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Indústria aposta em compressores para gases de baixo GWP

A indústria global de compressores segue atualizando suas linhas de equipamentos, a fim de permitir o uso mais irrestrito de fluidos frigoríficos alternativos de baixo potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) no mercado de refrigeração e ar condicionado.

Para amenizar os efeitos das mudanças climáticas, cerca de 200 países concordaram, em outubro do ano passado, com uma proposta de emenda ao Protocolo de Montreal visando diminuir gradualmente, até a metade deste século, o uso de hidrofluorcarbonos (HFCs) em sistemas do gênero.

Há tempos, diversos fabricantes têm anunciado a ampliação da oferta de compressores homologados para operar com hidrofluorolefinas (HFOs), hidrocarbonetos (HCs) e dióxido de carbono (CO2), entre outros gases.

“Mas o caminho adiante vai envolver escolhas conflitantes”, analisa Mark McLinden, pesquisador do Instituto Nacional de Padrões Tecnológicos dos EUA (NIST).

“As diretrizes de segurança podem ser revisadas para permitir o uso de refrigerantes levemente inflamáveis. Misturas de dois ou mais fluidos podem gerar um refrigerante não inflamável, mas com alto GWP. O CO2 não é inflamável, mas demanda uma completa remodelação dos equipamentos”, exemplifica.

Indústria desenvolve equipamentos para refrigerantes à base de HCs

Para os grandes players do setor, essa é uma grande oportunidade. “Novos regulamentos exigem um forte investimento para resolver problemas complexos”,  sustenta Carlos Obella, vice-presidente de serviços de engenharia e gestão de produtos comerciais e residenciais da Emerson na América Latina.

Enquanto essa indústria está no meio de uma transição para refrigerantes mais sustentáveis, a verdade é que não existe uma única solução que atenda a todas as aplicações com o mínimo efeito sobre o meio ambiente.

“A melhor avaliação do refrigerante requer uma abordagem holística, envolvendo segurança, impacto ambiental, desempenho do sistema e economia”, diz.

Atualmente, a Emerson possui uma linha completa de compressores com diversas tecnologias, como scroll, pistão e de parafuso, utilizando refrigerantes sintéticos de baixo GWP, como misturas de R-32 e HFO, além de fluidos naturais, como amônia, CO2 e HCs.

Novos rumos

Segundo os fabricantes, o Brasil tem liderado a aplicação de refrigerantes naturais, como o CO2, na América Latina, particularmente nos supermercados. Mais recentemente, o propano (R-290) chegou com força ao mercado de refrigeração comercial leve e, há muitos anos, o isobutano (R-600a) está presente no segmento de refrigeração doméstica.

Dióxido de carbono é uma das tendências no setor

“Em 2016, 50% dos nossos lançamentos foram feitos com oferta de fluidos refrigerantes de baixo GWP”, informa o engenheiro mecânico Homero Cremm Busnello, diretor de marketing da Tecumseh na América Latina.

O R-290 continua sendo a opção preferida da companhia para equipamentos de refrigeração comercial autônomos com capacidade inferior a ½ cavalo de potência (hp).

No entanto, a empresa ressalta que, em função de sua alta inflamabilidade, as limitações de carga e os requisitos de segurança devem ser sempre levados em consideração. Aplicações típicas para o R-290 incluem refrigeradores de bebidas, máquinas de venda automática e freezers comerciais.

“A indústria tem se adaptado aos novos fluidos nos últimos anos e, agora, chegou a vez do mercado de reposição prestar seu tradicional suporte à substituição correta e segura de componentes por outros originais”, salienta.

Para o engenheiro Wilson José de Carvalho, gerente de engenharia de produto de refrigeração da Elgin, os novos desenvolvimentos demandam mão de obra mais qualificada.

“O uso do R-134a e do R-404A já está se difundido no mercado, mas, quanto aos fluidos naturais, tanto os usuários quanto os técnicos de refrigeração terão de se preparar melhor, por causa da periculosidade e de outras características dessas substâncias”, ressalta.

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“Empresas precisam investir em treinamentos dos operadores de novos equipamentos”, diz Silvio Guglielmoni, da Mayekawa

“As empresas precisam investir em treinamentos para os operadores desses novos equipamentos”, concorda o engenheiro Silvio Guglielmoni, gerente comercial da Mayekawa no Brasil.

Segundo o gestor, a indústria japonesa tem desenvolvido soluções de engenharia utilizando refrigerantes naturais para uma extensa faixa de temperaturas em sistemas de aquecimento e resfriamento.

“Chamamos essas soluções de Natural Five, pois englobam cinco refrigerantes desse tipo: amônia (NH3), CO2, água (H2O), HC e ar”, diz.

Tais substâncias são usadas em instalações de aquecimento, secagem, fornecimento de água quente, ar condicionado, resfriamento, refrigeração e congelamento em um range de temperaturas variando de 200 ºC a -100 ºC.

“A aplicação desses fluidos naturais e as soluções de engenharia em eficiência energética visam apoiar o desenvolvimento sustentável, não afetando a camada de ozônio e diminuindo drasticamente o aquecimento global”, reforça.

Nos últimos meses, a Danfoss tem trabalhado forte no desenvolvimento de equipamentos para gases de baixo GWP, incluindo unidades condensadoras. Uma das prioridades da empresa é validar o portfólio atual de compressores para os novos fluidos alternativos.

“Quando falamos de soluções ambientalmente amigáveis, o mercado brasileiro tem sido influenciado externamente, mas o que mais pesa na hora da escolha dessas tecnologias ainda é o custo da energia”, lembra o gerente de contas de compressores comerciais da companhia, Gustavo Asquino.

Mayekawa também aposta nos chamados fluidos naturais

Em busca do substituto ideal para os HFCs

Pesquisadores do Instituto Nacional de Padrões Tecnológicos dos EUA (NIST) finalizaram, em fevereiro, um estudo de vários anos para identificar os “melhores” candidatos entre os fluidos refrigerantes que, no futuro, terão o menor impacto sobre o clima.

Infelizmente, todos os 27 gases que o NIST identificou como os melhores a partir de uma análise de desempenho são, no mínimo, levemente inflamáveis, o que não é permitido pelas diretrizes de segurança dos EUA e de outros países para a maioria das aplicações. E diversas substâncias da lista são altamente inflamáveis, como o R-290.

Em outras palavras, o estudo não encontrou nenhum refrigerante ideal que combinasse baixo GWP  – uma medida da quantidade de calor que um gás retém quando liberado na atmosfera – com outras características desejáveis de performance e segurança, como não ser inflamável e nem tóxico.

“A conclusão é de que não há um substituto fácil e perfeito para os refrigerantes atuais”, diz Mark McLinden, engenheiro químico do NIST. “Durante o estudo, pensávamos que encontraríamos algo mais. Acontece que não há muita coisa. Então, o resultado foi um pouco inesperado, um pouco decepcionante.”

Órgãos reguladores norte-americanos já admitiram a dificuldade de escolher novos refrigerantes. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) ainda não estipulou limites específicos de GWP, mas tem, em vez disso, conduzido análises de risco comparativo para cada fluido e finalidade. Os critérios incluem efeitos atmosféricos e os impactos correlatos no meio ambiente e na saúde, riscos ao ecossistema, riscos ao consumidor, inflamabilidade, custo e disponibilidade.

Com o intuito de ajudar a indústria e os formuladores de políticas públicas dos EUA a compreenderem os limites e as escolhas intrincadas que envolvem a redução gradual dos HFCs, o NIST realizou, durante quatro anos, uma pesquisa abrangente para achar os melhores fluidos alternativos com baixo GWP e apenas um componente em sua fórmula.

O estudo do NIST focou em possíveis fluidos substitutos para os sistemas de ar condicionado pequenos, que são comuns em residências e pequenas empresas. Uma mescla de HFCs chamada R-410A é agora o refrigerante mais popular em tais sistemas.

Essas unidades são lacradas, o que significa que elas não devem liberar HFCs na atmosfera. Entretanto, os sistemas podem ter vazamentos, e quando eles recebem manutenção ou são descartados, o refrigerante tem o risco de escapar e não pode ser recuperado e reciclado, disse McLinden.

O estudo fez uma triagem em um banco de dados de mais de 60 milhões de substâncias químicas, estimando as propriedades unicamente com base na estrutura molecular. Isso foi feito com a ajuda de um método computacional desenvolvido anteriormente no NIST.

Visto que todos os refrigerantes atuais são pequenas moléculas, a pesquisa do NIST ficou limitada a moléculas com 18 ou menos átomos e a apenas oito elementos que formam compostos voláteis o suficiente para servirem como refrigerantes. Esta seleção inicial resultou em 184 mil moléculas que seriam melhor analisadas depois.

A triagem por propriedades energéticas que correspondem aos fluidos utilizados em pequenos sistemas de ar condicionado e a um GWP menor que 1.000 (entende-se por convenção que representa os efeitos por um período de 100 anos) rendeu 138 fluidos.

Os pesquisadores, então, simularam o desempenho destes 138 compostos em ares-condicionados. Um parceiro dentro da Universidade Católica dos Estados Unidos, em Washington, ajudou a desenvolver o modelo de simulação e a avaliar os resultados. Seleções adicionais para descartar compostos quimicamente instáveis ou muito tóxicos ou aqueles com baixa eficiência energética culminaram na lista final de 27 fluidos com baixo GWP.

Uma das prioridades da Danfoss é validar o portfólio atual de compressores para novos fluidos alternativos

O R-290, por exemplo, tem um GWP de 3, muito menor que o valor do R-410A, de 1.924. Entre os potenciais refrigerantes com os menores índices de GWP, encontra-se a amônia, geralmente utilizada em grandes sistemas de refrigeração industriais. Contudo, ela tóxica e levemente inflamável.

Além disso, há o dimetil éter, um propelente e potencial combustível que é um pouco menos inflamável do que o R-290. O CO2 possui um GWP de 1 e não é inflamável, porém necessitaria de um tipo diferente de ciclo de refrigeração para operar sob pressões muito altas. Outros compostos de baixo GWP são as HFOs, atual foco de pesquisa da indústria química global, mas elas são ligeiramente inflamáveis.

Embora não haja um limite específico de GWP nos EUA, datas de redução em fases foram estipuladas para os HFCs com maior GWP. (Na União Europeia, refrigerantes com GWP abaixo de 750 são permitidos em sistemas de pequeno porte.)

A lista do NIST pode oferecer novas ideias, porque inclui muitos refrigerantes que ainda não estão na lista da EPA de substitutos aceitáveis. “A indústria de refrigeração vem desenvolvendo ativamente novos fluidos levemente inflamáveis, e os resultados do atual estudo sustentam esse caminho”, afirma McLinden.

“Olhando adiante, as conclusões do estudo do NIST indicam a necessidade de reconhecer e lidar com escolhas conflitantes no planejamento para o futuro”, completa.

Mas como as diretrizes de segurança deveriam ser alteradas para garantir que os compostos inflamáveis sejam usados seguramente? “Misturas de diferentes refrigerantes podem oferecer um equilíbrio entre segurança e baixo impacto climático. Por exemplo, um fluido com baixo GWP, mas inflamável, mesclado com um fluido não inflamável, porém de alto GWP, pode resultar num fluido não inflamável com um valor moderado de GWP”, explica McLinden.

Honeywell encerrará vendas de R-404A

Em comunicado distribuído à imprensa nesta segunda-feira (10/4), a Honeywell diz que planeja encerrar as vendas dos refrigerantes Genetron 404A (R-404A) e Genetron AZ-50 (R-507) na União Europeia em 2018.

Um dos principais produtores mundiais desses compostos, a companhia explicou que está tomando essa medida “em antecipação à escassez esperada de produtos com alto potencial de aquecimento global [GWP, em inglês], devido ao cronograma de redução previsto na F-gas [diretiva da UE que trata da eliminação dos gases fluorados com efeito estufa]”.

Os preços do R-404A e do R-507 de todos os fabricantes e distribuidores aumentaram substancialmente este ano, em antecipação ao corte de 37% em dióxido de carbono equivalente (CO2e) obrigatório no próximo ano.

Diversas companhias já reajustaram os preços dos gases de alto GWP, como forma de alertar o mercado europeu sobre a baixa oferta prevista para o ano que vem, mas a Honeywell é o primeiro fabricante a anunciar que deixará de fornecer esses fluidos à base de hidrofluorcarbonos (HFCs).

Este último anúncio, certamente, irá inflacionar o preço do R-404A, o que pode levar os outros fabricantes a tomar medidas semelhantes.

“Em função da grande redução obrigatória de cotas a ser implementada em 1º de janeiro de 2018, espera-se que uma eliminação acelerada de produtos de alto GWP será necessária”, informa a multinacional.

“Isso significa que os clientes precisam adotar soluções ambientalmente mais adequadas, a fim de se preparar para a escassez de fluidos de alto GWP em 2018, e para atender plenamente às exigências da F-gas até o final de 2019”, esclarece.

Com cotas baseadas em CO2e, nenhum fabricante quer continuar vendendo gases de alto GWP, como o R-404A. Toda a cadeia produtiva, enfim, gastou milhões de dólares desenvolvendo novos fluidos de menor impacto climático.

A Honeywell destaca suas próprias alternativas com GWP mais baixo, tais como o R-407F e o R-407A, junto com alternativas mais novas, como o R-448A, um refrigerante à base de hidrofluorolefina (HFO).

A empresa diz que trabalhará com sua rede de distribuidores autorizados para ajudar os clientes e parceiros a adotar a próxima geração de refrigerantes que melhor atendam às suas necessidades, mas adverte que quantidades significativamente reduzidas de R-404A e R-507 serão disponibilizadas para amenizar problemas pontuais no período de transição.

Especialistas já advertiram que a transição estabelecida pela F-gas exigiria a adaptação de pelo menos 50% dos atuais sistemas com R-404A. Mas os relatórios técnicos sugerem que a Europa está muito aquém deste objetivo e, pior, os novos equipamentos que utilizam o R-404A continuam a ser fabricados, importados e instalados em grande número.

O R-404A, com seu GWP de 3.922, é o gás mais utilizado no continente em equipamentos de refrigeração estacionários, comumente usados em sistemas comerciais de baixa temperatura, como os instalados em supermercados. O R-507 tem um GWP de 3.985 e, embora menos comum, também é utilizado em sistemas de baixa e média temperatura.

Tanto o R-404A como o R-507 foram introduzidos na década de 1990 para substituir os clorofluorcarbonos (CFCs) R-502 e R-12, e mais tarde, o hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22, devido aos efeitos nocivos desses gases à camada de ozônio.

Naquela época, o aquecimento global e o impacto dos refrigerantes de alto GWP não foram levados em conta durante a transição tecnológica exigida.

Chemours inaugura planta de HFC em Manaus

A primeira unidade brasileira de produção de Freon 410A, uma mistura de dois fluidos à base de hidrofluorcarbono (HFC) que não destrói a camada de ozônio, foi inaugurada hoje (28/3) pela Chemours, em Manaus (AM).

De acordo com a companhia, a planta tem capacidade para produzir, anualmente, oito mil toneladas da substância desenvolvida para substituir o hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 em equipamentos novos, de média e alta temperatura de evaporação, projetados exclusivamente para trabalhar com o R-410A.

chemours-manausDurante o evento de inauguração, que contou com a presença de diretores da empresa, jornalistas e outros convidados exclusivos, a diretora de fluorquímicos da multinacional, Magen Buterbaugh, destacou que o negócio de fluidos refrigerantes da Chemours tem um compromisso de longa data com a indústria de climatização e refrigeração.

“Há mais de 85 anos, somos líderes em inovação nessa área”, disse.

“É com grande alegria que celebramos juntos o começo de um novo ciclo para o segmento de fluidos refrigerantes no Brasil e para a história da Chemours no País”, avaliou Maurício Xavier, presidente da filial brasileira.

Para o gerente de negócios de fluorquímicos da subsidiária no País, Renato Cesquini, a nova fábrica reforça o compromisso da empresa com os clientes da América do Sul. “Desde 2013, quando foi criado nosso centro de distribuição de fluidos refrigerantes aqui e Manaus, já buscávamos estar próximos de nossos clientes do segmento de ar condicionado”, informou.

Xavier:

Xavier: novo ciclo para os fluidos refrigerantes

De acordo com o presidente a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Arnaldo Basile, os investimentos em sistemas produtivos no Brasil sempre foram cercados de decisões que demandaram muitos estudos e análises aprofundadas sobre questões mercadológicas, financeiras e políticas.

“Mais do que acreditar no mercado potencial brasileiro, a Chemours explicita seu compromisso e responsabilidade para com os stakeholdersda cadeia produtiva e comercial dos segmentos de refrigeração e ar condicionado”, declarou. “Por isso, desejo muito sucesso aos empreendedores dessa planta”, acrescentou.

MagenButerbaugh: liderança reconhecida mundialmente

Magen Buterbaugh: liderança reconhecida mundialmente

As bombas de calor e os ares-condicionados desenvolvidos para operar com Freon 410A possuem desempenho 45% superior aos equipamentos similares que utilizam o R-22, fluido refrigerante que está sendo banido do mercado mundial, devido aos danos que causa à ozonosfera.

Segundo a área técnica da Chemours, o Freon 410A é compatível apenas com lubrificantes de base poliol éster (POE) e apresenta pressão e capacidade de refrigeração significativamente mais altas que as do R-22.