Preços dos HFCs disparam na Europa

Os fornecedores de compostos refrigerantes insistem que não estão exagerando nos alertas urgentes quanto à disponibilidade futura de substâncias com alto potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês), como o hidrofluorcarbono (HFC) R-404A.

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Embora seu preço tenha dobrado no ano passado, as empresas avisam que, em breve, a questão será menos sobre a capacidade dos usuários finais de arcarem com fluidos de alto GWP e mais sobre se poderão realmente obter alguns deles.

Esta foi a mensagem predominante durante uma apresentação especial realizada pelo distribuidor IDS Climalife, com sede em Bristol, no Reino Unido, segundo reportagem publicada pelo Cooling Post.

O diretor executivo da empresa, Alan Harper, salientou que a “lua de mel” dos gases fluorados (f-gases) acabou. “Os preços vão continuar a subir neste ano e pode haver limitações na oferta”, explicou. “No ano que vem, a preocupação não será o preço, e sim a disponibilidade”.

Redução acelerada

No momento, a Europa está a apenas alguns meses da redução obrigatória dos f-gases em 2018, quando deverá fazer um corte de 37% no teto base de emissão. Em termos práticos, isso significa que a indústria europeia terá de se contentar com um máximo de 115 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (MtCO2eq) – pouco mais de dois terços dos 168 MCo2eq consumidos em 2015.

Atingir ou não a meta inicial de 2018 depende de uma série de medidas. Reduzir a quantidade de vazamento é uma delas, mas ainda mais urgente é a necessidade de substituir os refrigerantes com alto GWP, como o R-404A.

Honeywell anunciou que não venderá R-404A e R507 no mercado europeu no ano que vem

Como os equipamentos que utilizam R-404A ainda sendo produzidos, há temores de que esses alertas similares aos feitos durante a eliminação do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 – e, antes disso, durante a substituição dos clorofluorcarbonos (CFCs) – sejam ignorados por parte dos usuários finais.

A Parceria Europeia para a Energia e o Meio Ambiente (EPEE) estimou que os supermercados europeus terão de converter ou substituir 50% de seus sistemas com R-404A, a fim de alcançarem a redução de 2018.

“Isso claramente não está acontecendo”, reiterou o diretor técnico da Climalife, Peter Dinnage. “Parte do problema são as pessoas colocando o R-404A em novos equipamentos”, acrescentou.

O R-404A, que possui um GWP de 3.922, ao lado de todos os outros refrigerantes com GWP acima de 2.500, será banido nos novos equipamentos estacionários de refrigeração a partir de 2020.

Crucialmente, para aqueles que ainda comprarem equipamentos com R-404A, em 2020 também haverá a imposição de uma proibição a todos sistemas que emitirem nível superior a 40 tCO2eq (cerca de 10kg). Os fluidos R-507 e R-422D também serão afetados por essa proibição.

Em recente comunicado distribuído à imprensa, a Honeywell anunciou que encerrará as vendas de R-404A e R-507 na União Europeia em 2018.

Os produtores argumentam que há diversas opções disponíveis. O CO2 está sendo adotado em muitos sistemas novos de refrigeração em supermercados. Também há uma série de novas alternativas de baixo GWP sendo disponibilizada para equipamentos novos e retrofits.

Entre esses gases mais ecológicos, estão o R-448A e o R-449A, compostos à base de hidrofluorolefina (HFO) que possuem índices de GWP de aproximadamente 1.300, uma redução de cerca de 65% em relação ao R-404A.

Em âmbito global, a indústria de compressores segue atualizando seus equipamentos, a fim de permitir o uso mais amplo de fluidos refrigerantes de baixo impacto climático, conforme noticiou a reportagem de capa da edição deste mês da Revista do Frio.