Excesso de gelo nas asas pode comprometer segurança de voo em aeronaves
O acidente com o ATR-72 da Voepass, ocorrido na sexta-feira (9) em Vinhedo, São Paulo, levantou discussões sobre os riscos associados ao acúmulo de gelo nas asas de aeronaves, especialmente em modelos que operam em altitudes mais baixas. Embora as investigações sobre a causa do acidente ainda estejam em fase inicial, especialistas apontam que as condições climáticas da região, que incluíam relatos de formação de “gelo severo”, podem ter contribuído para o incidente.
Os sistemas antigelo, presentes em aviões comerciais, são projetados para inflar e quebrar as camadas de gelo que se acumulam na frente das asas, garantindo a manutenção da aerodinâmica e da sustentação da aeronave. No entanto, o manual do ATR-72 alerta que, em condições de “gelo severo”, a taxa de acúmulo pode ser tão rápida que o sistema pode não conseguir removê-lo completamente, comprometendo a performance e o controle do avião.
O professor James Waterhouse, da Universidade de São Paulo (USP), destacou em entrevista que o acúmulo de gelo pode degradar o fluxo aerodinâmico das asas, aumentando o risco de perda de sustentação. “Quando a gotícula de água super-resfriada bate no bordo de ataque da asa, ela congela instantaneamente, criando uma crosta de gelo que degrada a eficiência da asa”, explicou.
Embora ainda não haja confirmação oficial sobre o papel do gelo no acidente da Voepass, o caso chama a atenção para a importância dos sistemas antigelo e a necessidade de aprimoramento contínuo dessas tecnologias para garantir a segurança em todas as condições climáticas. O Cenipa, órgão responsável pela investigação, está analisando os dados das caixas-pretas da aeronave, e um relatório preliminar deve ser divulgado em breve.