Calor extremo aquece vendas de ventiladores e ares-condicionados

O Brasil tem sido palco de uma onda de calor sem precedentes. Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), inverno de 2023 foi o mais quente desde 1961. São Paulo e partes de Minas Gerais registraram até 70 dias com temperaturas superiores a 30 ºC, uma marca similar às registradas em algumas regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

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Esse calor – impulsionado El Niño, fenômeno atmosférico que aquece as águas do Oceano Pacífico e traz intensas massas de ar quente e seco para o continente – tem sido fonte de preocupação.

De maneira geral, as altas temperaturas têm trazido à tona mais discussões sobre as mudanças climáticas. Por outro lado, a indústria de climatização celebra os números ascendentes.

Empresários do setor preveem que a demanda por ventiladores e ares-condicionados pode superar a oferta já no final de dezembro. Há preocupações no horizonte, especialmente entre aqueles que veem as redes de varejo reagindo tardiamente ao aumento da procura. Se as encomendas para a indústria não forem feitas a tempo, o Brasil pode enfrentar um déficit no fornecimento de ventiladores e ares-condicionados no fim ano.

O calor extremo que afeta praticamente todo o País não é um episódio isolado, mas parte de uma tendência preocupante. Ano após ano, os brasileiros têm enfrentado mais dias sob condições de estresse térmico, uma situação potencialmente perigosa para a saúde. Conforme um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mais de 38 milhões de pessoas passam até 25 dias por ano sob condições climáticas que o corpo humano pode achar difícil de suportar. Os riscos vão além do simples desconforto e incluem problemas graves de saúde como ataques cardíacos, agravamento de câncer, diabetes e depressão.

Em meio à atual onda de calor, a demanda por soluções de climatização disparou. A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) prevê que o Brasil venda 700 mil aparelhos de ar condicionado a mais do que em 2022, com expectativas de vendas ultrapassando quatro milhões de unidades residenciais. Este número se aproxima do recorde de 2014, quando foram vendidos 4,3 milhões de aparelhos.

Apesar do crescimento impressionante, há espaço para mais. A Abrava estima que apenas 20% das casas brasileiras possuem ar-condicionado, o que sugere um mercado vasto e inexplorado.

Os números do primeiro semestre de 2023 já indicavam essa tendência de alta. As vendas de ares-condicionados cresceram 16% em comparação ao mesmo período do ano anterior, com 1,48 milhão de unidades comercializadas, em comparação a 1,28 milhão em 2022, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).