Governo quer aparelhos de ar-condicionado mais econômicos

A fim de baixar o consumo de eletricidade, o Ministério de Minas e Energia (MME) pretende cobrar dos fabricantes maior eficiência energética dos aparelhos de ar condicionado no País. A medida não teve ter efeitos práticos em curto prazo, conforme análises de especialistas do setor.

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A ideia de regulamentação ainda está recebendo sugestões em audiência pública virtual. Interessados devem ir ao site. No menu à direita, clicar em Consultas públicas e, depois, procurar a de número 40. Por três meses, a pasta colherá informações para melhorar a performance de condicionadores.

A ideia é tornar os aparelhos mais eficientes – ou seja, fazendo as mesmas funções, mas com menor consumo.

A regularização ainda é desdobramento do recente debate no Governo sobre o fim do horário de verão. Estudo do ministério aponta que a economia com a hora adiantada nos meses mais quentes do ano se dilui com a alta no gasto de energia, puxada pela popularização dos aparelhos de ar condicionado. Esse foi um dos argumentos para não se adotar a mudança no sistema neste ano.

Caso as exigências sejam aprovadas, fabricantes apontam que dois em cada cinco modelos seriam retirados do mercado por estarem fora das possíveis novas especificações.

Especialistas, no entanto, acreditam que a medida ainda é tímida em relação a parâmetros de outros países e à tecnologia adotada pelos fabricantes nacionais.

 

O que mudaria

Em reunião realizada no final de agosto passado, o Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética (CGIEE), do MME, sugeriu aos fabricantes que promovessem a redução do consumo por aparelhos de ar condicionado. A proposta é retirar do mercado, em até dois anos, os produtos que não estiveram dentro da nova especificação.

O órgão propôs a elevação do índice mínimo exigido dos modelos split, que concentram 80% do aparelhos vendidos no País. Atualmente, um condicionador de ar desse tipo precisa ter um coeficiente de eficiência energética (CEE) de, pelo menos, 2,6 para ser comercializado no País.

A ideia é elevar o CEE para 2,81 e, depois, 3,02, em etapas diferentes para fabricantes, atacadistas e varejistas do setor. “Quanto maior esse índice, menor é o consumo do aparelho”, explica o coordenador do curso de Engenharia Elétrica do campus Santos da Universidade Paulista (Unip), Cássio Eduardo Pereira Magalhães.

Ele considera a proposta “tímida”, por estar abaixo dos parâmetros mínimos exigidos em países como México, China e Índia – nações que aprovaram recentemente regras mais rígidas para o consumo de energia por ar-condicionado.

“Embora bem-vindas, as mudanças propostas não terão efeito imediato. Só serão sentidas nos reservatórios (das hidrelétricas) a longo prazo, com a troca dos aparelhos atuais e do parque de máquinas existente”, resume.

Para o especialista, alternativas mais simples podem ser adotadas em tempo curso para reduzir a sobrecarga do setor. Ele cita a adoção de redes inteligentes de distribuição, que realizam em tempo integral leituras do consumo de energia. Isso possibilitaria uma planejamento mais eficiente na produção e na distribuição de eletricidade. “A empresa pode, ainda, desligar o aparelho que apresenta consumo fora da normalidade”, explica.

Magalhães cita, ainda, a necessidade de modernizar as indústrias ligadas ao setor produtivo. O entrave também foi citado pelo presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Arnaldo Basile. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirmou que os fabricantes terceirizados nacionais não produzem peças tão funcionais quanto as peças importadas.

Fonte: A Tribuna