O que esperar de 2012?
Um ano que já nasce em meio à incerteza trazida pela crise econômica européia, com até profecia maia falando no fim do mundo, certamente tem bons ingredientes para ser emocionante. Mas para os negócios esperam-se melhores resultados do que os obtidos em 2011 e, quem sabe, algo que até faça lembrar o retumbante 2010.
Basicamente, este é o cenário vislumbrado pelo HVAC-R, segundo prevêem os presidentes de quatro entidades representativas do setor. Tal otimismo baseia-se na experiência de cada um deles e em projeções bem abalizadas, que nada têm a ver com adivinhações.
Um dos bons augúrios para 2012, sem dúvida, reside no fato de a iniciativa privada e o poder público tenderem a elevar seus investimentos em infraestrutura, com a aproximação da Copa do Mundo. Bilhões de reais deverão ser injetados na reforma e construção de estádios de futebol, hotéis, vias urbanas, linhas de metrô, entre outros empreendimentos.
“Por conta desses recursos, estimamos que 2012 tenha uma performance ligeiramente superior à registrada em 2011”, afirma o engenheiro Samoel Vieira de Souza, presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), entidade que congrega 15 segmentos relacionados ao HVAC-R.
Segundo o dirigente, este ano está inserido no ciclo virtuoso que o País vem desfrutando desde sua escolha também para sediar os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. “Apostamos nossas fichas no crescimento da cadeia produtiva do frio”, enfatiza.
Este pensamento positivo é compartilhado pelo presidente da Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav), Luiz Afonso Dias, que acredita na continuidade dos investimentos na construção civil, visto o elevado número de obras de infraestrutura que estão sendo erguidas.
“Até a chegada dos grandes eventos esportivos, o HVAC-R terá muita demanda. Neste meio tempo, as metas da nossa entidade incluem intensificar a qualificação profissional e empresarial e sensibilizar as empresas para os aspectos associativos, pois juntos poderemos desenvolver diversas ações construtivas, melhorando o desempenho e a importância do setor para a sociedade”, pondera.
Ao compreender a dimensão que os negócios tomarão nos próximos anos no Brasil, a reboque do desenvolvimento obtido por meio de uma economia estável, a Associação Nacional de Profissionais de Refrigeração e Ar-Condicionado (Anprac) também se diz otimista. E prosseguirá firme em sua proposta de incentivar a adoção, no mercado, de boas práticas da engenharia térmica, aspecto de suma importância na concepção de novos sistemas e equipamentos.
“Para este ano estão previstos diversos eventos, como um abrangente congresso internacional sobre comissionamento, que está sendo formatado para o segundo semestre, no qual certamente mostraremos nossa importância para a sociedade”, explica o presidente da entidade, Carlos Eduardo Trombini.
COM O PÉ ATRÁS
Embora espere um ano melhor em relação a 2011, o presidente do Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar), José Rogelio Miguel Medela, não se revela tão otimista.
Tal percepção do dirigente sindical apóia-se no atual contexto da economia mundial e na falta de perspectivas positivas para os Estados Unidos e a União Europeia resolverem seus problemas no curto e no médio prazo.
“Ao analisar todos esses aspectos chegamos à conclusão de que 2012 será bastante difícil, em razão da conjuntura mundial, que está dificultando ainda mais a competição com os produtos importados, visto que o País passou a ser um chamariz para substituir os mercados em declínio”, comenta o engenheiro.
Medela argumenta ainda que a participação da indústria no PIB e na balança comercial prosseguirá decrescente, em razão da continuidade da guerra fiscal e da própria crise financeira lá fora. “Mesmo com esse quadro, dificilmente ocorrerá qualquer tipo de racionalidade nas áreas ainda tributária e burocrática”, lamenta.
O presidente do Sindratar-SP ressalta ainda que a entidade continuará a desenvolver ações em prol do mercado, seja na divulgação do setor, seja facilitando às empresas a exposição mais abrangente de seus produtos.
“Em um ano que pode ser mais complicado, devemos nos unir com maior intensidade ainda — sindicatos e associações — em defesa de nossa categoria, do mercado e da indústria”, afirma Medela, que também atua como diretor dos departamentos de Meio Ambiente, Central de Serviços e Assuntos Governamentais da Fiesp.