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Editorial – Em campo aberto

O anúncio feito pelo presidente Donald Trump no dia 9 de julho, sobre a possível imposição de uma tarifa de 50% a produtos brasileiros importados pelos EUA, trouxe incertezas ao comércio bilateral. No setor de HVAC-R, a medida comprometeria eficiência e previsibilidade em um momento de retomada gradual das exportações.

É fato que os EUA ocupam posição relevante entre os destinos dos produtos brasileiros, especialmente de equipamentos de maior valor agregado, como chillers e compressores. Mas vale lembrar que a China lidera com folga esse mercado.

Enquanto aguardamos os desdobramentos dessa possível medida, seguimos atentos às transformações internas do setor. Esta edição destaca os desafios na implementação da ABNT NBR 17037, que exige um novo olhar sobre a Qualidade do Ar Interior. Apresentamos também os cuidados técnicos na adoção dos refrigerantes A2L e os impactos sobre responsabilidade técnica. E, com orgulho, celebramos os ganhadores do Troféu Oswaldo Moreira, símbolo do mérito e da dedicação no nosso mercado.

O momento exige cautela. Vamos apostar na nossa capacidade diplomática de dialogar sem se submeter, negociar sem ceder princípios. Que a boa relação de mais de 200 anos com os Estados Unidos pese na hora da decisão.

ABNT NBR 17037 e estratégias no controle da Qualidade do Ar Interior

Empresas de diversos setores estão correndo para se adaptar à nova versão da ABNT NBR 17037, norma que trata da qualidade do ar interior em ambientes climatizados

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Desde a sua atualização em 2023, a norma ABNT NBR 17037 tem provocado significativas mudanças nas práticas de gestão da qualidade do ar em ambientes climatizados. A principal inovação da norma é a exigência de implantação de um Programa de Gestão da Qualidade do Ar Interior (PGQAI) por toda edificação que possua sistemas de climatização, com foco em uma abordagem sistêmi   ca e contínua.

Mas a adoção prática dessas exigências tem se mostrado um verdadeiro desafio para muitas empresas. Não se trata apenas de seguir um checklist de conformidade, mas de repensar processos, rever contratos, capacitar equipes, investir em tecnologia e, principalmente, mudar a cultura organizacional.

O coordenador da Conforlab Engenharia Ambiental, Robson Petroni, resume bem o novo espírito da norma: “O PGQAI é mais do que um relatório ou um checklist, é o pensar na qualidade do ar como um todo. Isso significa que os fatores que afetam a qualidade do ar, como pessoas, atividades, materiais, mobiliário, limpeza, manutenção e o próprio sistema de climatização devem ser avaliados de forma integrada”.

Muitas empresas, ao tentarem se adequar à norma, descobrem que não basta realizar medições periódicas da qualidade do ar. É preciso analisar causas, identificar riscos, criar planos de ação e documentar tudo sob supervisão técnica.

Petroni relata que o maior desafio enfrentado é justamente essa mudança de mentalidade: “É necessário que todas as esferas da edificação — facilities, operação, manutenção e até os usuários — compreendam seu papel na gestão da qualidade do ar.

Segundo Osny do Amaral Filho, representante do CREA-SC e vice-presidente do PNQAI – Plano Nacional da Qualidade do Ar Interior, a nova norma técnica da ABNT NBR-17037/2023 – Qualidade do Ar Interior em ambientes não residenciais climatizados artificialmente – padrões referenciais, substitui agora a resolução nº 09 da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, revogada em julho, que versava sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo.

“A NBR 17037 passa a regulamentar as atividades no setor, tornando os parâmetros e itens de controle mais atuais e conforme o desenvolvimento da engenharia de QAI em nível mundial. Essa informação é importante para todos os engenheiros mecânicos e as demais especialidades que trabalham com projetos de climatização, ar-condicionado, renovação de ar e PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle. Lembrando que a NBR 17037 pode ser obtida gratuitamente através do portal do CREA-SC no CREANET profissional, por meio do convênio com a ABNT, que dá acesso ilimitado a todas as normas atualizadas em tempo real”, informa Osny.

Principal inovação é a exigência de implantação de um Programa de Gestão da Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados

Desafios técnicos, operacionais e financeiros

A implementação da NBR 17037 envolve custos. Além das análises periódicas (que devem ser feitas por laboratórios acreditados segundo a ABNT NBR ISO 17025), muitas edificações precisam passar por reformas para corrigir problemas estruturais que afetam a qualidade do ar como infiltrações, falhas em dutos, filtros inadequados, e sistemas de HVAC-R subdimensionados ou mau conservados.

Um caso real citado por Petroni ilustra bem esse cenário. Uma edificação enfrentava queixas constantes de mau odor. O cliente desenvolvia análises da qualidade do ar semestralmente (como definido na ABNT 17037:2023) mas não possuía histórico de não conformidades. Contudo, o problema era nítido e todos os que chegavam ao ambiente logo percebiam a questão. Com a implantação do PGQAI foi constatado diversas falhas, que juntas, eram as responsáveis pela existência do mau cheiro. Constatou-se que cadeiras, carpetes e estofados possuíam manutenção inadequada e que isso era inerente às especificações do contrato. E somados a isso, o sistema de HVAC-R não funcionava conforme especificações do projeto, não sendo capaz de garantir níveis de umidade relativa do ar adequadas.  O mal-estar era grande e o problema era tão sério que colaboradores se recusavam a ir trabalhar no ambiente, justificando a atitude ao fato de que o ambiente possivelmente era insalubre. Com o desenvolvimento da análise de riscos e oportunidades, e a implantação do PGQAI, foi possível corrigir o funcionamento do sistema de HVAC-R e implementou-se novas práticas de limpeza, com um plano rigoroso de manutenção e fornecedor qualificado. Este conjunto de ações levou mais de 12 meses para ser implementado, mas hoje a organização dispõe de um ambiente saudável e adequado aos colaboradores, com redução do nível de absenteísmo e aumento da satisfação e produtividade. Isso se reverteu em ganhos financeiros. Há outros cases de sucesso, em hospitais, edifícios comerciais, residências e indústrias, todos corroborando que investir no PGQAI traz retornos financeiros à organização.

Além disso, a norma exige que a edificação tenha um responsável técnico pelo PGQAI, o que implica em contratação de profissionais especializados ou treinamento da equipe interna. Segundo Petroni, ainda que a norma não detalhe a carga horária ou conteúdo dos treinamentos, recomenda-se que o responsável técnico promova capacitações internas e acompanhe os processos que impactam a qualidade do ar.

“Em relação a questão técnica, agora se faz necessário que a edificação disponha de um responsável técnico do PGQAI. Não existe um requisito relacionado a treinamentos e contratações, mas o responsável técnico deve se responsabilizar por estes itens. Convém que todo processo que influencie a qualidade do ar esteja discriminado na Avaliação de Riscos e Oportunidades – ARO, à qualidade do ar, incluindo a prestação de serviços (operacionais, análise, manutenção, consultoria etc.). Tudo que ocorre na edificação deve ser avaliado e aprovado pelo responsável técnico”, informa Petroni.

Um dos fatores que diz respeito à qualificação de fornecedores é o de que todas as análises desenvolvidas precisam ser realizadas por laboratório acreditado na norma ABNT NBR ISO 17025. Toda equipe operacional deve estar ciente dos processos que podem influenciar a qualidade do ar e isso passa por um treinamento sobre como se deve passar essas informações aos usuários e colaboradores que trabalham na edificação (comunicação), sendo este um dos maiores desafios. Para que o PGQAI funcione adequadamente, cada usuário deve ter ciência dos fatores que influenciam a qualidade do ar interior, sendo recomendado às organizações que desenvolvam treinamentos e palestras para todos os usuários, de modo a estabelecer uma cultura voltada aos cuidados à qualidade do ar e ao sentimento de pertencimento ao PGQAI.

Software oferece uma estrutura simplificada e auto declaratória para o PGQAI, com acesso online

Formação e capacitação: onde buscar?

A maior parte dos gestores, engenheiros e técnicos ainda não teve acesso formal à formação específica sobre qualidade do ar interior. Esse é um gargalo sério para a implementação da norma.

No Brasil, entidades do setor oferecem cursos especializados, incluindo programas sobre qualidade do ar de interiores, que abordam desde conceitos básicos até a aplicação prática de diretrizes técnicas.

Outra iniciativa importante é o Plano Nacional da Qualidade do Ar Interior (PNQAI), uma aliança entre ONGs e especialistas que visa difundir o conhecimento sobre qualidade do ar interno em ambientes onde as pessoas passam 90% do tempo. Um de seus frutos é o desenvolvimento do conteúdo programático básico para a formação de gestores de qualidade do ar a nível de pós-graduação.

Para quem domina outros idiomas, há também oportunidades de capacitação em plataformas internacionais, como as da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), da FEDECAI (Federação de Empresas de Qualidade Ambiental em Interiores), da AEE (Association of Energy Engineers) e da Indoor Science, que oferecem treinamentos e materiais gratuitos ou pagos.

O papel da cultura organizacional

Petroni ressalta que a maior dificuldade para implementar o PGQAI de forma efetiva não é técnica, mas cultural. “Não se trata de comprar um equipamento novo, mas de envolver as pessoas em uma nova forma de pensar. A qualidade do ar deve ser discutida nos níveis estratégicos da organização e tornar-se parte da cultura corporativa”.

Nesse contexto, é fundamental que os próprios usuários dos ambientes climatizados — sejam colaboradores, clientes ou visitantes — estejam informados sobre os fatores que impactam a qualidade do ar. Algumas empresas já estão adotando palestras e treinamentos básicos para todos os ocupantes das edificações, com o objetivo de promover senso de pertencimento ao PGQAI e engajamento nas ações preventivas.

Embora a adaptação à ABNT NBR 17037 demande investimentos financeiros, tempo e mudança de mentalidade, os resultados têm se mostrado recompensadores. Ambientes mais saudáveis e confortáveis reduzem afastamentos, aumentam a produtividade e, em setores como saúde, ensino e comércio, tornam-se um diferencial competitivo.

A norma ainda é recente, e muitas empresas estão nos estágios iniciais de adequação. Mas a tendência é que, nos próximos anos, o PGQAI se torne tão essencial quanto os planos de manutenção predial ou segurança do trabalho.

A qualidade do ar interior saiu da invisibilidade e quem liderar esse processo desde já poderá colher frutos importantes em saúde, imagem institucional e, claro, resultados financeiros.

Implementação do PGQAI corrigi problemas estruturais que afetam a qualidade do ar como bolor e mofo nos ambientes

Substituição de chillers com HCFCs motiva chamada pública do PNUD

Programa busca empreendimentos interessados em trocar equipamentos por modelos com menor impacto climático; inscrições vão até 31 de outubro

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), abriu chamada para manifestação de interesse voltada à substituição de chillers com os fluidos refrigerantes HCFC-22 ou HCFC-123. A iniciativa integra o Projeto BRA/24/G76, que atua nos segmentos de recuperação, reciclagem e regeneração de substâncias e na assistência técnica ao setor de ar condicionado comercial e industrial.

O objetivo é identificar edificações comerciais ou industriais — públicas, privadas ou de empresas estatais — que operem sistemas de água gelada utilizando os referidos fluidos. Os interessados devem demonstrar intenção em substituir os equipamentos por modelos com refrigerantes de menor impacto ambiental, com potencial de destruição da camada de ozônio igual a zero (PDO 0) e baixo potencial de aquecimento global (GWP).

A chamada abrange edifícios como shoppings centers, hospitais, hotéis, supermercados, instalações industriais e data centers. O programa prevê apoio financeiro de até 50% do valor do novo chiller, limitado a 12 usuários finais, com foco na distribuição regional por todo o território brasileiro. Os custos restantes, incluindo instalação, adequações, desmontagem e descarte dos sistemas antigos, serão de responsabilidade dos beneficiários.

O acompanhamento técnico será feito pelo PNUD e pelo MMA em todas as fases do processo, da concepção ao comissionamento dos novos equipamentos. Também será realizado o monitoramento comparativo dos sistemas substituídos e substitutos, com foco na eficiência energética e impactos econômicos e ambientais. Os resultados serão divulgados ao setor, com o intuito de fomentar decisões baseadas em evidências.

Empresas e instituições interessadas devem acessar o novo sistema de fornecedores Quantum, da ONU, e registrar ou atualizar seu perfil conforme orientações disponíveis no site do PNUD. A submissão da manifestação de interesse deve ser feita exclusivamente pela plataforma até as 16h (horário de Nova York) / 17h (horário de Brasília) do dia 31 de outubro de 2025. O número de referência da solicitação é PNUD-BRA-00862.

CONBRAVA 2025 abre inscrições para debater mudanças climáticas e o futuro do HVAC-R

Evento será realizado de 10 a 12 de setembro no São Paulo Expo, em paralelo à FEBRAVA

Estão abertas as inscrições para a 19ª edição do CONBRAVA – Congresso Brasileiro de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento de Ar. O evento ocorrerá entre os dias 10 e 12 de setembro de 2025, no São Paulo Expo, na capital paulista, e terá como tema central “O AVACR e os desafios das mudanças climáticas”.

Organizado pela ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, o congresso reunirá especialistas nacionais e internacionais, com mais de 40 palestras programadas, além de cinco mesas-redondas temáticas. Os temas das mesas incluem Qualidade do Ar Interno, Eficiência Energética, Fluidos Refrigerantes, Tratamento de Águas e “Clima em Transformação”.

De acordo com Charles Domingues, presidente da comissão organizadora, a edição de 2025 pretende promover reflexões sobre o papel do setor frente às transformações climáticas, com foco em inovação, eficiência energética e responsabilidade ambiental.

O CONBRAVA é realizado a cada dois anos desde 1987 e, ao longo de suas edições anteriores, contou com mais de 17 mil participantes e 450 palestrantes. O evento é reconhecido por seu caráter técnico e por promover a atualização profissional no setor HVAC-R.

A programação será desenvolvida paralelamente à FEBRAVA – Feira Internacional de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar, que ocorre de 9 a 12 de setembro de 2025, também no São Paulo Expo.

Capacitação presencial no HVAC-R ganha força com troca de experiências

Mesmo com a ascensão dos formatos digitais, empresas do setor apostam em road shows e eventos presenciais para fortalecer laços, compartilhar conhecimento técnico, ampliar o networking e gerar novas oportunidades de negócios

 Em tempos de webinários, videoaulas e realidade aumentada, pode parecer contraditório que empresas do setor de refrigeração e climatização estejam apostando em treinamentos e eventos presenciais. Mas essa é uma realidade cada vez mais visível no mercado de HVAC-R, onde o relacionamento próximo, a troca de experiências e o contato direto com os produtos continuam sendo fatores determinantes para o sucesso de vendas, parcerias e inovações.

De Norte a Sul do Brasil, empresas oferecem treinamentos técnicos, tanto presenciais como online, para seus clientes, distribuidores e parceiros, com foco em seus produtos e soluções. Esses treinamentos visam aprimorar a expertise técnica e o conhecimento dos profissionais, garantindo que possam oferecer suporte eficiente e utilizar as soluções de forma otimizada.

Empresas como a Embraco (marca da Nidec Global Appliance), Johnson Controls-Hitachi, Elgin, Danfoss, entre outras, estão promovendo treinamentos, caravanas técnicas e circuitos de capacitação presencial. As ações não apenas fortalecem o relacionamento com instaladores, distribuidores e técnicos, mas também cumprem um papel estratégico: ouvir quem está na linha de frente, entender suas necessidades e promover a atualização constante do mercado em um setor altamente técnico e regulado.

Também grandes distribuidores como a Dufrio, Eletrofrio, Frigelar e muitos outros, realizam eventos de capacitação técnica com fabricantes, parceiros, OEMs (Fabricantes de Equipamento Original), clientes e usuários finais.

A retomada dos encontros presenciais

Após o isolamento provocado pela pandemia da Covid-19, os eventos presenciais voltaram com força, impulsionados por uma necessidade latente de reconexão humana.

No setor HVAC-R, essa retomada ganhou contornos ainda mais importantes. “O técnico precisa ver, tocar, experimentar. É assim que ele adquire confiança para indicar e instalar uma tecnologia. Vemos isso durante a Caravana da Elgin, que percorre várias regiões do país”, resume a equipe de marketing da Elgin. Segundo a equipe, apesar dos avanços nos treinamentos online, o presencial ainda tem um valor imensurável. “Um vídeo pode mostrar o funcionamento de um compressor, mas é no evento técnico que o profissional vê como ele se comporta, como se instala, quais são os diferenciais reais”, afirma.

Outra avaliação positiva é da Fujitsu General do Brasil. “A Fujitsu sempre investiu em treinamentos e vem promovendo, cada vez mais, sua participação em eventos compartilhando informações sobre os produtos, os cuidados para fazer uma boa escolha ao comprar um ar-condicionado e cuidados necessários para a realização da instalação e manutenção com um profissional especializado.  Vemos com bastante importância a necessidade de termos profissionais capacitados. Recentemente, tivemos o recém lançamento de nosso centro de treinamento, que dobrou de espaço para que possamos atender um número maior de profissionais, desenvolvendo os profissionais do mercado de climatização, aprimorando suas habilidades e conhecimentos para que aprendam na prática e possam desempenhar suas funções de maneira mais eficiente. Além disso, esse contato direto ajuda a criar uma relação de confiança e proximidade com eles e nossa marca”, explica Leandro Medeiros, coordenador na área técnica da Fujitsu.

Eventos presenciais são impulsionados por uma necessidade de reconexão humana

Road shows: o Brasil na estrada

A Weg tem promovido treinamentos técnicos e demonstrações itinerantes de seus motores e inversores de frequência voltados ao setor de refrigeração e climatização. A estratégia mira desde grandes centros até cidades de médio porte, com foco em atualização profissional e aproximação com o mercado instalador.

A Nidec, por meio da Embraco, intensificou a realização de eventos técnicos em parceria com distribuidores regionais. “Nossa missão é estar onde o instalador está, levando conteúdo técnico de alto nível, com foco em eficiência energética, novas tecnologias e boas práticas”, explica Murilo Augusto Moreira Favaro, Gerente de Marketing e Planejamento Estratégico da Nidec. A empresa também oferece treinamentos específicos para seus funcionários, como parte de seus programas de desenvolvimento e capacitação.

Já a Johnson Controls – Hitachi realizou em 2024 uma série de eventos presenciais para apresentar suas soluções em sistemas VRF e chillers, reforçando a rede de relacionamento com engenheiros e especificadores.

Outro exemplo é o programa “Capacita Frio” – Treinamento de Refrigeração Aplicada da Danfoss, que percorreu vários estados promovendo treinamentos presenciais sobre válvulas de expansão, controladores e refrigerantes naturais.

Visibilidade e negócios

Entre as iniciativas que mais cresceram nos últimos anos está o Circuito dos Instaladores, evento itinerante que conecta marcas líderes a instaladores e técnicos em diversas regiões do país. Com foco técnico-comercial, o circuito é um espaço de aprendizado, demonstração de produtos e networking qualificado.

Para os patrocinadores, o retorno vai além da exposição da marca.

A Indústrias Tosi, tradicional fabricante nacional, vê valor técnico e institucional: “Participar do Circuito dos Instaladores nos proporciona um contato direto com quem realmente decide na ponta. O técnico precisa confiar no produto e na empresa — e essa confiança só nasce com a proximidade”, afirma Patrice Tosi, diretora da Indústrias Tosi.

Outras marcas que participam do Circuito também avaliam positivamente a estratégia. Para a Fujitsu, o evento fortalece a conexão com os instaladores: “Um dos maiores retorno em estar no Circuito dos Instaladores é a proximidade de nossa marca junto aos nossos parceiros instaladores. O evento é muito rico para o setor, pois incentiva o aprendizado, além disso, temos oportunidade de escutar nossos parceiros instaladores e esclarecer eventuais dúvidas”, diz Leandro Medeiros.

Já para a LG, os encontros reforçam a imagem de inovação com suporte técnico forte. “A LG se posiciona como marca de ponta, mas queremos também mostrar que estamos presentes, oferecendo treinamento e apoio técnico através do Esquadrão LG sempre presente em várias praças e o Circuito é perfeito para isso”, afirma Carlos Djones, do Esquadrão LG e palestrante.

Representando a Hisense, Ítalo Trindade, trade marketing, destaca: “Além de promover nossos produtos, entendemos de forma direta o que o mercado precisa. Esse retorno é essencial para ajustes em comunicação e até desenvolvimento de novos modelos”.

Para a Mastercool, fabricante de ferramentas e equipamentos para HVAC-R, o retorno vem em reputação técnica. “Mostramos soluções que ajudam no dia a dia do instalador, e o reconhecimento vem rápido. O presencial acelera esse processo. Estar em contato com os profissionais que lidam com nossos produtos todos os dias nos permite reforçar nossa credibilidade e escutar melhorias vindas da prática”, diz André Oliveira, diretor da marca no Brasil.

A Pescan, empresa especializada em limpeza e manutenção de componentes, peças e sistemas, vê no Circuito uma oportunidade única. “É onde mostramos nossa linha em campo e entendemos as necessidades reais. Muitos dos nossos novos distribuidores foram conquistados nesses eventos”, afirma Eduardo Cedric Ramos Junior, diretor executivo da Pescan.

Por fim, a Electrolux destaca a importância estratégica do contato direto: “Queremos mostrar nossa linha de splits e soluções de climatização residencial e comercial. O Circuito nos conecta diretamente com quem recomenda e instala os equipamentos, o que tem reflexo direto em vendas”, completa Ana Peretti, que é a VP de Marketing da Electrolux.

A era digital chegou para ficar, mas no setor de HVAC-R, a interação presencial continua sendo um ativo poderoso. Os treinamentos físicos não apenas capacitam: eles criam vínculos, formam comunidades e ampliam o senso de pertencimento dos profissionais ao mercado. Enquanto a tecnologia avança e as plataformas digitais se multiplicam, os encontros presenciais seguem firmes como uma estratégia complementar e indispensável para as marcas que desejam se manter próximas, relevantes e inovadoras no setor de refrigeração e climatização.

A força silenciosa por trás da climatização e refrigeração

Dia do Refrigerista celebra profissionais que contribuem para o conforto, preservação de alimentos e proteção do planeta

No dia 7 de julho, o Brasil homenageia um profissional que, mesmo longe dos holofotes, está presente em tudo o que importa: no ar que refresca o ônibus lotado, no freezer que conserva o leite da criança, no hospital que precisa funcionar mesmo durante um apagão. O Dia do Refrigerista é mais do que uma data simbólica — é o reconhecimento de quem põe a mão na massa, carrega a ferramenta nas costas e, com conhecimento e coragem, ajuda a manter a vida em movimento.

Não é de hoje que o refrigerista trabalha nos bastidores — no calor dos telhados, no frio das câmaras, nas estruturas ocultas da cidade e da indústria. Seu ofício exige mais do que força física: requer leitura de projetos, domínio de normas, compreensão de riscos e, sobretudo, um senso técnico apurado aliado a uma resiliência silenciosa. Instalar, manter e operar sistemas de climatização e refrigeração não é tarefa simples — é ciência aplicada sob pressão, todos os dias.

Em centros urbanos, onde os equipamentos estão nos topos de edifícios ou em fachadas de difícil acesso, é comum que esses profissionais utilizem técnicas de rapel e outros procedimentos de segurança vertical para executar manutenções. Suspensos por cordas, com equipamentos de proteção e atenção total, enfrentam vento, sol e altura para garantir o funcionamento de sistemas essenciais. É um trabalho que exige coragem, preparo físico e extremo cuidado técnico.

Mais do que garantir conforto térmico, o refrigerista tem papel estratégico na manutenção da cadeia do frio — conjunto de tecnologias e processos que asseguram a conservação de alimentos, medicamentos e insumos hospitalares. Também é figura-chave em data centers, laboratórios e sistemas industriais que dependem de controle térmico contínuo. Seu trabalho pode não aparecer nos outdoors, mas sustenta pilares invisíveis da vida moderna.

É uma profissão que alia responsabilidade técnica, zelo ambiental e compromisso com o bem coletivo. Ao manusear fluidos refrigerantes, calibrar instrumentos e buscar eficiência energética, o refrigerista contribui para a redução de impactos ambientais e para a sustentabilidade das operações em que atua — um esforço muitas vezes invisível, mas essencial.

Por trás do profissional, há histórias de vida. Gente que começou com ferramentas emprestadas e orçamento contado. Que estudou à noite, conciliou plantões com provas, enfrentou olhares desconfiados, dormiu pouco e acordou cedo. Pessoas que se reinventaram após demissões, que aprenderam com os erros e que, muitas vezes, encontraram motivação no abraço de um filho, no apoio de uma companheira, ou na fé de que dias melhores viriam. São homens e mulheres que desafiam estatísticas, criam negócios próprios, formam redes de apoio e ajudam a construir um setor mais diverso, técnico e humano.

Neste 7 de julho, celebramos a força de uma profissão que sustenta sistemas vitais com esforço diário, precisão técnica e consciência ambiental. Valorizamos quem transforma suor em serviço público, quem encara o desafio da temperatura — e da altura — com dignidade e orgulho.

Europa aquece, demanda por climatização cresce

Países enfrentam ondas de calor cada vez mais intensas, mas resistência cultural, custos elevados e metas climáticas limitam uso de ar-condicionado

O aumento da frequência e da intensidade das ondas de calor na Europa tem exposto a limitada infraestrutura de climatização do continente. Em meio a temperaturas que permanecem acima dos 32 °C até durante a noite, moradores de diversas regiões recorrem a ventiladores, chuveiros frios e improvisos para lidar com o calor extremo.

A penetração de sistemas de ar-condicionado na Europa ainda é baixa. Apenas cerca de 20% dos lares possuem algum tipo de refrigeração, com índices ainda menores em países como Reino Unido (5%) e Alemanha (3%). Em contraste, cerca de 90% das residências nos Estados Unidos têm ar-condicionado. A diferença reflete tanto as condições históricas do clima quanto as características culturais e econômicas da região.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o ar-condicionado tem sido tradicionalmente encarado como luxo. No norte europeu, o clima mais ameno reduziu a percepção de necessidade. A arquitetura local, em especial nos países do sul, também contribuiu para essa realidade: paredes espessas, janelas pequenas e ventilação cruzada foram suficientes durante décadas.

A adaptação ao novo cenário climático, no entanto, é dificultada por fatores estruturais. Muitas residências são antigas, especialmente no Reino Unido, onde uma em cada seis casas foi construída antes de 1900. A modernização desses imóveis para instalação de sistemas centrais enfrenta barreiras técnicas, econômicas e, em alguns casos, burocráticas. Há restrições à instalação de unidades condensadoras externas, especialmente em áreas tombadas ou de preservação histórica.

O custo da energia é outro obstáculo. Além de ser mais elevado do que nos EUA, o preço subiu após a invasão da Ucrânia em 2022 e as medidas da União Europeia para reduzir a dependência de combustíveis fósseis russos. Embora os valores tenham se estabilizado, manter um aparelho de ar-condicionado em operação continua sendo oneroso para boa parte da população.

O desafio europeu também é político e ambiental. A União Europeia assumiu o compromisso de neutralidade climática até 2050. O crescimento acelerado do uso de climatização artificial ameaça esse objetivo. Os aparelhos não apenas consomem grandes quantidades de energia, mas também aumentam a temperatura externa — um estudo em Paris apontou elevação de até 4 °C em áreas urbanas densamente povoadas.

Medidas de contenção já foram adotadas. Na Espanha, desde 2022, estabelecimentos públicos devem manter o ar-condicionado ajustado a no mínimo 27 °C. Ainda assim, a demanda por sistemas de refrigeração cresce. Segundo a AIE, o número de unidades na União Europeia deve chegar a 275 milhões até 2050 — mais que o dobro de 2019.

Empresas do setor relatam aumento expressivo nas consultas e vendas. No Reino Unido, por exemplo, a Air Conditioning Company observou que o número de pedidos residenciais mais que triplicou nos últimos cinco anos. O fenômeno é atribuído à incapacidade de suportar o calor noturno, considerado por muitos o maior fator de desconforto.

No campo político, o tema entrou na pauta de líderes de direita. Marine Le Pen, na França, propôs um plano nacional de infraestrutura de climatização e criticou o que chamou de “hipocrisia das elites”, que defendem alternativas sustentáveis enquanto usufruem de ambientes refrigerados.

Especialistas alertam para o risco de um ciclo vicioso: o uso intensivo de ar-condicionado, majoritariamente alimentado por fontes fósseis, aumenta as emissões e agrava o aquecimento global, gerando ainda mais demanda por refrigeração. Para Radhika Khosla, da Universidade de Oxford, o impacto desse ciclo deve ser enfrentado com regulação rigorosa da eficiência energética dos aparelhos vendidos.

A adaptação ao calor intenso parece inevitável. Mas o modo como a Europa decidirá estruturar essa transição — conciliando bem-estar térmico com metas ambientais — será determinante para o futuro climático da região.

Fonte – CNN 

Febrava amplia escopo e confirma nova edição em 2025

Feira de refrigeração e climatização terá expansão física em São Paulo e anuncia evento no Rio de Janeiro para 2026

A organização da Febrava – Feira Internacional de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar e de Águas – confirmou a realização de sua 23ª edição entre os dias 9 e 12 de setembro de 2025, no São Paulo Expo. O anúncio foi feito na última terça-feira (1º), em evento para convidados, expositores e lideranças do setor HVAC-R (Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração).

Com crescimento de 25% em área em comparação à edição anterior, a Febrava 2025 contará com mais de 600 marcas e a expectativa de receber mais de 25 mil visitantes. A feira terá como tema “No Clima da Inovação” e será estruturada em torno de quatro eixos: eficiência energética, descarbonização, qualificação técnica e inovação.

Dois novos pavilhões farão parte da edição de 2025: o WTE – Water Treatment Expo, voltado ao tratamento de águas industriais, e o Smart Heat Expo, direcionado ao setor de aquecimento. A ampliação física somará mais de mil metros quadrados de área de exposição.

O evento terá também uma nova dinâmica de reconhecimento. O Selo Inovação Febrava 2025 permitirá que o público vote entre os vencedores para eleger o produto com maior destaque. Será implementada uma rota de visitação específica para os estandes das empresas participantes.

Já o Prêmio Nelson Baptista, em sua segunda edição, manterá as categorias de Produto Destaque para o visitante, Destaque na Captura de Leads e Personalidade do Setor. A premiação leva o nome de Nelson Baptista, profissional com mais de quatro décadas de atuação no mercado e um dos articuladores da consolidação da feira.

A Febrava ocorrerá simultaneamente à FIEE – Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia e Automação, também no São Paulo Expo. Os eventos terão visitação cruzada.

Durante o lançamento, foi anunciada ainda a expansão da Febrava para o Rio de Janeiro. A nova edição fluminense está prevista para 2026.

Febrava chega ao Rio em 2026

Evento será realizado no Riocentro, com apoio do Sindratar-RJ

A cidade do Rio de Janeiro sediará, pela primeira vez, a Febrava — Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar. O evento ocorrerá de 6 a 8 de outubro de 2026, no centro de convenções Riocentro, com apoio do Sindratar-RJ (Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento do Ar no Estado do Rio de Janeiro).

O anúncio da edição no Rio foi feito durante evento de lançamento realizado na segunda-feira (1º). De acordo com os organizadores, a escolha da capital fluminense teve caráter estratégico, considerando a presença de polos industriais relevantes nos setores de óleo e gás, hospitalidade, construção civil e alimentos e bebidas — segmentos com alta demanda por soluções em climatização, refrigeração e qualidade do ar.

A Febrava 2026 terá perfil voltado à indústria e à gestão de processos, com foco em soluções aplicadas à realidade dos grandes complexos industriais da região Sudeste. A organização afirma que o objetivo é aproximar a feira de profissionais qualificados do eixo Rio–Vitória–Minas, sem alterar o escopo internacional do evento.

A capital fluminense também concentra um dos maiores índices de uso de ar-condicionado residencial do país, com mais de 35% de penetração, segundo dados apresentados no lançamento. A edição de 2026 buscará contemplar tanto o setor industrial quanto demandas por eficiência energética e conforto térmico no mercado residencial e comercial.

Já estão confirmadas para o evento empresas como Daikin, Elgin, RAC e Sicflux. A organização prevê atividades voltadas para atualização técnica, intercâmbio entre segmentos da cadeia produtiva e geração de negócios.

Interessados em participar devem contatar o Sindratar-RJ para obter informações sobre formas de adesão e credenciamento.

Selo certifica qualidade do ar em ambientes internos

Iniciativa da NSF e da Brasindoor estabelece parâmetros técnicos para avaliação e auditoria de locais públicos climatizados


A NSF, organização internacional voltada à segurança ambiental e sanitária, e a Brasindoor (Sociedade Brasileira do Meio Ambiente e Controle da Qualidade do Ar Interno) lançaram, em julho de 2024, o Selo de Qualidade do Ar Interno. A certificação é destinada a edifícios, fábricas, hospitais, hotéis, escolas, shoppings, restaurantes e demais espaços de uso coletivo que estejam em conformidade com normas de higiene e segurança relativas à qualidade ambiental do ar.

O objetivo do selo é indicar que o ambiente atende critérios técnicos de controle de poluentes e ventilação, conforme parâmetros estabelecidos pela Brasindoor, em consonância com regulamentações como a Resolução ANVISA 09/2003, que determina, entre outros aspectos, o limite de concentração de dióxido de carbono em 1.000 ppm em ambientes climatizados.

De acordo com dados da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA), o ar em ambientes internos pode apresentar níveis de poluição de duas a cinco vezes superiores aos do ar externo. A média de permanência da população nesses espaços ultrapassa 90% do tempo diário, segundo a cartilha da Qualidade do Ar Interior (PNQAI/ABRAVA).

Para obtenção do selo, a empresa interessada passa por auditoria conduzida por profissional treinado pela NSF, com duração entre quatro e seis horas. São verificados aspectos técnicos e operacionais do sistema de climatização e ventilação. A avaliação também considera a presença de fontes poluentes e a manutenção periódica dos equipamentos.

O processo resulta em um relatório técnico e, caso os requisitos sejam atendidos, na emissão do selo de certificação. Segundo Fabiane Zanoti, diretora-geral da NSF LATAM, a medida busca alinhar práticas de gestão do ar interior às diretrizes ESG (Environmental, Social and Governance), incentivando a implementação de procedimentos contínuos de melhoria da qualidade do ar.

Para Leonardo Cozac, presidente da Brasindoor, a certificação tem o papel de identificar locais que adotam práticas adequadas de controle da qualidade do ar e reduzir riscos relacionados à chamada Síndrome do Edifício Doente — quadro em que cerca de 20% dos ocupantes apresentam sintomas relacionados à exposição a contaminantes em ambientes fechados.

A iniciativa é voltada à prevenção de efeitos adversos à saúde, como irritações, crises alérgicas e doenças respiratórias agravadas por poluentes biológicos, químicos ou físicos.