem e limpeza do ar, com testes de desempenho para garantir que a operação dos equipamentos não prejudique a qualidade do ar interior (QAI). O objetivo é mitigar de forma segura, eficiente e com custo-efetivo a presença de patógenos no ar, sem criar novas formas de contaminação, proporcionando fluxos de ar equivalentes aos do ar externo.

Além disso, a norma estabelece requisitos relacionados ao planejamento e à comissionamento, permitindo a criação de um plano de preparação do edifício e experiência do desempenho dos sistemas instalados.

Esses requisitos da Norma 241 podem ser aplicados ou reforçados durante a gestão de risco de infeção, como em situações de alta transmissão de doenças identificadas pelas autoridades competentes, ou quando um operador decide adotá-los, por exemplo, durante uma temporada de gripe.

O principal objetivo é reduzir o risco de transmissão de doenças causadas pela exposição a aerossóis infecciosos, como o vírus SARS-COV-2 e influenza, tanto em edifícios novos, existentes e em renovações profundas. A ASHRAE acredita que essa norma resultará em vários benefícios para os ocupantes, promovendo ambientes mais saudáveis.

A Norma 241 foi aprovada para publicação pela ASHRAE e já está disponível para pré-venda na ASHRAE Bookstore. O compromisso responsável pelo desenvolvimento da norma continua trabalhando em melhorias, adicionando novos requisitos, fornecendo esclarecimentos e desenvolvendo ferramentas para auxiliar o uso público da norma. 

Tecnologias de monitoramento ampliam horizontes do HVAC-R

A intensa evolução deste segmento do HVAC-R demonstrou a crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética, levando à invenção de equipamentos e componentes automatizados, mais precisos e inteligentes, visando minimizar o desperdício de energia e garantir um ambiente saudável e termicamente confortável para as pessoas.

Para atingir esses objetivos, players do setor do frio estão investindo em componentes automatizados e cada vez mais diminutos, com capacidade de gerenciamento a distância e dotados de inteligência artificial para gerar dados e análises.

Os sistemas atualmente embarcados em equipamentos e centrais de refrigeração e climatização têm capacidade de ajustar temperatura, umidade e fluxo de ar de forma dinâmica de acordo com as condições externas e internas.

As informações coletadas por sensores e sistemas de controle podem ser analisadas, em tempo real, para identificar possíveis problemas e evitar falhas catastróficas. Além disso, os dados de monitoramento podem ser usados para otimizar o desempenho do sistema em longo prazo, garantindo a vida útil de aparelhos, peças e componentes e reduzindo o custo total de propriedade.

“Existem hoje, no mercado, sistemas de gestão de edifícios que realizam o gerenciamento completo nas grandezas do HVAC-R, tais como temperatura, umidade, pressão do ar e/ou da água, vazão de ar e/ou de água, qualidade do ar, velocidade do ar e/ou da água e demais grandezas das disciplinas de climatização e refrigeração”, descreve o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê de Normas e ESG da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Para o dirigente, a fim de atender estes requisitos, é necessário contar com o trabalho de profissionais com a devida “expertise” na área de automação predial, “mas, acima de tudo, especificar os sistemas de fabricantes certificados e homologados”, complementa.

Este aspecto precisa ser definido nos projetos porque existem exigências específicas no gerenciamento dos sistemas de HVAC-R conforme o perfil do cliente e o tipo de edifício a ser gerenciado, por exemplo, prédios corporativos, shopping centers, hotéis, aeroportos e residências, onde o quesito principal são o controle de temperatura e a qualidade do ar, nos ambientes interiores.

“Há, ainda, os edifícios como hospitais, clínicas de análises, consultórios e escolas, onde é necessário o controle mais efetivo da temperatura e umidade e, principalmente, da qualidade do ar, além da necessidade de neutralização de agentes biológicos nocivos em aerodispersoides dos ambientes. No caso dos centros cirúrgicos, as atenções também envolvem o controle da pressão atmosférica, com a manutenção da pressão positiva”, explica Reis.

O engenheiro salienta que em edifícios de indústrias farmacêuticas, de alta tecnologia e petroquímicas, os sistemas de gestão técnica são os mais completos e complexos para as disciplinas do HVAC-R, quanto à climatização, refrigeração, ventilação, exaustão e aquecimento.

“Infelizmente, o Brasil não conta com diretivas governamentais que, no mínimo, criariam um critério ou mesmo uma classificação baseada na eficiência energética para sistemas de refrigeração e climatização e para qualidade do ar interior para climatização. O que possuímos são normas técnicas da ABNT, internacionais da ISO e IEC e recomendações e procedimentos da Abrava e/ou da Ashrae para atender os quesitos de engenharia do HVAC-R”, comenta.

De acordo com ele, “como normas técnicas e recomendações não têm o chamado ‘poder de lei’, os procedimentos e padronizações são realizados e respeitados de acordo com o interesse do cliente”, completa.

 Mercado em transição

A busca por processos capazes de aumentar a eficiência energética dos equipamentos e o impacto ecológico das instalações da cadeia produtiva do frio colocou este setor, atualmente, em uma fase de transição de tecnologias.

Na Coel, por exemplo, a família de controladores de temperatura E34B, ET1 e ET3 dispõe de uma confiável conectividade embarcada, uma tecnologia que conquistou inclusive a confiança da Coca-Cola Company. A multinacional norte-americana decidiu usar esses controladores nos refrigeradores comerciais instalados em pontos de venda no Brasil e na América Latina, obtendo informações importantes sobre o funcionamento dos equipamentos em campo.

“A avaliação dos dados obtidos, como a análise das entradas, saídas e alarmes de funcionamento, permite a efetividade do uso do refrigerador, bem como uma melhor tomada de decisão na estratégia comercial do cliente”, revela o engenheiro Fernando Lemos, gerente de desenvolvimento de negócios da empresa.

O gestor destaca que a Coel também tem uma linha completa de controladores de temperatura e processos para o segmento de refrigeração e automação industrial, formada pela linha nanoPAC, que oferece uma plataforma modular para atender projetos de maior complexidade. Além disso, para o acompanhamento de falhas no equipamento ou na instalação, seus produtos são dotados de um conjunto de alarmes que permite melhor ação corretiva em campo.

“O mercado brasileiro tem um potencial gigantesco de modernização dos sistemas de controle nos segmentos que formam o HVAC-R, e estamos acompanhando de perto esta evolução. Entre essas transformações, estão as soluções focadas em retrofit, as quais permitem uma instalação fácil para sistemas que já estão em operação”, destaca Lemos, enfatizando que a companhia brevemente lançará produtos com novos protocolos de comunicação, permitindo ao cliente a escolha do padrão que melhor atenda o seu projeto.

Pensamento similar sobre a incorporação de novas tecnologias no setor tem vendedor externo Alex Pagiato, lotado no Departamento de Food Retail da dinamarquesa Danfoss. De acordo com ele, geralmente os clientes buscam soluções tecnológicas para minimizar impactos de perdas em sua cadeia.

“Mas, o que podemos constatar é que eles não desejam fazer o monitoramento, mas sim os benefícios que ele proporciona. Monitorar não significa dizer que todos os problemas vão desaparecer, mas sim, vão ser evidenciados, e para isso, ações terão de ser tomadas para alcançar performance. As tecnologias atuais proporcionam aos clientes desde o controle de temperatura em balcões, geladeiras etc. que podem garantir a qualidade de produtos comercializados como gerar alarmes que reduzem tempos de paradas”, comenta.

Hoje, a Danfoss oferece automação para todos os segmentos em que atua. Para refrigeração comercial, tem a linha ERC, que são controladores para geladeiras de bebidas, freezers horizontais, e entre as várias funções de controle, destaque para a economia de energia sobre o controle de abertura de portas e da frequência com que clientes passam em frente ao expositor.

Além disso, dispõe de uma função específica que indica se há algum problema com o sistema, o que tem reduzido a quebra de compressores neste segmento, garantindo a qualidade dos produtos expostos dentro dos equipamentos.

Para as centrais frigoríficas, há tecnologias como o modelo AK-PC 551, o qual possui um software de controle com alguns algoritmos específicos para compressores e dos ventiladores do condensador. “Ele traz também a possibilidade de controlar um chiller pensando na demanda com sistemas com glicol, otimizando a condensação de acordo com o delta T do condensador como uma das suas maiores virtudes”, descreve Pagiato.

No caso dos sistemas com CO2, a multinacional oferece o controlador AK-PC783A, que, além de controlar todo o sistema do frio, é capaz de analisar o balance de carga do sistema e entregar a melhor performance possível de acordo com a demanda. Ele também controla os periféricos, como bomba e aquecimento de água.

Para o controle de evaporadores, o modelo AK-CC55 é capaz de controlar válvulas de expansão eletrônica (AKVP-pulso ou a ETS-motorizada) e traz uma interface bluetooth para comunicação com o celular para facilitar a configuração, o comissionamento e a manutenção.

“Em uma instalação com muitos evaporadores, essa interface facilita a programação em massa, pois pode ser usada como um arquivo eletrônico armazenando as configurações e pode compartilhar a programação com outros controladores”, afirma.

A Danfoss dispõe ainda em seu portfólio o modelo EKE400, controlador para evaporadores aplicados com amônia. Já a linha MCX é formada por controladores programáveis.

Para todo o sistema, a empresa tem o gerenciador AK-SM-880A, que interliga todos os controladores que estão no sistema de refrigeração, ar-condicionado, medição de energia, dentre outros. Ele realiza leitura e armazenamento de dados (registros), gerenciamento de alarmes por nível de criticidade.

 Vanguarda

Assim como os demais concorrentes, a Carel também acelera em direção a tecnologias de vanguarda. Atualmente, a companhia oferece a família de supervisórios Boss, que atendem desde pequenas instalações (15 dispositivos) até grandes plantas (300 dispositivos).

“Nosso portfólio também oferece serviços de monitoramento remoto, como a plataforma IoT Tera, que pode monitorar até dez dispositivos por CloudGate com conectividade 4G integrada, ideal para pequenas instalações e locais onde não há provedor de internet disponível”, ressalta o engenheiro Rafael Valsani Leme Passos, analista pleno de suporte técnico.

O gestor projeta como principal tendência os serviços de computação em nuvem para HVAC-R, que agregam valor às instalações onde cada dispositivo pode ser conectado à internet, gerando dados importantes para o gerenciamento da planta.

“O registro de dados e a sua análise são fundamentais durante o processo de gerenciamento de plantas e instalações de HVAC-R. A partir dos dados coletados, é possível fazer análises de eficiência, otimização de funcionamento de máquinas por meio do ajuste de parâmetros e também detectar anomalias, tais como pequenas fugas de refrigerante”, exemplifica Passos, citando que a tecnologia pode otimizar remotamente o processo de degelo de balcões frigoríficos somente analisando a tendência de funcionamento do equipamento no sistema de supervisão.

A Carel contra-ataca no mercado com a plataforma em nuvem RED Optimise, que integra múltiplos supervisórios em um só portal, onde os dados de cada instalação são processados, gerando estatísticas, dashboards e alarmes. Por meio de um algoritmo avançado, a plataforma é capaz de identificar em cada instalação pontos de otimização, traduzindo em economia de energia.

Igual velocidade na tomada de decisões também permeia o dia a dia na Full Gauge Controls, conforme esclarece o diretor Antonio Gobbi. A empresa tem hoje uma linha com 147 produtos, além do software de gerenciamento remoto Sitrad PRO.

“Demos um grande salto migrando dos termostatos mecânicos para os controladores digitais. Depois, tivemos outra grande evolução com os softwares de gerenciamento e suas versões mobiles”, afirma Gobbi, para quem o futuro do setor pode estar ligado a tecnologias como Metaverso e ChatGPT, que em algum momento poderão oferecer soluções dentro do HVAC-R.

Avanços integrados

O avanço dos equipamentos integrados às tecnologias como 5G, Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada e inteligência artificial está cada vez mais forte e veloz, e esta realidade também tem transformado o modelo de negócios de muitos players.

Nesta área tecnológica, especialistas acreditam que na utilização em definitivo e exclusivamente dos chamados controladores DDC, dedicados à gestão técnica de edifícios.

Os controladores são dedicados e distintos para cada finalidade. Para climatização, possuem características específicas e próprias para o controle total das condições do ambiente interior, e os controladores para refrigeração específicas para a geração e controle do frio.

“Hoje já são uma realidade no Brasil, estando disponíveis os sistemas de gestão técnica de edifícios com as mais novas tecnologias com 5G, IoT, backup em nuvem e segurança cibernética, e alguns até realidade aumentada, e a previsão é a de que até 2030 já ter sido incorporada à inteligência artificial”, comenta o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê de Normas e ESG da Abrava.

Exemplo deste movimento, a multinacional Danfoss investiu na plataforma Alsense, que é uma solução de IoT para varejo alimentar e o mais recente lançamento em nuvem da empresa para supermercados e aplicações de varejo de alimentos.

“Trata-se de um portal escalonável e seguro para otimizar o desempenho das operações de varejo de alimentos, com uma tecnologia que pode ajudar a alcançar as eficiências necessárias, pois a solução Alsense permite rastrear facilmente o desempenho dos equipamentos de refrigeração que estão conectados ao gerenciador AK-SM880A, responder a alarmes, integrar monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, reduzir o consumo de energia e muito mais – tudo em uma plataforma moderna e integrada”, detalha o vendedor externo Alex Pagiato, do Departamento de Food Retail.

“Acho que os hardwares terão menos responsabilidade direta sobre o controle e mais em compartilhar com a nuvem os dados do equipamento/instalação e os algoritmos ou as IAs ficarão em nuvem enviando comandos para os hardwares nas plantas. Os sistemas de gestão devem sair fisicamente das plantas e ficar na nuvem”, aposta o gestor.

Na mesma linha de pensamento, a Carel aposta na integração a serviços de IoT, inteligência artificial e Internet móvel por meio do sistema de supervisão Boss e também pelos sistemas de integração a serviços baseados na nuvem.

“Um sistema de água gelada pode ser integrado facilmente a serviços de IoT e monitoramento remoto com Internet móvel a partir do CloudGate. A integração dos dispositivos a serviços de computação impacta de maneira positiva o dia a dia dos clientes, uma vez que as instalações podem ser monitoradas e gerenciadas de forma totalmente remota”, arremata o engenheiro Rafael Valsani Leme Passos, analista pleno de suporte técnico.

Por fim, o engenheiro Fernando Lemos, gerente de desenvolvimento de negócios da Coel, entende que, no aspecto do controle de temperatura, o mercado oferece uma extensa gama de soluções. “Mas, quando abordamos essas novas frentes de conectividade de inteligência artificial, notamos que há muitas oportunidades a serem exploradas”, vislumbra.

Novo material que muda de cor aprimora eficiência energética em edifícios

Pesquisadores da Universidade de Chicago desenvolveram um material eletrocrômico capaz de mudar de cor e proporcionar trocas de calor mais inteligentes entre edifícios e o ambiente externo, segundo estudo publicado na revista Nature Sustainability.

O material é composto por camadas que, quando estimuladas por eletricidade, mudam de estado, auxiliando na regulação térmica do prédio.

Em dias quentes, o material pode dispersar calor facilmente, enquanto em dias frios, uma camada sólida de cobre ajuda a reter o calor. Essa inovação pode levar a economia de energia e recursos ambientais.

Os pesquisadores agora estudam formas de produção do material em larga escala.

Acrescentando uma camada de cobre, o calor fica retido, em contrapartida, em estado líquido, ele emite mais radiação, resfriando o material.

Conforto térmico faz toda diferença no ambiente de trabalho

Vista já há algum tempo como uma das necessidades primordiais no ambiente de trabalho, a correta climatização aplicada dentro dos parâmetros normativos atua positivamente para o bem-estar e a produtividade da equipe.

Tema que ao longo dos anos ganhou importância e espaço na gestão das empresas, a produtividade dos colaboradores no ambiente de trabalho tem levado a uma intensa busca por maneiras de melhorar a eficiência desse público. Uma das formas mais simples, porém, muitas vezes negligenciada, é a garantia do conforto térmico.

Temperaturas inadequadas podem afetar negativamente o desempenho dos funcionários, gerando desconforto físico e distração mental. Quando o ambiente está muito quente, a pessoa tende a suar muito, sentir fadiga, enjoo, sonolência, dor de cabeça, falta de concentração e até mesmo irritabilidade. Por outro lado, temperaturas muito baixas podem deixar os colaboradores mais propensos a contrair doenças como resfriados e gripes. Consequentemente, haverá aumento do absenteísmo e dos custos médicos.

Além disso, o conforto térmico também está relacionado com a satisfação dos funcionários, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar da equipe. Quando as condições de temperatura são ideais, as pessoas se sentem mais confortáveis e satisfeitas, certamente resultando em aumento de produtividade.

Para garantir o conforto térmico no ambiente de trabalho, é fundamental cuidar da regulagem da temperatura. Isso pode ser feito por meio da instalação de sistemas de ventilação, exaustão e ar-condicionado ou aquecimento, com ajuste de temperatura de acordo com a época do ano e as condições climáticas do local. Da mesma forma, também são úteis o uso de persianas, lâmpadas fluorescentes e de LED, materiais refletivos e de isolamento térmico.

Outras medidas podem ser adotadas para garantir o conforto térmico no ambiente de trabalho, como a disponibilização de bebidas e alimentos refrescantes em dias quentes, assim como bebidas quentes, aquecedores portáteis ou cobertores em dias frios.

“Definir o conforto térmico envolve diversas variáveis, não apenas temperatura. Variáveis como umidade relativa do ar, velocidade do ar, atividade do usuário, vestimenta, exposição à radiação solar, entre outras, também influenciam”, explica engenheiro Leonardo Cozac, presidente do Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI) e membro do Qualindoor Abrava.

Segundo ele, atividades em repouso, como as realizadas em escritório, normalmente exigem temperaturas de conforto mais elevadas que as relativas a ações em movimento. Isto justifica a necessidade de um bom projeto do sistema para atender as diferentes necessidades.

“Com o aquecimento global, a tendência é que os ambientes fechados precisem de mais sistemas de climatização e com melhor eficiência energética”, argumenta.

Para o especialista, o caminho para se chegar a este nível no HVAC-R passar, obrigatoriamente, pela adoção do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC). Ferramenta de gestão da manutenção do sistema de climatização, o PMOC é peça fundamental para garantia de um adequado conforto térmico e qualidade do ar interno.

O engenheiro destaca ainda o impacto da Resolução Anvisa 09, de 16 de janeiro de 2003, a qual estabelece a temperatura que os ambientes climatizados no país devem manter.

De acordo com essa legislação, “a faixa recomendável de operação das Temperaturas de Bulbo Seco, nas condições internas para verão, deverá variar de 23 ºC a 26 ºC, com exceção de ambientes de arte, que deverão operar entre 21 ºC e 23 ºC. A faixa máxima de operação deverá variar de 26,5 ºC a 27 ºC, com exceção das áreas de acesso, que poderão operar até 28 ºC. A seleção da faixa depende da finalidade e do local da instalação. Para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de 20 ºC a 22 ºC”.

“Estes aspectos de conforto térmico estão inseridos na legislação brasileira por meio da Consolidação das Leis do Trabalho e suas orientações e limites definidos nas NR-15 Atividades Insalubres e seus anexos e atualmente na nova revisão da NR-17 Ergonomia no Ambiente Laboral”, afirma o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê Nacional das NRs e ESG da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

“Além das normas técnicas, é importante avaliar e distinguir os diferentes grupos de trabalho, sabendo diferenciar temperaturas entre ambientes e funções, e também, entre homens e mulheres, que apresentam uma pequena diferença na temperatura ideal de trabalho”, complementa a empresária Patrice Tosi, diretora da Indústrias Tosi.

A executiva argumenta que desde a implementação do PMOC surgiram diversos benefícios na qualidade do ar interior no ambiente de trabalho e, consequentemente, para o conforto térmico. “O PMOC ajudou a elevar a qualidade do ar, aumentar a eficiência energética e reduzir os custos de operação e manutenção, além de melhorar a segurança, o conforto e a saúde dos usuários”, pontua.

Parâmetros legais

No Brasil, cabe à Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) compilar, estudar e orientar todos os órgãos, entidades e empresas no país sobre a qualidade no trabalho e as consequências do não atendimento às normas regulamentadoras.

Reis entende que para melhorar o ambiente de trabalho, o instrumento legal é o PGR, por meio da análise preliminar dos riscos ocupacionais e ambientais e da análise dos parâmetros de conforto laboral medidos regularmente dos locais de trabalho, quais sejam – Índice de Iluminamento, Índice de Exposição ao Calor e Metabólico (temperatura e umidade), Índice da Dose de Ruído Diário no Local de Trabalho e o Índice e Velocidade do Ar Ambiente.

De acordo com o engenheiro, estes parâmetros devem atender, sempre na condição mais rígida, aos valores apresentados nas NRs e/ou em norma da ABNT para locais específicos e controlados.

“É importante assegurar que o ar respirado em ambientes fechados esteja, no mínimo, dentro desses parâmetros. Assim, contribui-se para evitar contaminações variadas e a existência de ambientes com excesso de poluentes, temperaturas muito baixas ou muito altas, entre outros aspectos”, enfatiza.

O especialista explica que locais fechados com alta concentração de pessoas como shopping centers, agências bancárias, salas de telemarketing (callcenter) e escolas devem ter especial atenção à renovação do ar, inclusive com monitoramento constante do nível de CO2, com o objetivo de manter uma eficiente renovação do ar.

“Portanto, os serviços especializados de manutenção nos sistemas de climatização assumem papel importante na vida das pessoas em geral, determinado pelo tempo em que as mesmas ficam expostas a ambientes artificialmente condicionados”, completa Reis.

Condições para um ambiente laboral confortável e sustentável, segundo as normas regulamentadoras

NR-15 – Atividades e Operações Insalubres

Anexo 1 – Nível de Ruído

Anexo 2 – Nível de Ruído a impacto

Anexo 3 – Limite de exposição ocupacional ao calor e taxa metabólica por tipo de atividade

NR-17 – Nos locais de trabalho em ambientes internos onde são executadas atividades que exijam manutenção da solicitação intelectual e atenção constantes, devem ser adotadas medidas de conforto acústico e de conforto térmico, conforme disposto nos subitens seguintes:

17.8.3 – Iluminação em conformidade com os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes Internos de Trabalho, versão 2018.

17.8.4.1 – A organização deve adotar medidas de controle do ruído nos ambientes internos com a finalidade de proporcionar conforto acústico nas situações de trabalho.

17.8.4.1.1 – O nível de ruído de fundo para o conforto deve respeitar os valores de referência para ambientes internos de acordo com sua finalidade de uso estabelecidos em normas técnicas oficiais ABNT.

17.8.4.1.2 – Para os demais casos, o nível de ruído de fundo aceitável para efeito de conforto acústico será de até 65 dB(A), nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderado em A e no circuito de resposta Slow (S).

17.8.4.2 – A organização deve adotar medidas de controle da temperatura, da velocidade do ar e da umidade com a finalidade de proporcionar conforto térmico nas situações de trabalho, observando-se o parâmetro de faixa de temperatura do ar entre 18 e 25°C para ambientes climatizados.

17.8.4.2.1 – Devem ser adotadas medidas de controle da ventilação ambiental para minimizar a ocorrência de correntes de ar aplicadas diretamente sobre os trabalhadores.

17.8.5 – Fica ressalvado o atendimento dos itens 17.8.3 e 17.8.4.2 nas situações em que haja normativa específica com a devida justificativa técnica de que não haverá prejuízo à segurança ou à saúde dos trabalhadores.

Com baixo GWP, CO2 ganha terreno no varejo

A aplicação da substância pode ser realizada utilizando diferentes modelos de arquitetura de sistemas e até mesmo combinada com outros tipos de fluidos refrigerantes, com vistas a atingir a melhor eficiência possível.

Cada vez mais utilizado pela indústria do frio mundial, o CO2 (R-744) também vem ganhando espaço no mercado brasileiro. Esta mudança de rota se dá por uma série de motivos positivos para o HVAC-R, a começar pelo pouco impacto ambiental deste elemento, pois possui o mais baixo possível potencial de aquecimento global (GWP = 1).

O CO2 permite ainda o uso de compressores de menor tamanho físico com deslocamento volumétrico até cinco vezes menor e instalações com tubulações de diâmetros menores, quando comparado com compressores utilizando R-404A.

Da mesma forma, a aplicação da substância pode ser realizada utilizando diferentes modelos de arquitetura de sistemas e até mesmo combinada com outros tipos de fluidos refrigerantes, para atingir a melhor eficiência possível. Os benefícios são muitos, e o varejo já entendeu que o uso do CO2 é mais do que uma tendência, mas uma necessidade mercadológica.

“A aplicação de automação em sistemas de CO2 vem tornando seu emprego mais atrativo do ponto de vista de eficiência. Entretanto, novas alternativas em equipamentos estão sendo estudadas e desenvolvidas pelas empresas, de modo a oferecer soluções pautadas em baixo impacto ambiental e maior eficiência energética”, analisam especialistas do Departamento Nacional de Refrigeração da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Segundo eles, considerando as características termodinâmicas puras do CO2 em relação a alternativas como R-404A, R-507 e até mesmo HFOs da nova geração, “o CO2 apresenta menor eficiência, o que pode ser contornado por meio da aplicação de tecnologia ao sistema, a partir de componentes mais eficientes e inteligência em controle e automação”.

Os especialistas apontam como desvantagens o fato de os sistemas montados com CO2 serem mais complexos do que os convencionais, necessitando de controles adicionais bem como componentes próprios e devidamente dimensionados, devido às altas pressões de trabalho. “Isso, naturalmente, acaba refletido em maior nível de investimento, e na aplicação demanda mão de obra especializada para manutenção das instalações”, complementam.

No mercado do frio brasileiro, a Eletrofrio se destaca pelo uso do CO2 como fluido refrigerante em sistemas de refrigeração comercial e industrial, aplicando-o em expositores e câmaras frigoríficas. Quando usado na condição denominada transcrítica, onde o CO2 é o único fluido refrigerante, ele atende altas, médias e baixas temperaturas. Por outro lado, ao ser aplicado na condição subcrítica, quando a pressão de condensação do CO2 é controlada a partir da troca de calor com outro fluido refrigerante, atende unicamente ambientes de baixa temperatura.

“A maioria dos sistemas de refrigeração com CO2 instalados no Brasil utiliza equipamentos que operam na condição subcrítica, tendo a condensação controlada por um sistema de expansão direta com R-134a ou por um fluido secundário, como o propilenoglicol. Os supermercados são os grandes usuários, apesar de existirem aplicações na área industrial”, explica o gerente de engenharia da Eletrofrio, Rogério Marson Rodrigues.

A companhia participou de projetos em supermercados nos estados do Paraná e São Paulo, com eficiência energética muito superior a quaisquer outras opções de fluidos refrigerantes comumente aplicados neste tipo de sistema de refrigeração.

Recentemente, a Eletrofrio, em parceria com a Carel, instalou cinco unidades BLDC de CO2 operando em regime subcrítico no Supermercado PagueMenos, inaugurado na cidade de Valinhos (SP). Até o momento, as empresas registraram resultados extremamente satisfatórios em termos de economia de energia, estabilidade de temperatura e confiabilidade do sistema.

“A escolha deste formato, unidades de baixa temperatura operando em ‘low condensing’ condensadas pelo glicol, permite o uso do CO2 em qualquer localização. A utilização do R-744, somada à tecnologia DC Technology da Carel, traz para o supermercadista o que há de mais inovador no mercado hoje em questão de frio alimentar”, salienta o engenheiro de aplicação da Carel, Vitor Degrossoli.

O executivo reforça que este conjunto, comparado com as soluções convencionais de mercado, a exemplo da utilização de refrigerantes HFCs, como R-134a e R-404A, juntamente com compressores de velocidade fixa (on/off), pode trazer uma economia de energia entre 20% e 35% anualmente.

“Assim como o R-744, temos soluções de alta eficiência que utilizam o gás natural R-290 (propano), também com a tecnologia DC Technology com compressores BLDC. Nosso range de produtos vai desde soluções para unidades condensadoras plug-in para chest freezers e balcões refrigerados de baixa e média temperatura até chillers de glicol/água de alta capacidade frigorífica”, detalha Degrossoli.

Com mais de 15 anos de experiência no desenvolvimento de componentes para sistema de CO2 subcríticos e transcríticos, a Danfoss, outro grande player do segmento, oferece uma ampla linha  para essas aplicações, como válvulas reguladoras de pressão, solenoides, esfera, termostática, eletrônica; componentes de linha; blocos de válvula completos; filtros secadores; sensores de temperatura, pressão, nível e detectores de gás; controles eletrônicos/automação de rack, temperatura, gerenciamento e monitoramento; e compressores semi-herméticos.

“Todos os sistemas existentes com CO2 até agora tiveram um desempenho superior aos refrigerantes halogenados, como R-22, R-404A, R-507A, entre outros, principalmente na questão energética”, diz o vendedor externo do departamento Food Retail da Danfoss, Alex Pagiato, lembrando que a empresa dispõe de um software em que é possível comparar sistemas com fluidos halogenados versus CO2.

Regulação e cuidados

As normas, regulamentações e instruções técnicas possuem papel importante quando se opta por adotar um novo fluido frigorífico, principalmente em relação ao quesito segurança. No caso do CO2, o principal cuidado ao se projetar ou executar algum tipo de serviço em um equipamento são as pressões do sistema, que são bastante elevadas.

A Abrava esclarece que hoje em dia não há uma regulação vigente específica para nortear o uso de CO2 em sistemas de refrigeração. Por outro lado, para a aplicação de outros fluidos refrigerantes como, HFCs, HFOs e R-290, existem normas internacionais que pautam este uso considerando as melhores práticas, como ISO 5149 e Ashrae 15.

Adaptações nacionais dessas normas podem ser encontradas em língua portuguesa como a ABNT ISO NBR 5149 e usadas como referência para a aplicação segura e eficiente de CO2 em sistemas de refrigeração.

Entretanto, existem normas que pautam a reutilização, recuperação, regeneração e reciclagem de fluidos refrigerantes, incluindo o CO2, como a própria ABNT NBR ISO 5149 e a norma de manufatura reversa ABNT NBR ISO 15833.

“Este tipo de processo de recuperação e reciclagem é recomendado e pode ser realizado por empresas certificadas pelo Ibama. É importante salientar que descartar fluidos refrigerantes diretamente no meio ambiente é considerado crime ambiental, independentemente do nível de GWP da substância”, frisa o DN Refrigeração da Abrava.

Aplicado em refrigeração da mesma forma que qualquer outro tipo de fluido, o CO2 é um produto químico industrial e seu transporte deve seguir a legislação vigente para produtos químicos – o transporte deve ser realizado em veículo próprio, aberto, que permita o posicionamento dos cilindros em pé e fixos para proteção da válvula e dispositivo de segurança. A legislação exige ainda que o motorista tenha treinamento MOPP (curso especializado para transporte de produtos perigosos).

“Em relação ao armazenamento, alguns cuidados também devem ser assumidos, pois o produto é armazenado em cilindros sob pressão. Logo, o local escolhido para deixá-los deve ser definido de acordo com requisitos de ventilação e riscos existentes na área, tais como fontes de calor, ignição, poeira, circulação de pessoas, entre outros. É recomendado que esta análise seja feita por técnico de segurança capacitado”, completam os especialistas da Abrava.

Qualificação profissional

Assim como ocorre com os outros fluidos refrigerantes, a qualificação profissional é crucial para garantir a segurança e eficiência na utilização de sistemas de refrigeração com o R-744.

A falta de preparo pode acarretar problemas graves e prejuízos financeiros, sendo fundamental que profissionais busquem capacitação adequada para o trabalho com a substância.

Nesse contexto, a RAC Brasil já ministrou quatro cursos práticos de CO2 em seu centro de treinamento (CT) em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

“Temos nos posicionado cada vez mais para sermos um fornecedor deste segmento, e não só de componentes, mas de qualificação profissional também”, ressalta o engenheiro de aplicação da empresa brasileira, Luiz Villaça.

“Hoje nós temos uma central de CO2 subcrítica operacional justamente para nos permitir fazer treinamentos com o sistema em funcionamento”, revela.

Segundo Villaça, o equipamento foi instalado no CT da RAC Brasil em janeiro do ano passado. “A migração para CO2 é, de alguma forma, inexorável, em virtude da legislação europeia, principalmente. Muitas empresas estão exigindo que toda a cadeia do frio esteja em conformidade com os regulamentos europeus. Isso significa, na maioria das vezes, fluidos naturais, cenário em que o CO2 é uma alternativa”, explica.

HVAC-R assume protagonismo na descarbonização de edifícios

Levantamento do Green Building Council Brasil revela que 37% das emissões de carbono são oriundas dos edifícios, e estão divididas entre as fases de construção (10%) e de operação (27%).

Longe de um acordo sobre ações para conter – ou mesmo minimizar – os efeitos das mudanças climáticas nos próximos anos, os governantes em todo mundo continuam perdendo a já desgastada credibilidade nesse tema, conforme ficou patente na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), realizada em novembro de 2022, em Sharm el-Sheikh (Egito).

A ausência de uma convenção estatal sobre a busca por soluções para o problema ambiental está abrindo caminho para o protagonismo da iniciativa privada. Nesse contexto, a indústria do frio e da construção civil têm investido em pesquisa e tecnologia para tornar os novos imóveis cada vez mais “verdes” – é a chamada descarbonização.

Globalmente, segundo o Green Building Council Brasil, 37% das emissões de carbono são oriundas dos edifícios, e estão divididas entre as fases de construção (10%) e de operação (27%), especialmente pelo alto consumo de energia.

“A tendência é haver avanços, e devemos aproveitar a oportunidade para assumirmos o compromisso de fazer parte desse processo. Hoje, a principal ação para mitigação das emissões operacionais são os projetos de eficiência energética”, argumenta o CEO do GBC Brasil, Felipe Faria, que em 2021 foi reeleito para um novo mandato no World Green Building Council.

O Green Building Council Brasil ajudou a construção civil nacional a se tornar um dos cinco principais mercados do mundo para a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), voltada para construções sustentáveis.

“Além de ser destaque em matéria de edificações com certificação, o Brasil tem aumentado o percentual de projetos certificados que atingem o nível Platinum da certificação, ou seja, o mais alto nível de desempenho em eficiência. Enquanto no mundo, apenas 8% dos projetos são Platinum, aqui no País é de 11%”, menciona Faria.

O gestor explica que em torno de 40% das certificações Platinum emitidas no Brasil ocorreram nos últimos três anos, e o percentual, medido até o final de outubro de 2022, chegou a 26%, o maior do mundo. A Índia ficou com 24% e a Itália, com 23%.

“A principal ação para mitigação das emissões operacionais são os projetos de eficiência energética. Acompanhando o resto do mundo, e por vezes possuindo edificações que se destacam, vemos uma maior receptividade para o investimento em inteligência de engenharia e arquitetura de modo a buscar as melhores escolhas visando maximizar a eficiência e a redução da carga térmica da edificação”, complementa Faria, ao também se referir ao importante papel desempenhado pelo HVAC-R no processo de descarbonização.

De acordo com o Comitê de Artigos Técnicos da Smacna Brasil, em uma edificação com sistema de climatização operante, o ar-condicionado representa, em média, de 40% a 80% da demanda energética.

“Assim, diversas políticas públicas, normas e diretrizes estão sendo desenvolvidas para estimular a descarbonização de edificações, seja para edifícios novos ou para o retrofit daqueles já construídos”, enfatiza a associação técnico-científica.

Ainda segundo a Smacna Brasil, “a descarbonização de edifícios deve considerar o projeto, a construção, o retrofit e a operação das edificações, sendo alguns exemplos a redução das emissões de carbono nas operações e durante a construção; diminuir a demanda de energia, preservando a qualidade e funcionalidade dos ambientes internos; adotar fontes de energia renovável; e reduzir o carbono incorporado nos materiais estruturais, do envelope e dos sistemas dos edifícios”.

O engenheiro Walter Lenzi, presidente do Ashrae Brasil Chapter e sócio-diretor da W&R Lenzi, reforça que o processo de descarbonização de edifícios abrange todo o ciclo de vida do empreendimento, incluindo projeto, construção, operação, ocupação e fim de vida.

“Construção civil, uso de energia, vazamento de metano e refrigerantes são as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa. A avaliação do ciclo de vida do edifício envolve a consideração de emissões operacionais, geralmente provenientes do uso de energia, e incorporadas, as quais abarcam as emissões de GEE associadas à construção de edifícios, incluindo extração, fabricação, transporte e instalação de materiais de construção, bem como as emissões geradas por manutenção, reparo, substituição, reforma e atividades de fim de vida. As emissões incorporadas também incluem perdas de refrigerante ao longo do ciclo de vida do edifício”, detalha o especialista.

Segundo Lenzi, os principais meios para reduzir as emissões de GEE dos edifícios são diminuir o uso de energia do edifício por meio da eficiência energética; reduzir o carbono incorporado na construção; adotar a eletrificação energeticamente eficiente das necessidades de energia do edifício; projetar prédios para otimizar a flexibilidade da rede; fornecer energia renovável no local; e descarbonizar a rede elétrica.

Há diferenças importantes entre o processo de descarbonização de um edifício comercial e de um residencial novo e usado. Enquanto o empreendimento novo pode ser comparado com uma simulação computacional de consumo de energia com referência ao projeto, o edifício já existente passa por estudo de eficiência energética, análise do consumo de energia do edifício e sistemas prediais (chamado de walkthrough análises 01, 02, 03), além de posterior implantação das possíveis melhorias. Com isso, pode ser verificada a economia de energia alcançada com os novos sistemas comparando-se com os últimos 12 meses de consumo.

 

HVAC-R na dianteira

Especificamente, a indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e e refrigeração pode colaborar promovendo uma série de intervenções nos modelos de gestão de sistemas de refrigeração e climatização, principalmente quando participa de projetos.

A Smacna Brasil, por exemplo, visualiza diversas oportunidades interessantes surgindo para o HVAC-R, que vem despontando no atendimento das demandas de sustentabilidade e maior eficiência energética, inclusive estimulando o respeito às normas internacionais.

A organização entende que o HVAC-R desempenha um papel decisivo para a redução das emissões de carbono nos edifícios, pois a cadeia produtiva do frio tem se desenvolvido tecnologicamente para atender às demandas de sustentabilidade e eficiência energética, incluindo as normas internacionais.

Para começar, a entidade entende ser fundamental eliminar liberações de refrigerante, minimizando vazamentos e usando produtos de baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês); adotar válvulas eletrônicas, parâmetros de automação e setpoints de sistemas mais inteligentes; instalar variadores de frequência e sistemas de bombeamentos mais eficientes, além de equipamentos energeticamente que consomem menos energia.

Na fase da construção, há emissão direta com a atividade construtiva de canteiro de obra, toda a logística dos fornecedores e funcionários que emitem gases de efeito estufa com o transporte e o carbono incorporado – emitido no processo industrial de cada material e produto utilizado na construção, como aço, cimento, concreto, alumínio, cerâmica, madeira, vidro.

“O carbono incorporado é um assunto que gera muita discussão porque faltam dados e informações da indústria. Precisamos que o setor da construção civil faça estudos de avaliação de ciclo de vida dos seus produtos. Deve-se analisar o desempenho ambiental desde a extração da matéria-prima até o produto estar pronto”, propõe Felipe Faria, do Green Building Council Brasil.

A boa notícia, ressalta o executivo, é que o Ministério de Minas e Energia criou, em 2022, o Sistema de Informação de Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), plataforma gratuita para a indústria realizar sua avaliação de ciclo de vida com foco em intensidade energética e carbono incorporado.

Diretor-adjunto do Departamento Nacional de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) e presidente da Câmara Ambiental do Setor de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação da Cetesb, Thiago Pietrobon, fundador da Ecosuporte, também entende que a área de refrigeração e climatização é uma das protagonistas das iniciativas de redução das emissões de carbono em edifícios.

“Nesse tipo de levantamento, aspectos como refrigeração, climatização conforto térmico e renovação de ar são indicadores fundamentais para a estruturação de processos de descarbonização. Um bom projeto busca o equilíbrio entre cada um desses itens e a harmonia com bons projetos arquitetônicos. Dessa forma, permite-se extrair da natureza tudo o que ela pode fornecer em termos de qualidade ambiental e beleza estética, sem agredir o meio ambiente”, completa o dirigente.

 

Estudo mostra drywall mais “verde” que blocos cerâmicos

Líder global em construção leve e sustentável, a francesa Saint-Gobain promoveu no Brasil estudos comparativos entre dois perfis de parede interna e descobriu que as peças desse tipo produziam uma série de benefícios ambientais.

O processo pode ser otimizado também com uso de materiais leves. As análises, feitas com dois perfis de parede interna (drywall e blocos cerâmicos de 140 milímetros rebocados com cimento), com um metro quadrado, descobriram que as peças do primeiro tipo produziam uma série de benefícios ambientais.

Bem mais leve, o drywall causaria uma queda de 63% no potencial de aquecimento global. Segundo o estudo da multinacional, os ganhos envolvem ainda uma redução de 49% no uso de energia primária, de 80% no peso do sistema de paredes e de 36% no consumo de água.

Ainda de acordo com a empresa, “a reutilização ou reciclagem de materiais é outra opção pela descarbonização da construção civil. Reutilizar o vidro, por exemplo, torna o item ‘descarbonado’, podendo diminuir o uso de energia em 3% para cada 10% de vidro adotado na construção”.

A partir deste conhecimento, detalha a empresa, o uso de uma tonelada de vidro reciclado reduz as emissões de carbono em 300 quilos, devido à diminuição do consumo de energia.

 

CECarbon

Por confiar no processo de descarbonização, a Saint-Gobain se tornou a primeira patrocinadora da CECarbon, calculadora de consumo energético e emissões de carbono para edificações desenvolvida pelo Comitê de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Comasp), composto por diversas entidades, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ, na sigla em alemão) e a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional.

A ferramenta é de acesso aberto e visa mensurar impactos e contribuir para a identificação de riscos e oportunidades para a cadeia produtiva da construção civil. A CECarbon leva em consideração o ciclo de vida dos insumos empregados na obra, desde a sua exploração e beneficiamento até o momento do uso na fase construtiva. Assim, pode-se optar por construções de menor impacto.

Lançada em 2020, a CECarbon permite a inserção de dados em momentos distintos de uma obra, com a possibilidade de produzir três edições. Dessa forma, é possível comparar dados de projeto com o efetivamente realizado. Os resultados permitem compreender os comportamentos dos indicadores de acordo com as escolhas realizadas ao longo do processo, abrindo caminho para uma melhor gestão de impactos da edificação.

Fabricantes se antecipam a novas regras de etiquetagem

Ainda que a nova etiqueta emitida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) só passe a ser obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2023, a indústria brasileira de ar condicionado passou 2022 se adaptando para atender aos parâmetros da classificação de eficiência energética, de acordo com o Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS).

Portanto, o setor só poderá fabricar ou importar aparelhos que obedeçam a estas regras. No caso do varejo, as vendas dos produtos em estoque poderão ser realizadas até 30 de junho de 2023. Esses prazos foram determinados pela Portaria Inmetro  269/2021.

O IDRS é mais fidedigno e realista, refletindo melhor o desempenho do aparelho diante das variações climáticas que ocorrem ao longo de todo ano. A etiquetagem até então utilizada não conseguia, por exemplo, demonstrar claramente ao consumidor final a diferença existente entre um produto com tecnologia Inverter e outro sem.

Segundo o Inmetro, a nova etiqueta traz o cálculo do consumo de energia do condicionador de ar no ano inteiro e leva em consideração o hábito de consumo do brasileiro ao longo do ano. Atesta, ainda, maior facilidade para identificar a eficiência dos produtos com compressor do tipo Inverter, já que foi alterado também o método para determinar o consumo de energia do condicionador de ar.

Agora, a etiqueta renovada traz uma série de informações antes não divulgadas – tipo de fluido refrigerante usado no aparelho; inclusão de duas novas categorias de classificação (“E” e “F”); consumo de energia anual (quanto menor o número, mais eficiente o aparelho); índice de eficiência sazonal (quanto maior o número, mais eficiente o aparelho); e direcionamento do consumidor, por meio de QR Code, para a base de produtos registrados no Inmetro.

Além disso, a autarquia estabeleceu que, para receber o Selo “A”, o aparelho deve ter índice de eficiência energética de 5,5, um aumento considerável, visto que antes, era de apenas 3,23. Essa grande diferença se dá porque a metodologia de cálculo da eficiência energética agora considera o método de carga parcial e métrica sazonal. É por isso que não se deve comparar o consumo de uma etiqueta nova com o de uma etiqueta antiga.

“A nova etiquetagem manteve a lógica de que os produtos classificados como ‘A’ são os mais eficientes. A diferença se resume à metodologia, posto que a anterior era menos exigente e com teste laboratorial menos completo. Isso permitia que houvesse uma diferença grande dentro do nível A”, argumenta o gerente de produtos de ar-condicionado da Samsung Brasil, Daniel Fraianeli.

O executivo enfatiza que os novos testes e níveis mínimos atualizados dão maior certeza ao consumidor sobre quais são os produtos mais eficientes disponíveis. “Além disso, a nova etiqueta tem informações que permitem, inclusive, a diferenciação entre produtos similares, os quais eventualmente podem exceder o mínimo para classificação ‘A’, ao mostrar a estimativa de consumo anual e o índice de eficiência (IDRS)”.

Assim como outros players, a Samsung iniciou antecipadamente a migração para a nova etiquetagem, e acredita que os prazos estabelecidos pela Portaria Inmetro 269/2021 foram suficientes. Entretanto, salienta, Fraianeli, como a multinacional sul-coreana já tinha aparelhos com desempenho compatível com o nível “A” da nova metodologia, não foram necessárias alterações de projeto que causassem impacto nos custos de fabricação.

“Nossos condicionadores de ar vão além dos critérios mínimos para classificação máxima do Inmetro, ou seja, economizam ainda mais energia que o padrão recomendado. Nos próximos anos, a tecnologia desenvolvida e aplicada aos aparelhos da Samsung permitirá ainda mais avanços quanto à eficiência energética”, projeta o gestor.

Outro importante player no mercado brasileiro, a japonesa Daikin trabalhou junto com os demais stakeholders envolvidos diretamente na alteração promovida no padrão de etiquetagem. “O consumidor, na hora da compra, não estava munido de informações para diferenciar os equipamentos, encontrando muitos produtos ‘A’ que, na realidade, não eram realmente eficientes”, afirma o gerente de marketing e produto da companhia no País, Nilson Murayama, frisando que a empresa não promoveu qualquer tipo de adaptação em sua linha de montagem, ajuste ou troca de componentes, uma vez que seus produtos sempre estiveram aptos à nova etiquetagem.

Com a mesma opinião que o seu colega de setor, o gerente de engenharia da Fujitsu do Brasil, Takao Matsumura, entende que a nova etiquetagem do Inmetro mostrará aos consumidores as diferenças de eficiência energética entre os aparelhos de ar-condicionado convencionais (on/off) e os aparelhos com tecnologia Inverter, que vem sendo comercializados desde 2007 pela companhia japonesa.

“A nova etiquetagem favorecerá os fabricantes de equipamentos com as melhores eficiências energéticas do setor. O crescimento da nossa empresa deverá ser superior ao do mercado, e a atualização de preço depende do aumento de custo de fabricação”, avalia o executivo, reforçando que as únicas alterações na linha de montagem aqui no Brasil foram feitas não por causa da nova metodologia de medição de eficiência energética, mas pela substituição, em seus equipamentos, do fluido refrigerante R-410A por R-32. Paralelamente à nova metodologia de medição de eficiência energética promovida pelo Inmetro, as regras do Selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) também foram alteradas. Antes, todos os produtos com Selo “A” do Inmetro podiam ostentar também o Selo Procel. Agora, para ter direito ao seu uso, além da eficiência ter de ser maior que o mínimo exigido para ser classe “A”, outros critérios, como potência em modo de espera e tipo de gás refrigerante utilizado, devem ser obedecidos.

Também foi criado o Selo Procel Ouro, em que as exigências para o seu uso são maiores do que as do Selo Procel. “Na nossa linha de produtos, o modelo Teto de 24.000 BTU/h obteve a classificação de Selo Procel Ouro. É uma honra estarmos entre os primeiros fabricantes, no mercado de ar condicionado, a obtê-lo”, comemora Matsumura.

Igualmente preparada, a Semp TCL – joint venture formada pela brasileira Semp e a chinesa TCL – há algum tempo já fabrica seus produtos considerando a classificação “A” do Inmetro para os modelos do tipo Inverter. Portanto, toda a linha Inverter da empresa está classificada e aprovada com Selo “A”, de acordo com a nova classificação. “A mudança realizada pelo Inmetro foi muito positiva, porque beneficia, sobretudo, o consumidor, que ganha mais uma ferramenta para avaliar os benefícios do produto na hora da compra”, aponta o gerente de produtos do fabricante, Nikolas Corbacho.

O gestor ressalta ainda que a empresa, assim como outros players do setor, também não precisou ajustar sua linha de produção, devido ao fato de já estar preparada para a fabricação de itens com maior economia de energia no segmento.

“O investimento feito na nova fábrica de Manaus (AM), inaugurada em maio deste ano para a produção exclusiva de condicionadores de ar, já contemplava as tecnologias mais avançadas desenvolvidas pela TCL globalmente, terceira maior fabricante de aparelhos de ar condicionado do mundo”, completa Corbacho.

Para o supervisor de pesquisa e desenvolvimento da Gree, Eduardo Roberto Tavares, o real impacto da transição para a nova etiquetagem está mesmo no fato de que os fabricantes serão obrigados a produzir para o mercado brasileiro produtos que realmente possuam alta performance durante funcionamento. “Realizamos muitos investimentos na linha de produção com a aquisição de novos equipamentos e mão de obra, assim como em novas séries de produtos totalmente Inverter, previstos para serem produzidos a partir primeiro semestre de 2023”, informa o executivo da multinacional chinesa. Toda a linha de ar-condicionado residencial da coreana LG também foi renovada para atender à nova regulamentação antes do prazo estabelecido pelo Inmetro. “O consumidor e a indústria saem ganhando diante dessa atualização”, analisa o gerente de produtos de ar-condicionado residencial da LG, André Pontes.

Pelas regras antigas ainda em vigor, “o Selo ‘A’ de eficiência energética é obtido muito facilmente, seja por produto Inverter, que consome menos energia, ou por não inverter, que gasta mais”, argumenta.

A multinacional ressalta que atualmente trabalha apenas com a tecnologia Inverter, como o compressor Dual Inverter, que contribui para que os modelos de ar-condicionado da LG sejam capazes de obter uma economia de até 70% de energia e uma refrigeração até 40% mais rápida em relação aos produtos convencionais.

“A qualidade e tecnologia dos produtos da LG são reconhecidas pelos consumidores, que mantêm a marca na liderança do mercado de condicionadores de ar no Brasil, com 22,3% de participação geral e 41,8% de liderança na categoria Inverter”, arremata o gestor, citando dados referentes a junho de 2022 divulgados pela consultoria GfK.

Danfoss anuncia a intenção de adquirir fabricante alemã de compressores BOCK

A Danfoss anuncia a intenção de adquirir a fabricante de compressores BOCK GmbH da NORD Holding GmbH, com sede em Frickenhausen, Baden-Württemberg, Alemanha.

Com mais de 50 anos de história e ativos de cerca de € 2,5 bilhões, a NORD Holding é uma das principais empresas de gestão de ativos de private equity na Alemanha.

De acordo com o Instituto Internacional de Refrigeração, a tecnologia de refrigeração e ar condicionado representa cerca de 15% do consumo de energia elétrica mundial, tornando cada vez mais relevante a busca por soluções energeticamente eficientes. Soluções inteligentes, combinando alta eficiência energética e refrigerantes de baixo GWP (sigla em inglês para baixo potencial de aquecimento global), tanto naturais quanto sintéticos, são o caminho para refrigeração e ar condicionado sustentáveis.

Ao adquirir a BOCK, a Danfoss adota uma abordagem proativa para promover o desenvolvimento e uso de fluidos refrigerantes de baixo GWP para ajudar a reduzir o aquecimento global e garantir a competitividade da indústria.

De acordo com Jürgen Fischer, Presidente da Divisão de Climate Solutions da Danfoss, a aquisição visa contribuir com a transição verde e ajudar os clientes da companhia em realizar a descarbonização. “Nunca foi tão relevante acelerar a transição verde, e compressores eficientes que funcionam com refrigerantes de baixo GWP são fundamentais para atingir essa meta. Ao expandir nosso portfólio com a linha BOCK de compressores semi-herméticos, cumprimos nossa promessa de ajudar nossos clientes a descarbonizar. O potencial para reduzir as emissões de CO2 é enorme”, afirma Fischer.

Com a aquisição, a Danfoss adiciona o maior portfólio do mundo de compressores semi-herméticos para refrigerantes naturais como CO2 (R744), hidrocarbonetos e outros refrigerantes de baixo GWP ao seu já forte portfólio de compressores centrífugos livres de óleo, inverter-scroll, compressores do tipo parafuso e unidades condensadoras.

“A aquisição criará uma posição única no mercado para os negócios de Compressores Comerciais da Danfoss, e nossos clientes se beneficiarão de um portfólio completo de compressores, incluindo compressores semi-herméticos para CO2, que ajudarão na transição para refrigerantes alternativos e maior eficiência energética”, explica Kristian Strand, Presidente da divisão de Compressores Comerciais da Danfoss.

Com uma força de trabalho existente de cerca de 350 especialistas em compressores em todo o mundo e quatro fábricas em Frickenhausen – Alemanha, Stribo – República Tcheca, Bangalore – Índia e Suzhou, China, a BOCK construiu uma forte reputação como fabricante de compressores que atende sistemas de refrigeração móveis e estacionários sendo destinado para os segmentos de transporte, varejo, logística, armazenamento e processamento de alimentos.

“Este é realmente um momento emocionante para todos nós. Após nosso forte e bem-sucedido crescimento nos últimos 2 anos, agora se tornar parte da família Danfoss abrirá novas oportunidades de negócios para a BOCK. Com base em nossa estreita parceria, podemos afirmar que juntos estamos alinhados para nos tornarmos um dos players mais fortes no negócio de compressores em todo o mundo. Não apenas compartilhamos as mesmas ideias de como desenvolver o negócio, mas também temos os mesmos valores quando se trata de nosso pessoal e como impulsionar o crescimento”, afirma Marcus Albrecht, CEO da BOCK.