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Responsabilidade Técnica na manutenção de sistemas de HVAC-R

Com a recente Resolução CFT nº 268/2024, os profissionais de HVAC-R ganharam clareza sobre suas atribuições legais, o que fortalece o papel de cada um na manutenção predial, hospitalar, industrial e comercial

 Garantir a qualidade do ar interior e a segurança de sistemas de climatização é mais que uma boa prática:             é uma exigência legal. Desde a sanção da Lei 13.589/2018, o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) passou a ser obrigatório em ambientes de uso coletivo com sistemas de climatização. No entanto, mesmo após anos de vigência, o tema ainda gera dúvidas no mercado, principalmente no que diz respeito à responsabilidade técnica, à emissão de documentos como ART, TRT e IS, e às atribuições de técnicos e engenheiros.

Uma das dúvidas mais recorrentes no mercado de manutenção de sistemas de climatização é: quem pode assinar a ART exigida por contratos de PMOC? Apenas engenheiros estão habilitados? Técnicos podem?

Segundo Tiago Sales, Gerente do Centro de Inovação e Valorização Profissional Técnica do Conselho Regional dos Técnicos de São Paulo (CRT-SP), a resposta depende de entender que ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) é o instrumento regulamentado pelo Sistema CONFEA/CREA, e é de competência exclusiva de engenheiros. Já os Técnicos Industriais, regidos pelo CFT (Conselho Federal dos Técnicos), emitem o TRT (Termo de Responsabilidade Técnica), documento que tem a mesma finalidade e validade jurídica, conferindo responsabilidade técnica ao profissional que assina.

“Os técnicos industriais não emitem ART, mas sim o TRT. Ele garante a responsabilidade sobre o serviço e possui o mesmo peso jurídico. O técnico responde civil e criminalmente pelos atos registrados no Conselho”, afirma Sales.

A atribuição é concedida conforme estabelecido pela Resolução CFT nº 068, de 24 de maio de 2019, posteriormente atualizada pela Resolução CFT nº 268, de 06 de setembro de 2024. As modalidades aptas para essas atividades são: Técnico em Mecânica; Técnico em Refrigeração e Ar-Condicionado; Técnico em Eletromecânica; Técnico em Química; Técnico Industrial em Meio Ambiente e Técnico Industrial em Controle Ambiental.

Ou seja, tanto engenheiros quanto técnicos podem ser responsáveis técnicos em contratos de manutenção, desde que cada um atue dentro das suas atribuições e registre o documento apropriado ao seu conselho de classe.

Sales acrescenta que a relação entre as Inspeções de Serviço (IS) e o PMOC com o TRT é que qualquer um desses serviços pode ser realizado pelos Técnicos Industriais descritos no item anterior, dentro das suas áreas de atuação e delimitações estabelecidas pela Resolução CFT nº 268/2024. Ao realizar qualquer uma dessas atividades, é obrigatória, por lei, a emissão do TRT (Termo de Responsabilidade Técnica) para cada serviço executado, pois a sua ausência pode acarretar penalidades por descumprimento.

“Além do PMOC, outro conceito importante é a Inspeção de Sistema (IS), prevista em normas como a NBR 16401 e a NBR 17037. A IS visa avaliar se o sistema de climatização está funcionando de acordo com os parâmetros de projeto e normas técnicas, podendo gerar recomendações e planos de ação”.

Mas quem é o responsável por esses documentos?

“Técnicos podem realizar tanto o PMOC quanto a IS, desde que dentro de sua área de atuação. Em ambos os casos, é obrigatória a emissão do TRT para garantir a responsabilidade legal do serviço. A falta desse documento pode acarretar penalidades civis e administrativas”, afirma Sales.

A relação entre esses três instrumentos é complementar:

– PMOC: plano contínuo de manutenção e operação, exigido pela Lei 13.589/2018.

– IS: verificação técnica específica, recomendada por normas e exigida em algumas situações.

– ART ou TRT: documento que formaliza a responsabilidade técnica por qualquer uma das ações acima.

Fiscalização e conformidade: Como os órgãos atuam

Uma dúvida recorrente entre contratantes e prestadores de serviço é sobre como funciona a fiscalização do PMOC e da Inspeção de Sistema (IS), especialmente em relação à emissão do TRT ou ART. Segundo o Conselho dos Técnicos Industriais, a fiscalização não tem por objetivo avaliar diretamente o desempenho técnico do sistema, como temperatura, renovação de ar ou níveis de CO‚ . O foco é verificar se os serviços foram realizados por profissionais legalmente habilitados, respaldados por seus respectivos documentos de responsabilidade técnica.

Ou seja, o fiscal analisa se a empresa ou o condomínio contratou um profissional com atribuições legais para realizar o PMOC ou IS — e se esse profissional emitiu o Termo de Responsabilidade Técnica, no caso de técnicos, ou a ART, no caso de engenheiros.

“A fiscalização tem a incumbência de verificar se os serviços prestados, seja de PMOC ou IS, possuem os respectivos Termos de Responsabilidade Técnica dos profissionais habilitados que os realizaram. Dessa forma, é possível garantir as responsabilidades dos profissionais, seja nas esferas civil ou criminal, além da questão ética, em situações de inconformidades”, informa o Gerente do CRT-SP.

Ele acrescenta ainda que essa abordagem protege tanto os usuários dos ambientes quanto o próprio contratante, pois o TRT e a ART garantem rastreabilidade, responsabilidade legal e ética. A ausência desses documentos pode configurar infração grave, sujeita a sanções administrativas e, em alguns casos, interdição do ambiente climatizado.

Quando há queixas sobre a qualidade do ar interior, como odores persistentes, umidade excessiva ou desconforto térmico, a atuação dos órgãos fiscalizadores ainda se dá pela verificação documental. Eles não avaliam diretamente os contaminantes ou a performance do sistema, mas verificam se o serviço foi executado por um responsável técnico regular.

Caso fique comprovado que o PMOC ou IS foram realizados por um técnico ou engenheiro sem emissão do TRT ou ART, ou por profissional sem atribuição legal, as consequências podem incluir processos administrativos, civis e até criminais, dependendo da gravidade da ocorrência.

“A fiscalização atua na exigência do TRT como prova da habilitação técnica. A partir disso, a responsabilidade passa a ser do profissional que assinou o documento, podendo ele ser acionado legalmente em caso de falhas ou omissões”, reforça Sales.

Cada categoria profissional (engenheiros, técnicos) é fiscalizada por seu respectivo conselho, o CREA para engenheiros, e CFT para técnicos, com regras e processos próprios. O que vale para todos é que ninguém pode assumir responsabilidade técnica fora de sua área de atribuição. Isso configura exercício ilegal da profissão e pode acarretar sanções severas.

“Quando é identificada a ausência do TRT, a situação pode resultar em multa por meio da lavratura de auto de infração. Para evitar essa situação, o Conselho trabalha ativamente na orientação e informação para que, não só os profissionais, mas também a sociedade, incluindo os futuros técnicos em formação, compreendam as previsões legais. Ao realizar uma atividade, o profissional deve emitir o TRT correspondente à obra ou serviço. Além disso, quando está atuando como responsável técnico ou trabalhando em alguma empresa, o profissional deve emitir o TRT de Cargo e Função. Existem materiais que orientam sobre os caminhos para relatar situações irregulares, incluindo os canais de denúncia do Conselho. Essas denúncias podem ser feitas através do nosso site ou por outros meios formais. Após o recebimento, o CRT-SP verifica as informações e atua conforme necessário”, enfatiza.

Dúvidas frequentes do mercado

A seguir, esclarecemos algumas das dúvidas mais recorrentes de empresas e profissionais sobre contratos de manutenção em climatização:

  1. Quem pode realizar a manutenção em si?

Tanto técnicos quanto engenheiros, desde que estejam devidamente registrados em seus conselhos profissionais e atuem dentro das suas competências legais.

  1. Quem pode ser o responsável técnico no contrato?

O responsável técnico pode ser um técnico (com TRT) ou um engenheiro (com ART), conforme as atribuições da atividade e do serviço descrito no contrato.

  1. O que deve constar no contrato de manutenção?

Deve haver definição clara sobre escopo dos serviços, prazos, periodicidade das manutenções, plano de contingência, responsabilidades sobre falhas de equipamento e exigência de responsabilidade técnica (ART ou TRT).

  1. O responsável técnico responde por falhas em equipamentos?

O profissional responde por aquilo que estiver descrito no escopo do contrato e dentro de sua atuação. É importante estabelecer cláusulas que deixem claras as limitações do profissional em relação à vida útil, estado de conservação e dimensionamento dos equipamentos.

  1. Quanto custa um contrato com responsabilidade técnica?

O valor pode variar conforme a complexidade do sistema, frequência de manutenção e exigências contratuais. A responsabilidade técnica deve ser remunerada adequadamente, considerando os riscos assumidos pelo profissional.

  1. Qual a validade do TRT ou ART?

Geralmente o TRT ou ART deve ser emitido a cada novo serviço ou contrato. Em serviços contínuos, como o PMOC, pode-se estabelecer um TRT de vigência mensal, trimestral ou anual, conforme práticas adotadas pelo conselho e natureza do contrato.

A coragem e paixão pela profissão de Fernanda Cristina Moreira Santos

Com origem no interior de Pernambuco, ela venceu preconceitos, encarou desafios e hoje se destaca na manutenção de sistemas de refrigeração em Recife

 Nascida em Serra Talhada, no interior de Pernambuco, Fernanda Cristina Moreira Santos, de 35 anos, carrega em sua trajetória a força de quem transforma desafios em oportunidades. Técnica em Refrigeração e Climatização, atualmente cursando Engenharia Mecânica pela UNINASSAU, ela atua na empresa Instrucon, em Recife (PE), onde mora. Apaixonada pela manutenção de sistemas de refrigeração, ela inspira outras mulheres e fortalece a presença feminina em um setor tradicionalmente masculino.

Fernanda iniciou sua trajetória profissional em 2018, quando concluiu o curso técnico no Instituto Federal do Sertão Pernambucano. Foi nesse período que conheceu o professor Oto, uma figura fundamental para o seu futuro na área. “Ele acreditou em mim desde o início, mesmo eu sendo uma das poucas mulheres na turma. Sempre me incentivou a não desistir”, lembra.

Esse apoio foi decisivo para que ela mantivesse o foco e se sentisse pertencente a um setor em que, historicamente, os homens predominam. Em 2019, ela conseguiu uma vaga de estágio na Fricon, onde permaneceu por aproximadamente um ano. Porém, com a chegada da pandemia da COVID-19, precisou deixar o cargo. Depois de um período afastada da área técnica, em 2022 surgiu a chance de retornar ao mercado de trabalho, mas em uma função administrativa. O que parecia apenas uma alternativa temporária despertou nela ainda mais certeza sobre sua paixão: trabalhar diretamente com sistemas de refrigeração.

“Eu sentia que meu lugar era em campo, lidando com os equipamentos, solucionando problemas técnicos. Pedi uma chance ao meu chefe, Alexandre, e ele confiou em mim. Essa oportunidade mudou minha vida”, conta Fernanda. Desde então, ela atua diretamente na manutenção e não parou mais. Com dedicação e constante aprendizado, transformou essa nova chance em crescimento profissional.

Vencer barreiras com técnica e perseverança

Para Fernanda, ser mulher nesse setor continua exigindo mais esforço para conquistar espaço e respeito. Ela relata que, no início — e mesmo ainda hoje — enfrenta olhares desconfiados, questionamentos sobre sua capacidade e comentários carregados de preconceito. “É preciso provar, muitas vezes, mais de uma vez que somos tão competentes quanto qualquer outro profissional.”

Mesmo diante dessas adversidades, Fernanda não recuou. Pelo contrário, sua postura profissional, aliada à responsabilidade e conhecimento técnico, conquistou a confiança dos colegas e da empresa. Um dos marcos de sua trajetória foi justamente a transição do cargo administrativo para a função técnica dentro da mesma empresa, um reconhecimento de sua competência e dedicação.

Outro ponto importante foi iniciar a graduação em Engenharia Mecânica. “Voltar para a faculdade, conciliando com trabalho e vida pessoal, é desafiador, mas é uma realização que fortalece minha jornada e amplia meu olhar técnico”, ressalta.

A presença feminina que transforma

Fernanda acredita que a presença de mulheres no setor HVAC-R é essencial e vem crescendo, ainda que lentamente. “Nós trazemos novas visões, sensibilidade nas relações e temos a mesma excelência técnica. As empresas estão começando a perceber isso, e aos poucos, abrem mais espaço para lideranças femininas.”

Apesar de ainda não fazer parte de um grupo formal, Fernanda acompanha de perto comunidades que compartilham oportunidades de trabalho, conteúdos técnicos e relatos inspiradores. “Esses espaços mostram que não estamos sozinhas. São fontes de apoio, visibilidade e, principalmente, motivação”, afirma.

Além disso, Fernanda utiliza redes sociais como o LinkedIn e o Instagram para compartilhar seus projetos, experiências de campo e reflexões sobre o dia a dia da profissão e da vida acadêmica. “É uma forma de incentivar outras mulheres, mostrar que é possível ocupar esse lugar, com dignidade e competência.”

Vida pessoal e valores que movem

Mesmo distante de seus filhos e familiares por conta dos estudos e do trabalho, Fernanda mantém uma conexão forte com suas raízes. Ela valoriza profundamente o apoio de sua mãe, que sempre acreditou em seus sonhos. “Minha mãe é meu alicerce. Se hoje estou aqui, é porque ela nunca me deixou desistir.”

Nos momentos de folga, ela gosta de ouvir música, praticar atividades físicas, ler e visitar sua cidade natal sempre que possível. Encontrar tempo para esses pequenos prazeres é uma forma de manter o equilíbrio emocional diante de uma rotina intensa. “Uma das minhas maiores conquistas pessoais é nunca ter desistido de mim, mesmo quando tudo parecia difícil demais.”

Fernanda encerra sua história com uma mensagem de encorajamento e otimismo para quem atua no setor ou deseja entrar na área: “Nunca subestime o poder da dedicação. O setor de HVAC-R está em constante transformação, e precisamos nos adaptar, estudar e trabalhar com respeito. Equipes diversas e ambientes inclusivos geram mais inovação e qualidade. Que cada profissional, independentemente de gênero, tenha seu talento reconhecido.”

Com coragem, competência e fé no futuro, Fernanda continua escrevendo sua história. Uma história que inspira, abre portas e reforça: “Lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive na refrigeração e climatização”.

Mesmo distante de seus filhos e familiares por conta dos estudos e do trabalho, Fernanda mantém uma conexão forte com suas raízes

Editorial – Em campo aberto

O anúncio feito pelo presidente Donald Trump no dia 9 de julho, sobre a possível imposição de uma tarifa de 50% a produtos brasileiros importados pelos EUA, trouxe incertezas ao comércio bilateral. No setor de HVAC-R, a medida comprometeria eficiência e previsibilidade em um momento de retomada gradual das exportações.

É fato que os EUA ocupam posição relevante entre os destinos dos produtos brasileiros, especialmente de equipamentos de maior valor agregado, como chillers e compressores. Mas vale lembrar que a China lidera com folga esse mercado.

Enquanto aguardamos os desdobramentos dessa possível medida, seguimos atentos às transformações internas do setor. Esta edição destaca os desafios na implementação da ABNT NBR 17037, que exige um novo olhar sobre a Qualidade do Ar Interior. Apresentamos também os cuidados técnicos na adoção dos refrigerantes A2L e os impactos sobre responsabilidade técnica. E, com orgulho, celebramos os ganhadores do Troféu Oswaldo Moreira, símbolo do mérito e da dedicação no nosso mercado.

O momento exige cautela. Vamos apostar na nossa capacidade diplomática de dialogar sem se submeter, negociar sem ceder princípios. Que a boa relação de mais de 200 anos com os Estados Unidos pese na hora da decisão.

ABNT NBR 17037 e estratégias no controle da Qualidade do Ar Interior

Empresas de diversos setores estão correndo para se adaptar à nova versão da ABNT NBR 17037, norma que trata da qualidade do ar interior em ambientes climatizados

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Desde a sua atualização em 2023, a norma ABNT NBR 17037 tem provocado significativas mudanças nas práticas de gestão da qualidade do ar em ambientes climatizados. A principal inovação da norma é a exigência de implantação de um Programa de Gestão da Qualidade do Ar Interior (PGQAI) por toda edificação que possua sistemas de climatização, com foco em uma abordagem sistêmi   ca e contínua.

Mas a adoção prática dessas exigências tem se mostrado um verdadeiro desafio para muitas empresas. Não se trata apenas de seguir um checklist de conformidade, mas de repensar processos, rever contratos, capacitar equipes, investir em tecnologia e, principalmente, mudar a cultura organizacional.

O coordenador da Conforlab Engenharia Ambiental, Robson Petroni, resume bem o novo espírito da norma: “O PGQAI é mais do que um relatório ou um checklist, é o pensar na qualidade do ar como um todo. Isso significa que os fatores que afetam a qualidade do ar, como pessoas, atividades, materiais, mobiliário, limpeza, manutenção e o próprio sistema de climatização devem ser avaliados de forma integrada”.

Muitas empresas, ao tentarem se adequar à norma, descobrem que não basta realizar medições periódicas da qualidade do ar. É preciso analisar causas, identificar riscos, criar planos de ação e documentar tudo sob supervisão técnica.

Petroni relata que o maior desafio enfrentado é justamente essa mudança de mentalidade: “É necessário que todas as esferas da edificação — facilities, operação, manutenção e até os usuários — compreendam seu papel na gestão da qualidade do ar.

Segundo Osny do Amaral Filho, representante do CREA-SC e vice-presidente do PNQAI – Plano Nacional da Qualidade do Ar Interior, a nova norma técnica da ABNT NBR-17037/2023 – Qualidade do Ar Interior em ambientes não residenciais climatizados artificialmente – padrões referenciais, substitui agora a resolução nº 09 da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, revogada em julho, que versava sobre Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo.

“A NBR 17037 passa a regulamentar as atividades no setor, tornando os parâmetros e itens de controle mais atuais e conforme o desenvolvimento da engenharia de QAI em nível mundial. Essa informação é importante para todos os engenheiros mecânicos e as demais especialidades que trabalham com projetos de climatização, ar-condicionado, renovação de ar e PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle. Lembrando que a NBR 17037 pode ser obtida gratuitamente através do portal do CREA-SC no CREANET profissional, por meio do convênio com a ABNT, que dá acesso ilimitado a todas as normas atualizadas em tempo real”, informa Osny.

Principal inovação é a exigência de implantação de um Programa de Gestão da Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados

Desafios técnicos, operacionais e financeiros

A implementação da NBR 17037 envolve custos. Além das análises periódicas (que devem ser feitas por laboratórios acreditados segundo a ABNT NBR ISO 17025), muitas edificações precisam passar por reformas para corrigir problemas estruturais que afetam a qualidade do ar como infiltrações, falhas em dutos, filtros inadequados, e sistemas de HVAC-R subdimensionados ou mau conservados.

Um caso real citado por Petroni ilustra bem esse cenário. Uma edificação enfrentava queixas constantes de mau odor. O cliente desenvolvia análises da qualidade do ar semestralmente (como definido na ABNT 17037:2023) mas não possuía histórico de não conformidades. Contudo, o problema era nítido e todos os que chegavam ao ambiente logo percebiam a questão. Com a implantação do PGQAI foi constatado diversas falhas, que juntas, eram as responsáveis pela existência do mau cheiro. Constatou-se que cadeiras, carpetes e estofados possuíam manutenção inadequada e que isso era inerente às especificações do contrato. E somados a isso, o sistema de HVAC-R não funcionava conforme especificações do projeto, não sendo capaz de garantir níveis de umidade relativa do ar adequadas.  O mal-estar era grande e o problema era tão sério que colaboradores se recusavam a ir trabalhar no ambiente, justificando a atitude ao fato de que o ambiente possivelmente era insalubre. Com o desenvolvimento da análise de riscos e oportunidades, e a implantação do PGQAI, foi possível corrigir o funcionamento do sistema de HVAC-R e implementou-se novas práticas de limpeza, com um plano rigoroso de manutenção e fornecedor qualificado. Este conjunto de ações levou mais de 12 meses para ser implementado, mas hoje a organização dispõe de um ambiente saudável e adequado aos colaboradores, com redução do nível de absenteísmo e aumento da satisfação e produtividade. Isso se reverteu em ganhos financeiros. Há outros cases de sucesso, em hospitais, edifícios comerciais, residências e indústrias, todos corroborando que investir no PGQAI traz retornos financeiros à organização.

Além disso, a norma exige que a edificação tenha um responsável técnico pelo PGQAI, o que implica em contratação de profissionais especializados ou treinamento da equipe interna. Segundo Petroni, ainda que a norma não detalhe a carga horária ou conteúdo dos treinamentos, recomenda-se que o responsável técnico promova capacitações internas e acompanhe os processos que impactam a qualidade do ar.

“Em relação a questão técnica, agora se faz necessário que a edificação disponha de um responsável técnico do PGQAI. Não existe um requisito relacionado a treinamentos e contratações, mas o responsável técnico deve se responsabilizar por estes itens. Convém que todo processo que influencie a qualidade do ar esteja discriminado na Avaliação de Riscos e Oportunidades – ARO, à qualidade do ar, incluindo a prestação de serviços (operacionais, análise, manutenção, consultoria etc.). Tudo que ocorre na edificação deve ser avaliado e aprovado pelo responsável técnico”, informa Petroni.

Um dos fatores que diz respeito à qualificação de fornecedores é o de que todas as análises desenvolvidas precisam ser realizadas por laboratório acreditado na norma ABNT NBR ISO 17025. Toda equipe operacional deve estar ciente dos processos que podem influenciar a qualidade do ar e isso passa por um treinamento sobre como se deve passar essas informações aos usuários e colaboradores que trabalham na edificação (comunicação), sendo este um dos maiores desafios. Para que o PGQAI funcione adequadamente, cada usuário deve ter ciência dos fatores que influenciam a qualidade do ar interior, sendo recomendado às organizações que desenvolvam treinamentos e palestras para todos os usuários, de modo a estabelecer uma cultura voltada aos cuidados à qualidade do ar e ao sentimento de pertencimento ao PGQAI.

Software oferece uma estrutura simplificada e auto declaratória para o PGQAI, com acesso online

Formação e capacitação: onde buscar?

A maior parte dos gestores, engenheiros e técnicos ainda não teve acesso formal à formação específica sobre qualidade do ar interior. Esse é um gargalo sério para a implementação da norma.

No Brasil, entidades do setor oferecem cursos especializados, incluindo programas sobre qualidade do ar de interiores, que abordam desde conceitos básicos até a aplicação prática de diretrizes técnicas.

Outra iniciativa importante é o Plano Nacional da Qualidade do Ar Interior (PNQAI), uma aliança entre ONGs e especialistas que visa difundir o conhecimento sobre qualidade do ar interno em ambientes onde as pessoas passam 90% do tempo. Um de seus frutos é o desenvolvimento do conteúdo programático básico para a formação de gestores de qualidade do ar a nível de pós-graduação.

Para quem domina outros idiomas, há também oportunidades de capacitação em plataformas internacionais, como as da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), da FEDECAI (Federação de Empresas de Qualidade Ambiental em Interiores), da AEE (Association of Energy Engineers) e da Indoor Science, que oferecem treinamentos e materiais gratuitos ou pagos.

O papel da cultura organizacional

Petroni ressalta que a maior dificuldade para implementar o PGQAI de forma efetiva não é técnica, mas cultural. “Não se trata de comprar um equipamento novo, mas de envolver as pessoas em uma nova forma de pensar. A qualidade do ar deve ser discutida nos níveis estratégicos da organização e tornar-se parte da cultura corporativa”.

Nesse contexto, é fundamental que os próprios usuários dos ambientes climatizados — sejam colaboradores, clientes ou visitantes — estejam informados sobre os fatores que impactam a qualidade do ar. Algumas empresas já estão adotando palestras e treinamentos básicos para todos os ocupantes das edificações, com o objetivo de promover senso de pertencimento ao PGQAI e engajamento nas ações preventivas.

Embora a adaptação à ABNT NBR 17037 demande investimentos financeiros, tempo e mudança de mentalidade, os resultados têm se mostrado recompensadores. Ambientes mais saudáveis e confortáveis reduzem afastamentos, aumentam a produtividade e, em setores como saúde, ensino e comércio, tornam-se um diferencial competitivo.

A norma ainda é recente, e muitas empresas estão nos estágios iniciais de adequação. Mas a tendência é que, nos próximos anos, o PGQAI se torne tão essencial quanto os planos de manutenção predial ou segurança do trabalho.

A qualidade do ar interior saiu da invisibilidade e quem liderar esse processo desde já poderá colher frutos importantes em saúde, imagem institucional e, claro, resultados financeiros.

Implementação do PGQAI corrigi problemas estruturais que afetam a qualidade do ar como bolor e mofo nos ambientes

Copeland publica seu primeiro Relatório de Impacto Global

Documento destaca metas ambientais, desempenho operacional e políticas de inclusão

A Copeland, empresa global especializada em soluções de aquecimento, resfriamento e refrigeração, publicou seu primeiro Relatório de Impacto Global desde sua transição para companhia autônoma, em maio de 2023. O documento reúne dados sobre as metas ambientais, práticas operacionais e políticas de engajamento social da empresa.

Segundo Ross B. Shuster, CEO da Copeland, a iniciativa reflete a nova fase da companhia após sua independência administrativa e operacional. A Copeland, com mais de 100 anos de atuação no setor, emprega atualmente mais de 18 mil pessoas em todo o mundo.

O relatório apresenta as principais diretrizes da empresa com base em três pilares: Propósito, Desempenho e Pessoas. Entre os pontos destacados, estão as metas de redução absoluta de 55% nas emissões de Escopo 1 e 2, e de 32,5% nas emissões de Escopo 3 até 2033. Essas metas se referem, respectivamente, a emissões diretas, indiretas provenientes de energia comprada, e emissões indiretas ao longo da cadeia de valor.

A empresa também detalha suas ações para promover a adoção de refrigerantes naturais e de baixo Potencial de Aquecimento Global (GWP, na sigla em inglês), além de soluções para garantir a integridade de produtos alimentícios e farmacêuticos por meio de uma cadeia de frio mais eficiente.

No campo social, o relatório inclui informações sobre políticas internas voltadas à inclusão, segurança no ambiente de trabalho e cultura corporativa. A Copeland afirma que implementa programas com foco em impacto comunitário e reconhecimento do desempenho dos colaboradores.

Ao divulgar o relatório, Shuster afirmou que a sustentabilidade está integrada à visão e aos valores da empresa. Segundo ele, os esforços são voltados à descarbonização, eficiência energética e combate ao desperdício de recursos.

Substituição de chillers com HCFCs motiva chamada pública do PNUD

Programa busca empreendimentos interessados em trocar equipamentos por modelos com menor impacto climático; inscrições vão até 31 de outubro

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), abriu chamada para manifestação de interesse voltada à substituição de chillers com os fluidos refrigerantes HCFC-22 ou HCFC-123. A iniciativa integra o Projeto BRA/24/G76, que atua nos segmentos de recuperação, reciclagem e regeneração de substâncias e na assistência técnica ao setor de ar condicionado comercial e industrial.

O objetivo é identificar edificações comerciais ou industriais — públicas, privadas ou de empresas estatais — que operem sistemas de água gelada utilizando os referidos fluidos. Os interessados devem demonstrar intenção em substituir os equipamentos por modelos com refrigerantes de menor impacto ambiental, com potencial de destruição da camada de ozônio igual a zero (PDO 0) e baixo potencial de aquecimento global (GWP).

A chamada abrange edifícios como shoppings centers, hospitais, hotéis, supermercados, instalações industriais e data centers. O programa prevê apoio financeiro de até 50% do valor do novo chiller, limitado a 12 usuários finais, com foco na distribuição regional por todo o território brasileiro. Os custos restantes, incluindo instalação, adequações, desmontagem e descarte dos sistemas antigos, serão de responsabilidade dos beneficiários.

O acompanhamento técnico será feito pelo PNUD e pelo MMA em todas as fases do processo, da concepção ao comissionamento dos novos equipamentos. Também será realizado o monitoramento comparativo dos sistemas substituídos e substitutos, com foco na eficiência energética e impactos econômicos e ambientais. Os resultados serão divulgados ao setor, com o intuito de fomentar decisões baseadas em evidências.

Empresas e instituições interessadas devem acessar o novo sistema de fornecedores Quantum, da ONU, e registrar ou atualizar seu perfil conforme orientações disponíveis no site do PNUD. A submissão da manifestação de interesse deve ser feita exclusivamente pela plataforma até as 16h (horário de Nova York) / 17h (horário de Brasília) do dia 31 de outubro de 2025. O número de referência da solicitação é PNUD-BRA-00862.

Samsung lança geladeira com tela e integração a dispositivos conectados

Modelo Bespoke AI French Door com AI Home amplia presença de telas na casa, segundo empresa

A Samsung apresentou ao mercado brasileiro a geladeira Bespoke AI French Door com AI Home, dispositivo que integra tela sensível ao toque de 9 polegadas e recursos de inteligência artificial. O modelo amplia a estratégia Screens Everywhere da empresa, que busca disseminar o uso de telas inteligentes em diversos ambientes da casa.

A geladeira pode ser utilizada para acessar aplicativos, acompanhar receitas, consumir conteúdos, gerenciar alimentos e controlar outros aparelhos do ecossistema doméstico conectável, como TVs, máquinas de lavar, robôs aspiradores e aparelhos de ar-condicionado, conforme detalhado pela companhia.

Segundo Ana Beatriz Azevedo, gerente de produtos de linha branca da Samsung Brasil, o equipamento reforça a proposta de transformar a cozinha em um espaço também voltado à conectividade. “Com a Bespoke AI French Door, mostramos como a cozinha também pode ser um espaço de conexão, controle e conveniência”, afirmou.

O modelo inclui a tecnologia AI Vision Inside 2.0, com câmera interna que identifica alimentos armazenados, sugere receitas, auxilia no controle de validade e na elaboração de listas de compras. As informações podem ser acessadas diretamente na tela ou por meio do aplicativo SmartThings.

Outros recursos mencionados pela empresa incluem abertura automática por toque, jarra de água com enchimento automático, Dual Auto Ice Maker com dois tamanhos de gelo e gaveta com controle de temperatura. O compartimento interno, de 543 litros, utiliza a tecnologia SpaceMax™ para ampliação do espaço. O modo AI Energy permite monitoramento e gestão do consumo energético.

Capacitação presencial no HVAC-R ganha força com troca de experiências

Mesmo com a ascensão dos formatos digitais, empresas do setor apostam em road shows e eventos presenciais para fortalecer laços, compartilhar conhecimento técnico, ampliar o networking e gerar novas oportunidades de negócios

 Em tempos de webinários, videoaulas e realidade aumentada, pode parecer contraditório que empresas do setor de refrigeração e climatização estejam apostando em treinamentos e eventos presenciais. Mas essa é uma realidade cada vez mais visível no mercado de HVAC-R, onde o relacionamento próximo, a troca de experiências e o contato direto com os produtos continuam sendo fatores determinantes para o sucesso de vendas, parcerias e inovações.

De Norte a Sul do Brasil, empresas oferecem treinamentos técnicos, tanto presenciais como online, para seus clientes, distribuidores e parceiros, com foco em seus produtos e soluções. Esses treinamentos visam aprimorar a expertise técnica e o conhecimento dos profissionais, garantindo que possam oferecer suporte eficiente e utilizar as soluções de forma otimizada.

Empresas como a Embraco (marca da Nidec Global Appliance), Johnson Controls-Hitachi, Elgin, Danfoss, entre outras, estão promovendo treinamentos, caravanas técnicas e circuitos de capacitação presencial. As ações não apenas fortalecem o relacionamento com instaladores, distribuidores e técnicos, mas também cumprem um papel estratégico: ouvir quem está na linha de frente, entender suas necessidades e promover a atualização constante do mercado em um setor altamente técnico e regulado.

Também grandes distribuidores como a Dufrio, Eletrofrio, Frigelar e muitos outros, realizam eventos de capacitação técnica com fabricantes, parceiros, OEMs (Fabricantes de Equipamento Original), clientes e usuários finais.

A retomada dos encontros presenciais

Após o isolamento provocado pela pandemia da Covid-19, os eventos presenciais voltaram com força, impulsionados por uma necessidade latente de reconexão humana.

No setor HVAC-R, essa retomada ganhou contornos ainda mais importantes. “O técnico precisa ver, tocar, experimentar. É assim que ele adquire confiança para indicar e instalar uma tecnologia. Vemos isso durante a Caravana da Elgin, que percorre várias regiões do país”, resume a equipe de marketing da Elgin. Segundo a equipe, apesar dos avanços nos treinamentos online, o presencial ainda tem um valor imensurável. “Um vídeo pode mostrar o funcionamento de um compressor, mas é no evento técnico que o profissional vê como ele se comporta, como se instala, quais são os diferenciais reais”, afirma.

Outra avaliação positiva é da Fujitsu General do Brasil. “A Fujitsu sempre investiu em treinamentos e vem promovendo, cada vez mais, sua participação em eventos compartilhando informações sobre os produtos, os cuidados para fazer uma boa escolha ao comprar um ar-condicionado e cuidados necessários para a realização da instalação e manutenção com um profissional especializado.  Vemos com bastante importância a necessidade de termos profissionais capacitados. Recentemente, tivemos o recém lançamento de nosso centro de treinamento, que dobrou de espaço para que possamos atender um número maior de profissionais, desenvolvendo os profissionais do mercado de climatização, aprimorando suas habilidades e conhecimentos para que aprendam na prática e possam desempenhar suas funções de maneira mais eficiente. Além disso, esse contato direto ajuda a criar uma relação de confiança e proximidade com eles e nossa marca”, explica Leandro Medeiros, coordenador na área técnica da Fujitsu.

Eventos presenciais são impulsionados por uma necessidade de reconexão humana

Road shows: o Brasil na estrada

A Weg tem promovido treinamentos técnicos e demonstrações itinerantes de seus motores e inversores de frequência voltados ao setor de refrigeração e climatização. A estratégia mira desde grandes centros até cidades de médio porte, com foco em atualização profissional e aproximação com o mercado instalador.

A Nidec, por meio da Embraco, intensificou a realização de eventos técnicos em parceria com distribuidores regionais. “Nossa missão é estar onde o instalador está, levando conteúdo técnico de alto nível, com foco em eficiência energética, novas tecnologias e boas práticas”, explica Murilo Augusto Moreira Favaro, Gerente de Marketing e Planejamento Estratégico da Nidec. A empresa também oferece treinamentos específicos para seus funcionários, como parte de seus programas de desenvolvimento e capacitação.

Já a Johnson Controls – Hitachi realizou em 2024 uma série de eventos presenciais para apresentar suas soluções em sistemas VRF e chillers, reforçando a rede de relacionamento com engenheiros e especificadores.

Outro exemplo é o programa “Capacita Frio” – Treinamento de Refrigeração Aplicada da Danfoss, que percorreu vários estados promovendo treinamentos presenciais sobre válvulas de expansão, controladores e refrigerantes naturais.

Visibilidade e negócios

Entre as iniciativas que mais cresceram nos últimos anos está o Circuito dos Instaladores, evento itinerante que conecta marcas líderes a instaladores e técnicos em diversas regiões do país. Com foco técnico-comercial, o circuito é um espaço de aprendizado, demonstração de produtos e networking qualificado.

Para os patrocinadores, o retorno vai além da exposição da marca.

A Indústrias Tosi, tradicional fabricante nacional, vê valor técnico e institucional: “Participar do Circuito dos Instaladores nos proporciona um contato direto com quem realmente decide na ponta. O técnico precisa confiar no produto e na empresa — e essa confiança só nasce com a proximidade”, afirma Patrice Tosi, diretora da Indústrias Tosi.

Outras marcas que participam do Circuito também avaliam positivamente a estratégia. Para a Fujitsu, o evento fortalece a conexão com os instaladores: “Um dos maiores retorno em estar no Circuito dos Instaladores é a proximidade de nossa marca junto aos nossos parceiros instaladores. O evento é muito rico para o setor, pois incentiva o aprendizado, além disso, temos oportunidade de escutar nossos parceiros instaladores e esclarecer eventuais dúvidas”, diz Leandro Medeiros.

Já para a LG, os encontros reforçam a imagem de inovação com suporte técnico forte. “A LG se posiciona como marca de ponta, mas queremos também mostrar que estamos presentes, oferecendo treinamento e apoio técnico através do Esquadrão LG sempre presente em várias praças e o Circuito é perfeito para isso”, afirma Carlos Djones, do Esquadrão LG e palestrante.

Representando a Hisense, Ítalo Trindade, trade marketing, destaca: “Além de promover nossos produtos, entendemos de forma direta o que o mercado precisa. Esse retorno é essencial para ajustes em comunicação e até desenvolvimento de novos modelos”.

Para a Mastercool, fabricante de ferramentas e equipamentos para HVAC-R, o retorno vem em reputação técnica. “Mostramos soluções que ajudam no dia a dia do instalador, e o reconhecimento vem rápido. O presencial acelera esse processo. Estar em contato com os profissionais que lidam com nossos produtos todos os dias nos permite reforçar nossa credibilidade e escutar melhorias vindas da prática”, diz André Oliveira, diretor da marca no Brasil.

A Pescan, empresa especializada em limpeza e manutenção de componentes, peças e sistemas, vê no Circuito uma oportunidade única. “É onde mostramos nossa linha em campo e entendemos as necessidades reais. Muitos dos nossos novos distribuidores foram conquistados nesses eventos”, afirma Eduardo Cedric Ramos Junior, diretor executivo da Pescan.

Por fim, a Electrolux destaca a importância estratégica do contato direto: “Queremos mostrar nossa linha de splits e soluções de climatização residencial e comercial. O Circuito nos conecta diretamente com quem recomenda e instala os equipamentos, o que tem reflexo direto em vendas”, completa Ana Peretti, que é a VP de Marketing da Electrolux.

A era digital chegou para ficar, mas no setor de HVAC-R, a interação presencial continua sendo um ativo poderoso. Os treinamentos físicos não apenas capacitam: eles criam vínculos, formam comunidades e ampliam o senso de pertencimento dos profissionais ao mercado. Enquanto a tecnologia avança e as plataformas digitais se multiplicam, os encontros presenciais seguem firmes como uma estratégia complementar e indispensável para as marcas que desejam se manter próximas, relevantes e inovadoras no setor de refrigeração e climatização.

A força silenciosa por trás da climatização e refrigeração

Dia do Refrigerista celebra profissionais que contribuem para o conforto, preservação de alimentos e proteção do planeta

No dia 7 de julho, o Brasil homenageia um profissional que, mesmo longe dos holofotes, está presente em tudo o que importa: no ar que refresca o ônibus lotado, no freezer que conserva o leite da criança, no hospital que precisa funcionar mesmo durante um apagão. O Dia do Refrigerista é mais do que uma data simbólica — é o reconhecimento de quem põe a mão na massa, carrega a ferramenta nas costas e, com conhecimento e coragem, ajuda a manter a vida em movimento.

Não é de hoje que o refrigerista trabalha nos bastidores — no calor dos telhados, no frio das câmaras, nas estruturas ocultas da cidade e da indústria. Seu ofício exige mais do que força física: requer leitura de projetos, domínio de normas, compreensão de riscos e, sobretudo, um senso técnico apurado aliado a uma resiliência silenciosa. Instalar, manter e operar sistemas de climatização e refrigeração não é tarefa simples — é ciência aplicada sob pressão, todos os dias.

Em centros urbanos, onde os equipamentos estão nos topos de edifícios ou em fachadas de difícil acesso, é comum que esses profissionais utilizem técnicas de rapel e outros procedimentos de segurança vertical para executar manutenções. Suspensos por cordas, com equipamentos de proteção e atenção total, enfrentam vento, sol e altura para garantir o funcionamento de sistemas essenciais. É um trabalho que exige coragem, preparo físico e extremo cuidado técnico.

Mais do que garantir conforto térmico, o refrigerista tem papel estratégico na manutenção da cadeia do frio — conjunto de tecnologias e processos que asseguram a conservação de alimentos, medicamentos e insumos hospitalares. Também é figura-chave em data centers, laboratórios e sistemas industriais que dependem de controle térmico contínuo. Seu trabalho pode não aparecer nos outdoors, mas sustenta pilares invisíveis da vida moderna.

É uma profissão que alia responsabilidade técnica, zelo ambiental e compromisso com o bem coletivo. Ao manusear fluidos refrigerantes, calibrar instrumentos e buscar eficiência energética, o refrigerista contribui para a redução de impactos ambientais e para a sustentabilidade das operações em que atua — um esforço muitas vezes invisível, mas essencial.

Por trás do profissional, há histórias de vida. Gente que começou com ferramentas emprestadas e orçamento contado. Que estudou à noite, conciliou plantões com provas, enfrentou olhares desconfiados, dormiu pouco e acordou cedo. Pessoas que se reinventaram após demissões, que aprenderam com os erros e que, muitas vezes, encontraram motivação no abraço de um filho, no apoio de uma companheira, ou na fé de que dias melhores viriam. São homens e mulheres que desafiam estatísticas, criam negócios próprios, formam redes de apoio e ajudam a construir um setor mais diverso, técnico e humano.

Neste 7 de julho, celebramos a força de uma profissão que sustenta sistemas vitais com esforço diário, precisão técnica e consciência ambiental. Valorizamos quem transforma suor em serviço público, quem encara o desafio da temperatura — e da altura — com dignidade e orgulho.

Operação investiga fraude fiscal em empresas de refrigeração

Fisco de Santa Catarina apura fracionamento irregular de negócios e triangulação de mercadorias

A Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina (SEF/SC) deflagrou nesta terça-feira (1º), em Criciúma, a Operação Storm. A ação teve como alvo um grupo de empresas do setor de refrigeração, com sede no sul do estado, suspeito de praticar fracionamento irregular e outras estratégias para burlar a fiscalização tributária.

Segundo o Fisco estadual, o grupo teria deixado de submeter à tributação mais de R$ 50 milhões. A prática identificada consiste na criação de empresas de fachada com o objetivo de dividir artificialmente o faturamento de um único negócio. Com isso, os responsáveis buscavam enquadramento no regime do Simples Nacional, que oferece alíquotas reduzidas, evitando o pagamento de tributos devidos pelo regime de tributação normal.

A operação contou com a participação de dez auditores fiscais da Receita Estadual, integrantes do Grupo Regional de Ação Fiscal (GRAF) de Criciúma e da Gerência de Fiscalização (GEFIS), sediada em Florianópolis. A equipe realizou busca e apreensão de documentos e verificou a inexistência de fato de alguns dos estabelecimentos utilizados como fachada.

Outro foco da investigação é a suposta triangulação de mercadorias entre as empresas do grupo. De acordo com a SEF/SC, haveria indícios de sucessivas remessas de produtos entre os estabelecimentos, com a finalidade de inflar o volume de operações e dificultar o controle de estoques. A prática teria sido usada para encobrir movimentações reais e dissimular a origem das mercadorias, comprometendo a fiscalização.

A operação integra uma série de ações planejadas pela Fazenda estadual para os próximos meses, com foco na repressão a fraudes fiscais em diversos setores. A iniciativa busca recuperar valores sonegados e garantir condições de concorrência equilibradas entre os contribuintes que cumprem suas obrigações tributárias.