A exemplo do ocorrido em outros segmentos, variam muito os preços cobrados pelos profissionais especializados na instalação de ar condicionado.
Tal fato decorre das muitas variáveis envolvidas no processo, pois na composição dos valores praticados pesam desde a capacitação da empresa ou técnico autônomo contratado, até as peculiaridades do próprio local da obra.
A distância existente entre as unidades condensadora e evaporadora, por exemplo, determina a extensão da linha de cobre, um dos itens mais onerosos nessa área.
O mesmo ocorre com a eventual necessidade de canaleta nesse circuito, para assegurar uma boa estética quando é impossível embutir a tubulação na própria alvenaria.
Considerar aspectos assim no cálculo do total a pagar é importante não só para o cliente, mas também o instalador, que pode sair no prejuízo se não realizar o orçamento em campo com a máxima atenção possível, colocando no papel cada item capaz de aumentar suas horas de trabalho e a quantidade de material a ser empregada.
Quanto ao contratante, compete distinguir o eventual preço abusivo do pagamento justo, em virtude dos diferenciais oferecidos pelo fornecedor.
Com base em sua experiência de grande distribuidor de ar-condicionado, Rafael Dias, da A. Dias, frisa que uma mão de obra capacitada naturalmente é mais cara por ser especial a partir da própria postura da equipe.
“Esse tipo de empresa ou profissional não abre mão de itens de suma importância como ferramentas adequadas, uniformes e equipamentos de proteção individual”, exemplifica. “Garante ainda que a instalação do equipamento seguirá as determinações do fabricante extraindo do aparelho a performance adequada”, acrescenta o empresário.
Hoje, aliás, ele lembra que os equipamentos possuem muita tecnologia embarcada, exigindo constante reciclagem do prestador de serviços, assim como um eficiente canal de comunicação com os fabricantes.
Além de discernir se está colocando dentro de casa ou escritório alguém confiável, ao invés dos chamados “penduradores”, o consumidor deve se prevenir de problemas futuros, ao colocar de forma bem clara no papel as metragens e os locais por onde passarão as tubulações, providência que também representa uma salvaguarda para o próprio instalador.
Vale igualmente a pena, segundo Dias, definir claramente as responsabilidades recíprocas, pois é frequente os instaladores não incluírem nos seus orçamentos itens a cargo de profissionais de áreas complementares como obras civis, de elétrica e içamento.
“No caso da nossa empresa, durante a fase de agendamento o cliente é instruído de todas as etapas do serviço e as responsabilidades de parte a parte, com as instalações sendo registradas por relatórios fotográficos e ordens de serviço assinadas pelo cliente”, explica Rafael, ao falar de providências para garantir a máxima rastreabilidade possível, assim como agilidade de atendimento cada vez que o cliente entrar em contato com a empresa.
Cálculo complexo
Com 15 anos de experiência na área, sendo os três últimos como diretor da paulistana Astroar Ar Condicionado, Astrogildo Pereira Magalhães, mais conhecido como Gildo, considera a composição de preço uma tarefa complexa e que nem todo refrigerista sabe executar.
“Calculamos o material que será utilizado, mão de obra (horas homem), pós-venda, despesa com refeições, estacionamento e, claro, o lucro a ser obtido”, diz ele, lembrando ser insuficiente fazer apenas as contas dos insumos diretos.
Valores subestimados são justamente o sonho de consumo daqueles clientes que procuram preço acima da qualidade, quase sempre sem saber que certas economias representam gastos maiores mais adiante, para alguém corrigir as falhas deixadas.
Daí sua preferência pelos consumidores indicados por outros clientes ou mesmo parceiros, critério que também põe em prática ao apontar profissionais de áreas afins como empreiteiros, eletricistas, gessistas e pintores.
Já na opinião de Anderson Peres, que há 10 anos fundou a também paulistana Equipe 3, no Bairro do Limão, embora haja tantas variáveis na contratação de uma obra, seria muito bem-vinda uma tabela de preços como referência, tendo em vista ainda haver muita gente cobrando até a metade para não perder o negócio.
Ele não vê, a curto prazo, a possibilidade de reversão desse quadro preocupante, devido às baixas margens de lucro e à competição injusta promovida pelo chamado instalador direto.
Dentre os fatores que podem diferenciar o valor cobrado por este ou aquele profissional está o grau de dificuldade do local onde os serviços serão realizados, lembra o tecnólogo de refrigeração capixaba Macson Borges Ferraz, profissional que desde 2004 atua em Belo 
Horizonte e acumula quase vinte anos de experiência na área.
A questão ética, em sua análise, é uma das mais graves hoje neste campo, face à existência de maus colegas que trabalham em empresas de ar condicionado e fazem os chamados bicos por fora. “Eles adotam uma política predatória de preços, uma vez que não têm custos pessoais por utilizarem, de maneira imoral e ilegal, ferramentas e materiais dos locais onde trabalham”, lamenta.
Essa situação ele espera ver coibida quando o “Conselho dos Técnicos” estiver exercendo fortemente a fiscalização no setor, inclusive para evitar a atuação cada vez mais frequente de aventureiros vindos de outros segmentos para tentar a sorte no HVAC.
A “Expedição do Clima” em outubro levou 