Com mais de 1 milhão de unidades consumidoras usando esta modalidade energética, perspectiva do mercado nacional é atrair mais de R$ 50 bilhões em investimentos em 2022.
O mercado de energia solar fotovoltaica está em franco crescimento no Brasil, estimulado em grande parte pela recente crise hídrica e constantes altas nas contas de luz para residências e estabelecimentos industriais e comerciais e pelo temor de apagões.
Números da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) traduzem esta realidade em um marco histórico. O país atingiu incríveis 13 gigawatts (GW) de potência operacional de fonte solar fotovoltaica em sistemas de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas e terrenos e em grandes usinas centralizadas.
De acordo com a entidade, em 2021 chegou-se a marca de 720 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, proporcionando economia e sustentabilidade a cerca de 1 milhão de unidades consumidoras, com geração própria de energia. No mesmo período, houve investimentos de R$ 21,8 bilhões e criação de 153 mil novos postos de trabalhos neste segmento.
A Absolar projeta que em 2022 o setor solar deve atrair mais de R$ 50,8 bilhões em investimentos, gerando em torno de 357 mil novos empregos em todas as regiões do País. Atualmente, o Brasil dispõe de 4,6 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte, equivalente a 2,4% da nossa matriz elétrica. Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina são os estados com maior potência instalada.
“Embora tenha avançado nos últimos anos, o Brasil – detentor de um dos melhores recursos solares do planeta – continua com um mercado solar ainda pequeno e muito aquém de seu potencial. Há mais de 89 milhões de consumidores de energia elétrica no País, porém menos de 1% faz uso do sol para produzir eletricidade”, afirma o presidente do conselho de administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.
Para o CEO da entidade, Rodrigo Sauaia, a energia solar terá função cada vez mais estratégica para o atingimento das metas de desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil, inclusive ajudando na retomada sustentável da economia, por ser a fonte renovável que mais gera emprego e renda no mundo.
“A energia solar fotovoltaica reduz o custo de energia elétrica da população, aumenta a competitividade das empresas e desafoga o orçamento do poder público, beneficiando pequenos, médios e grandes consumidores. O setor solar fotovoltaico trabalha para acelerar a expansão renovável da matriz elétrica brasileira, a preços competitivos”, aponta Sauaia.
A cadeia produtiva que forma este setor deve também se beneficiar prontamente da Lei nº 14.300, de 6 de janeiro de 2022, que instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS).
“Esta legislação vai trazer muitos benefícios para o setor solar, como garantir os direitos dos consumidores, antes mesmo que uma resolução da Aneel pudesse retirar os benefícios e direitos que os brasileiros desfrutavam, como conectar os sistemas na rede”, celebra Fernanda Pereira, sócia da curitibana Entec Solar.
Além disso, sustenta a executiva, a lei vai facilitar os financiamentos, auxiliando na democratização da energia solar, e pavimentar o futuro do setor solar, “já que essa regulação garante uma base para diversas outras tecnologias que vão se integrar à geração de energia no ponto de consumo, como baterias e carros elétricos”.
Em expansão, a Entec Solar possui cinco filiais e mais de 150 agentes autorizados no País, projetando fechar este ano com a concretização de mais negócios e faturamento por volta dos R$ 75 milhões.
A procura por kits e equipamentos para a geração de energia solar fotovoltaica aumentou muito ao longo dos anos. Com tudo homologado com a concessionária, o excedente produzido é injetado na rede, passando pelo medidor bidirecional para ser contabilizado para créditos na conta.
Tanto em uma residência como em uma empresa, a economia obtida pode chegar a até 95%, dependendo do tamanho do kit, local e condições de instalação. O preço médio é de R$ 4 a 5 mil por kWp (quilowatt pico). Calcula-se através do consumo médio mensal de energia.
“O consumidor pode usar os créditos em até 60 meses. Já para a concessionária, a energia injetada poderá ser utilizada por outras unidades conectadas próximas ao ponto de geração, aliviando assim as centrais geradoras”.
Surfando na onda
Quem também está surfando nesta onda é a Elgin, distribuidora de equipamentos fotovoltaicos e provedora de soluções nas áreas de climatização, refrigeração, iluminação, automação e costura. Em 2021, a empresa cresceu 200% na comercialização de kits de energia solar em comparação com 2020.
Segundo a companhia, a expansão se deve à ampliação de pedidos de empresas integradoras que atuam em projetos e instalação de sistemas de energia solar em residências, comércios, indústrias e propriedades rurais no país.
“Outro fator foi o lançamento da plataforma própria de e-commerce, focada na comercialização de kits de energia solar para integradores parceiros, facilitando o processo de compra e dando maior agilidade no processo logístico. Em 2021, os geradores residenciais lideraram os nossos pedidos, com 80% de participação, seguidos pelos geradores comerciais (15%) e industriais (5%)”, explica o diretor da divisão solar da Elgin, Glauco Santos.
O executivo projeta que até 2024 a divisão de energia solar se torne a mais representativa de todo o grupo, que desde 2017 atua no segmento fotovoltaico, tendo como um de seus grandes diferenciais oferecer um kit com todos os componentes de marca própria – módulos solares, inversores, cabos, conectores, estruturas de fixação.
Por assinatura
A recente projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de 22% de aumento na energia elétrica para 2022 tem levado uma boa parcela de brasileiros a buscar novas soluções para economizar na conta, como a geração fotovoltaica. Entretanto, com equipamentos ainda a preços relativamente elevados para a maioria das pessoas e pequenas empresas, o crescimento deste mercado acaba sendo mais lento que o desejável.
A enertech Sun Mobi, por exemplo, tem apostado no modelo remoto de usinas compartilhadas a partir da tecnologia fotovoltaica. Consumidores de 27 municípios do estado de São Paulo, sobretudo comerciantes e pequenos negócios do interior e Baixada Santista, podem reduzir a conta de luz com um novo serviço de assinatura de energia solar oferecido pela empresa
A companhia possui dois empreendimentos solares em Porto Feliz e Araçoiaba da Serra (SP), que atendem consumidores dentro da área de concessão da CPFL Piratininga, incluindo Santos, São Vicente, Praia Grande, Itu, Jundiaí, Sorocaba e Porto Feliz, entre outras.
“O modelo de assinatura, que pode ser contratado da mesma forma que a internet ou a tevê a cabo, tem como foco principal os pequenos comércios e empresas de serviço, como restaurantes, padarias, açougues e mercados”, frisa o sócio da Sun Mobi, Alexandre Bueno.
Segundo ele, a aposta da companhia é democratizar ainda mais o acesso à tecnologia de energia solar para os consumidores, que podem economizar na conta de luz com o serviço de assinatura. Em especial, a usina fotovoltaica instalada na cidade de Porto Feliz vai receber um investimento da ordem de R$ 16 milhões e aumentará a atual capacidade de 1 megawatt (MW) de potência instalada para 5 MW em janeiro de 2023.
“Temos dobrado nossa base de clientes a cada dois anos e esperamos chegar a 6 mil consumidores atendidos nos próximos três anos”, projeta Bueno.