Dia internacional da equidade feminina mobiliza o setor de HVAC-R no Brasil

Em 26 de agosto último, o setor de HVAC-R comemorou pela primeira vez o Dia Internacional da Equidade Feminina através de ações promovidas por grupos e instituições, reconhecendo que a participação direta das mulheres é absolutamente necessária para a mudança social e base para um dos pilares do desenvolvimento sustentável.

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Foi um longo caminho percorrido até aqui, desde que Bella Savitzky Abzug, advogada americana, ativista social e líder de movimentos feministas, apelidada de “Bella batalhadora”, fundou e dirigiu várias organizações de defesa das mulheres, liderando eventos e servindo como grande marechal do Dia da Igualdade das Mulheres, instituído em 26 de agosto de 1980.

Na última década de sua vida, no início dos anos 1990, com Mim Kelber, Bella fundou a Organização para o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Mulheres (WEDO), uma organização global de defesa das mulheres por um mundo justo, que promove e protege direitos humanos, igualdade de gênero e integridade do meio ambiente.

“Fui descrita como uma mulher durona e barulhenta, uma pugilista. Eles me chamam de Battling Bella!” Bella Abzug

Como presidente da WEDO, ela se tornou uma líder influente nas Nações Unidas e em conferências mundiais da ONU, trabalhando para empoderar as mulheres em todo o mundo. Durante as conferências da ONU, os governos assumiriam compromissos, prometendo cumprir alguns dos objetivos promovidos, e a WEDO desenvolveu estratégias para monitorar e tornar públicos os resultados. A partir daí muitos movimentos surgiram, inclusive o HeForShe (Eles por Elas) criado pela ONU Mulheres, num esforço global de envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial, e ajudar homens e mulheres a modelarem juntos uma nova sociedade.

Esse envolvimento chegou ao setor de HVAC-R há cerca de 5 anos. Ganhou voz graças aos esforços das “meninas”, comprometidas em promover a igualdade feminina nas empresas, negócios e no tratamento pessoal, garantindo o desenvolvimento profissional e empresarial das mulheres, incluindo sua saúde, segurança e bem-estar.

Equidade, igualdade e direitos reconhecidos

Embora o significado de equidade e igualdade seja diferente, serve para o mesmo propósito: oportunidades iguais!

“A equidade é uma necessidade urgente em nosso setor. Através da genuína diversidade e inclusão em nossa indústria, conseguiremos proporcionar oportunidades para que homens e mulheres sejam valorizados, respeitados e engajados nesta causa, gerando mudanças positivas e sustentáveis em nosso segmento”, revela Juliana Reinhardt, gerente de marketing para América Latina da Trane.

Conhecida como “Rainha da Refrigeração”, Carmosinda Santos, técnica mecânica da Equinix, diz que “Quanto maior a diversidade de experiência e profissional, mais rico e próspero será o nosso setor HVAC-R. A equidade feminina vem para somar, pois, traz diversidade e um novo olhar para o setor”.

Oportunidades, direito e deveres é enfatizado por Daniela Marchesi, diretora da Climasol Ar Condicionado: “Todos devem ter as mesmas oportunidades, direitos e deveres em qualquer atividade profissional. Mulheres agregam no relacionamento interpessoal, na gestão e no desenvolvimento de pessoas, pilares importantes em qualquer setor. Integrá-las nas atividades trará avanço e progresso para as diversas áreas do setor de HVAC-R”.

Priscila Baioco, gerente nacional de vendas da Armacell Brasil e presidente do Comitê de Mulheres da Abrava, lembra que a jornada pela equidade de gênero é um movimento global. “O apoio dos homens do setor durante este processo de transformação é essencial para a melhoria da igualdade de oportunidades e o desenvolvimento das competências profissionais das mulheres. A jornada é longa, e nós podemos fazer dela uma experiência de sucesso e crescimento pessoal e profissional”.

Leylla Lisboa, diretora da Circuito Soluções em Climatização e vice-diretora da Abrava Minas, acredita na igualdade profissional e socioeconômica: “A equidade vem para preencher as lacunas, mulheres e homens se completam e vejo isso de forma clara no nosso mercado de trabalho. A equidade deve ser entendida como uma simetria social ao tratar de forma diferenciada e positiva a relação entre os dois gêneros”.

“No nosso setor ainda está bem distante dessa realidade, um mercado classicamente mais masculino, mas vejo que a mulher vem conquistando um espaço importante dia após dia. Estamos no caminho certo e seguiremos lutando para chegar ao merecido reconhecimento no setor”., diz Paula R. F. de Souza, gerente sênior de qualidade com clientes na Danfoss.

“Na Chemours Brasil, a presença feminina hoje é bastante ampla, representando mais de 60% dos cargos de liderança, mas não vemos isso refletido no setor HVAC-R como um todo. Muitas pesquisas já comprovaram que mulheres veem os riscos e oportunidades de forma diferente dos homens e essa divergência de concepção ajuda as empresas a prosperarem, é o famoso ganha-ganha, e alcancem melhores resultados financeiros”, informa Joana B. Canozzi, líder de desenvolvimento da Chemours Brasil

“A inclusão promove o avanço e o desenvolvimento da empresa, não apenas na questão econômica, mas também na questão social e na produtividade. A contratação de um número maior de mulheres nas empresas de HVAC-R, desde a operação até a gestão, contribui para a diminuição das diferenças. O segmento já iniciou este trabalho, porém, ainda há muito o que fazer”, realça Viviane Nunes, diretora executiva do Sindratar-SP.

Para Patrice Tosi, diretora da Indústrias Tosi, visões diferentes e experiências diversas somam na condução de uma empresa: “Pesquisas da Deloitte e Mackinsey apontam números inimagináveis nos resultados em todos os setores, alavancando até 20% a mais no lucro da empresa, até 48% em vendas e 20% menos chance da empresa pedir falência. Isso prova que a diversidade de gênero soma, e muito” .

Segundo Graciele Davince, CEO da Eletrofrigor, estamos no caminho certo: “A diversidade gera mais inovação e desenvolvimento para as empresas, impactando positivamente no resultado. Um setor historicamente tão masculino se beneficiará com a equidade feminina, além de nossa capacitação técnica e do quanto podemos contribuir no campo, na indústria e na administração, vamos influenciar também com nossa sensibilidade de cuidado”

“No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população total. Não criar espaços adequados que possibilitem a atuação feminina no setor HVAC-R, em todas as posições profissionais existentes, equivale a extinguir cerca de 50% de oportunidades de crescimento possíveis. Tal fato precisa ser levado em consideração no nosso mercado, que vem aos poucos, expandindo essa consciência e possibilitando a atuação feminina em cargos não apenas administrativos como também operacional, até a alta gestão”, conclui Christiane R. Lacerda, presidente do Comitê Diversity da Ashrae Brasil e diretora da GHS Brasil.