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O avanço dos refrigerantes ilegais e seus impactos no HVAC-R brasileiro

O mercado paralelo de fluidos refrigerantes ameaça a segurança, compromete a eficiência dos sistemas e cria uma concorrência desleal que exige ação conjunta de toda a cadeia do setor

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O mercado brasileiro de refrigeração e ar-condicionado convive há anos com a presença de refrigerantes vendidos de forma irregular, desde lotes contrabandeados até cilindros falsificados, blends não identificados e recargas clandestinas. Além do evidente risco ambiental e à segurança, a prática prospera porque, em muitos casos, o refrigerante ilegal custa muito menos do que o produto legal, criando um incentivo econômico imediato para instaladores, lojistas e usuários finais. Mas por que a diferença de preço é tão grande e quais fatores mantêm o circuito ilegal ativo? A elevação dos preços dos refrigerantes regulamentados tem várias origens: políticas de redução de oferta, custos de conformidade (licenças, certificações e rotulagem), tributos e taxas de importação, além do custo logístico de fornecedores homologados. Quando políticas de restrição de oferta (como as metas do Protocolo de Kigali para redução de HFCs) entram em vigor, o volume legal disponível cai e o preço sobe, e isso abre espaço para que fornecedores ilícitos ofereçam produto por valores muito abaixo do mercado regulado. Investigações internacionais mostram que, onde houve redução de quotas, o mercado ilegal cresceu porque compradores buscaram alternativas mais baratas.

Para Frank Amorim, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, sem dúvida, o baixo custo é o grande atrativo. Contudo, como todo mercado ilegal, o grande problema é a falta de consciência e responsabilidade de quem vende e, também, de quem compra este tipo de produto.

“Na nossa visão, é um desafio crônico e perigoso: a circulação de fluidos refrigerantes ilegais, falsificados ou fora da regulamentação. Longe de ser apenas uma questão de concorrência desleal, este problema traz sérias implicações para o meio ambiente, a segurança de técnicos/as e dos usuários/as (empresas e consumidores finais), e na integridade dos equipamentos. Além de poder causar danos graves aos equipamentos (deterioração e corrosão), podem levar à perda de eficiência energética e desempenho, resultando em maior consumo de eletricidade para o usuário (empresas e consumidores finais). Portanto, é um problema tão complexo que entendemos que exige esforços e sinergia de ações entre todos (governo, setor privado e sociedade)”, informa.

Relatórios internacionais e iniciativas brasileiras mostram que o problema é real, internacional e solucionável, mas depende de investimento e cooperação sustentada. Grande parte do produto ilegal vem de mercados onde a produção é barata e o controle aduaneiro é mais frágil. Relatórios de organizações ambientais e operações de fiscalização mostram rotas de entrada por aeroportos, portos e até transporte rodoviário irregular, inclusive com uso de cilindros descartáveis e embalagens falsificadas que driblam controles e tornam possível vender o refrigerante a preços muito inferiores aos praticados por distribuidores legais. Essa disponibilidade externa pressiona os preços e enfraquece o esforço regulatório.

“Um dos principais riscos, falando de fluidos refrigerantes sobre os quais não sabemos a procedência, é a falta de qualidade conforme as normas (ABNT, por exemplo, que tem normas quanto à qualidade, pureza e rotulagem dos fluidos). Então, o/a técnico/a que compra esses produtos não saberá exatamente a composição do fluido que está usando. Esse fluido pode ter um rótulo de R-22, por exemplo, mas pode ter uma porcentagem de fluidos inflamáveis, sem mencionar, o que é um grande risco à segurança do técnico e do usuário. Nosso Projeto para o Setor de Serviços de Refrigeração e Climatização do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), realizado sob coordenação do MMA no âmbito do Protocolo de Montreal, atua com foco nas “Boas Práticas de Refrigeração” visando capacitar os profissionais da área. Essas boas práticas incluem que os técnicos utilizem fluidos refrigerantes somente conforme as normas (legais) e corretamente (sem deixar vazar no meio ambiente)”, esclarece Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de Projetos da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH – agência bilateral parceira do PBH.

Segundo Stefanie, pelo PBH, foram capacitados gratuitamente mais de 17 mil técnicos/as em todo o Brasil, até hoje. Contudo, o impacto do programa é ainda maior, porque todas as escolas parcerias, que são dotadas de tecnologia de ponta (equipamentos e ferramentas doados pelo projeto) assimilam as técnicas de Boas Práticas dos cursos do PBH, nos seus próprios cursos técnicos (mecânica e refrigeração), ampliando a disseminação desse conhecimento.

“Neste ano, cientes da tendência de maior uso de fluidos naturais (como propano) no mercado brasileiro, lançamos o curso Treinamento para Uso Seguro e Eficiente de Fluidos Inflamáveis em Sistemas de Ar Condicionado, que está sendo ministrado por instrutores capacitados pelo projeto em 5 escolas parcerias do PBH, de cinco estados, que contemplam as regiões geográficas do país: Centro Oeste (GO); Nordeste (RN); Norte (RO); Sudeste (SP); e Sul (PR). E já estamos trabalhando para que no próximo ano, esse curso seja ampliado para pelo menos mais 5 escolas, em outros estados.  Nossa meta é capacitar 5.000 mil profissionais. Além disso, entendemos que não são só os fluidos refrigerantes que devem seguir as normas e serem bem certificados, mas os profissionais também precisam ser certificados. Para tanto, acabamos de lançar uma “Licitação para a Criação de um Sistema Piloto de Qualificação, Certificação e Registro (QCR) no Setor de Refrigeração”. Nosso objetivo é criar um esquema que melhore a regulamentação do ambiente profissional, reduza os vazamentos de fluidos refrigerantes e garanta a introdução segura de alternativas aos HCFCs, o que coopera diretamente para o combate ao uso de fluidos refrigerantes fora das normas e, portanto, ilegais. Para que esse sistema de certificação, cujo projeto piloto será iniciado em 2026, funcione e tenha sucesso, iremos contar com o importante apoio da sociedade, por meio das escolas técnicas e das entidades do setor parceiras do Programa, como a ABRAVA e a ASBRAV”, informa Stefanie.

Impacto do uso de substâncias não autorizadas no Brasil

O uso de substâncias não autorizadas no Brasil, especialmente no setor de HVAC-R, tem ampliado riscos ambientais, econômicos e operacionais. A entrada de produtos sem certificação compromete a segurança dos sistemas, aumenta a probabilidade de falhas e eleva as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a prática causa distorções competitivas ao favorecer quem opera fora das normas. Para o consumidor, o barato pode sair caro: equipamentos perdem eficiência, sofrem danos e têm sua vida útil reduzida. O problema, embora conhecido, segue crescendo e exige ações coordenadas de fiscalização, educação técnica e responsabilização da cadeia.

“O impacto do uso de substâncias ilegais pode prejudicar todo o trabalho que realizamos com foco na proteção do meio ambiente, no âmbito do Protocolo de Montreal no Brasil. Por exemplo, nós eliminamos o consumo dos CFCs, em 2010, se entram CFCs por contrabando seria um retrocesso em relação à Proteção da Camada de Ozônio e, também, do clima, porque os CFCs têm um alto potencial de aquecimento global. Da mesma forma, o comércio ilegal pode impactar negativamente no controle dos HCFCs (R-22), que pelas nossas metas será eliminado até 2030. Já pensando na Emenda de Kigali e no comércio ilegal de HFCs, ainda estamos no início da implementação do plano para redução do uso desses fluidos no país. Como estamos traçando uma linha de base de consumo, com base em estatísticas oficiais, se houver a entrada de muitos HFCs contrabandeados, essa linha de consumo no Brasil se tornará irreal, e então teremos problemas sérios na implementação das nossas metas no âmbito do Protocolo de Montreal”, reforça Amorim.

Ele acrescenta que os produtos legais possuem rótulos em conformidade com as normas técnicas, têm procedência garantida e são adquiridos por meio de nota fiscal, com os produtos/substâncias devidamente discriminados pelos distribuidores/fabricantes. Se os fluidos refrigerantes forem sempre comprados em estabelecimentos credenciados e da forma correta, o espaço do comércio ilegal será praticamente nulo. Além disso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vem trabalhando em uma nova instrução normativa que estabelecerá a obrigatoriedade de que os fluidos refrigerantes comercializados devem atender aos requisitos de pureza estabelecidos na Norma ABNT NBR 16.667, o que contribuirá para a conformidade dos produtos.

“Importante destacar que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desempenha um papel central e essencial no controle de substâncias como os fluidos refrigerantes no Brasil. Sua atuação está diretamente ligada ao cumprimento de compromissos internacionais assumidos pelo país, principalmente o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio.  O Ibama controla a importação e exportação. É a autoridade responsável por controlar e fiscalizar a entrada e saída de fluidos refrigerantes controlados (como os HCFCs e, mais recentemente, os HFCs, devido ao seu alto Potencial de Aquecimento Global – GWP) no território nacional, em portos e aeroportos. Isso inclui a verificação do conteúdo dos cilindros para combater o comércio ilegal. Destaco também que a extensa faixa de fronteira terrestre e marítima do país, combinada com a complexidade e o volume do comércio internacional, torna o combate ao contrabando de fluidos refrigerantes um desafio constante para o Ibama e órgãos parceiros como a Receita Federal, daí a importância de todo o apoio da sociedade nesse combate. No âmbito da Etapa III do PBH, sob a Coordenação do MMA e implementação do PNUD, serão realizadas ações voltadas para o fortalecimento da fiscalização por órgãos de controle em nível federal, estadual e municipal, para a capacitação dos agentes fiscalização e disponibilização de equipamentos para a identificação dos fluidos refrigerantes. Essas ações contribuirão para coibir o comércio e a importação ilegal de fluidos refrigerantes”, diz o analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Quanto a conscientização, para Stefanie, além das ações de treinamento e do projeto piloto de certificação dos profissionais, o Encontro Nacional de Treinamento de Treinadores em Fluidos Naturais do PBH resultou em 39 instrutores qualificados no curso “Uso Seguro e Eficiente de CO2‚  e R-290 em Sistemas de Refrigeração Comercial”. São instrutores que irão capacitar centenas de alunos/as nos próximos anos em escolas nas 5 regiões do país.

“Durante o encontro, que ocorreu no novo ‘Laboratório Modelo Mini Supermercado com Fluidos Refrigerantes Naturais: CO2‚  e R-290 do PBH’, localizado na escola Firjan SENAI Benfica, no Rio de Janeiro-RJ, o tema ‘fluidos refrigerantes ilegais’ foi bastante debatido.  Os instrutores relataram que seus alunos estão bastante preocupados com esse tema, por causa da possibilidade de acidentes graves em campo, motivada pelo alto volume de produtos oferecidos a baixo custo.  Ao longo do debate sobre o tema, durante o treinamento, foram destacadas pelos instrutores-especialistas do PBH, que ministraram o curso, as orientações de Boas Práticas em Refrigeração, que devem ser reforçadas aos alunos, no processo de maior conscientização dos profissionais da área sobre o tema.  Além disso, foi destacado que é importante a sociedade fiscalizar também e que as irregularidades com fluidos refrigerantes (ilegais, falsificados ou fora da regulamentação, inclusive com rótulos que não deixam claro o uso de fluidos inflamáveis) devem ser denunciadas aos órgãos oficiais (Ibama, Procon, etc.) e para as entidades da sociedade, nos seus fóruns específicos” comemora.

 Diferentes elos da cadeia com atuação integrada

O combate ao uso de refrigerantes ilegais no Brasil exige uma atuação integrada entre fabricantes, distribuidores, lojistas e técnicos, cada um responsável por uma parte essencial da solução. Fabricantes podem fortalecer a rastreabilidade, garantir informação clara e ampliar ações de conscientização sobre riscos e impactos ambientais. Distribuidores e lojistas, por sua vez, têm papel decisivo ao adotar políticas rígidas de compra, checar procedência e assegurar que apenas produtos regulamentados cheguem ao mercado. Já os profissionais técnicos, que estão na ponta do atendimento, influenciam diretamente o comportamento do consumidor ao orientar sobre segurança, eficiência e conformidade. Quando esses elos trabalham alinhados, cria-se uma cultura de responsabilidade que reduz incentivos ao mercado ilegal, protege equipamentos e reforça o compromisso do setor com práticas sustentáveis.

Encontro Nacional de Treinamento de Treinadores resultou em 39 instrutores qualificados

“Acreditamos que só uma ação coordenada, a médio e longo prazo, entre governo, setor privado (fabricantes, distribuidores e revendedores) e sociedade (profissionais da refrigeração e usuários em especial) será efetiva no combate aos fluidos refrigerantes ilegais no país. Todos precisam fazer a sua parte. A responsabilidade de exigir comprovação da compra e venda de fluidos refrigerantes, por exemplo, é de todos. Os fabricantes devem garantir os registros dos fluidos no Ibama; os distribuidores e o varejo devem conferir e só podem vender produtos com procedência confirmada; e os profissionais, como os técnicos/as de refrigeração, também devem estar atentos a esse controle e só comprar produto de origem legal. Da mesma forma, os usuários (empresas e consumidores) devem exigir a nota fiscal dos fluidos refrigerantes colocados em seus aparelhos/sistemas, além de contratar somente profissionais habilitados (técnicos formados pelo SENAI e Institutos Federais, por exemplo) que, no futuro, como planejamos, serão certificados pelo sistema QCR que implantaremos a partir de 2026”, conclui Stefanie.

 


Resumen (Español)

El avance del comercio ilegal de refrigerantes en Brasil representa un riesgo creciente para el sector de refrigeración y aire acondicionado. Productos sin certificación, falsificados o de origen desconocido comprometen la seguridad de técnicos y usuarios, reducen la eficiencia energética de los equipos y generan impactos ambientales relevantes, además de distorsionar la competencia al ofrecer precios muy inferiores a los del mercado regulado.

Autoridades ambientales y programas internacionales alertan que el problema afecta directamente el cumplimiento de los compromisos asumidos por Brasil en el Protocolo de Montreal y la Enmienda de Kigali. Iniciativas de capacitación técnica, certificación profesional y fortalecimiento de la fiscalización buscan contener el mercado ilegal, pero el enfrentamiento del problema exige una acción coordinada entre gobierno, sector privado y sociedad.


Summary (English)

The growth of illegal refrigerant trade in Brazil poses increasing risks to the HVAC-R sector. Uncertified, counterfeit or undocumented products jeopardize technician and user safety, reduce system efficiency, and intensify environmental impacts, while creating unfair competition through significantly lower prices than those in the regulated market.

Environmental authorities and international programs warn that illegal refrigerants threaten Brazil’s commitments under the Montreal Protocol and the Kigali Amendment. Technical training, professional certification and stronger enforcement are key measures to curb this practice, but effective results depend on coordinated action among government, industry stakeholders and society as a whole.

Nova gestão assume o DNIM da ABRAVA

Diretoria 2025–2027 prioriza formação profissional, segurança operacional e avanço regulatório no setor de instalação e manutenção de HVAC-R.

O Departamento Nacional de Instalação e Manutenção (DNIM), da ABRAVA, anunciou a nova gestão para o biênio 2025–2027, coordenada por Mariangela Rolfini e Rodrigo Men, com participação de Sergio Levi,  Paulo Ruba, e Celso Kochi. O grupo inicia o ciclo com foco em formação profissional, segurança operacional e alinhamento às diretrizes estratégicas de Descarbonização, Segurança Alimentar e Qualidade do Ar Interno.

A mensagem ao mercado destaca o compromisso em ampliar a representatividade das empresas do segmento, com ênfase na clareza regulatória e na orientação administrativa. Segundo Rodrigo Men, a gestão pretende apoiar instaladoras na estruturação de processos e no controle de custos, reforçando que qualificação técnica e organização empresarial são complementares.

O planejamento da gestão contempla duas frentes principais: qualificação de mão de obra e legislação. As etapas incluem reorganização interna, revisão dos cursos em parceria com o Departamento de Cursos da ABRAVA e retomada de parcerias estratégicas para ampliar a oferta de capacitações. A médio prazo, está prevista a criação de novos programas técnicos e administrativos, além do diálogo com órgãos reguladores para propostas legislativas que elevem padrões de segurança e eficiência nas instalações e manutenções de HVAC-R.

Mariangela Rolfini afirma que as ações previstas buscam fortalecer a imagem técnica do departamento e ampliar sua autoridade no setor. A gestão pretende estruturar contribuições para uma legislação nacional que permita uma transição normativa faseada, atendendo às demandas de técnicos, empresas e usuários.


Resumen (español)

La nueva gestión del Departamento Nacional de Instalación y Mantenimiento (DNIM) de la ABRAVA, liderada por Mariangela Rolfini y Rodrigo Men, inicia el ciclo 2025–2027 con enfoque en formación profesional, seguridad operativa y fortalecimiento regulatorio en el sector de HVAC-R. El plan incluye reorganización interna, revisión de cursos y nuevas alianzas estratégicas para ampliar la capacitación técnica y administrativa.
La dirección busca avanzar en propuestas legislativas nacionales que eleven los estándares de seguridad y eficiencia en instalaciones y mantenimiento, reforzando la representación de empresas y la autoridad técnica del departamento.

Summary (English)

The National Department of Installation and Maintenance (DNIM) of ABRAVA has appointed its 2025–2027 leadership, headed by Mariangela Rolfini and Rodrigo Men. The new board focuses on professional training, operational safety, and regulatory development within the HVAC-R installation and maintenance sector. Planned actions include internal restructuring, course updates, and renewed strategic partnerships to expand technical and administrative training.
The management intends to contribute to national legislation that raises safety and efficiency standards for HVAC-R installations and maintenance, strengthening the sector’s representation and the department’s technical authority.

64ª Noite do Pinguim reúne profissionais do HVAC-R em São Paulo

 Evento da ABRAVA marca homenagens, transição de comissão e programação musical

A 64ª Noite do Pinguim da ABRAVA ocorreu em 5 de dezembro, na Casa Giardini, em São Paulo, e reuniu mais de 400 profissionais, parceiros e convidados do setor. O encontro teve como propósito celebrar as ações previstas para 2025, realizar homenagens e promover interação entre representantes do HVAC-R.

Anicia Pio Pio, da FIESP, recebeu reconhecimento pela contribuição ao setor. Carim Facuri, fundador da Traydus, também foi homenageado pela atuação na área de HVAC-R. O evento marcou ainda a transição da presidência da comissão organizadora: após 12 anos, Eduardo Brunacci deixou o cargo, que passou à diretora social Patrice Tosi.

A programação incluiu apresentação da banda Beatles Forever e a realização da tradicional Faixa Nobre. A ABRAVA registrou agradecimento aos patrocinadores, convidados e parceiros que participaram da 64ª edição.

Agenda HVAC-R 2026

Calendário reúne eventos no Brasil e no exterior, incluindo etapas do Circuito dos Instaladores

A programação de eventos de climatização e refrigeração em 2026 inclui feiras nacionais e internacionais, além do calendário completo do Circuito dos Instaladores, com datas e locais definidos pelas organizações responsáveis.

FEVEREIRO

AHR EXPO

Data: 2 a 4 de fevereiro de 2026

Local: Las Vegas Convention Center – Las Vegas – EUA

Informação: ahrexpo.com

 

WARSAW HVAC EXPO

Data: 24 a 26 de fevereiro de 2026

Local: Ptak Warsaw Expo – Varsóvia – Polônia

Informação: warsawhvacexpo.com

 

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Ribeirão Preto

Data: 26 e 27 de fevereiro de 2026

Local: Ribeirão Preto – SP – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

MARÇO

ACREX INDIA

Data: 12 a 14 de março de 2026

Local: Bombay Exhibition Centre (BEC) – Mumbai – Índia

Informação: acrex.in

 

MCE – MOSTRA CONVEGNO EXPOCOMFORT

Data: 24 a 27 de março de 2026

Local: Fiera Milano – Milão – Itália

Informação: mcexpocomfort.it

 

ABRIL

FEICON

Data: 23 a 26 de abril de 2026

Local: São Paulo Expo – São Paulo – SP – Brasil

Informação: feicon.com.br

 

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Cuiabá

Data: 22, 23 e 24 de abril de 2026

Local: Cuiabá – MT – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

MAIO

APAS SHOW

Data: 18 a 21 de maio de 2026

Local: Expo Center Norte – São Paulo – SP – Brasil

Informação: apasshow.com

 

HOSPITALAR

Data: 19 a 22 de maio de 2026

Local: São Paulo Expo – São Paulo – SP – Brasil

Informação: www.hospitalar.com

 

FISPAL FOOD SERVICE

Data: 26 a 29 de maio de 2026

Local: Distrito Anhembi – São Paulo – SP – Brasil

Informação: fispalfoodservice.com.br

 

 

JUNHO

TECNOCARNE

Data: 16 a 19 de junho de 2026

Local: São Paulo Expo – São Paulo – SP – Brasil

Informação: tecnocarne.com.br

 

TROFÉU OSWALDO MOREIRA – TOM 2026

Data: 18 junho de 2026

Local: São Paulo Expo – São Paulo – SP – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

 

FISPAL TECNOLOGIA

Data: 16 a 19 de junho de 2026

Local: São Paulo Expo – São Paulo – SP – Brasil

Informação: fispaltecnologia.com.br

 

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Aracaju

Data: 3, 4 e 5 de junho de 2026

Local: Aracaju – SE – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

AGOSTO

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Imperatriz

Data: 19, 20 e 21 de agosto de 2026

Local: Imperatriz – MA – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

SETEMBRO

MERCOFRIO

Data: 15 a 17 de setembro de 2026

Local: Porto Alegre – RS – Brasil

Informação: abrava.com.br

 

EQUIPOTEL

Data: 15 a 18 de setembro de 2026

Local: Expo Center Norte – São Paulo – SP – Brasil

Informação: equipotel.com.br

 

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Maceió

Data: 23, 24 e 25 de setembro de 2026

Local: Maceió – AL – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

OUTUBRO

FEBRAVA RIO

Data: 6 a 8 de outubro de 2026

Local: Riocentro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Informação: febrava.com.br

 

CHILLVENTA

Data: 13 a 15 de outubro de 2026

Local: Exhibition Centre Nuremberg – Nuremberg – Alemanha

Informação: chillventa.de

 

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Joinville

Data: 21, 22 e 23 de outubro de 2026

Local: Joinville – SC – Brasil

Informação: revistadofrio.com.br

 

NOVEMBRO

CIRCUITO DOS INSTALADORES – Ciudad del Este

Data: 18, 19 e 20 de novembro de 2026

Local: Ciudad del Este – Paraguai

Informação: revistadofrio.com.br

Quando nem o ar-condicionado de frigorífico resolve

Influenciadora instala ar-condicionado de câmaras frias para enfrentar calor da pré-menopausa; conta de luz ultrapassa R$ 5 mil e caso repercute na internet.

Em post nas redes sociais, a influenciadora Ana Paula Oliveira relatou que, diante das ondas de calor intensas da pré-menopausa, instalou em casa um equipamento de refrigeração utilizado em câmaras frias. A decisão ocorreu após considerar insuficientes os aparelhos domésticos. A conta de luz ultrapassou R$ 5 mil após alguns dias de uso.

O episódio repercutiu e trouxe atenção para práticas inadequadas de climatização. O conforto térmico depende de variáveis como dimensionamento correto, manutenção, escolha de modelos eficientes e uso racional de temperatura.

Segundo o Inmetro, operar aparelhos residenciais entre 23 °C e 25 °C reduz o consumo e mantém o conforto térmico. Temperaturas muito baixas, comuns entre usuários que deixam entre 15 °C e 16 °C a depender o tipo de aparelho, elevam o gasto energético e exigem mais do compressor. Boas práticas também envolvem vedação adequada, filtros limpos e seleção de equipamentos com classificação de eficiência “A+++.”.

O caso expõe a necessidade de ampliar a orientação técnica ao consumidor sobre o uso responsável de climatização. A adoção improvisada de sistemas industriais em residências é economicamente ineficiente e pode comprometer a durabilidade dos equipamentos.

O episódio envolvendo Ana Paula Oliveira reforça a busca crescente por conforto térmico, mas evidencia a importância de seguir parâmetros técnicos e práticas de eficiência energética no uso do ar-condicionado.

Setor discute Estratégia da Etapa I do Programa HFCs

Plano prevê redução de 10% do consumo nacional de HFCs até 2029, alinhado à Emenda de Kigali

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) promoveram, em 1º de dezembro, no auditório da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), em São Paulo-SP, a apresentação da proposta da Estratégia para a Etapa I do Programa Brasileiro de Redução do Consumo de Hidrofluorcarbonos (HFCs). O encontro ocorreu em formato presencial e online, com participação de representantes do setor produtivo, associações, consultores e especialistas.

A proposta apresentada integra o compromisso brasileiro com a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal. A Etapa I do Programa HFCs será implementada entre 2027 e 2032 e prevê ações para reduzir 7.289.768 t CO₂ equivalente, volume correspondente a 10% da linha de base nacional. As diretrizes discutidas tratam do consumo de HFCs por setores, da transição tecnológica e de medidas para apoiar a implementação multissetorial.

O evento teve abertura de Leonardo Cozac, ABRAVA; Thiago Rodrigues, Eletros; e Frank Amorim, MMA. Foram apresentados diagnósticos, projeções e ações regulatórias, incluindo limites máximos de GWP por tipo de equipamento, a proibição do uso de HFC-134a e R-410A na manufatura de equipamentos de refrigeração doméstica e ar condicionado residencial a partir de 2029, além da internalização de normas internacionais e atualização de etiquetagem de eficiência energética.

Frank Amorim, MMA, tratou do perfil de consumo de HFCs e projeções até 2035. Ana Paula Leal, PNUD, apresentou cenários de crescimento para refrigeração e ar condicionado, indicando que, sem ações, o consumo poderá chegar a 55 milhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2035, acima do limite de 51 milhões. Arcanjo Miguel Pacheco, IBAMA, esclareceu pontos sobre a instrução normativa referente à importação de HFCs e sobre o processo de consulta pública previsto para 2025.

Edgard Neto, PNUD, detalhou o plano setorial para refrigeração comercial leve, a conversão tecnológica em equipamentos de baixo GWP e projetos para o setor automotivo. Sérgia Oliveira e David Marcucci, UNIDO, abordaram iniciativas para refrigeração industrial e bombas de calor, incluindo sistemas modulares com amônia. Stefanie von Heinemann, GIZ, apresentou ações de capacitação, boas práticas e o futuro projeto de Qualificação, Certificação e Registro (QCR) de técnicos do subsetor de refrigeração comercial.

A audiência participou com perguntas e sugestões que poderão ser incorporadas ao documento atualmente em Consulta Pública. Contribuições à Estratégia da Etapa I do Programa HFCs poderão ser enviadas de 27 de novembro a 27 de dezembro de 2025 por cidadãos, empresas, entidades e especialistas.

SMACNA Brasil empossa diretoria para o ciclo 2025-2027

Entidade mantém foco em atuação institucional, formação técnica e aproximação do HVAC-R do cliente final

A SMACNA Brasil oficializou, em 26 de novembro, a diretoria responsável pela gestão 2025-2027. Assumiram José Alberto Poy, presidente; Romulo Pieroni, vice-presidente; Alexandre de Paula Lima, diretor tesoureiro; e Edson Alves, past president.

O jantar de posse, organizado por Selma Lima e Alex Amorim no NB Steak, em São Paulo (SP), reuniu representantes de Sindratar-SP, ABRAVA, Sindratar-RJ e ASHRAE Chapter Brasil, além de associados. Segundo a entidade, o encontro reforçou a integração entre empresas e organizações do HVAC-R.

A SMACNA Brasil destacou que, nos últimos seis anos, sob a liderança de Edson Alves, ampliou sinergias setoriais, aproximou o mercado do usuário final e expandiu o acesso a informações técnicas para contratação de sistemas. Também consolidou iniciativas voltadas ao desempenho energético e ao uso de tecnologias voltadas à sustentabilidade. Alves afirmou que encerra sua gestão com “sentimento de missão cumprida”.

Poy afirmou que a nova diretoria pretende ampliar a atuação institucional e intensificar a relação direta com o cliente final. Segundo ele, o objetivo é evidenciar as diferenças entre empresas associadas e não associadas, destacando padrões de engenharia, segurança, ética e formação contínua. Ele afirmou ainda que a gestão buscará fortalecer a credibilidade das empresas do grupo e demonstrar ao mercado o desempenho técnico que oferecem da contratação ao retrofit.

Durante o evento, Alves recebeu homenagem entregue por João Carlos Correa Silva, representante da gestão anterior.

A entidade informou que seguirá investindo na formação profissional por meio do Programa SMACNA de Educação Continuada em Tratamento de Ar e manterá iniciativas como o “Destaques do Ano SMACNA Brasil”, que reconhece obras com aplicação de melhores práticas de engenharia. A diretoria também declarou compromisso em ampliar a representatividade institucional e fortalecer parcerias estratégicas.

O novo olhar feminino que movimenta o HVAC-R pernambucano

Da venda de ar-condicionado ao comando da própria empresa, Julliane Gomes construiu uma trajetória marcada por propósito, coragem e sensibilidade, representando a nova geração feminina no setor

Tudo começou com uma jovem de 21 anos que vendia ar-condicionado em Recife (PE) e sonhava em ir além. Hoje, Julliane Gomes é referência no setor de HVAC-R e exemplo de como propósito e coragem podem mudar destinos. Natural de Escada (PE), ela saia todos os dias antes do sol nascer, enfrentando 75 quilômetros de estrada para chegar ao trabalho e à faculdade em Recife. Sem saber, cada quilômetro percorrido ajudava a construir a trajetória que a transformaria em empresária e empreendedora, inspirando muitas mulheres do setor de climatização em Pernambuco.

Aos 37 anos, ela é a CEO e fundadora da JG Engenharia & Climatização, formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Planejamento e Gestão Organizacional pela FCAP-UPE. “Iniciei minha trajetória na área de refrigeração e climatização em 2009 como vendedora em loja de ar-condicionado em Recife. Mesmo com a rotina intensa, me destaquei nas vendas, bati metas e realizei meus sonhos: Conquistar minha independência financeira, morar sozinha em Recife e comprar meu primeiro carro. Logo após, comecei a prestar consultoria para empresas do setor, conciliando o trabalho na Dufrio durante o dia e a consultoria à noite. Adquiri muito conhecimento com planejamento, oração e determinação, e em 12 de julho de 2013, meu maior sonho se realizou, fundei a JG Engenharia & Climatização. Comecei do zero, mas com o coração cheio de propósito. Desde o início, sempre digo que Deus é o meu sócio majoritário e que sem Ele e o total apoio da minha família nada teria acontecido”, comemora.

A vivência nas vendas deu a ela algo que nenhum curso ensina: empatia, humildade e respeito. “Os profissionais que conheci nessa fase foram essenciais. Quando abri minha empresa, muitos me estenderam a mão. Tenho uma relação de amizade e admiração que dura mais de uma década”.

Equilíbrio e propósito

No comando da empresa, Julliane faz questão de unir técnica, gestão e sensibilidade ao mesmo tempo, cultivando sua essência feminina. “Já amanheci o dia em obra, já dirigi 600 km com a equipe para executar serviços e comi marmita junto com todos. Isso me deu total conhecimento operacional. Sempre mantive o bom gosto, o salto, o perfume e o cuidado estético que me representam. E nunca deixei de sentar-se à mesa para discutir gestão e negócios em alto nível. Desde cedo, precisei ser PHD em equilíbrio entre a firmeza e a sensibilidade, entre o comando e o cuidado”.

Atuante no Comitê de Mulheres da ABRAVA e no movimento Elas no AVAC-R, para ela, a presença feminina trouxe novas perspectivas ao setor onde a união é fundamental. “As mulheres têm mostrado competência técnica, visão estratégica e um jeito único de liderar com empatia e inteligência emocional. Diversidade gera resultados reais e sustentáveis e esses espaços fortalecem o papel da mulher no setor. Quando uma mulher cresce, ela abre caminhos para outras também crescerem”.

No momento, ela prepara o livro “Elas no mercado predominantemente masculino”, que reunirá relatos e aprendizados para inspirar outras profissionais.

Fora do trabalho, valoriza o convívio com a família e os momentos de paz, desacelerando da rotina intensa. “Minha família é meu alicerce. O amor do meu sobrinho José Netto é meu combustível para seguir com alegria. Também decidi cuidar da mente, do corpo e da paz. A JG pessoa jurídica já teve o meu máximo, agora é tempo de viver plenamente a Ju pessoa física”, revela.

E para os profissionais do setor, ela deixa uma mensagem de propósito: “Não se compare, se prepare. O sucesso vem com propósito, humildade e fé. Quando Deus é o centro, o impossível se torna rotina”.

Um dos prazeres de Juliane é viajar e conhecer lugares e culturas diferentes

 

Futuro do HVAC-R une eficiência, sustentabilidade e ar mais saudável

Com foco em eficiência energética, uso de refrigerantes de baixo GWP e melhoria da qualidade do ar interno, o setor de HVAC-R no Brasil acelera sua transição para uma era mais sustentável

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À medida que o setor de HVAC-R no Brasil avança, as atenções se voltam para três pilares que definirão o futuro da climatização e refrigeração: eficiência energética, transição para refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP) e melhoria da qualidade do ar interno, e vem assumindo papel estratégico na agenda de sustentabilidade no país, além de representar participação significativa na produção industrial.

Representando cerca de 2,3% da produção industrial, nacional a eficiência energética é hoje uma das prioridades da política ambiental e industrial brasileira. O Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a organização internacional CLASP, promoveu em 14 de outubro último, o seminário “Brasil e a COP30: o papel da eficiência energética no setor HVAC-R”, que reuniu representantes do governo, entidades industriais e especialistas nacionais e internacionais.

Durante o encontro, foi lançado o Comitê de Acompanhamento do Projeto de Eficiência Energética como Instrumento de Política Industrial, iniciativa que reunirá representantes públicos e privados para sugerir ações que ampliem a competitividade e a sustentabilidade do setor. O grupo também será responsável pela elaboração de uma carta de compromisso com a eficiência energética, que poderá ser apresentada na COP30, em Belém (PA), este mês de novembro.

Para o MME, a cooperação entre ministérios, indústria e instituições de pesquisa é essencial para fortalecer a política energética brasileira e posicionar o país como referência global em inovação. O diretor do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética do MME, Leandro Andrade, destacou que o setor de HVAC-R representa cerca de 10% do consumo de energia elétrica do setor residencial no país, índice que evidencia o enorme potencial de economia e de crescimento.

Leandro Andrade destacou o papel da eficiência energética no setor HVAC-R durante seminário “Brasil e a COP30”

“A eficiência energética é o primeiro e mais imediato mecanismo de impacto para os sistemas HVAC-R. No Brasil, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou diretrizes específicas para aparelhos de ar-condicionado, estabelecendo novos índices mínimos de eficiência com metodologia baseada na norma ISO 16358-1, que permite diferenciar os equipamentos com tecnologia inverter, capazes de consumir até 30 % menos energia que os convencionais de rotação fixa. A eficiência energética usualmente é como se fosse o combustível mais barato, a alternativa energética mais econômica para o consumidor de energia. Ela pode reduzir a necessidade de novos investimentos em geração e transmissão de energia e trazer benefícios diretos ao consumidor, com redução na conta de luz, sem perder qualidade de vida. Num contexto de COP, reforçar a eficiência dentro da política industrial brasileira é essencial para alcançarmos a transição energética inclusiva que desejamos”, afirmou Andrade.

A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA) vem alertando sobre os desafios na implementação de alternativas de refrigerantes de baixo GWP, tecnologias com máxima eficiência e QAI, destacando questões como infraestrutura, custo, capacitação técnica e normas de segurança e fabricantes já se movimentam.

“Durante o evento “Brasil e a COP30”, foi assinado o termo com os SENAI Amazonas e Paraná, que farão o mapeamento de toda cadeia produtiva do HVAC-R na intenção de apresentar iniciativas que impulsionam a sustentabilidade e a inovação no país. Além disso, eu e Felipe Raats representaremos a ABRAVA no Comitê de Acompanhamento do Projeto Eficiência Energética no setor”, informa Thiago Pietrobon, Diretor de Meio Ambiente da ABRAVA.

Tanto para os grandes fabricantes quanto para instaladores, esse tripé: pressão regulatória + mercado + tecnologia, significa que os sistemas devem ser projetados com componentes de alta eficiência, controles inteligentes, manutenção rigorosa e integração digital (IoT/monitoramento). O resultado: menor consumo de energia, menores custos operacionais e menor emissões de CO‚  no ciclo de vida.

A Daikin divulgou que pretende duplicar a eficiência energética de seus equipamentos até 2030 e zerar as emissões de carbono em 2050. Em sua participação no seminário “Brasil e a COP30”, a empresa apresentou sua visão de sustentabilidade e o avanço tecnológico em equipamentos inverter e VRV.

“A promoção do inverter e o desenvolvimento do VRV foram fundamentais para o salto tecnológico que resultou em equipamentos mais eficientes. Em cada COP, a Daikin buscar trazer novas ideias e aplicações com o objetivo de reduzir sua pegada de carbono e transformar o setor. Na COP30, o foco será em soluções para descarbonização de edificações e combate ao overcooling (arrefecimento excessivo)”, enfatiza João Aureliano, Gerente Sênior de Engenharia de Produto da Daikin.

Já a Hitachi, teve projeto pelo retrofit do Condomínio Edifício Villa Lobos com a substituição de chillers, infraestrutura elétrica e hidráulica que resultou em redução de consumo de energia elétrica de cerca de 20% e água em 25%. O retrofit substituiu a Central de Água Gelada (CAG), condicionadores de ar, infraestrutura elétrica e hidráulica, além da instalação das seis unidades resfriadoras de água gelada com Chiller Parafuso com Condensação a Ar de capacidade 140 TR cada, totalizando 840 TR.

Transição para refrigerantes de baixo GWP

O segundo grande vetor é a transição para refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global (GWP). No Brasil, esse movimento é impulsionado tanto por compromissos internacionais como a Protocolo de Kigali (sobre HFCs), quanto por iniciativas setoriais. A Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ASBRAV), por exemplo, publicou recentemente um alerta sobre “Desafios na implementação de refrigerantes de baixo GWP no Brasil”, mencionando barreiras como infraestrutura, custo e capacitação técnica.

“Globalmente, a indústria de HVAC-R é incentivada a diminuir o uso de refrigerantes tradicionais devido ao seu alto GWP, que contribui significativamente para o aquecimento global. O Protocolo de Kigali, uma emenda ao Protocolo de Montreal, exige uma redução substancial na utilização destes gases até 2030. Para o Brasil, a adesão a este protocolo significa necessidades urgentes de adaptação às novas normativas internacionais que promovem um mercado mais sustentável. A transição para refrigerantes de baixo GWP no Brasil é inevitável e essencial para alinhar o país com objetivos globais de sustentabilidade. Enquanto os desafios são consideráveis, as oportunidades para inovar e liderar em eficiência energética e redução de emissões são vastas. Com o apoio governamental adequado através de incentivos fiscais e programas de financiamento, juntamente com um ambiente regulatório claro e estável, o Brasil pode superar esses obstáculos e estabelecer um novo padrão em sustentabilidade ambiental no setor de HVAC-R”, comenta Mario Henrique Canale, presidente da ASBRAV.

No setor industrial, as fabricantes já lideram esse movimento. A Daikin iniciou em Manaus a produção de equipamentos que utilizam o R-32, fluido com GWP até 68% menor que o R-410A. A Midea também investe em linhas com R-32 e em projetos que testam o uso do R-290 (propano), considerado uma solução natural e de baixíssimo impacto ambiental. Já a Copeland oferece compressores e sistemas compatíveis com refrigerantes A2L, CO2‚  (R-744) e R-290, desenvolvidos para aplicações comerciais e industriais de alta eficiência.

Esses avanços colocam o Brasil em sintonia com os compromissos do Protocolo de Kigali, que prevê a redução gradual dos HFCs. No entanto, para consolidar a transição, é indispensável investir na capacitação de técnicos e instaladores, pois o manuseio de novos gases requer normas de segurança, ferramentas específicas e procedimentos de comissionamento adequados.

Grandes fabricantes já oferecem sistemas compatíveis com refrigerantes A2L, CO2‚ (R-744) e R-290, desenvolvidos para aplicações comerciais e industriais


Qualidade do ar interno e saúde

A pandemia reforçou a importância da qualidade do ar interno (QAI) como fator de saúde pública e produtividade. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a ABRAVA têm enfatizado que a QAI deve integrar políticas ambientais e de edificações sustentáveis. Segundo dados da ABRAVA, em ambientes fechados onde passamos cerca de 90% do tempo, a poluição interna pode ser 2 a 5 vezes maior do que a externa. Isso reforça o papel crítico de projetistas, instaladores e técnicos em garantir sistemas bem dimensionados e limpos, com ventilação adequada, filtragem eficiente, controle de umidade, troca de ar e manutenção periódica.

Até recentemente, a Resolução RE 09/2003 da ANVISA era o principal documento que definia padrões referenciais de QAI no país. Contudo, ela foi substituída pela nova ABNT NBR 17.037:2023, que modernizou e ampliou os critérios de avaliação. A norma estabelece parâmetros para contaminantes biológicos, químicos e físicos, além de condições térmicas ideais e taxas mínimas de renovação de ar.

“A publicação dessa norma representa um avanço importante, pois substitui padrões antigos e alinha o Brasil às práticas internacionais de controle de qualidade do ar. A NBR 17.037 dialoga com outras referências, como a NBR 16.401-3, voltada ao projeto e manutenção de sistemas de ar-condicionado central e unitário, e as normas ASHRAE 62.1 e 55, que orientam o conforto térmico e a ventilação adequada em edifícios. Além disso, em 2024 foi sancionada a Lei nº 14.850, que institui a Política Nacional de Qualidade do Ar. Embora voltada principalmente ao ar externo, a legislação reforça a necessidade de monitoramento, divulgação de dados e integração de políticas públicas, o que influencia diretamente os esforços pela melhoria da QAI”, diz Leonardo Cozac, Presidente da ABRAVA.

Essas mudanças normativas refletem uma nova mentalidade no setor HVAC-R. Hoje, não basta climatizar, é preciso purificar, ventilar e monitorar o ar que se respira. Essa evolução tecnológica e regulatória vem acompanhada de desafios, como o custo das medições e adequações, a necessidade de atualização profissional e a substituição de equipamentos antigos por sistemas mais eficientes.

A LG, por exemplo, em sua plataforma de soluções, afirma adotar uma abordagem “digital e ecologicamente correta” e aponta que suas soluções ajudam a “garantir ambientes mais seguros e saudáveis”, com filtros de alta eficiência, monitoramento de qualidade do ar e ventilação térmica otimizada.


Desafios de instaladores e técnicos

Mesmo com equipamentos de ponta e fluidos de baixo impacto, se a instalação for inadequada, a manutenção negligente ou os controles inexistentes, o ganho se perde. Entre os desafios destacados estão:

– Capacitação técnica para os novos refrigerantes (manuseio, instalação, segurança) e para manutenção de sistemas inverter e de vazamento reduzido.

– Necessidade de projetos bem dimensionados e execução com qualidade (tubulação, isolantes térmicos, carga correta, comissionamento).

– Manutenção periódica que garanta desempenho real, qualidade do ar e vida útil dos equipamentos.

– Conscientização dos usuários finais para optar por soluções de maior eficiência, ainda que com investimento maior.

– Alinhamento regulatório, incentivos fiscais ou programas de apoio para acelerar a substituição de sistemas obsoletos, inclusive em edificações públicas ou industriais.

Projetos-piloto para reciclagem de fluidos

Recigases propõe a instrutores do PBH iniciativas para recolhimento e destinação correta de refrigerantes

Filipe Colaço, diretor da Recigases e presidente do Departamento Nacional de Meio Ambiente da Abrava, apresentou aos instrutores do Programa Brasileiro de Hidrocarbonetos (PBH) a proposta de criação de projetos-piloto de reciclagem e regeneração de fluidos refrigerantes em escolas técnicas parceiras. A iniciativa foi anunciada durante palestra no Encontro Nacional 2025 do PBH – Treinamento Sênior em Fluidos Naturais, realizado entre 20 e 31 de outubro na Firjan-Senai-Benfica, no Rio de Janeiro, que reuniu 39 instrutores e três professores-especialistas.

Segundo Colaço, a Recigases pretende desenvolver, em conjunto com cada escola, um projeto-piloto que inclui a disponibilização gratuita de alguns cilindros para coleta de fluidos. O objetivo é incentivar o recolhimento e o encaminhamento dos refrigerantes para destinação adequada.

O diretor afirma que a proposta busca responder a uma dúvida recorrente no setor — o destino dos fluidos recolhidos. Ao provocar os instrutores a aderirem ao piloto, Colaço ressaltou que cada professor do PBH poderá construir sua própria solução ao encaminhar os materiais para a Recigases, contribuindo para a estruturação de práticas de tratamento e descarte no país.