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Futuro do HVAC-R une eficiência, sustentabilidade e ar mais saudável

Com foco em eficiência energética, uso de refrigerantes de baixo GWP e melhoria da qualidade do ar interno, o setor de HVAC-R no Brasil acelera sua transição para uma era mais sustentável

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À medida que o setor de HVAC-R no Brasil avança, as atenções se voltam para três pilares que definirão o futuro da climatização e refrigeração: eficiência energética, transição para refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP) e melhoria da qualidade do ar interno, e vem assumindo papel estratégico na agenda de sustentabilidade no país, além de representar participação significativa na produção industrial.

Representando cerca de 2,3% da produção industrial, nacional a eficiência energética é hoje uma das prioridades da política ambiental e industrial brasileira. O Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a organização internacional CLASP, promoveu em 14 de outubro último, o seminário “Brasil e a COP30: o papel da eficiência energética no setor HVAC-R”, que reuniu representantes do governo, entidades industriais e especialistas nacionais e internacionais.

Durante o encontro, foi lançado o Comitê de Acompanhamento do Projeto de Eficiência Energética como Instrumento de Política Industrial, iniciativa que reunirá representantes públicos e privados para sugerir ações que ampliem a competitividade e a sustentabilidade do setor. O grupo também será responsável pela elaboração de uma carta de compromisso com a eficiência energética, que poderá ser apresentada na COP30, em Belém (PA), este mês de novembro.

Para o MME, a cooperação entre ministérios, indústria e instituições de pesquisa é essencial para fortalecer a política energética brasileira e posicionar o país como referência global em inovação. O diretor do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética do MME, Leandro Andrade, destacou que o setor de HVAC-R representa cerca de 10% do consumo de energia elétrica do setor residencial no país, índice que evidencia o enorme potencial de economia e de crescimento.

Leandro Andrade destacou o papel da eficiência energética no setor HVAC-R durante seminário “Brasil e a COP30”

“A eficiência energética é o primeiro e mais imediato mecanismo de impacto para os sistemas HVAC-R. No Brasil, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou diretrizes específicas para aparelhos de ar-condicionado, estabelecendo novos índices mínimos de eficiência com metodologia baseada na norma ISO 16358-1, que permite diferenciar os equipamentos com tecnologia inverter, capazes de consumir até 30 % menos energia que os convencionais de rotação fixa. A eficiência energética usualmente é como se fosse o combustível mais barato, a alternativa energética mais econômica para o consumidor de energia. Ela pode reduzir a necessidade de novos investimentos em geração e transmissão de energia e trazer benefícios diretos ao consumidor, com redução na conta de luz, sem perder qualidade de vida. Num contexto de COP, reforçar a eficiência dentro da política industrial brasileira é essencial para alcançarmos a transição energética inclusiva que desejamos”, afirmou Andrade.

A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) vem alertando sobre os desafios na implementação de alternativas de refrigerantes de baixo GWP, tecnologias com máxima eficiência e QAI, destacando questões como infraestrutura, custo, capacitação técnica e normas de segurança e fabricantes já se movimentam.

“Durante o evento “Brasil e a COP30”, foi assinado o termo com os SENAI Amazonas e Paraná, que farão o mapeamento de toda cadeia produtiva do HVAC-R na intenção de apresentar iniciativas que impulsionam a sustentabilidade e a inovação no país. Além disso, eu e Felipe Raats representaremos a ABRAVA no Comitê de Acompanhamento do Projeto Eficiência Energética no setor”, informa Thiago Pietrobon, Diretor de Meio Ambiente da ABRAVA.

Tanto para os grandes fabricantes quanto para instaladores, esse tripé: pressão regulatória + mercado + tecnologia, significa que os sistemas devem ser projetados com componentes de alta eficiência, controles inteligentes, manutenção rigorosa e integração digital (IoT/monitoramento). O resultado: menor consumo de energia, menores custos operacionais e menor emissões de CO‚  no ciclo de vida.

A Daikin divulgou que pretende duplicar a eficiência energética de seus equipamentos até 2030 e zerar as emissões de carbono em 2050. Em sua participação no seminário “Brasil e a COP30”, a empresa apresentou sua visão de sustentabilidade e o avanço tecnológico em equipamentos inverter e VRV.

“A promoção do inverter e o desenvolvimento do VRV foram fundamentais para o salto tecnológico que resultou em equipamentos mais eficientes. Em cada COP, a Daikin buscar trazer novas ideias e aplicações com o objetivo de reduzir sua pegada de carbono e transformar o setor. Na COP30, o foco será em soluções para descarbonização de edificações e combate ao overcooling (arrefecimento excessivo)”, enfatiza João Aureliano, Gerente Sênior de Engenharia de Produto da Daikin.

Já a Hitachi, teve projeto pelo retrofit do Condomínio Edifício Villa Lobos com a substituição de chillers, infraestrutura elétrica e hidráulica que resultou em redução de consumo de energia elétrica de cerca de 20% e água em 25%. O retrofit substituiu a Central de Água Gelada (CAG), condicionadores de ar, infraestrutura elétrica e hidráulica, além da instalação das seis unidades resfriadoras de água gelada com Chiller Parafuso com Condensação a Ar de capacidade 140 TR cada, totalizando 840 TR.

Transição para refrigerantes de baixo GWP

O segundo grande vetor é a transição para refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global (GWP). No Brasil, esse movimento é impulsionado tanto por compromissos internacionais como a Protocolo de Kigali (sobre HFCs), quanto por iniciativas setoriais. A Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ASBRAV), por exemplo, publicou recentemente um alerta sobre “Desafios na implementação de refrigerantes de baixo GWP no Brasil”, mencionando barreiras como infraestrutura, custo e capacitação técnica.

“Globalmente, a indústria de HVAC-R é incentivada a diminuir o uso de refrigerantes tradicionais devido ao seu alto GWP, que contribui significativamente para o aquecimento global. O Protocolo de Kigali, uma emenda ao Protocolo de Montreal, exige uma redução substancial na utilização destes gases até 2030. Para o Brasil, a adesão a este protocolo significa necessidades urgentes de adaptação às novas normativas internacionais que promovem um mercado mais sustentável. A transição para refrigerantes de baixo GWP no Brasil é inevitável e essencial para alinhar o país com objetivos globais de sustentabilidade. Enquanto os desafios são consideráveis, as oportunidades para inovar e liderar em eficiência energética e redução de emissões são vastas. Com o apoio governamental adequado através de incentivos fiscais e programas de financiamento, juntamente com um ambiente regulatório claro e estável, o Brasil pode superar esses obstáculos e estabelecer um novo padrão em sustentabilidade ambiental no setor de HVAC-R”, comenta Mario Henrique Canale, presidente da ASBRAV.

No setor industrial, as fabricantes já lideram esse movimento. A Daikin iniciou em Manaus a produção de equipamentos que utilizam o R-32, fluido com GWP até 68% menor que o R-410A. A Midea também investe em linhas com R-32 e em projetos que testam o uso do R-290 (propano), considerado uma solução natural e de baixíssimo impacto ambiental. Já a Copeland oferece compressores e sistemas compatíveis com refrigerantes A2L, CO2‚  (R-744) e R-290, desenvolvidos para aplicações comerciais e industriais de alta eficiência.

Esses avanços colocam o Brasil em sintonia com os compromissos do Protocolo de Kigali, que prevê a redução gradual dos HFCs. No entanto, para consolidar a transição, é indispensável investir na capacitação de técnicos e instaladores, pois o manuseio de novos gases requer normas de segurança, ferramentas específicas e procedimentos de comissionamento adequados.

Grandes fabricantes já oferecem sistemas compatíveis com refrigerantes A2L, CO2‚ (R-744) e R-290, desenvolvidos para aplicações comerciais e industriais


Qualidade do ar interno e saúde

A pandemia reforçou a importância da qualidade do ar interno (QAI) como fator de saúde pública e produtividade. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a ABRAVA têm enfatizado que a QAI deve integrar políticas ambientais e de edificações sustentáveis. Segundo dados da ABRAVA, em ambientes fechados onde passamos cerca de 90% do tempo, a poluição interna pode ser 2 a 5 vezes maior do que a externa. Isso reforça o papel crítico de projetistas, instaladores e técnicos em garantir sistemas bem dimensionados e limpos, com ventilação adequada, filtragem eficiente, controle de umidade, troca de ar e manutenção periódica.

Até recentemente, a Resolução RE 09/2003 da ANVISA era o principal documento que definia padrões referenciais de QAI no país. Contudo, ela foi substituída pela nova ABNT NBR 17.037:2023, que modernizou e ampliou os critérios de avaliação. A norma estabelece parâmetros para contaminantes biológicos, químicos e físicos, além de condições térmicas ideais e taxas mínimas de renovação de ar.

“A publicação dessa norma representa um avanço importante, pois substitui padrões antigos e alinha o Brasil às práticas internacionais de controle de qualidade do ar. A NBR 17.037 dialoga com outras referências, como a NBR 16.401-3, voltada ao projeto e manutenção de sistemas de ar-condicionado central e unitário, e as normas ASHRAE 62.1 e 55, que orientam o conforto térmico e a ventilação adequada em edifícios. Além disso, em 2024 foi sancionada a Lei nº 14.850, que institui a Política Nacional de Qualidade do Ar. Embora voltada principalmente ao ar externo, a legislação reforça a necessidade de monitoramento, divulgação de dados e integração de políticas públicas, o que influencia diretamente os esforços pela melhoria da QAI”, diz Leonardo Cozac, Presidente da ABRAVA.

Essas mudanças normativas refletem uma nova mentalidade no setor HVAC-R. Hoje, não basta climatizar, é preciso purificar, ventilar e monitorar o ar que se respira. Essa evolução tecnológica e regulatória vem acompanhada de desafios, como o custo das medições e adequações, a necessidade de atualização profissional e a substituição de equipamentos antigos por sistemas mais eficientes.

A LG, por exemplo, em sua plataforma de soluções, afirma adotar uma abordagem “digital e ecologicamente correta” e aponta que suas soluções ajudam a “garantir ambientes mais seguros e saudáveis”, com filtros de alta eficiência, monitoramento de qualidade do ar e ventilação térmica otimizada.


Desafios de instaladores e técnicos

Mesmo com equipamentos de ponta e fluidos de baixo impacto, se a instalação for inadequada, a manutenção negligente ou os controles inexistentes, o ganho se perde. Entre os desafios destacados estão:

– Capacitação técnica para os novos refrigerantes (manuseio, instalação, segurança) e para manutenção de sistemas inverter e de vazamento reduzido.

– Necessidade de projetos bem dimensionados e execução com qualidade (tubulação, isolantes térmicos, carga correta, comissionamento).

– Manutenção periódica que garanta desempenho real, qualidade do ar e vida útil dos equipamentos.

– Conscientização dos usuários finais para optar por soluções de maior eficiência, ainda que com investimento maior.

– Alinhamento regulatório, incentivos fiscais ou programas de apoio para acelerar a substituição de sistemas obsoletos, inclusive em edificações públicas ou industriais.

COP30 e PNUMA lançam fase de implementação do Mutirão Global contra o Calor Extremo

Iniciativa quer acelerar ações de resfriamento sustentável e ampliar o acesso à refrigeração como infraestrutura essencial.

A Presidência da COP30 e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançaram, em 12 de novembro de 2025, a fase de implementação do Mutirão Global contra o Calor Extremo (Beat the Heat). A ação é promovida em parceria com a Coalizão pelo Resfriamento (Cool Coalition) e tem como meta acelerar a adoção de soluções sustentáveis de resfriamento e resiliência ao calor em cidades de todo o mundo.

Até o momento, 185 cidades aderiram ao Mutirão Global e 72 países firmaram o Compromisso Global pelo Resfriamento, que prevê a redução das emissões relacionadas à refrigeração em 68% até 2050.

A CEO da COP30, Ana Toni, destacou que a iniciativa facilita a comunicação dos objetivos da conferência com o público. Segundo ela, a experiência direta do calor permite que as pessoas compreendam e apoiem acordos multilaterais sobre mudanças climáticas.

De acordo com o PNUMA, a demanda global por refrigeração deve triplicar até 2050, o que pode agravar as mudanças climáticas e sobrecarregar as redes elétricas. O novo relatório da Cool Coalition, liderado pelo Programa, aponta que o Caminho de Resfriamento Sustentável pode fornecer acesso a refrigeração de espaços, edifícios resilientes e espaços verdes urbanos para todos, incluindo grupos vulneráveis e de baixa renda, como pequenos agricultores, mulheres e idosos — sem agravar a crise climática.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou que cerca de 20 milhões de crianças e adolescentes estudam em escolas brasileiras sem climatização adequada e defendeu medidas articuladas em torno das agendas de mitigação, adaptação e transformação.

A diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, afirmou que o acesso ao resfriamento deve ser tratado como infraestrutura essencial, a exemplo de água, energia e saneamento, uma vez que “o resfriamento salva vidas e mantém economias, escolas e hospitais funcionando”.

O prefeito de Fortaleza (CE), Evandro Leitão, destacou que o enfrentamento da crise climática deve estar vinculado à justiça social, com ações intersetoriais nas áreas de saúde, educação e infraestrutura.

Brasil avança em projeto para eliminar uso de HCFC-22 na manufatura de equipamentos RAC

Iniciativa coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e executada pela UNIDO busca substituir o HCFC-22 por alternativas de menor impacto ambiental.

O Projeto para o Setor de Manufatura de Equipamentos de Refrigeração e Ar-Condicionado (RAC), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), foi aprovado em dezembro de 2015 durante a 75ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal (FML).

A iniciativa tem como objetivo reduzir o consumo de HCFC-22 utilizado na fabricação de equipamentos de refrigeração e ar-condicionado, responsável por cerca de 17% do consumo total da substância no país. O projeto faz parte da Etapa 2 do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) e prevê a eliminação de 65,64 toneladas PDO de HCFC-22, por meio da conversão tecnológica em empresas elegíveis.

As empresas participantes receberão recursos doados pelo Fundo Multilateral para realizar a substituição por alternativas que não agridem a camada de ozônio e apresentem baixo impacto climático. O projeto inclui ainda assistência técnica, testes-piloto, treinamentos de operação segura e ações de conscientização voltadas aos setores de refrigeração comercial e ar-condicionado.

Com a execução do projeto, o Brasil reforça seu compromisso com o Protocolo de Montreal, contribuindo para a eliminação das substâncias que destroem a camada de ozônio e para a mitigação das mudanças climáticas globais.

Johnson Controls reforça presença da marca YORK no mercado brasileiro de HVAC-R

Campanha busca consolidar a atuação da YORK no país e acompanhar o avanço das normas de eficiência energética no setor.

A Johnson Controls conduz uma campanha de consolidação da marca YORK no mercado brasileiro de HVAC-R (aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigeração). A iniciativa visa ampliar a presença da marca em projetos de grande porte e integrar soluções de climatização com tecnologias digitais e de automação predial.

O movimento ocorre em meio ao aumento da demanda por sistemas de HVAC-R em segmentos como data centers, complexos corporativos, shopping centers, hospitais e indústrias. O crescimento do setor também é favorecido pela resolução do Ministério de Minas e Energia que define o Índice Mínimo de Eficiência Energética para novas edificações, medida que deve incentivar práticas mais sustentáveis e a modernização de infraestruturas.

“Os setores público e privado estão cada vez mais empenhados em se adequar a essa nova realidade energética, não apenas para cumprirem suas metas de descarbonização, mas também para se manterem em linha com a tendência pró-conforto que tem sido a tônica no mercado. Essa norma do governo federal deve acelerar ainda mais esse processo”, afirma Adhemar Liza, general manager da Johnson Controls no Brasil.

Em 2025, a Johnson Controls completa 140 anos de atuação global, enquanto a YORK celebra 150 anos de fundação. Para Liza, a consolidação da marca no país está ligada ao fortalecimento da estrutura técnica e ao suporte especializado oferecido aos clientes. “O pós-venda técnico especializado e com suporte contínuo é um diferencial da Johnson Controls no Brasil, fortalecendo o vínculo com nossos clientes e assegurando maior estabilidade operacional com menor custo no longo prazo”, diz.

Resfri Ar lança RT8000, ar-condicionado automotivo desenvolvido no Brasil

Modelo é produzido localmente e incorpora tecnologia Inverter e dupla motorização brushless

A Resfri Ar, empresa especializada em climatização automotiva, anunciou o lançamento do RT8000, ar-condicionado de aplicação automotiva desenvolvido e fabricado no Brasil. Segundo a empresa, trata-se do primeiro equipamento do tipo produzido integralmente no país.

Apresentado durante a Convenção de Vendas da companhia, em outubro, o modelo foi desenvolvido pela equipe de engenharia da Resfri Ar para atender a diferentes categorias de veículos, como vans, caminhões leves, ônibus e máquinas agrícolas.

O RT8000 utiliza tecnologia Inverter, que ajusta a velocidade do motor conforme a demanda de refrigeração, e conta com dupla motorização brushless, sistema que, de acordo com a fabricante, contribui para menor desgaste e redução de ruído. O equipamento pesa 26 quilos e está disponível nas versões 12V (6.500 BTU/h) e 24V (7.500 BTU/h).

Segundo o presidente da empresa, Roberto Cardoso, o projeto foi conduzido inteiramente no país. A produção local, afirma, permite reduzir custos logísticos, agilizar o fornecimento de peças e oferecer suporte técnico direto à rede autorizada.

O RT8000 tem garantia de dois anos e cobertura de 90 assistências técnicas em todo o território nacional. A Resfri Ar, fundada há 28 anos, também fabrica geladeiras automotivas e portáteis e fornece produtos para montadoras de caminhões. A companhia mantém mais de 1,5 mil pontos de venda no Brasil e exporta parte de sua produção.

Demanda global de cobre deve continuar elevada

Flutuações no preço do cobre impactam diretamente custos e estratégias de empresas de HVAC-R no Brasil, exigindo atenção de instaladores e mantenedores na gestão de projetos

 O cobre é um insumo essencial em sistemas de HVAC-R, presente em tubos, serpentinas, cabos e conexões. Com a volatilidade dos mercados internacionais e a crescente demanda por cobre, fabricantes e distribuidores enfrentam pressões de custo que podem se refletir na cadeia de instalação e manutenção. Entender esse cenário é fundamental para profissionais que precisam planejar projetos, orçamentos e manutenção preventiva de forma estratégica e eficiente.

Segundo dados da Associação Brasileira do Cobre (ABCobre), o mercado de HVAC-R no país faturou R$ 41,3 bilhões em 2024, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. Esse crescimento é impulsionado pela demanda em diferentes segmentos, desde residências até indústrias, motivada por variações climáticas, expansão de centros de distribuição e aumento do consumo em e-commerces.

No entanto, fabricantes enfrentam pressões significativas sobre os custos. As oscilações internacionais do preço do cobre afetam diretamente a produção de equipamentos, tornando a gestão financeira e o planejamento estratégico ainda mais desafiadores. Além disso, a dependência de fornecedores internacionais expõe o setor a riscos como atrasos, variação cambial e restrições comerciais, que podem comprometer a entrega de produtos.

Para enfrentar esses desafios, empresas brasileiras adotam estratégias diversificadas de logística e estoque. Grandes fabricantes mantêm contratos estratégicos com fornecedores, ampliam estoques de segurança e monitoram preços de mercado para reduzir impactos financeiros. O investimento em tecnologia de gestão de inventário e sistemas ERP/WMS tem sido fundamental para otimizar o controle de peças e componentes de cobre.

“A principal estratégia tem sido gestão de estoque e aumento no abastecimento para suportar a produção e distribuição, principalmente no período atual em que o verão se aproxima e há uma tendência de aumento na demanda geral do setor HVAC-R”, informa Felipe Guerini, Gerente Comercial da Termomecanica.

Algumas empresas também exploram alternativas, como materiais substitutos e ligas metálicas, buscando reduzir a dependência do cobre sem comprometer a eficiência térmica e a durabilidade dos equipamentos. Contudo, especialistas afirmam que essas soluções ainda não substituem totalmente o metal em aplicações críticas, especialmente em equipamentos comerciais e industriais.

O impacto da escassez de cobre no setor se reflete não apenas nos custos de produção, mas também na disponibilidade de produtos para o mercado final. Distribuidores e varejistas relatam atrasos na entrega de equipamentos, aumento nos prazos de reposição e necessidade de comunicação constante com clientes para gerenciar expectativas. A situação exige coordenação eficiente entre fabricantes, distribuidores e integradores, especialmente para atender projetos de grande escala e operações de e-commerce.

O preço do cobre é fortemente influenciado por fatores globais, incluindo a produção em grandes mineradoras, políticas comerciais internacionais e a demanda crescente por infraestrutura elétrica e energética, especialmente em países que investem em energias renováveis e veículos elétricos. Recentemente, projeções indicam que a demanda global de cobre deverá continuar elevada, impulsionada pela transição energética, construção civil e modernização de sistemas industriais e residenciais.

“No Brasil, o cenário se mostra particularmente sensível. Apesar do país possuir reservas de cobre exploráveis, a produção local ainda depende de logística complexa e de importações para atender à demanda industrial. O impacto direto é percebido em flutuações de preço, que podem ser rápidas e significativas, afetando fabricantes, distribuidores e, finalmente, instaladores e técnicos de manutenção” revela Maria Antonieta Cervetto, diretora presidente do Grupo CECIL, e presidente da Associação Brasileira do Cobre.

“O aumento do preço do cobre tem efeitos imediatos sobre os custos de fabricação de componentes essenciais. Tubulações, serpentinas de evaporadores e condensadores, cabos e conexões, por exemplo, podem ter seu valor reajustado rapidamente em função da matéria-prima”, acrescenta.

Fabricantes como a Cecil, Eluma, do grupo Paranapanema, Cobresul e Termomecanica, têm se destacado como fornecedores estratégicos para o setor de HVAC-R. Ambos atuam na produção de cobre eletrolítico e produtos semiacabados, atendendo a fabricantes de tubos, serpentinas e conexões. Esses players buscam oferecer previsibilidade de fornecimento e suporte técnico, auxiliando instaladores e distribuidores a planejarem projetos mesmo em períodos de alta volatilidade.

Cobre é um insumo essencial em sistemas de HVAC-R

“O cobre é um dos principais insumos para os fabricantes de equipamentos no setor, pela sua importância para o bom funcionamento do sistema e pelo seu alto valor agregado. O seu preço varia diariamente conforme a LME (London Metal Exchange) que é a maior bolsa de negociações de commodities e metais base, como cobre, alumínio, zinco, níquel, entre outros, por isso, seu preço também é negociado em dólar. Nos últimos meses, desde meados de abril/25 até setembro/25 apesar do preço do cobre ter apresentado aumento de US$ 9.190 (dólares/tonelada) para aproximadamente US$ 9.950 (dólares/tonelada), a variação do dólar em relação ao real compensou esse aumento com sua redução de aproximadamente R$ 6,00 no começo do ano para R$ 5,37 no último mês, com isso, o preço do cobre dentro do mercado nacional manteve determinada estabilidade desde o começo do ano. Há vários fatores para o impacto na variação do preço, principalmente pelo desbalanceamento entre a oferta e a demanda não só atual, como também a expectativa futura. Pelo lado da oferta houve problemas operacionais nas mineradoras que prejudicaram a disponibilidade, enquanto os estoques de metal na bolsa de Londres em níveis mais baixos ocasionam pontos de atenção e tendem os preços para níveis maiores. Pelo lado da demanda, há expectativa crescente na utilização do cobre, principalmente pelo desenvolvimento dos outros setores, como eletrificação e energia para atendimento das demandas de veículos elétricos, construção de data centers, entre outros”, revela Guerini.

Comportamento do mercado

Para profissionais de HVAC-R, compreender o comportamento do mercado de cobre é fundamental. Projetos que envolvam substituição de tubulação, retrofit de sistemas antigos ou manutenção de equipamentos com necessidade de reposição de serpentinas devem considerar margens de segurança nos custos de material, evitando surpresas durante a execução.

Além disso, o planejamento de compras de peças e insumos deve ser antecipado sempre que possível. A estocagem estratégica, a negociação com fornecedores e a avaliação de alternativas técnicas — como o uso de cobre de bitola diferente dentro de normas e especificações — podem ajudar a mitigar impactos financeiros sem comprometer a eficiência ou a durabilidade dos sistemas.

Alguns fabricantes de HVAC-R já sinalizam a busca por maior previsibilidade nos contratos de fornecimento de cobre, seja por meio de acordos de longo prazo com fornecedores, seja pela adoção de instrumentos de hedge financeiro para insumos. Para o mercado de instalação e manutenção, o conhecimento sobre essas estratégias pode ser um diferencial competitivo, permitindo orçamentos mais precisos e confiáveis e soluções que garantam maior previsibilidade de fornecimento, incluindo contratos de fornecimento programados e assessoria técnica para instalação, permitindo que os profissionais de HVAC-R adaptem seus projetos e orçamentos mesmo diante da volatilidade de preços.

Outra tendência observada é o incentivo à utilização de materiais alternativos ou técnicas que reduzam o consumo de cobre sem comprometer a performance. Embora a substituição total seja limitada devido às propriedades únicas do cobre, ajustes em projetos e a adoção de tecnologias mais eficientes podem reduzir a exposição à volatilidade do preço da matéria-prima.

“A volatilidade do cobre é um desafio real para todo o setor de HVAC-R, desde fabricantes até técnicos de campo. Entender o impacto desse cenário no planejamento de projetos, aquisição de materiais e manutenção preventiva é crucial para garantir eficiência, competitividade e sustentabilidade financeira. Profissionais capacitados e bem informados sobre o mercado de cobre estarão mais preparados para tomar decisões estratégicas, protegendo seus clientes e seus negócios de aumentos inesperados de custos. No horizonte, a tendência é de que a demanda por cobre continue forte, impulsionada por fatores globais e locais, o que reforça a necessidade de planejamento e adaptação contínua. Para o setor de HVAC-R, a palavra de ordem é antecipação: antecipar compras, planejar projetos e atualizar-se sobre estratégias de mercado, garantindo que a volatilidade do cobre não se transforme em um obstáculo intransponível para eficiência e lucratividade”, diz Maria Antonieta.

O aumento do preço do cobre tem efeitos imediatos sobre os custos de fabricação de componentes

Guerini acrescenta que “Há testes com outros materiais de menor custo, entretanto as características não são as mesmas, até então não há um material alternativo que garanta a mesma eficiência e segurança que o cobre. É importante destacar que a ausência de cobre na instalação dos equipamentos acarreta a perda imediata da garantia, conforme previsto nos manuais dos fabricantes. O cobre é muito utilizado no setor por ser altamente resistente as variações de temperatura e pressão, que são elevadas em diversos equipamentos e exigem materiais que às suportem para tornar o sistema seguro, o cobre é um excelente condutor térmico, permitindo a transferência de calor de forma eficiente, possui tenacidade e ductilidade que favorecem o seu manuseio e apresenta elevada resistência à corrosão, contribuindo para maior vida útil dos equipamentos. Todas essas características combinadas são fundamentais para o bom funcionamento dos sistemas em que é aplicado, desde seu manuseio durante uma instalação até a eficiência energética de um equipamento, o cobre é um metal muito compatível com o setor e que entrega a melhor relação custo x benefício”.

Dicas para Refrigeristas sobre Gestão de Cobre

– Planeje compras com antecedência para reduzir riscos de aumento de custo.
– Estude contratos de fornecimento com fabricantes que ofereçam previsibilidade.
– Avalie alternativas técnicas dentro das normas, como bitolas diferentes ou otimização de serpentina, sem comprometer desempenho.
– Estoque estratégico pode ser aliado, mas deve ser equilibrado para evitar excesso de capital parado.

Fujitsu amplia rede de assistências técnicas e reforça expansão nacional

Marca japonesa de ar-condicionado registra aumento de 20% em sua rede de postos autorizados e inaugura novo centro de treinamento na Clima Rio, no Rio de Janeiro

A Fujitsu General do Brasil, subsidiária da multinacional japonesa de ar-condicionado Fujitsu, registrou crescimento de 20% em sua rede de assistências técnicas autorizadas entre 2024 e 2025. A expansão faz parte de uma estratégia nacional que busca ampliar a presença da marca e garantir atendimento técnico qualificado em todas as regiões do país.

Com mais de 900 postos autorizados, a Fujitsu consolida uma rede de parceiros que executam serviços de instalação e manutenção, tanto em equipamentos dentro da garantia quanto fora dela. O processo de credenciamento considera critérios como estrutura técnica, certificações, ferramental e padrões de atendimento.

Os parceiros credenciados participam de treinamentos de aperfeiçoamento técnico promovidos pela Fujitsu, com foco em atualização tecnológica, boas práticas de instalação e suporte especializado. Entre as ações recentes, destaca-se a inauguração de um novo Centro de Treinamento na Clima Rio, no Rio de Janeiro.

Segundo Leandro Silva, coordenador de assistência técnica da Fujitsu General do Brasil, a ampliação da rede busca fortalecer a confiança dos consumidores e acompanhar o crescimento da empresa. “Ter uma rede sólida e capacitada é fundamental para garantir a satisfação do consumidor e fortalecer a confiança na marca”, afirmou.

A expansão faz parte do plano de crescimento sustentável da Fujitsu no Brasil, alinhado ao propósito global da empresa de “viver juntos pelo nosso futuro”. A marca mantém investimentos em estrutura, capacitação e relacionamento com o objetivo de aprimorar a experiência dos consumidores e o desempenho do setor de climatização no país.

Limitações estruturais e tecnológicas afetam Centros de Distribuição

Responsáveis por sustentar o fluxo de produtos em todo o país, os CDs enfrentam desafios que vão de estradas em más condições à ausência de tecnologias modernas

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O abastecimento dos Centros de Distribuição (CDs) no Brasil é um dos pontos mais críticos da cadeia logística, especialmente em um país de dimensões continentais e com infraestrutura desigual. Esses espaços são responsáveis por receber, organizar e expedir produtos para varejistas, indústrias e consumidores finais, desempenhando um papel estratégico na fluidez do mercado.

Montar um CD no setor de HVAC-R vai muito além de encontrar um galpão e instalar prateleiras. A decisão envolve um planejamento logístico preciso, que considera desde o volume de vendas até a capilaridade necessária para alcançar pequenas cidades com eficiência e custos controlados. Com o avanço do e-commerce e o crescimento de distribuidores regionais, os CDs se tornaram peças-chave para garantir disponibilidade de produtos e agilidade no atendimento.

A localização é um dos principais fatores estratégicos. Estar próximo de grandes centros consumidores reduz o tempo de entrega, mas também é preciso planejar rotas que atendam cidades menores — onde a demanda é menor, porém constante. Para muitas empresas do setor, o desafio está em equilibrar o custo de transporte com a necessidade de manter prazos competitivos, especialmente em regiões distantes dos polos industriais.

Outro ponto crítico é o investimento em estrutura. Além do aluguel ou construção do espaço, pesam na conta os custos com estoque, equipamentos de movimentação, sistemas de gestão e pessoal qualificado. A organização do CD influencia diretamente a produtividade: quanto mais eficiente o controle de inventário e a expedição, menor o risco de perdas e atrasos.

No entanto, operadores logísticos, fornecedores e clientes têm registrado reclamações frequentes que vão desde as dificuldades de acesso até a carência de equipamentos modernos que assegurem a agilidade da pronta entrega.

Vinilton Souza, líder de serviços e do centro de treinamento na América Latina da Thermo King

Um dos gargalos mais recorrentes está relacionado à infraestrutura rodoviária. A CNT – Confederação Nacional do Transporte de Rodovias, publicou uma pesquisa em 2024 inspecionando mais de 110 mil km de rodovias, revelando que mais de 60% da malha apresenta condições apenas regulares, ruins ou péssimas, o que reflete diretamente nos custos logísticos e na segurança do transporte de cargas. Esse cenário impacta diretamente a logística de abastecimento, já que o transporte rodoviário responde por mais de 60% da movimentação de cargas no país. Bloqueios em estradas, trechos mal conservados, falta de pavimentação e longas distâncias elevam os custos operacionais, atrasam entregas e comprometem o planejamento dos CDs. Em situações de crise, como greves ou interdições, o efeito é ainda mais devastador: pequenos varejistas, por exemplo, relatam dificuldade para receber perecíveis em tempo hábil, gerando perdas financeiras e desabastecimento.

“A questão de infraestrutura em determinadas regiões do Brasil é um desafio. Muitas estradas têm péssima conservação, a qualidade do combustível varia muito de região para região e encontrar empresas com mão de obra qualificada em determinadas regiões para prestar serviços de manutenção e reparo nas nossas unidades é um grande desafio”, revela Vinilton Souza, Líder de Serviços e do Centro de Treinamento na América Latina da Thermo King.

 Disparidade tecnológica

Outro ponto central das reclamações é a falta de modernização em muitos CDs. Enquanto gigantes do varejo e do e-commerce já investem em esteiras automatizadas, sistemas de triagem inteligentes e monitoramento em tempo real, boa parte das operações nacionais ainda depende de processos manuais ou de equipamentos insuficientes. A ausência de esteiras de movimentação, empilhadeiras modernas, docas padronizadas e softwares de gestão integrados resulta em atrasos na separação de pedidos e na expedição. Não raro, mercadorias ficam paradas dias em armazéns, sem previsão clara de saída, causando frustração a clientes e gargalos em toda a cadeia de abastecimento.

A Amazon é referência em eficiência operacional, e parte desse sucesso está na tecnologia aplicada em seus CDs. A empresa utiliza sistemas automatizados para otimizar processos de separação e embalagem de produtos, e as esteiras desempenham papel fundamental. Conhecidas por sua durabilidade e resistência ao desgaste, essas soluções garantem a continuidade das operações, reduzindo paradas e custos com manutenção, fatores críticos em um ambiente logístico de alta demanda.

Marcos Jesus, gerente especialista de modulares e linha de transportadores da Ammeraal Beltech

“Com o avanço acelerado do e-commerce, a flexibilidade também se tornou indispensável. As esteiras modulares e escaláveis permitem que os CDs se adaptem rapidamente às flutuações de demanda, como em períodos de alta sazonalidade, sem comprometer a eficiência do fluxo de materiais. Desenvolvidas com materiais de alta durabilidade e resistência ao desgaste, elas reduzem paradas não programadas e custos com manutenção, assegurando a operação ininterrupta. Além disso, são projetadas para integrar-se facilmente a sistemas automatizados de triagem, picking e embalagem, o que permite maior velocidade e precisão no manuseio de mercadorias, diminuindo o esforço manual e otimizando o tempo de processamento de pedidos. Outro diferencial é o design modular e customizável, que possibilita adaptações rápidas em layouts e linhas de transporte conforme a necessidade do CD, atendendo com flexibilidade as variações de demanda. Em um setor onde cada segundo conta, essas soluções são verdadeiras aliadas na busca por produtividade e competitividade”, informa Marcos Jesus, gerente especialista de modulares e linha de transportadores da Ammeraal Beltech.

Já a Thermo King disponibilizou no Brasil e na América Latina o seu sistema de monitoramento, chamado tracking. “Com o tracking é possível ter todas as informações operativas do equipamento, como pressões e temperaturas, além de poder interagir com o equipamento, como por exemplo, liga ou desliga a unidade ou mudar o ponto de ajuste (set-point). É possível programar alertas que são enviados ao celular e e-mail dos gestores em caso de a temperatura do baú ficar fora da temperatura programada ou quando algum alarme, por exemplo, de baixo nível de combustível seja gerado. Com isso é possível tomar ações rápidas em caso de alguma anomalia, mantendo a qualidade e integridade das cargas em todo o trajeto”, comenta Souza.

A disparidade tecnológica reflete não apenas na agilidade, mas também na competitividade das empresas. CDs sem automação têm dificuldade em acompanhar a crescente demanda do e-commerce e o padrão de consumo cada vez mais exigente, marcado por entregas rápidas e rastreamento em tempo real. Para os operadores, isso se traduz em custos extras com mão de obra, manutenção corretiva e falhas na operação. Para os clientes, significa atrasos, produtos indisponíveis e perda de confiança na marca.

Além da infraestrutura viária precária e da carência de equipamentos, pesa também o fator regional. Enquanto o Sudeste concentra a maior parte dos investimentos em CDs modernos, regiões como o Norte e o Nordeste enfrentam maior dificuldade de acesso, menor capilaridade e menos recursos para modernização. Isso gera desigualdade logística, com prazos mais longos e custos maiores para abastecer determinadas localidades.

Especialistas destacam que a solução passa por três frentes: investimentos contínuos em infraestrutura de transporte, modernização dos centros de distribuição e maior integração entre modais. O incentivo à automação, por meio de esteiras inteligentes e correias industriais de alta performance, é um passo essencial para reduzir gargalos e aumentar a capacidade de pronta entrega. Do lado público, é necessário reforçar os investimentos em rodovias, ferrovias e hidrovias, ampliando a conectividade do país. Já as empresas precisam enxergar o CD como um diferencial estratégico e não apenas como um espaço de armazenamento.

Na distribuição, a escolha entre Correios e operadores logísticos terceirizados também impacta o desempenho. Os Correios oferecem cobertura nacional e tarifas competitivas para volumes menores, ideais para peças e componentes de reposição. Já operadores especializados garantem maior previsibilidade, rastreabilidade e flexibilidade em entregas volumosas ou refrigeradas, requisitos comuns no HVAC-R.

Em um cenário de transformação do consumo e de crescimento acelerado do comércio eletrônico, os desafios logísticos para abastecimento dos Centros de Distribuição no Brasil estão no centro do debate. Superá-los não é apenas uma questão de eficiência operacional, mas também de competitividade econômica e de atendimento às expectativas cada vez mais imediatistas dos consumidores.

Eficiência energética ganha novo comitê no setor HVAC-R

Seminário em Brasília, promovido por MME, ABDI e Clasp, discutiu políticas para fortalecer a transição energética e a sustentabilidade na indústria de climatização e refrigeração

O Ministério de Minas e Energia (MME), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a organização internacional Clasp realizaram, em 14 de outubro, em Brasília, o seminário “Brasil e a COP30: o papel da eficiência energética no setor HVAC-R”. O encontro reuniu representantes do governo, da indústria e especialistas nacionais e internacionais para discutir desafios e oportunidades da eficiência energética no setor de aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigeração (HVAC-R), com foco na transição energética e na sustentabilidade industrial.

Durante o evento, foi lançado o Comitê de Acompanhamento do Projeto de Eficiência Energética como Instrumento de Política Industrial, grupo que reunirá representantes públicos e privados para propor ações que ampliem a competitividade e a sustentabilidade do setor. O comitê também será responsável pela elaboração de uma carta de compromisso com a eficiência energética, prevista para ser apresentada durante a COP30, em Belém (PA), em novembro.

O diretor do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética do MME, Leandro Andrade, afirmou que o setor de HVAC-R representa cerca de 10% do consumo de energia elétrica do segmento residencial e tem potencial significativo de crescimento. Segundo ele, a eficiência energética é a alternativa mais econômica para o consumidor e pode reduzir a necessidade de novos investimentos em geração e transmissão de energia.

A coordenadora-geral de Eficiência Energética do MME, Samira Sana, ressaltou a importância de aprimorar continuamente as regulamentações do setor e destacou a matriz energética sustentável do país como um ativo para a neoindustrialização e a transição energética.

O seminário contou ainda com a participação de Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI; Júlia Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); e Colin Taylor, diretor executivo da Clasp para a América Latina. A programação incluiu painéis técnicos e debates sobre inovação tecnológica, gargalos produtivos e impactos sociais da climatização sustentável, culminando na assinatura da carta de intenções que institui o novo comitê.

Febrava destaca inovação e presença chinesa no setor de climatização

Feira reforça parcerias com a China e apresenta soluções em eficiência energética e climatização no Brasil

A Febrava realizou mais uma edição em São Paulo como ponto de encontro da cadeia de refrigeração, ar-condicionado, ventilação, aquecimento e tratamento de água na América Latina. Durante quatro dias, reuniu milhares de visitantes em busca de soluções técnicas, lançamentos e oportunidades de negócios.

A diretora do evento, Tatiana Rassini, ressaltou que a feira fortalece a cadeia produtiva e amplia a participação internacional. Segundo ela, as marcas chinesas tiveram papel de destaque, ocupando alguns dos maiores estandes e apresentando tecnologias que despertam interesse dos visitantes brasileiros.

A presença chinesa foi um dos eixos centrais desta edição. Empresas expuseram equipamentos voltados à eficiência energética, climatização inteligente e soluções sustentáveis. Fabricantes que atuam no Brasil utilizaram a feira como vitrine para apresentar portfólio de produtos e ampliar redes de contato.

De acordo com representantes do setor, a percepção sobre a qualidade dos equipamentos chineses mudou nos últimos anos. O custo mais competitivo e o avanço tecnológico tornaram essas marcas mais atrativas para distribuidores e consumidores locais.

Entre as companhias presentes, a TCL destacou crescimento de 40% no Brasil no último ano, reforçando a estratégia de consolidar presença no mercado latino-americano. A Gree, apontada como a maior fabricante mundial de ar-condicionado, também apresentou novidades e afirmou que a feira é estratégica para aprofundar sua atuação no país.

A Febrava segue como espaço de difusão de tendências globais e de consolidação da cooperação entre o Brasil e a China no setor de climatização e refrigeração.