Soldas: unidas de fato à indústria de refrigeração
Importante aliado da indústria de refrigeração, segmento de soldas volta seus esforços para atender à crescente demanda por produtos econômicos, versáteis e que não agridam o meio ambiente.
Exemplo disso são as soluções desenvolvidas pela Brastak, cujo portfolio inclui a linha de solda prata para junção de tubos de aço; ligas de foscoper e silfoscoper para cobre e o Alumiflux, com a versatilidade de se adequar tanto à união entre materiais de alumínio quanto à liga alumínio – cobre.
Para o gerente de vendas de aplicação da empresa, Anderson Fernandes, o aspecto ambiental desponta como importante diferencial competitivo. “Temos tecnologia para produzir foscoper e silfoscoper trefilado, o que nos permitiu eliminar o banho de prata, altamente tóxico e agressivo ao meio ambiente”, revela o profissional.
Outro trunfo considerável da empresa: em 1º de outubro último, a Lincoln Eletric Holdings adquiriu 90% do controle da Brastak, que fará parte da The Harris Products Group, sediada em Ohio (USA).
“Com essa nova composição, vamos permitir ao mercado nacional mais acesso a novos produtos e tecnologias inovadoras. Isso possibilitará uma melhora na qualidade de nosso atendimento”, completa Fernandes.
Outra empresa do segmento, a BrasWeld fabrica toda a linha de decapantes (fluxos) para prata, foscooper, alumínio e estanho, que podem ser aplicados às indústrias de refrigeração, eletroeletrônica, fabricantes de transformadores, painéis solares e bijuterias.
De acordo com seu diretor técnico, Alfonso Romero, “o diferencial da empresa está nos produtos com patentes próprias e na pontualidade da entrega”.
Mercado Variável
Apesar dos recursos tecnológicos de ponta e das parcerias que tem desenvolvido, o setor de soldas se divide com relação ao desempenho dos próximos meses.
A Brastak, por exemplo, identifica um mercado em ascensão, andando lado a lado com a refrigeração. “O setor registrou um forte crescimento em 2007, o que também representa expansão para as soldas. Nós, por exemplo, registramos um crescimento de 28%, e tudo indica que essa tendência persistirá”, prevê o tecnólogo em soldagem.
O diretor técnico da BrasWeld discorda ponderando que o cenário já foi mais animador. “A economia mundial está desestabilizada e isso vem afetando e desaquecendo as vendas. O Brasil deveria divulgar mais sua tecnologia”, explica Romero.
Segundo ele, hoje há a necessidade de estabilizar a curva de faturamento, por isso a empresa está traçando planos para exportar mais para países como Portugal e Colômbia, além de prospectar novos mercados, como a Índia.
De mãos dadas com a sustentabilidade
Mas, quando o assunto é meio ambiente, as empresas demonstram uma visão mais coesa com relação ao momento atual, devido ao empenho generalizado em mostrar aos clientes que essa não é só uma preocupação pontual, mas sim uma verdadeira referência na indústria.
Dentre as ações encampadas pelas indústrias, estão a adequação de materiais, certificações e projetos sociais.
Um claro exemplo disso é dado pela BrasWeld, que atua no mercado de soldas há sete anos, e está estudando formas para a neutralização de produtos ácidos sem alterar sua qualidade, além de procurar utilizar matérias-primas menos agressivas, com a utilização de produtos estabilizantes light.
Signatária do Programa de Atuação Responsável, que congrega as empresas associadas à ABIQUIM (Associação Brasileira das Indústrias Químicas), a Umicore vê no comprometimento ambiental e social um ingrediente importante para o seu sucesso.
Regularmente, essa empresa desenvolvedora de soldas especiais para a indústria de refrigeração, a partir de metais preciosos, apresenta à entidade a implementação dos códigos e práticas gerenciais relacionadas à proteção ambiental, transporte, distribuição, saúde e segurança do trabalhador e dos processos.
Na mesma linha, Anderson Fernandes, da Brastak, aponta o pioneirismo de sua empresa no que se refere à preservação ambiental. “Fomos a primeira fornecedora de solda brasileira a obter a certificação de seu Sistema de Gestão Ambiental conforme Norma ISO 14001”, ressalta, destacando também a importância da eliminação do banho de prata nas varetas foscoper, “processo cuja única função é melhorar o aspecto visual”, complementa.
Já a empresa cuja especialidade no mercado de soldas são os maçaricos, a Milano Técnica chama a atenção para as práticas dos próprios cidadãos. “No Brasil, fala-se muito em meio ambiente, recolhimento de gás e efeito estufa. Discute-se um monte de problemas que estamos enfrentando, mas a solução não está só nos equipamentos e empresários, mas sim na consciência do brasileiro”, aponta o diretor técnico, Ricardo Liutkus, ao comentar a dificuldade de inserir no mercado produtos comprometidos com a sustentabilidade, por terem custos mais elevados do que os demais.
Alumínio é tendência
Para a Brastak, a brasagem do alumínio vem com força total para tomar espaço do cobre, estimulada principalmente por seu custo alto no mercado.
“Estamos nos preparando para uma mudança na base de materiais, que além do Alumiflux, contará com o Zincalux, ambos com ligas especiais, com temperaturas de trabalho a 582ºC e a 430ºC, respectivamente”, exemplifica seu gerente de vendas de aplicação. Para ele, essas duas opções atendem às necessidades dos clientes, “pois possuem fluxo interno não corrosivo, o que elimina a necessidade de limpeza posterior e não apresentam decomposição no contato com gases refrigerantes”, acrescenta.
Reconhecendo que o alumínio é um metal difícil de ser soldado, por formarem óxidos na superfície quando estão em contato com calor, a BrasWeld está lançando no mercado uma solda decapante, Alutin, que rompe essa oxidação e permite unir o alumínio a outros metais como cobre, alumínio, latão e aço inox.
Ainda no campo das novidades, a Milano Técnica aposta em sua linha de maçaricos para dar continuidade a seus quinze anos de trabalho em território nacional. “Existem vários modelos de maçaricos portáteis no mercado, porém nenhum alcança temperaturas tão altas como o Turbo Set 90, que atinge 3050ºC e pesa apenas quatro quilos”, destaca seu diretor técnico, Ricardo Liutkus, revelando que a procura por esse equipamento vem aumentando significativamente nos últimos três anos.
Para diversos especialistas, a crise financeira pode provocar recessão na indústria, porém essa previsão não tem assustado alguns fabricantes, que vislumbram para este ano uma expansão maior que a de 2007.
A Milano, por exemplo, espera fechar 2008 com crescimento de 30%. “Com toda essa crise, ainda acredito na melhora das vendas devido à chegada do verão, mas com relação a investimentos não estou muito otimista”, salienta Ricardo, que acompanha a empresa desde sua fundação e acumula vinte anos de experiência no setor.