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Carnes e leite impulsionam HVAC-R

Iniciada no primeiro trimestre de 2020, a pandemia do novo coronavírus evidenciou ainda mais o papel de protagonismo da refrigeração industrial nos processos de armazenagem, transporte e preservação de alimentos e produtos médicos, a exemplo das vacinas.

Se por um lado o fechamento compulsório de bares e restaurantes atrapalhou fortemente o HVAC-R nacional, por outro, acabou impulsionando as demandas geradas por grandes e médias redes supermercadistas e por pequenos estabelecimentos deste segmento.

Paralelamente à covid-19, o atual momento de incertezas climáticas e descontrole das condições macroeconômicas levaram diversos países, inclusive o Brasil, a aumentar seus estoques reguladores de proteína animal, a fim de garantir o abastecimento e a segurança alimentar.

“Este cenário contribuiu significativamente para o crescimento da indústria nesta atividade e a ampliação dos frigoríficos brasileiros, já que essas atividades necessitam de equipamentos para resfriamento e congelamento”, diz o vice-presidente de refrigeração da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Ricardo dos Santos, executivo da Mayekawa, companhia que atua na área de refrigeração industrial.

Ricardo dos Santos, executivo da Mayekawa

Ao mesmo tempo, pontua ele, o País terá forte investimento no segmento de logística com temperatura controlada, uma vez que o mercado observa o andamento da construção de vários novos centros de armazenamento refrigerado. Com isso, não só o segmento de carnes se beneficiou, mas também o de leite e derivados, que acabou pegando carona nessas mudanças positivas. “A busca por entrepostos refrigerados não é um fenômeno novo, mas sim a crescente procura por espaços refrigerados complexos e muito específicos. Até porque a indústria de armazenamento refrigerado tem sido fortemente impulsionada pelas vendas on-line e a crescente demanda do consumidor por produtos frescos de alimentação saudável e por produtos farmacêuticos que requerem armazenamento especializado”, explica Ricardo. No entendimento do VP da Abrava, esta guinada levou à construção de mais centros de distribuição de pequeno porte localizados regionalmente, para ajudar a diminuir o tempo de entrega e aumentar a vida útil dos produtos.

“Muitas empresas estão alugando espaços, com localização ideal, e os reformando para criar um ambiente de armazenamento refrigerado, com enfoque especial na eficiência energética, pois aproximadamente 25% do custo total de funcionamento de um CD refrigerado refere-se ao consumo de energia elétrica”, comenta. Igualmente importante para o segmento de leite e derivados, o frio tem papel essencial em uma das primeiras etapas pós-extração do animal, quando é necessário levar o produto, então a uma temperatura de 34 ºC, até 4 ºC, em um período de três a quatro horas, para garantir a segurança em relação a bactérias.

“Sem este processo, não se pode garantir a qualidade do leite, sendo necessário manter esta temperatura até que o produto chegue aos laticínios. No transporte refrigerado é igualmente importante, dando à cadeia do frio a grande responsabilidade de garantir a qualidade do leite que consumimos, bem como a sua condição para a produção de seus derivados”, descreve o gerente de vendas da Danfoss do Brasil, Eládio Pereira.

O executivo salienta que a multinacional é referência no mercado de leite em toda a América Latina, com produtos de alta tecnologia que atendem desde o pequeno produtor, a partir de um tanque de 300 litros, até grandes produtores e laticínios.

Segundo ele, os investimentos dos segmentos de carnes e leite têm sido fundamentais, nos últimos dois anos, para o crescimento do transporte refrigerado no Brasil, que não sentiu tanto os impactos da pandemia, uma vez que o consumo de alimentos da população migrou de bares e restaurantes para os supermercados, principalmente devido ao home office.

“O transporte frigorífico se intensificou por causa do aumento da demanda por alimentos. Como já estava preparado em relação a equipamentos e normas de qualidade e temperaturas, o grande desafio foi atender à crescente procura por novos equipamentos, o que ocorreu com êxito”, argumenta.

O executivo da Danfoss entende que, atualmente, o segmento de leite e derivados está bem coberto em relação à cadeia de refrigeração, por meio de resfriadores e conservadores de leite, além do transporte frigorífico.

Entretanto, assegura ele, as novas tecnologias que estão chegando ao setor agrícola, com intensificação da internet em zonas rurais, são consideradas os próximos desafios dos fabricantes de equipamentos de frio.

“A digitalização desses processos, o monitoramento remoto de temperaturas e da produção darão maior credibilidade ao produtor e agregarão valor ao leite, quando o mesmo for repassado aos grandes frigoríficos e cooperativas, beneficiando toda a cadeia produtiva”, complementa.

Para os técnicos em refrigeração e de outros segmentos do HVAC-R, enfatiza o executivo, a grande dificuldade ficará em torno das grandes distâncias e da dificuldade de locomoção até os produtores que possuem equipamentos de resfriamento de leite, a maioria dos quais estabelecidos na zona rural.

“Isto resultará em uma assistência técnica de maior valor devido aos custos relacionados à locomoção. Como a maioria dos técnicos está localizada nas grandes cidades, é preciso entender a limitação existente para a disponibilidade de pessoal qualificado, pois vai haver desequilíbrio entre a demanda de serviços e a mão de obra especializada disponível em determinada região”, analisa.

Este é o mesmo ponto de vista do vice-presidente de refrigeração da Abrava, Ricardo dos Santos, ainda que tenha expandido as mesmas dificuldades para a indústria, “visto que a constante ampliação e construção de novas fábricas de alimentos e centros de distribuição refrigerados tem apresentado ao empresariado o enorme desafio de encontrar mão de obra qualificada para operação e manutenção dos sistemas de refrigeração”, conclui ele, projetando que o setor do frio terá muito espaço para crescer nos próximos anos.

Plano preliminar de vacinação contra a covid-19 prevê quatro fases

O Ministério da Saúde já apresentou as definições preliminares da estratégia que vai pautar a vacinação da população contra a covid-19. Pontos como grupos prioritários, eixos estratégicos do plano operacional, expectativas de prazos, investimento na rede de frio para armazenamento das doses, processos de aquisição de agulhas e seringas para atendimento da demanda e as fases da vacinação dos grupos prioritários foram tratados durante o encontro.

Durante reunião sobre o tema, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, frisou a importância de viabilizar o Plano de Vacinação e reforçou que o ministério e entidades parceiras possuem ampla base técnica para elaboração das estratégias de forma a atender com excelência a todos os objetivos propostos no plano. “É um grande desafio que temos pela frente. Mas temos capacidade técnica, tempo, expertise e pessoas reunidas com vontade de fazer o melhor plano do mundo”, afirmou.

O ministro Pazuello reforçou, ainda, que o SUS tem hoje o maior programa de vacinação do mundo, o que fortalece a estratégia de vacinação contra a covid-19.

O secretário de Vigilância em Saúde da pasta, por sua vez, salientou que o plano apresentado hoje é preliminar e que sua estrutura final dependerá das vacinas disponibilizadas.

“É importante destacar que o plano que está sendo discutido ainda é preliminar e sua validação final vai depender da disponibilidade, licenciamento dos imunizantes e situação epidemiológica”, disse. “Todas essas questões serão relevantes, inclusive, para definição final dos grupos prioritários, onde são levados em consideração os critérios de testes realizados por cada laboratório que disponibilizar vacinas”.

Além do Ministério, integram o grupo de discussão a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS), a Fiocruz, o Instituto Butantan, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), sociedades médicas, conselhos federais da área da saúde, Médicos Sem Fronteiras e integrantes dos Conselhos Nacionais de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde (Conass e Conasems) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Eles fazem parte da Câmara Técnica para elaboração do plano, implementada a partir de Portaria nº28 de 03 de setembro de 2020.

QUATRO FASES

Durante a reunião, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério, Francieli Fontana, detalhou que a vacinação deve ocorrer em quatro fases, obedecendo a critérios logísticos de recebimento e distribuição das doses. As fases desenhadas pela equipe técnica priorizam grupos, que levam em conta informações sobre nuances epidemiológicas da Covid-19 entre os brasileiros, bem como comorbidades e dados populacionais.

Na primeira fase, conforme a coordenadora do PNI, devem entrar trabalhadores da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e população indígena.

Em um segundo momento, entram pessoas de 60 a 74 anos. A terceira fase prevê a imunização de pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença (como portadores de doenças renais crônicas, cardiovasculares, entre outras). A quarta e última fase deve abranger professores, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional.

Ao todo, os quatro momentos da campanha somam 109,5 milhões de doses, sendo que os esquemas vacinais dos imunizantes já garantidos pelo Ministério da Saúde – Fiocruz/AstraZeneca e por meio da aliança Covax Facility – preveem esquema vacinal em duas doses. Na reunião, Francieli reforçou que o planejamento dos grupos a serem vacinados e fases é preliminar e pode sofrer alterações, a depender de novos acordos de aquisição de vacinas com outras farmacêuticas, após resultados dos estudos das vacinas candidatas e regulamentação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

SERINGAS E AGULHAS 

A coordenadora do PNI também detalhou que o Ministério da Saúde negocia aquisições de seringas e agulhas para atender à demanda para vacinação contra o coronavírus. Segundo ela, no momento, encontra-se em andamento processo de compra de 300 milhões de seringas e agulhas no mercado nacional para aplicação das doses, e outras 40 milhões no mercado internacional. Para a aquisição interna, já foi realizada pesquisa de preços e emissão de nota técnica para elaboração do edital de compra, que será lançado na próxima semana.

PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde é o maior programa de vacinação do mundo e atende, atualmente, uma população de 212 milhões de pessoas. Durante a reunião, Francieli lembrou que o programa já possui ampla expertise em vacinação em massa e está preparado – tanto no âmbito técnico quanto no de infraestrutura – para a vacinação contra a Covid-19, sem que a demanda do calendário normal de vacinação da população seja afetada.

Apenas em 2020, mais de R$ 42 milhões foram investidos para estruturação da rede de frio que armazena as doses do PNI, e que hoje atende na faixa de temperatura preconizada de 2 ºC a 8 ºC para todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, com exceção da Vacina Oral Poliomielite, armazenada a -20 ºC na instância nacional. O recurso serviu à compra de câmaras refrigeradas, computadores e novos aparelhos de ar-condicionado.

Em novembro, a pasta realizou um workshop junto às secretarias municipais e estaduais de Saúde a fim de preparar a rede de frio nacional, em suas diversas instâncias, para introdução das doses contra a covid-19. Foram tratados no treinamento temas como as entregas das cargas, investimentos na rede de frio, riscos de armazenamento, as vacinas contra a doença em fase 3 de pesquisa e orientações técnicas sobre qualidade. Atualmente, o Brasil possui 38 mil salas de vacinação espalhadas por todo o país.

Os eixos prioritários que guiam o Plano de Vacinação são: situação epidemiológica, atualização das vacinas em estudo, monitoramento e orçamento, operacionalização da campanha, farmacovigilância, estudos de monitoramento pós marketing, sistema de informação;  monitoramento, supervisão e avaliação; comunicação; encerramento da campanha.

O Brasil já possui atualmente garantidas 142,9 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 por meio dos acordos Fiocruz/AstraZeneca (100,4 milhões) e Covax Facility (42,5 milhões). No mês passado, o Ministério da Saúde sediou encontros com representantes dos laboratórios Pfizer BioNTech, Moderna, Bharat Biotech (covaxin) e Instituto Gamaleya (sputinik V), que também possuem vacinas em estágio avançado de pesquisa clínica, para aproximação técnica e logística.

O ministro Eduardo Pazuello disse, na reunião, que nenhuma delas está descartada. “Estamos na prospecção de todas as vacinas. Todas são importantes”. Ele aproveitou também para frisar a importância do tratamento precoce como aliado contra a covid-19 até que sejam disponibilizadas vacinas para toda a população. “Enquanto a vacina não chega, precisamos focar no diagnóstico clínico do médico, no tratamento precoce e no manejo correto do paciente”, disse.

Brasil dispõe de logística para transporte de vacinas contra covid-19

O mercado brasileiro de transporte de medicamentos dispõe de infraestrutura logística adequada para transportar as vacinas que combaterão a covid-19. “Os equipamentos são próprios para atender os três padrões de temperatura utilizados usualmente pelos operadores logísticos e que são determinados pela ANVISA”, afirma Marcos Augusto Pordeus de Paula, diretor da Frigo King, empresa que fabrica equipamentos de alta tecnologia para refrigeração de cargas transportadas em baixas temperaturas. “A maior parte das vacinas em estudo já conta com a logística adequada para sua distribuição”, afirma.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 50% das vacinas chegam comprometidas ao seu destino devido a falhas no controle de temperatura. Por isso é essencial ter esse controle desde o momento em que as vacinas saem dos fabricantes e até se destino final que podem ser os centros de distribuição de farmácias, laboratórios e hospitais.

As normas que regem esse transporte são determinadas pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 430/20) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “Os devidos cuidados com a manutenção da temperatura ideal, ao longo de todo o trajeto, e o correto armazenamento da carga são partes fundamentais para garantir o combate à covid-19”, explica Marcos.

A Frigo King fornece equipamentos para atender o maior leque de demandas de transporte de medicamentos. O Titan é utilizável desde baús sobre chassi de caminhão leve até semirreboque. A Linha Flex atende o transporte em caminhão leve com baú e a Farma Basic é destinada a logística que usa veículos comerciais leves com espaço refrigerado para carga.

Os equipamentos da Frigo King permitem o monitoramento e registro dos dados da temperatura durante o transporte com o uso de dataloggers. A segurança e garantia da manutenção da temperatura da carga se completam com o acompanhamento remoto por meio de dispositivos como smartphones.

Os três padrões para transporte são adotados para atender as características próprias dos medicamentos sem que sua qualidade e eficácia sejam afetados. “Estamos tratando de uma carga que salva vidas e por isso todo cuidado é pouco em seu correto manuseio”, diz o executivo.

Padrões de operação

Os padrões de operação de temperatura são parâmetros que permitem a correta armazenagem e transporte de medicamentos. O primeiro deles estabelece temperatura da carga em 18 graus positivos, com variação na faixa de 15º a 25º positivos, e atende a grande maioria dos medicamentos vendidos no Brasil.

O segundo é com temperatura de 5 graus positivos, com variação de 2º a 8º positivos, e é adequado para o transporte da maior parte das vacinas e demais produtos mais delicados e tecnologicamente avançados, como insulina.

O terceiro padrão opera em 18 graus negativos para menos e é adequado para o transporte de outros tipos de vacinas. A maior parte da tecnologia presente nas vacinas em desenvolvimento para combater a Covid-19 pode ser transportada com os equipamentos atuais. “Fora desse padrão será necessário desenvolver algo específico”, diz.

HVAC-R lamenta morte de diretor da Carrier em queda de avião

Eric Prieur, diretor de sustentabilidade da cadeia do frio da Carrier, estava entre os passageiros do voo 302 da Ethiopian Airlines, que caiu na manhã do último domingo (10), matando todas as 157 pessoas a bordo.

Ele estava viajando para a Assembleia de Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nairóbi, onde ele deveria fazer uma apresentação em nome do Conselho da Cadeia do Frio Alimentar sobre perdas de alimentos.

Uma declaração no site da UTC, grupo norte-americano que controla a Carrier, salienta que o fabricante de sistemas de refrigeração e ar condicionado “se junta ao mundo em luto pela perda daqueles a bordo do voo 302 da Ethiopian Airlines”.

“Estamos profundamente tristes em compartilhar que nosso colega e amigo Eric Prieur estava entre os passageiros a bordo. Em sua função, Eric viajou pelo mundo para identificar e implementar novas soluções para reduzir o desperdício de alimentos e garantir que mais alimentos frescos chegassem às pessoas em todo o mundo”, disse a companhia.

Também lamentando a perda o executivo, o Instituto de Refrigeração, Aquecimento e Ar Condicionado dos EUA (AHRI) declarou: “Ele tinha muita energia e paixão pelo tema da sustentabilidade e aumentou o nível de participação e liderança da Carrier em escala global. O AHRI oferece suas mais profundas condolências aos seus colegas, amigos e familiares.”

Prieur assumiu a diretoria de sustentabilidade da cadeia do frio da Carrier Transicold em 2015. Anteriormente, ele passou oito anos como diretor de planejamento estratégico e comunicação da UTC.

Mercado do frio busca diminuir perdas na conservação de alimentos

Fundamental para um país de clima tropical como o nosso, a correta conservação de alimentos perecíveis – do fabricante ou produtor, passando pelo distribuidor e transporte até o ponto de venda – tem sido um desafio grandioso para o mercado do frio.

Este gargalo promove um dos maiores desperdícios do mundo, com o Brasil jogando fora 1,3 bilhão de toneladas ao ano – um terço dos alimentos produzidos –, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A partir desta rápida análise, conclui-se que a redução dessas enormes perdas econômicas geradas pelo desperdício de alimentos perecíveis no país pode ser obtida com a integração dos elos produtivos por meio de uma rede frigorífica bem estruturada.

Transporte refrigerado
aumenta segurança
alimentar

“Quanto mais adequado for o transporte, armazenamento e manuseio, da produção à venda, melhor será a qualidade do alimento e sua vida de prateleira. Isso permitiria ao consumidor ser mais atraído  para a compra de produtos hortifruti pela melhor apresentação desses produtos em mercados, feiras ou sacolões, gerando um consumo maior e refletindo em melhores aspectos nutricionais da alimentação. Com isso, diminuiríamos o desperdício, algo inaceitável para o mundo de hoje”, comenta Roberto Hira, coordenador de planejamento de vendas e operações da Thermo King no Brasil.

A demanda é tão complexa que passa, primeiramente, na opinião do executivo, por um rearranjo de nossas legislações tributárias, trabalhistas e previdenciárias e da infraestrutura logística do país.

Este segundo item é formado por malhas rodoviária, ferroviária e de navegação de cabotagem sucateadas e subaproveitadas, além de uma frota de caminhões, que tem, em média, 18 anos de idade (motoristas autônomos) e 10,2 anos (transportadoras), segundo pesquisa da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“Temos de nos organizar melhor para diminuir o custo dos produtos para o consumidor, a fim de melhorar a capacidade de investimento dos transportadores. Por exemplo, a chamada ‘lei do motorista’ estipula as horas trabalhadas, porém a estrutura nas rodovias dificulta o planejamento das paradas do caminhão para cumprimento desta lei. Outro fator estrutural são as condições das rodovias, que impactam diretamente no custo do transporte por conta de acidentes, baixa velocidade média, seguros de carga”, reforça Hira.

Frutas congeladas para serem distribuídas no mercado

Frutas, legumes e outros
alimentos congelados são
cada vez mais populares

Segundo ele, no aspecto operacional, é fundamental capacitar todas as operações da cadeia do frio, desde quem carrega, transporta, recebe e vende até a conscientização do consumidor.

“Em uma cadeia do frio perfeita, o carregamento é feito de forma adequada com embalagem correta, o transportador configura a unidade de refrigeração para manter a temperatura ideal, quem armazena mantém em condições adequadas e o consumidor mantém ao máximo os cuidados devidos para que o produto esteja em boas condições até o consumo”, idealiza.

O diretor de marketing de poliuretanos da Dow, Marcelo Fiszner, reforça esta tese ao ponderar que os processos de deterioração dos alimentos ao longo da cadeia estão diretamente relacionados à temperatura ambiente do produto.

“Os problemas se concentram em duas etapas importantes: durante o transporte, com uma refrigeração que poderia ser melhor controlada no decorrer de todo o percurso, e nos diversos meios de transporte utilizados, para não gerar perdas de calor; e durante o armazenamento, com câmaras frias inadequadas que não utilizam os melhores isolantes do mercado ou não estão na temperatura correta. É essencial que o produto mantenha a mesma temperatura ao sair do setor de armazenagem, ser transportado e depois armazenado no seu destino final”, salienta.

Inovações

Pródigo em apresentar soluções inovadoras, o HVAC-R tem buscado incessantemente ferramentas contra o desperdício, seja de alimentos, seja de energia elétrica. Tendência no mercado, a interação entre o equipamento e dados on-line tem se mostrado eficiente para a preservação de alimentos.

A Thermo King, por exemplo, tem investido na chamada Internet das Coisas, que permite a verificação on-line das condições em que a carga está sendo transportada, de modo que o problema possa ser identificado no momento em que ocorre, permitindo a manutenção ou ajuste, evitando assim a perda dos produtos.

Cadeia do frio estruturada evita perdas de alimentos

“Além disso, a tecnologia de monitoração da Thermo King é a garantia de que a carga está sendo mantida dentro da temperatura acordada, para todos os envolvidos na operação. Além da tecnologia da informação, temos avançado nas questões ambientais, desenvolvendo sistemas e serviços e atendendo o mercado brasileiro com equipamentos que consomem cada vez menos combustível e que atendem às exigências de emissões da Europa e Estados Unidos”, exemplifica Hira.

Paralelamente, o mercado de isolantes também tem se beneficiado com a maior consciência dos players, como gestores e operadores logísticos, sobre a importância de se combater o desperdício.

“A Dow procura incentivar os clientes a utilizar os melhores materiais isolantes. Temos produtos para isolamento para as diferentes necessidades do mercado, como os sistemas de poliuretano Voracor e Voratherm, que oferecem excelente isolamento, são estruturalmente sólidos e resistentes ao fogo e proporcionam leveza aos painéis de isolamento”, afirma Fiszner.

Os produtos podem ser utilizados em painéis para máquinas de refrigerantes e grandes eletrodomésticos, veículos e tanques refrigerados, além de paredes e painéis para telhados. As propriedades finais da espuma rígida garantem o preenchimento total das cavidades, bem como evitam o desperdício de energia.

A companhia também leva ao mercado o Pascal Pro, sistema e processo de poliuretano que aumenta significativamente o desempenho da eficiência energética nas aplicações da cadeia fria profissional, sem afetar negativamente o design e melhorando substancialmente a produtividade.

“As formulações de poliuretano são desenvolvidas sob medida e o sistema de processos de injeção sob pressão reduzida fazem com que o enchimento da cavidade de isolamento do painel seja mais eficaz e consistente”, explica o executivo da Dow.

 Expectativas para 2018

O Brasil sempre foi um mercado promissor para a cadeia produtiva do frio, e as expectativas têm crescido, visto que o País já começou a se recuperar. Tanto a Thermo King quanto a Dow esperam um 2018 positivo.

“O mercado brasileiro é um grande desafio, pois requer experiência para entender as necessidades das diferentes regiões e operações logísticas, e a responsabilidade de atendê-las com eficiência, ética e transparência. Temos, há alguns anos, um grande foco no atendimento prestado por nossos representantes ao longo do país, pois entendemos que nosso trabalho não se encerra após a venda”, disse Hira, da Thermo King.

Já Marcelo Fiszner, da Dow, acredita que os investimentos em infraestrutura voltarão, e em 2018 a cadeia do frio para alimentos também sairá ganhando, “pois estimamos que o volume de perdas tende a diminuir”, acrescenta.

“Isso porque o segmento de transporte refrigerado tem como principal desafio a falta de infraestrutura nas rodovias. Problemas desde falta de qualidade do asfalto à segurança nas rodovias impactam os resultados. Atualmente, apenas 15% das vias do nosso país são pavimentadas. Por isso, melhorar a infraestrutura das estradas de um território com dimensões continentais como o nosso é essencial”, reforça.

 

Armacell confirma participação na Febrava

A Armacell confirmou sua participação na 20ª Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento de Ar (Febrava), que ocorrerá de 12 a 15 de setembro, no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, na capital paulista.

A indústria de isolantes térmicos vai levar à exposição todo o seu portfólio da linha Armaflex. Além disso, a empresa colocará um técnico à disposição dos visitantes para explicar sobre os detalhes de seus produtos e sobre as melhores práticas de instalação dos isolantes e de outros componentes de sua linha.

A Febrava oferecerá aos visitantes uma série de atividades relacionadas à inovação no HVAC-R, entre elas a Ilha da Cadeia do Frio, da qual a Armacell é uma das participantes no fornecimento de componentes que garantem o isolamento térmico e a eficiência energética dos equipamentos instalados.

De acordo com a organização da mostra, nesse espaço didático e interativo serão apresentados o que há de mais inovador em refrigeração, conservação, estocagem e transporte de alimentos, com o intuito de amenizar desperdícios.

Operação Carne Fraca pode favorecer indústria do frio

Dez dias depois de a Operação Carne Fraca ter sido deflagrada pela Polícia Federal, o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Weyland Barbosa Vieira, avaliou que ela poderá, a médio e longo prazo, produzir efeitos positivos para o agronegócio do País.

Vieira, que assumiu recentemente a presidência da entidade, negou que a imagem negativa, causada pela operação da PF na indústria da carne, possa contaminar outros setores rurais.

“Os impactos iniciais nos pareceram preocupantes, mas tudo indica agora que os impactos a médio prazo serão bons. O consumidor brasileiro passou a se interessar um pouco mais pelo controle sanitário e está vendo como nosso sistema é bem estruturado”, disse.

O presidente da SRB também disse que, apesar dos problemas iniciais relacionados às suspensões de compra da carne brasileira por alguns países, o valor do produto nacional deverá rapidamente voltar a seu patamar anterior.

Segundo a PF, os frigoríficos envolvidos na Operação Carne Fraca “maquiavam” carnes vencidas com produtos químicos e as reembalavam para conseguir vendê-las.

As empresas, de acordo com a polícia, subornavam fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que autorizassem a comercialização do produto sem a devida fiscalização. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.

Impactos na cadeia do frio

A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), por meio de seu Departamento Nacional de Refrigeração Comercial (DNRC), fez uma análise positiva da Operação Carne Fraca para o setor de refrigeração.

“Neste primeiro momento, todas as instalações e novos projetos estão sendo reavaliados, pois, a partir de agora a fiscalização será mais rigorosa, fazendo com que os frigoríficos se ajustem aos padrões de máxima qualidade para seus produtos, de forma a permitir, posteriormente, uma retomada para todo o setor da refrigeração comercial e industrial para adequação de normas e padrões do mercado”, ressaltou, em nota, o presidente do DNRC, Eduardo Almeida.

Em sua avaliação, é apenas uma questão de tempo para que a indústria de equipamentos de refrigeração seja acionada. “Temos no Brasil uma grande oportunidade de aprimorarmos as instalações frigoríficas quanto aos aspectos de qualidade, eficiência energética e manutenção. Esta operação pode incentivar os frigoríficos que ainda não se adequaram às rigorosas normas de qualidade”, disse.

Para a Abrava, controle e rastreabilidade do frio darão o tom das mudanças a serem feitas na indústria e comércio de carnes em geral. Substituição de equipamentos antigos, eficiência energética, melhor capacidade de refrigeração e manutenção são alguns dos pontos a serem tratados com urgência para que os parques industriais voltem a trabalhar com a qualidade necessária para atendimento ao mercado brasileiro e de outros países importadores da carne nacional.