Setor de refrigeração participa de workshop em SP sobre uso de propano como fluido frigorífico

O evento foi organizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela Organização das Nações Unidas para Desenvolvimento Industrial (UNIDO) no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH).

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Empresários e técnicos do setor de refrigeração comercial se reuniram em São Paulo (SP) na quinta-feira (14) para debater a utilização do propano R-290 como fluido frigorífico em equipamentos de refrigeração.

O evento foi organizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela Organização das Nações Unidas para Desenvolvimento Industrial (UNIDO) no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH).

Este foi o primeiro de um ciclo de três eventos que estão sendo organizados para apresentar as alternativas de substituição do gás HCFC-22 no setor de refrigeração comercial. Novos eventos serão realizados para debater a utilização do CO2 e dos HFOs e suas misturas.

O encontro teve palestras de três engenheiros mecânicos, especialistas em refrigeração e ar condicionados, que abordaram os diferentes aspectos técnicos relacionados ao tema, e de um representante do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Major Crespo, que finalizou o dia com a apresentação do panorama regulatório de segurança contra incêndio aplicado no estado.

O professor da Universidade de Uberlândia Enio Bandarra ressaltou a necessidade de se promover o desenvolvimento tecnológico nacional relacionado à novas tecnologias de refrigeração.

“É extremamente importante o que está sendo feito (…), a oportunidade para gerar tecnologia nacional, para que isso seja aplicado aqui. Essa é uma oportunidade muito boa para as empresas se dedicarem a melhorar a parte tecnológica e para estarem sempre atualizadas nesse tema”, ressaltou o professor durante o workshop.

Uso do R-290 como fluido frigorífico

Bandarra ressaltou que a partir de 2010, uma nova corrida de desenvolvimento tecnológico foi lançada, principalmente para tentar alternativas a esses Hidrofluorcarbonos (HFCs).

“Então, as indústrias químicas (…) desenvolveram os chamados HFOs (…) e voltamos a estudar os chamados fluidos naturais: CO2, amônia e hidrocarbonetos, que são fluidos que não agridem a camada de ozônio”, explicou.

Antes da escolha do fluido natural alternativo para sistemas de refrigeração, há a necessidade de se compreender as peculiaridades de cada um dos fluidos para que sejam utilizados com segurança.

Nesse sentido, o engenheiro David Marcucci, doutorando da Universidade Federal de Uberlândia, relatou as normas e princípios nacionais e internacionais de segurança para a utilização do R-290 e para o desenvolvimento seguro de equipamentos.

O especialista em refrigeração da UNIDO, Edgard Soares, apresentou as especificações de segurança para os locais de armazenamento, fabricação e transporte de equipamentos que fazem uso do propano, entre outros aspectos.

Segundo ele, é muito importante realizar uma avaliação criteriosa do local onde o propano será armazenado e manuseado. O especialista destacou a importância da manutenção dos equipamentos, da adoção de medidas de segurança e o treinamento dos funcionários para o manuseio do propano.

Como um aspecto muito relevante do uso do R-290 como fluido frigorífico, foram apresentados resultados de testes de eficiência energética e procedimentos de otimização de sistemas de refrigeração com a utilização do gás.

Aplicação prática do R-290 como fluido refrigerante

Durante o evento, foi apresentado o primeiro protótipo de um resfriador de bebidas utilizando o R-290 no Brasil, com tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia, com apoio técnico da UNIDO.

Foi ressaltado não só a eficiência e a segurança do equipamento, mas também seu menor custo de produção, se comparado com as tecnologias atuais para o mesmo seguimento.

Este dia de evento foi entendido como uma oportunidade de conscientização dos participantes com relação ao uso do R-290 como fluido alternativo aos HCFCs e, em especial, sobre a necessidade de capacitação técnica e estrutural para a utilização segura e responsável desse fluido.

Segundo a gerente de projetos da UNIDO, Sérgia Oliveira, serão realizados mais dois eventos nos próximos meses que apresentarão separadamente os aspectos de uso do dióxido de carbono e dos HFOs como fluidos frigoríficos.

Todos esses eventos visam promover, em parceria com o setor privado, a utilização dos fluidos alternativos aos HCFCs de forma segura em ambientes comerciais e ainda agregar melhorias à qualidade ambiental com a proteção da camada de ozônio, conforme preconiza o Protocolo de Montreal.

De acordo com a UNIDO, o debate sobre o uso de fluidos frigoríficos alternativos, proporcionada pela necessidade de o país de atender a compromissos do Protocolo de Montreal, tem como efeito positivo a inserção da indústria de refrigeração comercial brasileira em discussões sobre o que se tem de mais atual em termos de tecnologia.

Um exemplo concreto é o resfriador de bebidas que utiliza o R-290 como fluido frigorífico, apresentado no workshop e completamente desenvolvido por especialistas nacionais, com a participação ativa dos técnicos da empresa que aceitou participar do desafio.

Fonte: ONU/Brasil