Uso de refrigerantes alternativos se intensifica nos compressores

A antecipação das metas de recolhimento para os HCFCs tem trazido conseqüências para o segmento de compressores, que está intensificando a preocupação em levar ao mercado produtos que utilizem gases naturais amigos do meio ambiente além de manter a altíssima eficiência energética, aspecto igualmente muito valorizado nos dias de hoje.

Em vista destas necessidades, alguns dos grandes nomes do setor não vêem problemas em atingir as metas estipuladas pelo Protocolo de Montreal para nosso país, pois já perceberam, desde o plano de eliminação dos CFCs, a importância da consciência ecológica no campo dos fluidos.

A Whirlpool — Embraco é uma dessas empresas. Fabricante de unidades condensadoras e seladas e dos modelos recíprocos herméticos com capacidades entre 1/16 HP e 1,5 HP, aplicados a refrigeradores e congeladores domésticos e à refrigeração comercial leve, ela acredita já estar pronta para as mudanças. “Por atendermos países bastante exigentes quanto ao uso de refrigerantes alternativos, dispomos de produtos que se adequam às novas demandas do mercado brasileiro”, afirma seu gestor de Marketing de Produtos, Erivan Piazera.

Ao ter transferido a linha de produção de compressores alternativos da ex-matriz na Dinamarca para o Brasil, prevendo aumentar de 30% para 80% seu índice de exportação, a Johnson Controls se sente igualmente preparada para as novas demandas. “A nossa linha de compressores está apta a operar com todos os refrigerantes HFCs, como R-134a, R404A, R407C, R410A e R507”, garante o gerente de Vendas da indústria, André Luis Carlini.
Na Emerson Comércio em Tecnologia de Climatização, a substituição dos CFCs e o início da eliminação dos HCFCs estão sendo entendidos como uma busca por inovações tecnológicas, que certamente serão destinadas a sua produção atual, composta por modelos scroll e alternativos herméticos e semi-herméticos, usados tanto em refrigeração quanto em ar condicionado. “Realizamos trabalhos com o EVI (D404a) CO2, por exemplo, que apresenta melhores coeficientes de performance e maior eficiência energética, que pode ser utilizado por supermercados, nas aplicações em rack [sistemas paralelos]”, resume o gerente Técnico, Sidney Mourão.

Além da aposta nos refrigerantes dos tipos HCF e CO2, há quem se empenhe em apresentar soluções também com os HCs. Esse é o caso da Tecumseh Brasil, atual produtora e comerciante das linhas de compressores herméticos recíprocos, que funcionam com R-134a, R-22, R-404A e R-600a e são indicados a refrigeradores e congeladores domésticos e expositores de produtos refrigerados ou congelados; e rotativos para uso com R-22, R-407C, R-410a e R-134a, aplicados a condicionadores de ar janela e split e expositores de congelados ou resfriados. “Para atender às exigências e tendências do mercado mundial de refrigeração, utilizamos a mais alta tecnologia de engenharia para desenvolvimento e produção dos equipamentos”, explica o gerente de Vendas e Engenharia de Aplicação da indústria, Satoshi Tokashiki.

Ainda em se tratando do mesmo grupo, a Tecumseh Europe, segundo seu agente Brasil/Bolívia, Vicenzo Fiore Savino, dá sua contribuição ao uso de fluidos alternativos desde 1994, quando iniciou a produção para R-134a. “Embora o mercado brasileiro ainda utilize o gás R-22, estando mais voltado para a aplicação média-alta, o gás alternativo está sendo cada vez mais requerido e a tendência é o uso do HCFC diminuir”. Ainda de acordo com Savino, essa busca também é um recurso para mostrar que a refrigeração não se trata apenas de um negócio, em termos estritamente financeiros. “Fabricar frio não é luxo, é necessidade; não é despesa, é receita; é respeito ao próximo e à natureza”, ilustra o profissional, que já acumula 25 anos de experiência no setor.

Nessa linha de auxílio mútuo, a Danfoss também dá o seu recado em relação ao uso dos refrigerantes alternativos. “Iremos encorajar e apoiar iniciativas que tragam benefícios ao meio ambiente. De nossa parte, todos os compressores já estão compatíveis com os substitutos mais utilizados e temos investido maciçamente em novas soluções. Se o R-22 fosse eliminado do mercado local amanhã, já estaríamos prontos”, reforça o gerente de Vendas da fabricante de compressores para refrigeração (médias e baixas temperaturas) e ar condicionado (alta temperatura), de diversa tecnologias, modelos e capacidades, Daniel Röhe.

Por outro lado, há empresas, como a Mycom — Mayekawa, que não serão afetadas pela alteração nos prazos do HCFC, já que utilizam amônia em seus processos, como lembra o diretor Comercial da fabricante de equipamentos dos tipos parafuso e alternativo, Fernando Ohara.
E para quem pensa que as empresas de remanufaturamento de compressores não estão inseridas nessa onda de adequações, o grupo Hendges, sediado na ciadade de Indaiatuba (SP), está aí para provar que o aspecto ecológico está presente, da mesma forma, no retrofit. “Estamos preparados para atender o mercado na eliminação do R-22. Temos estoques de óleos lubrificantes que facilitam o mercado desse segmento”, completa o presidente, Paulo Ricardo Hendges, ao dizer que a maior disseminação dos modelos parafusos abertos e semi-herméticos tem feito a empresa efetuar treinamentos específicos na área, adquirir máquinas modernas e ferramentas específicas e , por fim, mudar para uma planta com 10 mil m2 em meados de fevereiro.

Soluções palpáveis
Além da substituição dos gases CFCs e HCFCs, o mercado está cada vez mais exigente quanto à eficiência energética do “coração” da refrigeração, os compressores. Assim, o desenvolvimento de soluções econômicas e de alta performance têm sido uma constante nesse setor.

“O mercado mundial dos produtos de refrigeração está cada vez mais exigente quanto ao quesito eficiência energética. Como o compressor é um dos principais componentes do sistema, que contribui significativamente no índice de eficiência do produto, a Tecumseh está sempre em contínuo desenvolvimento de seus produtos”, diz Satoshi.

O engenheiro se refere aos novos modelos rotativos das famílias TSA, TWD, THL, THK e TPK, próprios para R-134a e R-600a, cujo principal diferencial é o menor consumo energético. Também serão lançadas, ainda este ano, inovações na família TYA, indicada a aplicações comerciais que utilizam R-134a, R-404a e R-22. Já na Tecumseh Europe, o forte para 2008 são as unidades condensadoras assembladas pela Elgin e os compressores para resfriados e congelados.

A Johnson Controls, por sua vez, destaca a sua quarta geração de alternativos SMC, o SMC MK IV, que possui como diferenciais competitivos limpeza com o aparelho em funcionamento, diminuição da perda de carga e conseqüente ganho de performance, filtro adicional de óleo externo com indicação de obstrução e válvula localizada no retorno do óleo.

O foco comercial da Danfoss, por outro lado, está na linha Scroll Tech, direcionada aos aparelhos de ar-condicionado, resfriadores de líquidos e bombas de calor, cujos pontos fortes são fácil montagem, com o mínimo possível de soldas; motor elétrico otimizado; vávula de retenção tipo disco no scroll fixo e protetor térmico patenteado tipo HOOP.

Atuando agora com o propano (R290), a Whirlpool — Embraco chama a atenção para seus compressores dos tipos EMI e FFU, aplicados em refrigeração industrial. Também são investimentos da empresa os novos EGX, EM2 e VEGZ, desenvolvidos para atender ao programa Energy Star nos Estados Unidos, esse último com capacidade variável e possibilidade de reduzir o consumo de energia em até 40%.