Em cooperação com as principais associações nacionais e globais da indústria do frio, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o secretariado do Dia Mundial da Refrigeração (WRD, na sigla em inglês) formaram uma aliança para acelerar a inclusão de mão de obra feminina nos postos de trabalho gerados pelo setor.
Trata-se da Rede Internacional para Mulheres na Refrigeração (INWIC). Entre seus membros fundadores, estão a AIRAH (Austrália), AREA (Europa), ASHRAE (global), CAR (China), FAIAR (América Latina), IIR (global), IoR (Reino Unido), ISHRAE (Índia), JSRAE (Japão), U-3ARC (África) e o coletivo Women in HVAC-R (América do Norte).
“O setor de refrigeração e ar condicionado é um campo verdadeiramente vital, dinâmico e de rápido crescimento, sendo uma fonte significativa de empregos de alta qualidade em todo o mundo”, diz a INWIC.
“No entanto, essa indústria tem potencial para contribuir ainda mais, aumentando o número de mulheres em todos os níveis e tipos de empregos, incluindo posições que vão de CEOs a professoras, de engenheiras a técnicas de manutenção, apenas para citar algumas delas.”
A INWIC observa que, embora as mulheres constituam metade da população mundial, elas estão significativa e visivelmente sub-representadas no HVAC-R em todas as suas funções. E embora existam muitas iniciativas e estruturas que promovem o engajamento de mulheres no setor, é preciso mais cooperação e troca de informações em nível global para unir esses esforços isolados e torná-los ainda mais significativos e impactantes, especialmente nos países em desenvolvimento.
De acordo com a INWIC, a indústria de refrigeração e ar condicionado possui mais de 300 entidades representativas nacionais, regionais e internacionais, mas menos de 5% delas têm seções específicas para mulheres. Os dados correspondentes indicam que onde existem essas seções femininas, há um maior número de mulheres que estão ativamente envolvidas nos comitês e estruturas dessas organizações, o que, por sua vez, aumenta as oportunidades de ampliar a visibilidade da mão de obra feminina.
Isso é comprovado na Austrália, onde o grupo Women of AIRAH está funcionando desde 2016. A AIRAH agora tem equidade de gênero em seu conselho diretor, segundo a associação.
O chefe do secretariado do WRD, Stephen Gill, diz que um dos impulsionadores da INWIC é a ideia de que “você não pode ser o que não pode ver”. Segundo ele, ainda não há exemplos visíveis suficientes de mulheres fazendo carreira na área. “Queremos mudar esse quadro”, salienta.
“Criaremos um recurso para meninas e mulheres jovens verem vídeos curtos e lerem histórias da vida real de diversas mulheres em diferentes funções no setor de refrigeração. Isso também servirá para conectar e inspirar as mulheres que atualmente trabalham no segmento”, revela.
A INWIC visa conectar e capacitar as mulheres por meio de oportunidades de networking, orientação e educação. Também dará ensejo para as mulheres terem acesso a experiências e oportunidades de aprimorar suas carreiras, principalmente nos países em desenvolvimento.
A iniciativa, segundo a INWIC, está alinhada com vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), entre os quais o de igualdade de gênero para as mulheres e o de mitigação das mudanças climáticas, uma vez que a rede também planeja atuar como uma plataforma para promover a gestão ambiental como parte das profissões ligadas à refrigeração. Isso inclui, entre outras questões, o gerenciamento adequado de fluidos refrigerantes fluorados, hidrocarbonetos e novas alternativas.
“O setor de refrigeração é fundamental para alcançar os objetivos ambientais, incluindo o sucesso contínuo do Protocolo de Montreal, e lidar com as mudanças climáticas”, diz James Curlin, chefe da OzonAction, uma ramificação da agência de meio ambiente da ONU dedicada à proteção da camada de ozônio.
“Para cumprir suas obrigações, os países [signatários dos tratados ambientais das Nações Unidas] precisam de uma indústria de refrigeração forte, vibrante e inclusiva. As mulheres representam uma fonte tremenda e em grande parte inexplorada de inovação e habilidades para esse setor, e elas precisam estar ativamente engajadas se quisermos resolver os grandes desafios ambientais do nosso tempo. A INWIC procura fazer exatamente isso”, ressalta.
Nos próximos meses, os parceiros fundadores da rede global planejam introduzir programas para apoiar diretamente as mulheres a se envolverem ainda mais e encontrarem oportunidades que possam dar suporte ao avanço de suas carreiras, segundo a ONU.