Ônibus e máquinas agrícolas puxam crescimento do setor de AC automotivo
A partir desta realidade, o mercado automobilístico precisou incrementar os investimentos em projetos envolvendo novas tecnologias, com o objetivo de tornar mais confortável e agradável a experiência dos passageiros e de quem conduz o veículo.
A adoção de políticas públicas a partir do crescimento da demanda por conforto térmico em ônibus circulares municipais e metropolitanos, assim como a expansão do uso de equipamentos de ar condicionado em cabines de máquinas agrícolas, tem estimulado esse segmento da cadeia produtiva do frio.
Em função dessa realidade, o mercado automotivo incrementou os investimentos em projetos envolvendo novas tecnologias, de modo a tornar mais confortável e agradável a experiência dos passageiros e de quem conduz o veículo. Na outra ponta, instaladores e empresas do HVAC-R entenderam que a constante apresentação de novidades poderia ser a diferença entre elas e seus concorrentes.
Entre as tecnologias que vêm se difundindo neste segmento, está a utilização de filtros HEPA, que oferecem filtragem mais eficiente e completa do ar que circula no veículo, sendo capazes de reter partículas microscópicas, como vírus e bactérias, além de reduzir a presença de odores desagradáveis.
Outra novidade é o uso de sistemas de controle de umidade, que ajudam a manter o nível adequado no interior do veículo. Isso é especialmente útil em regiões tropicais como a nossa, onde a umidade excessiva causa problemas de condensação nos vidros e a falta de umidade pode ressecar as vias respiratórias.
Outra tendência no setor ar condicionado automotivo é a integração com sistemas de conectividade.
“Devido às emissões evaporativas de poluentes, os compressores com válvula eletrônica têm se tornado cada vez mais frequentes nos automóveis e até em veículos pesados, porque acabam com o liga-e-desliga quando o aparelho atinge às temperaturas desejadas no habitáculo do veículo. Com isso, não há mais o que compensar esta potência, diminuindo assim as emissões de poluentes”, diz o professor e engenheiro Sérgio Eugenio da Silva, presidente do Departamento Nacional Automotivo da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) e CEO da Super Ar.
O empresário entende que a evolução dos automóveis tem obrigado o aparelho de ar condicionado – e tudo o que gira em torno dele – a constantemente se reinventar. Com o surgimento dos veículos híbridos e elétricos, por exemplo, o sistema de climatização acabou ganhando um compressor 100% elétrico.
“Hoje, um sistema de ar condicionado consome em torno de 1 CV do motor, ou seja, quase nada se pensarmos nos motores de aproximadamente 80 CV, representando nem 2% de uso dessa potência”, ressalta Sérgio Eugênio, comentando que recentemente, a sua empresa colocou mais uma novidade no mercado, com o lançamento de um detector de nitrogênio portátil com hidrogênio, o qual consegue identificar uma fuga de fluido em quatro minutos.
“A inovação é essencial para impulsionar a indústria de ar condicionado automotivo, permitindo o desenvolvimento de soluções mais eficientes e sustentáveis que garantam o conforto térmico e a qualidade do ar nos veículos”, acrescenta.
Equipamentos mais eficientes
Com o aumento da conscientização sobre a importância da qualidade do ar nos veículos e a busca por maior eficiência energética, o mercado de ar condicionado automotivo tem potencial para crescer significativamente no Brasil.
A alemã Vulkan, por exemplo, levou a sua participação no mercado automotivo a outro patamar, sendo reconhecida por sua participação na indústria automobilística.
Segundo o diretor de vendas da divisão Lokring na América do Sul, Mauro Mendonça, o grande mercado atual da empresa são os equipamentos automotivos para ônibus, atuando com montadoras como Marcopolo e Mercedes-Benz, por meio de negócios envolvendo o ar-condicionado roof top, utilizado nesses veículos.
“Pelo fato de as empresas de ônibus buscarem diminuição de peso para consumir menos combustível, elas têm migrado para sistemas de AC com tubulação de alumínio em vez de cobre, reduzindo em três vezes o peso do equipamento. Como a solda para tubos de alumínio é extremamente crítica e gera vazamentos, os fabricantes têm optado pela solução Lokring de união de tubos sem solda. Então, esta tem sido a nossa contribuição para tornar os equipamentos automotivos mais eficientes”, detalha.
O executivo ainda enfatiza que, na América do Sul, o hidrofluorcarbono (HFC) R-134a ainda é o gás mais utilizado no setor automotivo, mas há migração crescente para a hidrofluorolefina (HFO) R-1234yf, que já é o número um no mundo.
“Para veículos, as normas não permitem a utilização de gases altamente inflamáveis, e o R-1234yf é classificado como levemente inflamável”, lembra.
Para o ramo de serviços, a multinacional tem se destacado pelas fortes vendas das chamadas Speedmaxx Agro, que são máquinas recolhedoras de gás refrigerante de AC automotivo adaptadas para o mercado off-road, já que é quase impossível levar uma colheitadeira para a manutenção do ar-condicionado em uma oficina automotiva tradicional.
“Essa máquina, desenvolvida por nós, pode facilmente ser levada em uma picape até o local de reparo e tem mangueiras de cinco metros para alcançar lugares altos, onde são instalados os sistemas de ar-condicionado de equipamentos agro em geral”, explica.
Sistemas elétricos
Já a ACA Indústria, uma das principais fabricantes de sistema de ar condicionado automotivo do País, se caracteriza por ser uma empresa muito verticalizada, com atuação distribuída nas linhas leve, pesada, agrícola e militar, além de máquinas de construção e pequenas aeronaves. Atua em todas as etapas do processo – desenvolvimento, fabricação, treinamento, comercialização, instalação e pós-vendas.
O presidente da companhia, Cláudio Dumke, assim como vários de seus concorrentes, aposta nos sistemas elétricos como uma tendência que veio para ficar e só fará crescer, nos próximos anos, com a expansão do setor automobilístico para carros elétricos.
“O mercado agrícola está em crescimento devido à força do nosso agronegócio, devendo crescer mais, caso ninguém atrapalhe”, opina ele, lembrando que equipamentos que operam em condições de trabalho severas, como no campo, “as manutenções devem acontecer de seis meses a um ano, enquanto condições normais, este período sobe para algo entre um e dois anos, e até mais em muitos casos”.