Bombas de vácuo e recolhedoras exigem manutenção regular
Bombas de vácuo e máquinas recolhedoras de fluidos refrigerantes são ferramentas essenciais para as boas práticas na indústria de refrigeração e ar condicionado. Entretanto, assim como os próprios sistemas frigoríficos, ambas necessitam de cuidados básicos e manutenção regular para que funcionem de maneira eficaz durante sua vida útil.
Segundo especialistas da área, as melhores coisas que os refrigeristas podem fazer para que suas bombas de vácuo e recolhedoras operem por muito tempo são mantê-las limpas, armazená-las apropriadamente e manuseá-las com cuidado.
“Obviamente, os profissionais do setor devem fazer a leitura completa de seus manuais, não só das partes relativas aos princípios de funcionamento e precauções, mas também das tabelas de defeitos e possíveis soluções”, recomenda o engenheiro mecânico Mauro Mendonça, diretor de vendas da Vulkan.
Acima de tudo, os impactos devem ser evitados, pois esses são produtos de precisão que possuem pistões. “Qualquer queda pode danificá-los com muita facilidade. Por isso, toda atenção contra o choque mecânico é altamente necessária”, informa.
Segundo ele, a evacuação do sistema é essencial para qualquer serviço de refrigeração. “As recolhedoras também são imprescindíveis, não só para os profissionais que reutilizarão os refrigerantes em reinstalações, mas em função das exigências daqueles que seguem à risca as normas ambientais vigentes no País e trabalham pensando no futuro do planeta”, avalia.
Cuidados assim também são relevantes para o bolso dos técnicos, uma vez que muitas recolhedoras, por exemplo, são equipamentos que possibilitam a reciclagem dos gases refrigerantes, o que contribui diretamente para a preservação da camada de ozônio e gera ganhos econômicos.
“Instalações frigoríficas que seguem todos os padrões exigidos pelos fabricantes também operam com mais eficiência e têm vida útil superior”, lembra o engenheiro de aplicações da Fieldpiece do Brasil, Roger Kenny Miyamoto Kayano.
“Atualmente, vivemos uma época em que cuidados ambientais são de extrema importância. A busca por soluções que tragam melhor eficiência com o menor prejuízo possível à natureza é algo que interessa a empresas de todo o mundo”, reforça.
Desidratação do circuito frigorífico
O objetivo da evacuação é remover as impurezas do circuito frigorífico até chegar a um nível em que os gases não condensáveis e, acima de tudo, a umidade não alterem as propriedades químicas do fluido refrigerante e do óleo.
Ao entrar em contato com o óleo e o refrigerante, a umidade ajuda a formar os ácidos fluorídrico e clorídrico, que, por sua vez, podem causar danos permanentes no sistema.
Segundo os documentos técnicos do Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs (PBH), um bom vácuo deve ser realizado com uma bomba de duplo estágio com válvula de balastro de gás e tamanho adequado ao volume do sistema de refrigeração.
O equipamento tem de possuir conexões macho para mangueiras de 1/4″ e 3/8″, além de válvula solenoide no lado da sucção, a fim de evitar o retorno do ar para o sistema, no caso de falta de energia elétrica durante a operação.
Hoje, é possível encontrar diversas marcas e modelos no mercado. “Para a escolha de uma boa bomba de vácuo, o profissional deve levar em consideração a quantidade de estágios (simples ou duplo), sua finalidade (sistemas de refrigeração doméstico, residencial, comercial ou industrial) e marca”, explica Roger.
“A finalidade da bomba de vácuo permitirá a escolha da melhor ferramenta. Bombas de até 8 CFM são adequadas para sistema de refrigeração até o porte comercial de pequeno/médio. Para VRF ou sistemas de grande porte de refrigeração, bombas maiores são necessárias”, exemplifica.
A qualidade da bomba também é importante. “Bombas de má qualidade à venda no mercado não fornecem vazão de sucção suficiente, dificultando o processo de evacuação. Portanto, uma bomba de marca confiável é essencial”, ressalta.
A manutenção do equipamento, prossegue Roger, é dever do técnico, que precisa “sempre prestar atenção ao óleo da bomba e sempre utilizar o lubrificante próprio para esses equipamentos, trocando-o sempre que necessário, com a quantidade adequada”.
“Para verificar se a bomba necessita de manutenção ou não, deve-se conectá-la a um vacuômetro digital, e sua leitura deve cair para valores menores que 100 microns rapidamente”, orienta.
Recolhimento de fluidos
Além de ser uma prática antieconômica, liberar fluidos refrigerantes sintéticos na atmosfera é crime ambiental passível de multas e prisão. “Esse procedimento deve ser realizado sempre com recolhedoras e cilindros próprios para recolhimento em vácuo ou não, dependendo do destino traçado ao fluido”, diz Roger.
Os técnicos nunca devem utilizar cilindros descartáveis dos fluidos nessa tarefa, pois eles não apresentam corpo resistente para aguentar as pressões de recolhimento, podendo causar explosões.
Os fabricantes de equipamentos também não recomendam o recolhimento nas unidades condensadoras. “O risco de explosão causada por alta pressão exercida pelo fluido recolhido é grande”, alerta.
A recolhedora costuma ser um equipamento grande e pesado, fazendo com que sua manipulação seja dificultada. Portanto, um equipamento que facilite a manipulação e leituras de parâmetros é uma característica que deve ser levada em conta pelos profissionais do setor antes de sua aquisição.
Com a utilização de um filtro na entrada de sucção da recolhedora, ela também consegue reciclar o fluido. Segundo a norma NBR 15960:2011, da ABNT, a reciclagem é caracterizada pela retirada de contaminantes presentes na substância, como umidade, acidez e materiais particulados. Entretanto, o equipamento não a regenera, deixando-a como um fluido novo.
A velocidade de recolhimento deve ser avaliada. “Há chillers que utilizam grandes quantidades de fluido refrigerante. A potência do compressor da recolhedora afetará a velocidade de recolhimento. Também relacionado ao compressor, o funcionamento com óleo restringe a quantidade de tipos de fluidos com que a recolhedora consegue trabalhar”, explica.
Em alguns casos, o fluido refrigerante pode ser reutilizado, se ele estiver num sistema de refrigeração em boas condições de uso. “O fluido em bom estado deve ser recolhido em um cilindro próprio para recolhimento de gases em vácuo. Dessa forma, ele poderá ser reutilizado em outros sistemas com perda mínima de eficiência”, diz.
“Como dito anteriormente, é necessário que o cilindro esteja em vácuo, caso o objetivo seja utilizar novamente o fluido. Ele também deve ser pesado, para se saber quanto de fluido foi removido do sistema. A pressão do cilindro, durante o recolhimento, deve ser monitorada. Pressões muito elevadas podem ocasionar explosões”, detalha.
“É importante ressaltar que recolhedoras de fluidos não são bombas de vácuo e não devem ser utilizadas como tal. Seu motor não é construído para tal finalidade”, completa.
Tendências
O mercado brasileiro de ferramentas está em constante evolução e tem um potencial de expansão enorme, apesar das adversidades políticas dos últimos anos, segundo avaliação do empresário Jorge
Lameira, da Symbol, fabricante nacional de bombas de vácuo de duplo estágio com vazões variadas.
“Estamos sentindo, mesmo que de forma bem sutil e vagarosa, um crescimento na exigência de produtos e equipamentos de alto desempenho, baixo consumo energético e alta durabilidade, o que reflete em todos os segmentos do HVAC-R”, diz.
Segundo Luiz Felipe Lopes, técnico de desenvolvimento de produtos da Suryha, as bombas de vácuo mais modernas possuem recursos e características bem interessantes, como vacuômetro integrado, maior vazão e peso reduzido.
“Quanto às recolhedoras, a grande inovação será uma maior capacidade de operação, ou seja, elas serão produtos compactos com grande desempenho”, prevê.
De acordo com o tecnólogo André Oliveira, diretor-geral da Mastercool do Brasil, recolhedoras mais atuais já são eletricamente blindadas contra faiscamento e permitem recolhimento de fluidos refrigerantes inflamáveis.
“As recolhedoras e recicladoras são construídas hoje com compressor seco que permite ao técnico recolher diversos tipos de fluidos sem a necessidade de utilizar vários equipamentos”, salienta.