Evaporadores e condensadores vivem fase de mudanças

Componentes fundamentais de qualquer sistema frigorífico, as unidades evaporadoras e condensadoras são indispensáveis à conservação dos materiais armazenados ou expostos em instalações refrigeradas.

O prazo de validade de um produto alimentício resfriado ou congelado depende, obviamente, da temperatura em que é manipulado nas salas de preparo e mantido nos centros de distribuição, veículos de transporte, pontos de venda e, finalmente, nos freezeres e refrigeradores domésticos.

No cenário atual, a expansão do varejo eleva a demanda em todo o HVAC-R nacional. Recentemente, o Wal-Mart, uma das maiores redes supermercadistas do mundo, investiu mais de R$ 650 milhões num supercenter de 6,5 mil metros quadrados na Vila Leopoldina, Zona Oeste da capital paulista. Para este ano, a multinacional anunciou que vai inaugurar novas unidades, acrescentando 36 lojas às atuais 318 em funcionamento no Brasil.

Segundo o assessor industrial da Tosi Evaporadores, Adilson Navas, o comportamento do mercado é favorável ao crescimento do HVAC-R, uma vez que há grandes investimentos sendo feitos por supermercados e frigoríficos em todo o País.

“Diante de distribuidores e lojas conscientes da importância da qualidade dos alimentos e bebidas, consumidores muito mais exigentes, fiscalização e leis rigorosas, a boa conservação dos produtos passou a ser uma prioridade para os estabelecimentos”, analisa o executivo que, ao longo de 35 anos de experiência na área de refrigeração industrial e comercial, já atendeu as principais redes supermercadistas brasileiras e da América Latina.

Para o engenheiro eletrônico Alessandro De Fusco Pereira, diretor comercial da Trineva Refrigeração, o Brasil ainda carece de armazéns frigorificados em número suficiente, fato que poderá impulsionar a demanda nos próximos anos. “Passamos por um período difícil entre 2003 e 2006. Voltamos a crescer só em 2007, por conta da situação econômica geral”, revela.

Entretanto, na opinião do coordenador de Engenharia de Produtos da Heatcraft do Brasil, Pedro Dias, o crescimento do mercado não tem correspondido às expectativas das indústrias. “No final de 2007, houve uma euforia e todos resolveram investir em fábricas e novos equipamentos, mas a procura não satisfez nossos anseios”, relata. “A
desvalorização cambial também nos ocasiona margens extremamente apertadas, embora haja previsão de melhora em médio e longo prazos”, acrescenta.

Mas além da indústria alimentícia, os setores químico e farmacêutico e as salas limpas destinadas a procedimentos cirúrgicos ou fabricação de vacinas, laboratórios e hospitais
também necessitam de sistemas de climatização eficazes, para manter o ar livre de impurezas e a qualidade de seus processos. Segundo o engenheiro Ronaldo Facuri, diretor comercial da Traydus Climatização, estes nichos de mercado estão se expandindo por conta do crescente nível de exigência da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Muitos centros de saúde estão tendo de se adequar às regras de
qualidade do ar, que para alguns tipos de aplicações são cada vez mais rígidas”, conta.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E AVANÇOS TECNOLÓGICOS

Atualmente, as tecnologias desenvolvidas pelo setor de aquecimento, ventilação, ar condicionado e aquecimento para os segmentos industrial e comercial priorizam a eficiência energética, a elevação do rendimento e a conseqüente redução de custos.

A substituição dos fluidos refrigerantes nocivos à camada de ozônio, uma iniciativa em conformidade com o Protocolo de Montreal, também é tendência no HVAC-R.

Prover o mercado com gases ecologicamente corretos não é novidade para a Mipal Indústria de Evaporadores, por exemplo. “Nossa oferta de produtos preparados para a amônia, CO2 e soluções eutéticas data da década de 1970”, explica seu diretor geral Antônio Cláudio Montiani Palma. Em sua avaliação, o mercado está aquecido, principalmente para as empresas que buscam, em primeiro lugar, uma solução única para cada cliente.

“E se a companhia for além e tiver compromisso social e com o meio ambiente, oferecerá muito mais que um condensador ou evaporador”, reflete o executivo.

“Para alcançarmos o nível de sustentabilidade que está sendo exigido pelos nossos clientes, precisaremos investir cada vez mais em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, envolvendo todos os profissionais da área de condensadores e evaporadores”, afirma o engenheiro mecânico Jurandir Januário Jr., mestre em Gestão Comercial e que atua como gerente de Desenvolvimento de Negócios da Munters do Brasil.

A multinacional sediada na Suécia planeja oferecer soluções para o consumo energético eficiente e redução do custo de emissões e geração de créditos de carbono para os clientes.

“Vamos atuar em prol do desenvolvimento sustentável”, garante.

De acordo com Adilson Navas, da Tosi, a consciência ambiental é uma realidade nas empresas que se preocupam com o impacto de seus processos. “Em nosso mercado, estamos substituindo os gases nocivos ao meio ambiente por fluidos como o glicol e o dióxido de carbono, lembrando que este último já é largamente utilizado na Europa”.

Na linha de evaporadores, a Heatcraft do Brasil, que estuda a possibilidade de incorporar o CO2 como gás refrigerante, desenvolve produtos com aplicação do fluido glicol, em substituição aos fluidos halogenados. Quanto aos condensadores, o engenheiro mecânico Pedro Dias diz que o setor tende a empregar o dióxido de carbono nestes equipamentos.

INOVAÇÕES E INVESTIMENTOS

Atenta às necessidades de seus clientes e às tendências do mercado, a Heatcraft também está oferecendo, por meio da marca Bohn, os evaporadores NK, KQ e NF, adequados para aplicação em túneis de congelamento com as mais diferentes características técnicas.

Os evaporadores da linha NF possuem cinco modelos com campo de potência entre 35 e 110 kW. Já os 36 produtos da linha NQ são adaptados para a aplicação em sistemas de refrigeração e congelamento rápidos disponíveis com potência de 7 a 73 kW e pressão de ar padrão de 100Pa.

A família NK — recomendada para as instalações industriais de refrigeração, conservação ou congelamento — conta com evaporadores cúbicos ventilados, e os 187 modelos básicos desta linha têm potência entre 6 e 130 kW.

A Mipal, por sua vez, reconhecida por inovar e ofertar produtos alinhados com as tendências mundiais ao longo dos seus 52 anos de história, lançou evaporadores com o Selo Destaque Inovação durante a Febrava 2007 e prevê colocar no mercado, ainda este ano, novos condensadores. “Há novidades também nos evaporadores, condensadores e drycooler para a linha industrial”, informa Palma. “Investimos pesadamente em pesquisa e desenvolvimento, não apenas para buscar produtos atualizados tecnologicamente, mas que possibilitem ganhos econômicos em sua operação, demandando menos energia e ocupação de menor espaço físico”, destaca.

Fabricante nacional de evaporadoras e condensadoras, a Agraz Refrigeração tem a expectativa de crescer 30% este ano.

“Desde que iniciamos nossas atividades, em 2001, estamos acompanhando o ritmo do setor e suas necessidades”, justifica o diretor comercial e fundador da empresa, Aldo Tremea.

A indústria gaúcha participa ativamente do mercado e fornece a montadores e revendas equipamentos para balcões, câmaras, salas climatizadas, plantas industriais, baús frigorificados, máquinas agrícolas, ônibus e vans.

Em breve, lançará sua linha de forçadores de ar para salas climatizadas e câmaras frigoríficas de pequeno e médio portes. “Também vamos lançar os forçadores de teto para expositores verticais de laticínios, bebidas e congelados”, adianta Tremea.

Já a Oxiclima Termodinâmica está investindo forte em novas tecnologias, como o tubo aletado retorcido, que reduz em 50% o tamanho dos trocadores de calor sem perder a eficiência na troca térmica. “Também estamos atuando no segmento de reformas de equipamentos danificados, sem removê-los de seus locais e oferecendo 12 meses de”.
garantia”, ressalta o diretor comercial da empresa paulistana, Roberto Ferreira Bueno.

Companhia pioneira no ramo de refrigeração, a Shiguen fabrica e instala equipamentos em indústrias dos mais variados segmentos fornecendo, inclusive, assistência técnica. “Nosso condensador evaporativo possui carcaça em fibra de vidro, o que reduz seu peso, e não enferruja, graças às baterias de serpentinas de tubos galvanizadas a quente, cujo comprimento de percurso para amônia e freon, por ser bastante curto, não provoca perda de carga”, acrescenta Silvana de Jesus, secretária executiva da diretoria da empresa. De acordo com ela, 70% da produção dos condensadores e evaporadores
da Shiguen se destina a instalações industriais. “O restante vai para as revendas”, informa.

Fundada em 1952, a Elgin fabrica forçadores de ar da família FOR, disponíveis nas capacidades de 1/5 até 1/2+HP para utilização em expositores com porta de vidro e geladeiras comerciais de açougue, possuindo faixa de aplicação única para resfriados (média temperatura). Esta companhia 100% brasileira também disponibiliza ao mercado a linha Eficaz de compressores e unidades condensadoras que, quando comparados aos similares convencionais, proporcionam economia de até 40% em energia elétrica.

“Outra novidade nossa é a linha ES, cuja principal característica é o baixíssimo nível de ruído proporcionado pelo tratamento acústico das partes internas. O equipamento também dispensa casa de máquinas, e a pintura epóxi o protege das intempéries”, esclarece o supervisor de Engenharia de Aplicação, Otávio Nodomi, ressaltando que a Elgin, para difundir esses e outros equipamentos desenvolvidos pela sua Divisão de Refrigeração, aposta em visitas técnicas, treinamentos, serviços diferenciados e divulgação constante.

Recentemente, a Mebrafe, sediada em Caxias do Sul (RS), importou uma nova linha de máquinas para a fabricação dos equipamentos da marca, visando o aumento da qualidade e a redução de custos na produção de evaporadores mais leves e fáceis de instalar, com tubos em aço inox e aletas de alumínio ou tubos e aletas em alumínio.

“Todos os nossos evaporadores possuem fechamento em chapa galvanizada, com pintura epóxi branca, e são dotados de ventiladores axiais de alta eficiência e baixo ruído. A faixa de aplicação é de -48ºC a 0ºC de temperatura de evaporação, podendo ser utilizado com amônia, glicol, R-22, R-404 e outros fluidos refrigerantes”, descreve o engenheiro mecatrônico Sandro Ferreira, representante da empresa sulista em São Paulo.

Já os condensadores evaporativos da Mebrafe são construídos totalmente em aço carbono galvanizado a fogo, com fechamento lateral em chapa galvanizada e pintura epóxi cinza.

A Delta Frio, outra força gaúcha do segmento, está investindo, há três anos, no aprimoramento dos processos de fabricação de evaporadores com tubulação de alumínio.

“Podemos afirmar que hoje temos uma produção ajustada, principalmente no setor de soldagem, podendo, portanto, garantir a estanqueidade dos equipamentos. Oferecemos
ao mercado esta opção por ser um metal de excelentes propriedades para transmissão de calor, e mais leve que o cobre e o aço e não apresenta oscilações significativas de preço”, expõe o engenheiro de produção Marcelo Marx, diretor geral da empresa.

O Departamento de Engenharia da Traydus Climatização desenvolveu, recentemente, a evaporadora microprocessada Air Handling Unit, modelo TED. Com expansão direta, a novidade possui quadro elétrico e sistema automatizado, podendo ser monitorada pelo computador e, eventualmente, via GSM. “Nós desenvolvemos um equipamento microprocessado, de protocolo aberto, que pode se comunicar com qualquer sistema de
automação que o cliente já possua”, esclarece o engenheiro e diretor comercial da empresa, Ricardo Facuri.

Apresentado ao mercado durante a Climario, o produto está sendo procurado por hospitais, indústrias, farmacêuticas, clínicas, laboratórios e demais instalações que demandem filtragens especiais.

“Toda a facilidade do split foi trazida à realidade dos equipamentos destinados às áreas limpas”, resume Facuri, destacando que, antes do lançamento do produto, os projetos de salas livres de impurezas eram elaborados, exclusivamente, com água gelada, porém com um custo de investimento inicial elevado e a necessidade de amplo espaço físico.

A Trineva Refrigeração, que atualmente está ampliando as instalações físicas de sua fábrica e adquirindo novas máquinas, promete lançar, até o fim do ano, um evaporador de dupla saída para salas de preparo. “Esse produto deve chegar ao mercado nos próximos dois meses e vai completar nossa linha destinada a supermercados”, antecipa De Fusco Pereira.

No fim de 2007, a Munters do Brasil colocou no mercado uma unidade de tratamento de ar para as indústrias alimentícia e farmacêutica. “É uma máquina muito flexível, com módulos — inclusive evaporador e condensador — acopláveis”, explica o gerente de Desenvolvimento de Negócios da multinacional sueca no país, Jurandir Januário Jr. “No próximo ano, vamos oferecer uma linha de recuperadores de energia e unidades integradas de tratamento do ar para a área comercial, tais como prédios públicos e shoppings, que não dispensarão as serpentinas, os evaporadores e condensadores”, adianta.

Com base nesses depoimentos, fica fácil perceber que, por mais que pareçam ter chegado ao máximo desempenho e qualidade, condensadoras e evaporadoras ainda têm muito a oferecer para a constante evolução do HVAC-R brasileiro.