Conexões estratégicas

Aumentar a vida útil dos sistemas de refrigeração e ar condicionado, evitar vazamentos e garantir a segurança dos usuários são algumas das funções que fazem dos tubos, conexões e soldas uma área estratégica no HVAC-R.

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A evolução dos equipamentos, aliada à necessidade de oferecer soluções modernas e que permitam reduzir os custos de produção e manutenção, vem obrigando as empresas deste segmento a investir em tecnologia de ponta e mão de obra especializada.

Os resultados disso podem ser vistos no surgimento de novos produtos e metodologias que estão mudando para melhor a cara das indústrias do setor e, consequentemente, as instalações dos mais variados portes.

Mas para ampliar a segurança no manuseio desses materiais e assegurar que operem em sua melhor capacidade, são necessários inúmeros cuidados que nem sempre são tomados nos processos de instalação e manutenção dos equipamentos.

Para o diretor comercial e técnico da Harris-Brastak, Anderson Fernandes, o principal requisito a ser cumprido pelos refrigeristas para evitar surpresas desagradáveis é a limpeza dos tubos. “É essencial remover todo e qualquer resíduo gorduroso, poeira e demais sujidades. O mesmo rigor é necessário também na limpeza das soldas utilizadas. Portanto, deve-se evitar o contato das varetas de solda com óleo, graxa e sua exposição a ambientes empoeirados”, ensina Fernandes.

Sem folgas

Outro aspecto importante, na sua avaliação, é trabalhar para impedir ao máximo as folgas nas juntas, pois isso determinará a quantidade de solda a ser gasta, bem como o surgimento de defeitos no material depositado na junta, a resistência mecânica de sua junção e, consequentemente, a incidência de vazamentos.

Independentemente da liga de solda utilizada, do diâmetro e espessura de parede dos tubos e da posição na qual a soldagem será realizada, ele recomenda que a folga diametral esteja compreendida entre 0,10 e 0,30 mm e que seja paralela em toda sua extensão.

“Folgas maiores aumentam o consumo de solda, a incidência de porosidade e a possibilidade de entupimento, além de exigirem menor aquecimento, incorrendo no risco de realizar uma solda fria. Por outro lado, folgas menores exigem um maior aquecimento para garantir a penetração, incorrendo no risco de queimar elementos da solda que se evaporam, deixando uma junta porosa, frágil e com falta de penetração. Em resumo, folgas incorretas serão causas de vazamentos e novos reparos”, explica o especialista.

Atenção especial também deve ser dada à maneira como o aquecimento dos tubos a serem unidos é realizada. Para isso, é preciso iniciar pelo tubo macho da junta (tubo interno) e manter o aquecimento sobre a bolsa, para garantir que ambos os tubos atinjam a temperatura de brasagem.

“É importante ressaltar que o aquecimento deve ser distribuído de maneira uniforme sobre toda a junta. Portanto, o movimento frequente do maçarico no sentido longitudinal e radial (no caso de juntas de grandes diâmetros) é fundamental. O aquecimento insuficiente irá provocar a ‘solda fria’, que é a falta de aderência do metal de solda aos metais dos tubos. Já o aquecimento exagerado provocará a queima de elementos do metal de solda, fragilizando a junta”, complementa Fernandes.

Na avaliação do gerente comercial da Linha Eluma da Paranapanema, Luís Massucato, o ideal é adquirir tubos e conexões do mesmo fabricante para garantir um sistema com melhor desempenho na instalação. “Outro cuidado é que os produtos atendam às normas técnicas da ABNT–NBRS. Assim, o consumidor irá adquirir um produto de qualidade”, opina.

Novidades e tendências

A evolução dos sistemas de refrigeração e ar condicionado e a busca por um melhor custo/benefício em suas aplicações têm imposto nos últimos anos inúmeros desafios ao processo de soldagem.

Além de se equilibrar entre a necessidade de prover uma convivência harmoniosa entre cobre e alumínio, as indústrias de soldagem, tubos e conexões passaram a enfrentar uma dura rotina para conseguir ganhos significativos de eficiência, qualidade e praticidade nas instalações.

Para isso, precisam constantemente se reinventar e encontrar novas maneiras de modernizar os seus processos a fim de solucionar a sempre complicada equação de produzir soluções melhores e, de preferência, mais econômicas.

Tradicional fornecedora de soldas para uniões de tubulações de alumínio/alumínio e de cobre/alumínio, a Migrare decidiu apostar numa nova maneira de flangear e expandir os tubos. Trata-se do sistema de Flangeamento e Expansão SPIN, cujo método é baseado em aquecimento por atrito para facilitar a modelagem do tubo.

De acordo com o diretor da empresa, Jefferson Anjos, as principais vantagens estão no fato de os flanges serem feitos sempre do mesmo tamanho e terem uma vedação precisa. “Devido ao aquecimento gerado pelo atrito, a extremidade do tubo flangeado mantém-se recozida e isso garante uma perfeita vedação na conexão. No método tradicional o flange fica rígido, o que favorece trincas e rachaduras”, afirma o industrial. “Além disso, o esforço físico do profissional no processo não é necessário, pois a furadeira ou parafusadeira faz o serviço.”

A Vulkan, por sua vez, deposita suas fichas no crescimento dos sistemas VRF e VRV, para os quais suas juntas Lokring proporcionam uma série de vantagens nas diversas etapas do processo de instalação com tubulação de cobre.

Segundo o diretor de vendas da empresa, Mauro Mendonça, o uso do produto permite a redução do custo total por não haver a necessidade de complexos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e a montagem ser feita em praticamente metade do tempo.

“Como não há chamas, é possível o trabalho em horários fora de expediente, sem atestados do Corpo de Bombeiros. Não necessita também de quase nenhuma parafernália de equipamentos para solda e montagem, bastando apenas ter as juntas certas. Elas podem, inclusive, em alguns casos, serem pré-montadas na oficina antes de ir à obra”, argumenta Mendonça.

Outro ponto a se destacar no uso do Lokring, em sua avaliação, é o resgate dos consertos de refrigeradores. A aplicação do produto permite se realizar o reparo completo dentro da própria residência do consumidor, sem chamas e grandes equipamentos, em apenas duas horas.

“Atualmente, no caso de haver necessidade de reparo na oficina, há enormes transtornos logísticos e de custos. É preciso levar o refrigerador quebrado, colocar um refrigerador back-up durante o tempo de reparo, devolver o novo consertado etc., sem falar nos imprevistos, como levar o refrigerador e não achar o dono no local, entre outros”, relata. “Estamos resgatando o conserto a baixo custo.”

Diversificação e aposta no alumínio

Na Harris-Brastak a ordem é diversificar ao máximo o investimento em soluções para suprir as necessidades de um mercado a cada dia mais exigente. Para uniões envolvendo tubos de aço, o destaque é a linha de varetas de solda prata já revestidas de fluxo, que permite reduzir os níveis de resíduos internos nos sistemas de refrigeração, bem como a contaminação, o efeito corrosivo e a perda de propriedades do gás refrigerante.

Já nas uniões de tubos de cobre com cobre, uma das principais armas da empresa são as ligas de fósforo (foscoper e silfoscoper) com gravação do nome da solda na vareta. “Isso é especialmente importante para quem trabalha com refrigeração comercial, em que a presença de prata na liga é fundamental para garantir a qualidade e durabilidade da união sob vibração. Com a gravação na vareta, o refrigerista tem a certeza e a confiança da porcentagem de prata contida na solda”, explica Anderson Fernandes, diretor comercial e técnico da empresa.

O crescente uso do alumínio em aplicações de refrigeração e ar condicionado também motivou a empresa a criar e aprimorar o Alumiflux, fio ou vareta tubular com fluxo não corrosivo e de alta proteção contra pilha galvânica, usado para uniões de cobre com alumínio e alumínio com alumínio.

“O mercado brasileiro ainda está numa curva de aprendizado quanto ao emprego do alumínio. Acreditamos na evolução do uso deste material, tanto que estamos realizando investimentos para nacionalizar a produção de arames tubulares para brasagem de alumínio. Ainda em 2016 iniciaremos a produção local desses arames, que certamente crescerão muito nos próximos anos”, antecipa Fernandes.

Desafios não faltam para as empresas do setor. Seja para facilitar a vida do refrigerista ou atender às necessidades do mercado, as indústrias de tubos e conexões têm hoje um vasto campo de oportunidades a ser explorado. Com olhar atento para dentro e fora do Brasil e uma boa dose de coragem para investir em novidades, é possível crescer e se diferenciar num ramo extremamente competitivo, sem precisar cair na sempre perigosa competição por melhores preços.