Efeito estufa deve reduzir espaço para satélites

As emissões de gases de efeito estufa podem reduzir a capacidade da atmosfera de remoção de satélites desativados e detritos espaciais da órbita baixa da Terra. Pesquisa publicada nesta segunda-feira (10) na revista Nature Sustainability indica que o acúmulo de dióxido de carbono e outras emissões atmosféricas carregam ao encolhimento da termosfera, camada onde operam a Estação Espacial Internacional e a maioria dos satélites.


A contração da termosfera reduz o arrasto atmosférico, força que puxa objetos orbitais para altitudes mais baixas, onde encontram moléculas de ar e queimam ao reentrar na atmosfera. Com menor resistência, satélites antigos e detritos espaciais permanecerão na órbita por mais tempo, aumentando o risco de colisões.

Simulações conduzidas por engenheiros aeroespaciais do MIT estimam que, até 2100, a capacidade da órbita baixa para novos satélites pode cair entre 50% e 66% devido ao impacto das emissões de gases de efeito estufa na densidade atmosférica. “Nosso comportamento com gases de efeito estufa aqui na Terra nos últimos 100 anos está afetando a maneira como operaremos os satélites nos próximos 100 anos”, disse Richard Linares, professor associado do Departamento de Aeronáutica e Astronáutica do MIT.

A política de satélites já impõe desafios à gestão do tráfego espacial. Atualmente, mais de 10 mil aparelhos orbitam a Terra, muitos deles em megaconstelações para serviços de internet. O número de lançamentos nos últimos cinco anos supera o total dos 60 anos anteriores. A concentração desses dispositivos em determinadas altitudes pode levar a um cenário de instabilidade descontrolada, em que colisões sucessivas gerariam tantos detritos que inviabilizariam a operação segura na região.

Os pesquisadores do MIT compararam diferentes cenários de emissões de gases de efeito estufa até o fim do século. Nos cenários mais críticos, a perda de capacidade na órbita baixa da Terra foi significativa. “Dependemos da atmosfera para limpar nossos detritos. Se a atmosfera está mudando, então o ambiente de detritos também mudará”, afirmou William Parker, estudante de pós-graduação e autor principal do estudo.