E o alumínio, a quantas anda no HVAC-R brasileiro?
Tão importante quanto aspectos físicos e operacionais, a química econômica precisa ser analisada, quando se coloca um tema como este em discussão.
Dentre os adeptos em sustentar essa tese está o gerente comercial e de marketing da Harris Soldas Especiais, empresa de Santo André (SP) que desde 2008 está vinculada a uma corporação norte-americana com mais de um século de história e atualmente oferece ao mercado brasileiro produtos como o Alumiflux.
“No início de 2006, a média anual da cotação do cobre na LME (London Metal Exchange) ficou 82,72% acima do índice registrado no ano anterior, dando origem a 332% acumulados, se considerarmos a evolução desses valores a partir de 2002”, sintetiza Anderson de Araújo Fenandes.
Desde então, segundo ele, o preço deste metal, que os anos trataram de consagrar no HVAC-R, tem oscilado em torno de US$ 8 mil a tonelada, ou seja, bem longe dos R$ 1,7 mil cobrados por este mesmo volume até meados de 2003.
Não precisa ser PHD em assuntos econômicos para perceber que, mais cedo ou mais tarde, alternativas para este quadro seriam buscadas, um movimento natural do mercado diante de fenômenos globais de tal envergadura.
Resistências
Ao contrário do que se possa imaginar, porém, nem tudo tem sido flores na trajetória do alumínio no HVAC-R brasileiro, por mais que o aspecto custo possa, literalmente, pesar a seu favor.
Além de dificuldades técnicas como o processo de corrosão galvânica na união com o cobre, e o próprio retrabalho em pontos brasados, conhecida causa de substituição de peças inteiras de alumínio, ao invés da realização de reparos, existem aspectos culturais que talvez expliquem um ritmo que alguns ainda consideram lento para a expansão do metal no setor.
Empresa de origem alemã, atuante no Brasil desde 1976, a Vulkan tem se notabilizado na área por fornecer o Lokring, sistema de encaixe que substitui a solda e, consequentemente, barreiras técnicas que a brasagem do alumínio ainda possa apresentar, por mais que este segmento já tenha evoluído.
A presença crescente de condensadores, evaporadores e linhas de sucção de alumínio nas montadoras já é considerada um bom sinal, mas há quem reconheça ainda haver um longo caminho a ser percorrido no setor, algo que já ocorreu, e teve final feliz, em segmentos como o automotivo.
“Em 1980, você falar de um carro que tivesse alumínio e plástico era uma verdadeira heresia, porque todos os modelos da época eram repletos de ferro e aço, então sinônimo de qualidade e robustez. Mas aí foi surgindo a migração para o plástico, o que tornou os veículos mais seguros, em função do avanço tecnológico do próprio material”, compara o diretor comercial da empresa, André Eduardo Corrêa.
Quebra de paradigma semelhante ele prevê estar em curso no caso da convivência do HVAC-R com o alumínio, onde hoje tanto a solda quanto sistemas alternativos como o Lokring já deixaram o campo do desenvolvimento para assumir o posto de realidade insofismável.
O desafio maior, segundo ele, talvez seja mesmo de ordem cultural, principalmente junto aos instaladores, já que as fábricas normalmente são o primeiro estágio na assimilação de mudanças assim, que acabam chegando ao consumidor e, consequentemente, a quem instala e repara os equipamentos por ele adquiridos.
“Uma coisa, porém, é certa. O alumínio veio para ficar, por mais que ainda sofra algumas resistências”, sentencia Corrêa, dando como prova adicional dessa tendência a farta presença do metal na linha branca, notadamente no caso dos refrigeradores, onde o alumínio é empregado em profusão. “À medida que os casos de sucesso como este forem aparecendo, certamente ele vai ganhar mais mercado”, conclui o executivo da Vulkan do Brasil.