Projeto fortalece regeneração de gases usados na refrigeração

Para gerenciar o uso de gases contaminados e nocivos à camada de ozônio em aparelhos de refrigeração, centros de regeneração e armazenagem (CRAs) estão sendo beneficiados em diferentes regiões do país.

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A medida se dá no âmbito do Projeto de Gerenciamento e Destinação Final de SDOs, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e executado pelo PNUD.

Os centros que têm apoio dessa iniciativa funcionam em empresas como a EcoSuporte, em Americana (SP), a Recigases, no Rio de Janeiro, e a Frigelar, em Osasco (SP).

No momento, os laboratórios desses espaços estão recebendo um equipamento capaz de avaliar a pureza de gases contaminados que passam pelo processo de regeneração.

De maneira eficaz, o cromatógrafo gasoso atesta a qualidade das substâncias regeneradas nos CRAs e avalia se o material foi, efetivamente, regenerado.

Quando o fluido regenerado é aprovado nesse teste, ele pode voltar a ser comercializado como gás puro e de uso seguro nos equipamentos dos clientes.Entre as substâncias que estão sendo regeneradas e testadas nos centros, estão os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), encontrados em refrigeradores e outros equipamentos.

Os HCFCs integram a lista de substâncias controladas pelo Protocolo de Montreal, por destruir a camada de ozônio, que filtra os raios ultravioletas nocivos aos seres vivos.

Óleo, umidade e impurezas estão entre os contaminantes encontrados nos gases que perdem a capacidade de uso. Esse material é recolhido, por exemplo, em segmentos como os de supermercados, que os usam em expositores frigoríficos de alimentos.

Após a chegada aos CRAs, eles passam pela regeneração em processo específico e, após a avaliação de pureza no laboratório, podem ser comercializados novamente.

Segurança

O centro de regeneração e armazenagem de Americana (SP) recebeu o cromatógrafo recentemente e já iniciou os testes dos gases regenerados. O laboratório do espaço contém outros equipamentos necessários para o processo analítico, também fornecidos pelo projeto.

O diretor da EcoSuporte, Thiago Pietrobon, destaca a importância das atividades desenvolvidas no laboratório para a regeneração dos gases que agridem a camada de ozônio.

“O CRA veio para agregar mais valor ao trabalho realizado porque, agora, a gente consegue avaliar todo o gás regenerado, tendo a garantia de que ele volte para o mercado com toda a segurança para a utilização”, avalia.Os investimentos no laboratório, segundo ele, também ampliaram a lista de atividades possíveis.

“Hoje, a gente consegue monitorar cada um dos passos do processo de regeneração de uma forma mais eficiente e mais econômica, além de desenvolver novas técnicas e novas oportunidades de negócios, agregando a qualidade do serviço à proteção da camada de ozônio e ao combate ao aquecimento global”, acrescenta.

Confiança

Situada no Rio de Janeiro, a Recigases também é um CRA apoiado pelo projeto. O diretor da empresa, Filipe Colaço, destaca a confiança no processo desenvolvido com o uso do cromatógrafo.

“A regeneração só acontece quando você tem uma capacidade de analisar que aquele gás ficou dentro dos padrões de fábrica e de performance original”, explica. “É preciso atestar e garantir a qualidade da regeneração do gás que você está recolocando no mercado”, acrescenta.

O trabalho realizado pelo centro, segundo Colaço, gera benefícios econômicos para os segmentos que fazem uso desses gases em seus processos produtivos. Para ele, a comercialização após a regeneração torna-se mais atrativa e não envolve custos como as taxas de importação que incidem sobre os preços do gás novo.

O diretor do CRA ressalta, ainda, os benefícios do trabalho para a proteção da camada de ozônio uma vez que o processo incentiva as empresas a destinar o gás contaminado para a regeneração e, assim, reduz a demanda por gás novo. “São dois efeitos: a gente deixa de jogar um gás perfeitamente reutilizável fora e desestimula a fabricação de gás novo desnecessariamente”, explica.

Eficiência

Em Osasco, o CRA da Frigelar também recebeu o cromatógrafo e passou pelo treinamento para o uso do aparelho. O gerente da Divisão de Fluido Refrigerante da empresa, Carlos Logli, ressalta a eficiência do equipamento para a avaliação dos gases regenerados.

“Um dos grandes problemas eram os fluidos de baixa qualidade. Agora, a gente pode certificar que o produto tem procedência e qualidade na pureza, que é um dos fatores principais para termos um produto adequado ao mercado”, afirma.

O apoio do projeto à montagem do laboratório foi classificado por Logli como extremamente positivo por propiciar mecanismos de certificação do trabalho do CRA.

“O projeto é fundamental para dar uma consistência e mostrar para o cliente final que ele está comprando um produto de qualidade”, destaca.

Saiba mais

Os CRAs foram estabelecidos por meio de seleção realizada, em 2016, no âmbito do projeto. De acordo com a assessora técnica do PNUD Raquel Rocha, além de recuperar gases contaminados, os centros funcionam como gerenciadores desses resíduos, já que armazenam os fluidos que não são passíveis de regeneração e devem ser encaminhados para a destinação final.

O gerenciamento e a destinação final de SDOs devem ser compartilhados por todos os agentes envolvidos com o ciclo de vida do produto, conforme o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. “Essa cadeia envolve fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes, consumidores e outros. É responsabilidade de todos proteger o meio ambiente”, explica Rocha.

As atividades dos CRAs incluem, além da regeneração e reciclagem de fluidos, a identificação dos fluidos, o armazenamento temporário das SDOs e a destinação final, em locais ambientalmente adequados.O projeto já contribuiu com o aumento de capacidade de armazenamento dos CRAs e o fornecimento de todos os equipamentos analíticos, reagentes e vidrarias para laboratório, para a realização de análises conforme a AHRI 700 (norma de qualidade para fluidos de refrigeração).

Em breve, realizará a logística necessária para o transporte dos resíduos inventariados pelo projeto, armazenados em cada CRA, para uma unidade de incineração, onde ocorrerá a destinação final adequada dos fluidos não passíveis de regeneração.