Entre o leque e o ar-condicionado na COP30
Alta umidade de Belém durante a COP30 evidencia a importância do conhecimento técnico em climatização.
Os leques viraram símbolo involuntário da COP30. No primeiro dia da conferência, realizada em Belém, participantes recorreram a leques, pedaços de papel e até crachás para aliviar o calor amazônico. O ar-condicionado dos pavilhões não deu conta do clima da cidade, onde a sensação térmica pode chegar a 40 °C e a umidade relativa do ar se mantém alta durante boa parte do ano.
A própria organização da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), responsável pela COP, flexibilizou o código de vestimenta: terno e gravata foram dispensados, e a recomendação passou a ser o “esporte fino”, com roupas leves. Ainda assim, quem transita entre os espaços abertos e os auditórios percebe o contraste. Lá fora, o leque é quase obrigatório; dentro, o ar-condicionado em temperatura baixa pode pedir um casaco leve.
Essa alternância de calor úmido e frio seco chama atenção para um ponto essencial: climatizar uma cidade próxima à linha do Equador não é simples. O desafio não está apenas em resfriar o ar, mas em retirar o excesso de umidade. Quando o ar está saturado, o corpo tem mais dificuldade de evaporar o suor e a sensação de calor se torna mais intensa, mesmo em temperaturas que seriam suportáveis em climas mais secos.
Nessas condições, um sistema de ar-condicionado mal ajustado pode gerar o efeito contrário ao desejado: o ambiente fica frio, mas “pegajoso”. Evitar isso requer equipamentos corretamente dimensionados e regulados, levando em conta tanto a temperatura quanto a umidade. Boa parte do esforço de climatização, afinal, destina-se à desumidificação, não apenas ao resfriamento.
Também é preciso atenção ao sistema de drenagem, ao isolamento térmico das tubulações e à manutenção regular dos aparelhos, detalhes que garantem eficiência, conforto e prevenção de mofo ou odores indesejados.
A conferência, organizada pela UNFCCC, tem entre seus temas centrais a redução de emissões e o uso responsável da energia, tópicos em que a climatização exerce papel direto. Entre o leque dos estrangeiros e o ar-condicionado dos auditórios, Belém oferece ao mundo uma amostra de como o conhecimento técnico local é determinante para enfrentar o calor global.








