Neve artificial viabiliza Olimpíadas de Inverno em Pequim
Se você está assistindo à edição chinesa dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno, você provavelmente está vendo grandes montanhas verdes e marrons ao redor de Pequim com corredores espetaculares com mais de 1,2 milhão de toneladas cúbicas de neve artificial.
A produção de neve nas Olimpíadas, porém, não é novidade, ocorrendo pela primeira vez em 1980, quando o céu teimoso sobre Lake Placid, nos EUA, levou os organizadores a despejarem caminhões de flocos de neve fake sobre trilhas de esqui cross-country sem nenhuma quantidade de neve natural.
E graças em parte às mudanças climáticas, a prática se tornou cada vez mais necessária, com a subtropical Sochi, na Rússia, usando cerca de 80% de neve artificial em 2014 e a árida PyeongChang, na Coreia do Sul, chegando a 90% quatro anos depois.
Agora, Pequim, onde praticamente não existe neve natural, é primeira sede olímpica a utilizar 100% de neve artificial nas arenas de biatlo, cross-country, freestyle, salto de esqui, snowboard e outros esportes do gênero.
Só na pista de Yanqing, 170 canhões com ventiladores e 30 unidades de lançamento sem ventoinhas trabalham 24 horas por dia pulverizando névoa de água – proveniente de um reservatório próximo e pressurizada através de várias estações de bombeamento – que cristaliza em neve em sua descida pelo ar frio.
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Mas, afinal de contas, qual é a diferença entre a neve natural e a artificial?
Segundo especialistas em ciências atmosféricas, a água borrifada pelos canhões de neve não forma cristais de gelo como nas nuvens.
Basicamente, esses equipamentos, que demandam grandes quantidades de água e eletricidade para funcionar, congelam gotículas de água rapidamente, formando cristais pequenos que se parecem com a neve natural.
A olho nu, ela é branca, além de um pouco mais densa e gelada. Os atletas, em geral, amam a neve fake, pois ela é uniforme, firme e consistente, ou seja, possui condições ideais para ser “cortada” rapidamente por esquis e pranchas com bordas afiadas.
Além disso, há menos preocupações com a má visibilidade de uma tempestade de neve real e menos sulcos profundos se formam na neve à medida que os corredores passam pela pista.
Mas a neve artificial, por ser mais dura, pode significar aterrissagens mais difíceis após saltos fracassados, dizem os cientistas. Isso tem sido um problema para os esquiadores nórdicos, uma vez que eles não costumam usar esquis com bordas afiadas.
De qualquer maneira, o que vem ocorrendo em Pequim é uma tendência. “À medida que o clima esquenta e mais dessas áreas montanhosas veem uma fração maior de chuva em relação à neve nas tempestades de inverno, as pessoas vão começar a realmente sentir falta da queda de neve natural”, diz Peter Veals, professor na Universidade de Utah.
Segundo o especialista, a neve artificial mais fofa e com sensação mais natural já é feita em laboratórios, mas o desafio é ampliar esse processo para atender às necessidades das pistas de esqui. Veals está trabalhando para solucionar isso por meio de uma startup fundada por ele.