Rastreabilidade, um grande fator competitivo
Em escala crescente, os líderes nacionais do varejo têm demandado, especialmente dos parceiros envolvidos na cadeia do frio, procedimentos que atendam às cobranças cada vez mais rígidas por mercadorias de qualidade. “O acompanhamento da vida útil de um perecível começa com os fornecedores e se estende até o momento em que o produto chega à loja”, enfatiza a responsável por assuntos corporativos do Wal-Mart, Andréa Barreto.
A gigante norte-americana, que opera 152 unidades em 14 estados brasileiros, tem um cuidado todo especial com esse aspecto, principalmente durante o transporte, processo no qual é exigido um registrador de temperatura para acompanhar as oscilações ocorridas durante o percurso. “É importante que o meio de transporte mantenha uma temperatura ideal e estável, pois as variações podem determinar a vida útil do alimento”, explica Andréa.
Além da importância do registro da temperatura interna, fatores como alterações das condições do ambiente externo, acidentes e operação inadequada devem ser levados em conta. Os avanços da microeletrônica estão auxiliando neste controle, pois os indicadores, antes mecânicos, agora estão sendo substituídos por registradores com sistemas dedicados muito mais precisos.
As condições dos baús refrigerados são outro ponto nevrálgico para o Wal-Mart. A preocupação da rede faz sentido já que, segundo a recém-publicada norma NBR 14071, todos os equipamentos frigoríficos de sistema de transporte têm de ser dimensionados para atender a carga térmica de estocagem, e não para resfriar ou congelar. A distribuição da mercadoria no interior dos baús frigorificados é outro alvo de atenção, devendo sempre ser evitado o contato direto com a superfície interna e o isolamento térmico da carroceria por sua vez, precisa obedecer a uma série de parâmetros.
Perdas dão prejuízo
Ao levar em conta, além da cobrança por alimentos de qualidade, as perdas que no ano passado chegaram a 2,05%, representado um rombo de R$ 2,2 bilhões no faturamento dos supermercados, o Wal-Mart cuida para que os prazos de validade não sejam reduzidos. . “A refrigeração inadequada de um produto pode acarretar alterações negativas em suas características originais e até provocar danos à saúde. Um exemplo é o iogurte que fica com um sabor amargo quando alterado por má conservação”, destaca Andréa.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a quebra operacional quando o produto não pode ser comercializado devido a validade vencida, representa 43% no total do prejuízo, seguido por furto interno (18%), furto externo (12%), erros administrativos e fraudes.
Na ponta inicial da cadeia, sobretudo no caso dos laticínios, as empresas começaram a sentir maior pressão por eficiência na produtividade com a abertura comercial ocorrida no começo da década de 90. A assessora de solução de negócio da GS1 Brasil, Eliana Ringer Ferreira, relata que a retirada do tabelamento do preço do leite fez com que as empresas adequassem seus processos. Além disso, a alavancagem das exportações de produtos lácteos exigiu ajustamento às normas internacionais e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva, do pecuarista às prateleiras de venda. “A competitividade tanto externa quanto interna exigiu uma mudança extremamente grande na indústria de laticínios, que para ganhar mercado reformulou suas linhas de produção e aumentou o mix de produtos. Nesse cenário, o fator competitividade das empresas está intimamente ligado à eficiência de processos, técnicas e conceitos de melhoria do trabalho, acompanhamento e adequação às novas exigências de mercado e colaboração ao longo da cadeia”, esclarece Eliana.
Evolução iminente
Para a assessora de negócios, a adoção de sistemas de rastreabilidade é a tendência definitiva para o crescimento econômico em um mundo de economia globalizada, embora ainda seja necessário entender suas vantagens, investir e estabelecer métodos de trabalho para que todos se beneficiem. “O setor tem um imenso potencial para colher as vantagens que a rastreabilidade é capaz de oferecer, desde que acredite e invista nessa idéia”, defende.
Na parte operacional, as empresas seriam favorecidas pela gestão mais precisa dos estoques, melhor fluxo de caixa, maior agilidade nos processos de compra e distribuição interna. “Já do ponto de vista social, pode-se dizer que se está investindo no bem mais precioso que é a vida dos consumidores”, destaca Eliana.
As ferramentas da automação disponíveis para a gestão da cadeia de suprimentos incluem a identificação e o código de barras para aplicação em todos os produtos acabados e unidades logísticas. E, ainda, o uso da comunicação eletrônica entre parceiros utilizando as mensagens padronizadas, por meio do EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados).
Em termos práticos, esses instrumentos possibilitam a automação dos processos essenciais ao longo da cadeia. “Elas permitem ganhos de eficiência nas operações logísticas da gestão de estoques, além da rastreabilidade dos produtos e a implementação de modelos de reposição. Não se trata apenas de um método de checagem de origem, mas sim mais um instrumento de conhecimento e informação”, esclarece a assessora de negócios da GS1 Brasil.
Entrave a sensores
Uma barreira para a adoção de equipamentos que viabiliza a rastreabilidade na cadeia produtiva é a falta de conscientização por parte dos empresários, acredita Higor de Almeida, engenheiro de aplicação e vendas da Danfoss do Brasil.
Almeida diz que a procura por equipamentos como o AK2 SC-255, gerenciador capaz de controlar desde um rack até uma loja inteira, ainda é pequena, levando-se em consideração o tamanho do segmento varejista nacional. “Os varejistas têm de se conscientizar que equipamentos assim garantem melhor controle, eliminando a perda permanente”, pondera o profissional.
Se ainda falta percepção para o empresariado, a situação não é diferente por parte dos consumidores. A maioria desconhece, por exemplo, a permanência obrigatória nos centros de compras de um termômetro para aferir as condições de temperatura dos perecíveis. A dona de casa Sueli Almeida Santos, 39 anos, se enquadra neste perfil. “Realmente, não tinha conhecimento sobre a existência deste termômetro”, admite ela, garantindo que, de agora em diante, pedirá o instrumento sempre que necessário. “Vou requisitá-lo da próxima vez em que tiver dúvidas sobre a temperatura do alimento”, afirma Sueli.
Os consumidores muitas vezes também ignoram o fato de que devem colocar os alimentos perecíveis por último no carrinho, pois não é recomendável prolongar o intervalo entre o momento da compra e a colocação dos produtos na geladeira de casa. No caso das verduras, a durabilidade num percurso de carro em dias normais é de aproximadamente 30 minutos, porém se for um dia quente, os vegetais podem murchar bem antes. Para quem vai viajar em seguida às compras, é recomendável que os alimentos que necessitem de refrigeração sejam acondicionados em isopores com gelo. “Sei que há problemas quando os produtos frios demoram para chegar à geladeira, mas admito que não tenho muita regra para colocar as compras no carrinho, mas vou tentar me educar quanto a isso”, promete o vendedor Luís Ferreira Souto, ao começar suas compras pelo setor de laticínios.
Tranqüilidade no asfalto
Idealizado para funcionar em carrocerias refrigeradas, o Registrador Descartável de Temperatura da empresa paulistana Jonhis Instrumentos de Medição chega a sua segunda geração mais compacto e com uma nova janela, que permite a visualização dos gráficos em andamento nas escalas Celsius e Fahrenheit.
Com autonomias para trajetos de 7, 14, 30, 45 e 60 dias, ampla cobertura que faz do RTP um dispositivo largamente empregado no transporte de cargas frias para exportação, o Registrador tornou-se também mais seguro ao evitar a curiosidade que muitas vezes levava o motorista a romper o lacre antes da hora, na ânsia de saber se a temperatura correta estava sendo mantida.
Segundo o coordenador de Marketing da empresa, Airton Ianhis, o equipamento foi desenvolvido para atender o setor de supermercados na área de refrigeração. “Sempre houve foco no armazenamento e na indústria. De uns anos para cá, a necessidade de aprimoramento da cadeia do frio no trajeto até o centro de distribuição nos ofereceu demanda para projetar este produto”, esclarece Ianhis.
As modificações no Modelo RTP incluem ainda a cor, já que o cinza da embalagem anterior foi substituído por um vibrante tom de vermelho, tornando assim muito mais fácil sua identificação em meio às pilhas de mercadorias no interior dos veículos.