Em clima de pós-crise
Embalada pelo retomada no crescimento da economia brasileira, que saiu da chamada recessão técnica no segundo trimestre ao superar em 1,9% o PIB (Produto Interno Bruto) registrado nos três primeiros meses do ano, a 16ª Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar evidenciou a recuperação do setor no cenário nacional.
Quem visitou o Centro de Exposição Imigrantes entre os dias 22 e 25 de setembro pôde conferir de perto o clima de otimismo que cercou a realização do maior evento do HVACR na América Latina, por onde circularam cerca de 29 mil visitantes, em meio a mais de 550 empresas expositoras. Logo ao abrir o evento, o presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicoionado, Ventilação e Aquecimento, João Roberto Minozzo, anunciou que o faturamento do setor deve crescer 5% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 19,1 bilhões.
“A feira mostra a superação da crise”, comemorava o diretor comercial da Midea, Luciano Vanti. “Da mesma maneira que sentimos uma retração do mercado no primeiro semestre, vivemos agora um momento de retomada”, complementou o executivo.
Igualmente entusiasmado estava o diretor executivo da Traydus, Ricardo Facuri. “Já começamos a sentir esse clima de pós-crise na própria demanda de orçamento e liberação de verbas que estavam contidas, e a Feira vem nesse espírito”, avaliou ele, acrescentando que neste ano a empresa está investindo cerca de R$ 1,5 milhão na expansão da sua área fabril, em tecnologia e contratações.
Na mesma linha, o diretor comercial da Apema, James José Angelini, destacou a importância da Febrava para o incremento dos negócios do setor. “Ela colabora bastante com essa retomada, pois ajuda a promover a marca e os produtos”, comentou, ao destacar que o pior da crise já passou.
O diretor de vendas da Embraco, Ernani Nunes, também comemorou o fato de o evento ter sido realizado num contexto de pós-crise. “Já estamos vivenciando uma fase diferente daquela enfrentada no primeiro semestre do ano, quando definitivamente tínhamos sinais claros de uma recessão econômica”, afirmou o executivo, ponderando que percebeu uma perda de intensidade de público em relação à edição de 2007, quando a economia brasileira navegava por mares bem mais calmos.
Outro que se demonstrava satisfeito era Alessandro de Fusco Pereira, da área comercial da Trineva. “A Febrava deste ano está com o mesmo potencial das outras edições e deve contribuir para a retomada do mercado entre as empresas que sofreram com a crise”, pontuou o profissional.
Para o gerente de marketing da Diamont, Diego Gomes, a Febrava cumpriu a contento o seu papel. “As feiras, logo após ou durante a crise, começaram a ser utilizadas como uma forma de alavancar e recuperar negócios, pois acabam gerando muito fluxo de capital, contornando essa questão da recessão econômica”, analisou.
Quem também fazia coro aos que acreditam no início efetivo da chamada fase de pós-crise da economia brasileira era o diretor administrativo da Wind Hélices, Bernardo Boëchat. “Esperava que esta edição fosse um pouco menor por causa da crise, mas, na verdade, está muito boa, com uma resposta excelente no caso específico da nossa empresa”, comemorava.
Para espantar de vez os efeitos da recessão internacional a Ebone foi à Feira exibir sua linha de equipamentos evaporativos. “Sofremos os efeitos da crise e também com o fato de o verão não ter sido muito forte, mas esperamos voltar a crescer agora no Brasil e no exterior, e a Febrava deve nos ajudar a concretizar esses planos”, destacou o gerente comercial da empresa, Marco Moral.
Com pensamento semelhante, a Termomecânica mostrou a sua linha de pancakes e tubos lisos e ranhurados em bobinas. “Após a Feira prevemos um crescimento natural no volume de vendas dos nossos produtos. Geralmente fazemos muitos contatos e neste ano o que chamou a atenção foram os visitantes de fora, principalmente argentinos”, relatou o analista de marketing da empresa, Victor Pires.
Já o diretor da Newtork, Gino Lunardi Filho, sentiu de imediato os efeitos positivos da Feira. “Fizemos negócios importantes, a visita em nosso estande é muito grande”.
A Ital também apostou na Febrava para ganhar um estímulo extra nessa nova fase da economia brasileira. “Sentimos um pouco a crise, mas no segundo semestre as coisas já começaram a voltar à normalidade, possibilitando agora uma retomada a passos um pouco mais largos. De dois em dois anos estamos aqui na Febrava, pois acreditamos muito nela. Crescemos junto com a Feira”, assinalou Auro Pontes, do departamento comercial da empresa.
Por ter uma atuação intimamente ligada ao setor da construção civil, além dos segmentos de refrigeração e ar condicionado, a Sictell não foi atingida com muita intensidade pela recessão econômica, e aproveitou a Febrava para ampliar suas vendas. “Neste ano tivemos uma participação muito maior na Feira e fechamos vários negócios”, revelou o gerente operacional da empresa, Rafael Munhoz.
Na ala dos mais cautelosos, o presidente da Polipex acredita que o País ainda não se livrou totalmente da crise mundial. “Na verdade o mercado saiu do fundo do poço e agora está subindo”, avaliou John Johannes van Mullem. “Os lançamentos que temos apresentado estão nos ajudando a manter nosso nível de crescimento e o ano que vem será melhor”, completou o empresário.
VISITANTES QUALIFICADOS
Quantidade e qualidade foi o que a maioria dos expositores invocou ao comentar o nível de visitação da Febrava. “A Feira está nos surpreendendo. É a terceira vez que participamos e, devido à atual crise global, a expectativa não era das melhores em termos de visitantes, mas recebemos pessoas de várias partes do País”, comemorava o supervisor de vendas técnicas da Correias Schneider, Angelo José Pizani.
O gerente geral da Belimo, Hilton Reche Nascimento, também era só elogios quanto ao movimento da Feira. “Ficamos muito felizes com a quantidade de visitantes, que nos surpreendeu desde o primeiro dia”, destacou o profissional.
Igualmente satisfeito com a visitação recebida pela sua empresa estava o diretor da Rockteck, Niels Husted Rich, que considerou o volume de público bastante semelhante ao de 2007. “Mas percebi uma presença maior de pessoas de outros estados, o que é muito positivo”, ressaltou o empresário.
Marcelo de Carvalho José, da área comercial da Filtracom, era outro que destacava o bom nível dos visitantes. “Neste ano está mais fácil de atender, pois o pessoal está com o tempo mais organizado, permitindo fluir de uma maneira melhor a Feira”, analisou.
Opinião semelhante é a do gerente de vendas da Evacon, Renato Macedo. “O público que está nos visitando é formado por pessoas que decidem, e não apenas buscam brindes, sacolas ou folhetos”, observou.
Para Edson Luiz Zago, da catarinense Epex, empresa que expõe na Febrava há mais de dez anos, esta foi a melhor de todas as edições. “Estou percebendo um público bastante interessado, além de empresas e pessoas novas na área, que estão tendo a oportunidade de conhecer nossa linha completa”, avaliou.
Na análise do diretor executivo da Serraff, Vanderson Scheibler, a grande visitação registrada pelo evento desde o primeiro dia foi reflexo do atual momento econômico brasileiro. “Embora muitas empresas estejam com as vendas retraídas, estão vendo uma reação no mercado”, frisou.
Já David Wu, da Asa Fan, empresa que participou pela terceira vez da Febrava, acredita que a Feira diminuiu de tamanho. “Em relação aos anos anteriores, sentimos que esta edição está meio vazia”, comentou.
O diretor presidente da Powermatic, Dilson Carlos Carreira, também percebeu um número menor de expositores, assim como de visitantes. “Mas a participação é sempre positiva, e conseguimos fazer contatos de qualidade”, ponderou.
Por sua vez, o supervisor de vendas da Cennabras, Célio Falanga, não disfarçava um certo ar de decepção. “Esperávamos que o movimento fosse melhor, acho que a crise interferiu bastante”.