Em defesa da segurança alimentar
À medida que vem aumentando o rigor dos órgãos fiscalizadores em relação à qualidade dos alimentos que chegarão às mesas dos consumidores, cresce a preocupação das empresas envolvidas na cadeia do frio visando não apenas cumprir as exigências referentes à segurança alimentar, mas também evitar a perda de carga durante o transporte.
“Estudos realizados por diferentes órgãos indicam uma alta percentagem de perda de alimentos decorrente da ‘quebra’ da cadeia do frio. Isso aumenta o custo do produto para o cliente final, assim como os riscos à saúde provocados pelos alimentos que se estragam rapidamente nas prateleiras, perdem o poder nutritivo e, em alguns casos, causam doenças e intoxicações”, ressalta o gerente de produto e marketing da Thermo King, Paulo Lane.
Para combater esse problema, a empresa lançou recentemente o SB210 e o SB310, equipamentos que permitem selecionar no controlador da máquina o produto a ser transportado. “Com esta nova tecnologia, as chances de erro são praticamente nulas, evitando perdas de carga devido à má inserção de dados”, relata Eduardo Gastaldo, gerente comercial da Mincarone, empresa porto-alegrense que há mais de 20 anos comercializa produtos TK.
Com o mesmo objetivo, a FIBRASIL diz fabricar carrocerias e semi-reboques frigoríficos com baixo índice de dispersão térmica. “Oferecemos soluções personalizadas, dimensionadas de acordo com o chassi, modelos e características de cada veículo”, acrescenta Emilio Medeiros, gerente de vendas e produto da empresa
guarulhense.
Para ele, ainda há no setor os que pecam ao utilizar conjuntos frigoríficos de baixo custo, com má qualidade e alto gasto operacional, comprometendo assim a conservação
do produto.
Eduardo Gastaldo, da Mincarone, também enxerga problemas em algumas etapas da cadeia. “Os motoristas, em muitos casos, desconhecem questões básicas relacionadas ao carregamento e colocação adequada da mercadoria no baú frigorífico, bem como à operação do equipamento”, argumenta, chamando a atenção também para o fato de alguns gerentes de transporte e logística da frota não saberem interpretar os dados fornecidos pelo aparelho, diminuindo assim a sua performance.
De acordo com o profissional, sua empresa tem procurado superar estes obstáculos investindo na capacitação dos motoristas de seus clientes por meio de cursos e
treinamentos.
IMUNE À CRISE
Para Peter Young, diretor de vendas da divisão de ar condicionado e refrigeração da Danfoss do Brasil, a recessão internacional não deve acertar em cheio o setor de refrigeração, por um motivo muito simples. “As pessoas têm que comer. Enquanto o país crescer em população, a demanda por refrigeração também aumentará”, explica.
Segundo ele, o impacto maior da crise está recaindo, de um modo geral, sobre os grandes projetos de ampliação de capacidade, que acabaram sendo postergados. “Em
contrapartida, os supermercados estão trabalhando no mesmo ritmo do ano anterior”, salienta.
Com opinião semelhante, Gastaldo destaca a importância de não se deixar levar pelo acirramento da concorrência provocado pelo cenário econômico adverso. “Por mais que
a crise venha a se prolongar, os hábitos alimentares da nossa sociedade é que devem ditar o desenvolvimento do nosso setor. Assim, aquele player que deixar de lado a qualidade do produto para buscar mais competitividade estará caminhando no sentido inverso”, enfatiza. “Afinal, quem de nós compraria um pedaço de carne com aspecto duvidoso para levar para casa?”.
É por confiar nesses preceitos que as empresas ligadas à cadeia do frio têm motivos de sobra para acreditar num futuro promissor, independentemente do prolongamento da crise no País.