Estádios climatizados refrescam jogadores e torcida no Catar

Sete das oito arenas da Copa do Mundo do Catar dispõem de sistema de ar condicionado que funciona ao ar livre | Foto: Divulgação/Fifa

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Com arenas dotadas de sistema de ar condicionado que refrescam jogadores e torcedores, a Copa do Mundo do Catar está marcando a inauguração de uma nova era tecnológica em termos de conforto térmico ao ar livre.

A tecnologia aplicada em sete das oito arenas cataris foi desenvolvida por uma equipe chefiada pelo engenheiro Saud Abdul-Ghani, professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Catar.

O especialista, conhecido como Dr. Cool (algo como Dr. Fresco, em tradução livre), diz que o sistema de climatização cria uma espécie de “bolha microclimática controlada” que envolve cada espectador (são colocados saídas de ar sob os assentos) e cobre o campo (são colocadas saídas de ar ao seu redor), a uma altura que não ultrapassa dois metros em nenhum ponto do recinto.

Além dessa “refrigeração direcionada” e dos esforços de isolamento (fachadas e telhados refletivos projetados para não deixar entrar muito ar externo), há uma operação de circuito quase fechado: o ar quente é aspirado até a metade das arquibancadas e enviado de volta para as plantas de resfriamento subterrâneas. Isso permite um “armazenamento térmico” que evita picos de consumo durante o dia.

O sistema otimiza a injeção de ar resfriado, que foi desumidificado e purificado, resfria apenas algumas áreas se necessário e só é ligado duas horas antes do início de cada partida.

Os projetistas tentaram agilizar o processo. As unidades de ar condicionado podem ser ligadas a equipamentos ou edifícios vizinhos. Esse “resfriamento distrital”, adotado em larga escala nos bairros de West Bay e The Pearl, em Doha, usa entre 40% e 80% menos eletricidade do que os aparelhos de ar condicionado individuais.

Segundo os organizadores do torneio da Fifa, o ar condicionado representará apenas 20% do consumo anual de eletricidade dos estádios. “Os estádios poderão ser usados 24 horas por dia, sete dias por semana, durante todo o ano”, diz Ghani. Embora hipotético, esse uso intensivo justifica a existência dos estádios, mas também promete gastos consideráveis com energia.

Embora as autoridades do Catar não tenham especificado o custo desses sistemas, Ghani admitiu ao The Guardian em 2019 que dobrou ou triplicou o orçamento de construção. No entanto, o engenheiro quer acreditar que sua tecnologia, que não é patenteada, permitirá que outros países quentes sigam na mesma direção.