Segmento de tubos, conexões e soldas contraria as tendências negativas geradas pela covid-19 e mostra resultados empolgantes obtidos em 2020 e no primeiro quadrimestre de 2021.
Mesmo diante de um cenário tão incerto gerado pela pandemia da covid-19 e ao contrário de qualquer prognóstico mais pessimista, o segmento de tubos, conexões e soldas para a união desses componentes se saiu muito bem em 2020 e nos primeiros quatro meses deste ano, conforme relataram à Revista do Frio alguns players do mercado.
Os resultados foram possíveis graças a demandas geradas pela própria situação de emergência causada pelo coronavírus, a exemplo do crescimento das instalações de tubos de cobre para miniusinas de oxigênio medicinal e para a rede interna hospitalar.
“A pandemia trouxe à tona a essencialidade do HVAC-R não apenas para o conforto térmico, mas para a garantia da vida moderna e da saúde”, afirma o diretor comercial e técnico da americana Harris Products Group no Brasil, Anderson Fernandes, ao salientar que a empresa é a única que tem tecnologia para gravar o nome de seus produtos nas varetas de foscoper e silfoscoper, indicando assim o teor de prata. “Tem muito gato sendo vendido como lebre no mercado”, alerta.
Uma das maiores fabricantes mundiais de ligas para brasagem, a empresa sediada em Mauá (SP) ressalta que esse processo, pela praticidade e confiabilidade, ainda é disparado o método de união de tubos mais utilizado no mercado do frio.
“Uniões a frio têm surgido frequentemente, porém com pouca consistência e durabilidade. A tecnologia de junção a frio mais utilizada é o sistema anaeróbico, mas há grandes limitações dimensionais e dificuldades onde há curvas, diâmetros distintos, além de fatores econômicos causados pelo seu alto custo”, argumenta o executivo.
Esse tipo de solução tecnológica, porém, é uma tendência global e tem sido cada vez mais adotada no mercado brasileiro, devido a vantagens como praticidade e segurança.
Apesar da retração de 4% registrada pela indústria brasileira de climatização no ano passado, o crescimento das vendas do sistema Lokring de união sem solda fabricado pela alemã Vulkan superou dois dígitos.
Otimista, a filial brasileira projeta ao menos repetir em 2021 os resultados positivos obtidos no ano anterior, conforme enfatiza o engenheiro mecânico e diretor de vendas da Vulkan Lokring na América do Sul, Mauro Mendonça.
“Por incrível que pareça, a pandemia não fez diminuir os nossos negócios. Aliás, 2020 foi o melhor da nossa história em termos de faturamento. O mercado de refrigeradores, por exemplo, cresceu 20% em relação a 2019”, diz.
Isso se explica em grande parte pela nova forma de trabalho em home office, que acabou influenciando muito na decisão de compra e pela troca dos refrigeradores domésticos por novos. “O indivíduo deixou de viajar de férias e investiu então na atualização de seu lar”, explica.
O gestor acredita que mesmo que as vendas de equipamentos como chopeiras, freezers, sorveteiras e equipamentos para restaurantes e sistemas de ar condicionado tenham uma certa retração por causa da pandemia e dos lockdowns, a venda de refrigeradores e outros equipamentos domésticos deverão compensar essas possíveis diminuições.
Para o ramo específico de refrigeração doméstica, a Vulkan fornece os anéis Lokring para praticamente para todas as indústrias de geladeiras, que utilizam esses componentes no lugar da solda comum.
No caso dos reparos de refrigeradores em campo, há as juntas Série 00, que fazem a união dos tubos sem fogo, chama ou faísca, garantindo total estanqueidade do sistema hermético.
“As maiores vantagens para o técnico são a rapidez no reparo, feito na metade do tempo normal com a solda comum; a possibilidade quase que de 100% de se fazer o conserto na própria residência, evitando o transporte do refrigerador e perda de tempo ao se levar uma geladeira back-up para não se perder os alimentos que estavam na geladeira danificada”, salienta Mendonça.
Outro foco da Vulkan situa-se nos sistemas VRF, já que aparelhos splits e de janela praticamente não possuem uniões. Essas instalações utilizam as juntas Série 50, ideais tanto para sistemas com R-22 ou R-410A, quanto para aqueles já com gases inflamáveis, como o R-32.
“Para o mercado de VRF somente comercializamos de acordo com cada projeto e mediante treinamento prévio dos técnicos, pois não podemos comprometer nossa marca reconhecida mundialmente com problemas pela falta de um treinamento adequado da utilização”, complementa.
O diretor da Vulkan esclarece ainda que, diferentemente do que acontece em alguns países da Ásia, a empresa fornece e recomenda suas juntas para qualquer fabricante de tubos nacionais.
“Os tubos feitos aqui não são ovalizados, as dimensões são seguidas à risca e eventuais costuras e falhas deste tipo nos tubos praticamente não existem”, observa.
Sem costura
Fabricante de tubos de cobre destinados ao mercado de refrigeração, ar condicionado, aquecimento solar e construção civil, a catarinense Cobresul Metais utiliza a tecnologia Cast In Roll – linha contínua e sem costura.
O processo de produção se dá por meio da fundição da matéria-prima (cátodo) de onde é extraído o tubo-mãe, que segue os processos de fresa, laminação e trefilação, diferentemente do que havia no passado, quando se utilizava a extrusão do tarugo maciço e trefilação.
“A tecnologia Cast in Roll trouxe vantagens para o mercado de tubos de cobre. Por ser um processo mais ágil que o anterior, houve substancial redução nos custos de produção, ganho de produtividade, economia nos materiais e na produção”, argumenta o coordenador de vendas da companhia, Sandro Lopes Reis.
Com relação aos tubos de cobre destinados ao segmento de ar-condicionado (inner grooved, isto é, com ranhuras internas), observou-se aumento da eficiência na troca térmica e do baixo consumo, além de ser mais compacto.
“A tendência é haver cada vez mais a redução nas espessuras das paredes dos tubos, e hoje já há tecnologia para produção com espessura inferior a 7 milímetros”, emenda.
Produzidos de acordo com as normas internacionais ASTM e nacional ABNT NBR, os tubos para a linha de refrigeração (panquecas) são batocados e embalados individualmente.
“Com o agravamento da pandemia, houve um crescimento substancial na utilização de tubos de cobre para a linha hospitalar na condução de gases medicinais, pois o material dos tubos tem ação antimicrobiana, eliminando bactérias, fungos e vírus em questão de minutos”, explica Katia Sampaio da Silva, da área de marketing da empresa sediada em Joinville.
Os gestores da Cobresul estão otimistas para a geração de negócios até o fim de 2021, levando-se em conta que os pedidos ficaram represados ao longo de 2020. “Apesar da baixa expectativa do PIB para este ano (3%), almejamos crescer 15% em comparação a 2020”, complementa a executiva.
Outras vantagens do cobre
Dona da marca Eluma, a Paranapanema fornece tubos, conexões e ligas de cobre que podem ser aplicados tanto na produção de equipamentos do HVAC-R quanto na instalação para interligação entre equipamentos evaporadores e condensadores.
Também fabrica laminados de cobre para a produção de aletas para trocadores de calor.
“As principais vantagens competitivas do cobre são a excelente capacidade de troca térmica, a facilidade de conformação e utilização e as elevadas resistências mecânicas ao calor e à corrosão, além de sua propriedade antimicrobiana que ajuda na inibição da proliferação de micro-organismos em contato com sua superfície”, enumera a direção da empresa.
De acordo com a companhia, que tem unidades fabris em Serra (ES) e Utinga (SP), a utilização de tubos contendo ranhuras internas tornou-se mais comum no mercado nos últimos anos, tecnologia simples que aumenta a eficiência da troca térmica desses equipamentos.
“Para o mercado de instalação de equipamentos, percebemos no segmento de ar condicionado, principalmente no residencial, uma tendência de se utilizar tubos flexíveis com comprimentos maiores, visando evitar a necessidade de realização de soldas, que requer mais cuidados, como pressurização com nitrogênio. Ao retirar a necessidade de solda na instalação de um sistema, há ganhos para o instalador tanto em insumos (solda e nitrogênio) quanto em tempo de trabalho”, entende a empresa.
A partir de tal visão, a Paranapanema, apesar da pandemia, está seguindo o ritmo de produção e de entregas para seus clientes, de acordo com as demandas de mercado. Por ser uma empresa de capital aberto, a indústria não divulga suas expectativas de crescimento.